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“Foi óptima a forma como os responsáveis políticos do pós-25 de Abril conduziram o processo que, na década de 1970, culminou na independência das ex-colónias portuguesas”.
“A descolonização foi óptima, foi feita num tempo recorde que admirou muitos países que fizeram descolonizações, como os franceses”, disse Mário Soares, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa.
Mário Soares… “sustentou que a forma como Portugal entregou as suas colónias trouxe uma confraternização com os movimentos de libertação que criou as condições para que fosse possível criar a Comunidade de países de Língua Portuguesa (CPLP)”.
Diário de Noticias de 24 de Abril de 2009, sem link disponível.
“Isto” é uma enormidade. Patético. É o desrespeito total pela memória de milhares de mortos, portugueses e africanos vítimas da irresponsabilidade de Soares, ligeireza e ausência de sentido de Estado e pelo mérito de milhões de outros portugueses e africanos que se viram obrigados e conseguiram ressurgir da tragédia, forjando novas vidas em novos lugares. Soares não soube, não pôde ou não quis que as cerimónias de independência, que de cerimónias se deveria ter tratado, tivessem o brilho e solenidade de muitas outras independências, como as das ex-colónias inglesas, por exemplo. Nem cuidou de respeitar os interesses legítimos de uns e outros, antes optando pela versão hábil de que “quem vinha das colónias era, naturalmente, colono”. Tudo foi feito a trouxe-mouxe, a correr, ao sabor do improviso e da imponderabilidade da situação, sem agenda, sem respeito, por vezes autenticamente em retirada, como em Timor e, quase, quase, em Angola. Cerimónias que envergonharam portugueses e não dignificaram os novos líderes dos novos países. Pelo meio, uma escandalosa forma de apoio aos movimentos sacralizados pela ex-União Soviética, para o que contaram com preciosos elementos como o inenarrável Rosa Coutinho, mais tarde tornado num próspero homem de negócios em Angola.
Mas Soares não hesita em produzir afirmações de circunstância, verdadeiras mentiras soeses e sem vergonha que, pela própria delicadeza da matéria e pelo respeito devido àqueles que tiveram de fazer pela vida, sem muletas, sem Partidos, sem ideologias que não fossem a necessidade de manter a saúde e a dignidade das próprias famílias, deveriam ser cuidadosamente proferidas e no estrito respeito pela verdade.
As novas gerações têm de saber que “discursatas” do tipo destas que Soares usou no Instituto de Ciências Sociais são uma forma mórbida de distorcer convenientemente a verdade, mas sobretudo uma falta de respeito pelos portugueses e africanos. Porque são mentirosas, são parciais, são doentias por tudo o que contêm de perversas e de falsas. Soares devia contar até dez antes de falar desta maneira. E as pessoas têm de saber a verdade. Porque quando as mentiras são ditas muitas vezes e não são desmentidas acabam por parecer quase verdade.
Uma atitude verdadeiramente lastimável de Soares. Ele sabe que o que disse não é verdade…
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Etiquetas: descolonização, Mário Soares, socialismos