segunda-feira, agosto 31, 2015

Deu-me uma saudade fininha



Boia 2 N - cerca de 35 milhas marítimas de Maputo (clic the pic)

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Faz hoje sensivelmente um mês, por esta hora, e estava eu assim. No mar alto, com o frio do Julho do Índico a roçar-me a face, o cabelo desgrenhado (ele já é pouco, mas ainda desgrenha…) e aquele gosto salgado que nos impregna não mais que cinco minutos depois de nos fazermos ao mar.

Na ponta da linha (uma condescendente 0,6), uma rapala prateada e, preso na rapala, um peixe-serra que me veio matar a saudade (pelo menos duas *) e esculpir no rosto o sorriso que me acompanhou para o resto do dia.

Hoje estou sentado a um computador a fazer o costume e a pensar que no fundo não há forma de viver sem o costume – única via de o podermos quebrar de vez em quando.

Como nota final, o facto (meio selvático) de que à noite comi este serra. Especificamente este, porque apanhámos um total de seis peixes. Se eu fosse um facebookiano de causas diria que soltei o peixe e marcava o post com um libelo acusatório contra todos os pescadores. Mas se o fizesse, perderia o conforto da companhia de um grupo de amigos ao jantar, quando a mulher de um deles simpaticamente fez questão de mandar cozinhar aquele peixe. Coisas que sabem bem e confortam igualmente a alma e o palato.

E depois desta variação, vou continuar a trabalhar, enquanto oiço as notícias em mode de música de fundo, em que já ouvi qualquer coisa como um grupo da Guiné Bissau que quer voltar a instituir a excisão feminina no país. Questionado pelo repórter sobre como é que ele se sentiria se lhe cortassem o órgão genital, o homem (?) disse que não era comparável porque às mulheres corta-se só um bocadinho pequenino (ipsis verbis).

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domingo, agosto 30, 2015

À la mode de chez nous



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Almoço na Ericeira com amigos e regresso sereno e reconciliado com um país que nos oferece este mar, a foz do Lizandro, a Adraga, o marisco e bons amigos.

E é em pleno gozo deste conforto espiritual que me entra no habitáculo a voz saltitante de uma apresentadora da RR que, aparentemente, tem um programa diário no qual questiona crianças de cinco a seis anos sobre coisas da vida. E ouvi o seguinte (nas respostas das crianças há que imaginar aquele tom e ritmo de uma criança de 6 anos a falar):

- Então e sabes o que são os impostos?

- Sim.

- E para que servem os impostos?

- Para comprar carros e coisas.

- Olha, o governo compra muitos carros?

- Sim.

- E achas que eles deviam comprar assim tantos carros?

- Nãããão, eles não precisam de tantos carros.

- E quem paga os impostos?

- Somos nós, mas não podemos pagar tantos.

- Se fosses tu a mandar o que fazias com o dinheiro dos impostos?

- Eu não comprava tantos carros

O diálogo continuou e fico por aqui, com receio de me enganar, por pudor e por respeito por mim próprio. Pervertendo maldosamente o poeta, pensei e disse para mim:

- Pobres filhos que tal Pátria (não tão ditosa assim) têm.

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Mas o que disse Rangel de falso?


Um filme de terror


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Francisco Assis, assim de repente e, que me lembre, juntamente com Sampaio e Guterres, um dos três socialistas que se expressam em português com sintaxe escorreita, enervou-se porque Rangel fez um par de afirmações óbvias e que são do conhecimento geral.

Pergunto-me o que é que Rangel terá dito de falso quando singelamente perguntou se com um governo socialista estariam um ex-primeiro-ministro e o mais influente banqueiro português detidos e em investigação. O que é que isto tem de errado? É mentira? É especulativo? Um moderado esforço de memória leva-nos a um passado recente em que só um distraído não recorda um período de inaceitável pressão sobre o poder judicial e que espoletou situações espúrias como a libertação de Paulo Pedroso (e aquele indigno espectáculo de glorificação na Assembleia da República), a exoneração de magistrados que se permitiam agitar em demasia as águas turvas de Sócrates, a inutilização e proibição de uso de escutas comprometedoras e aquele posicionamento tandem de muitas personalidades em defesa de Sócrates e muitos dos seus sequazes.

Estou com Rangel. Uma coisa é a campanha de se estar contra tudo o que mexa, que é o que acontece quando se trata de Partidos que não têm mais nada que nos oferecer senão estar contra qualquer coisa, outra, bem diferente, é chamar a atenção das pessoas para FACTOS. Não para atoardas ou suspeitas, mas para factos. E factos são coisa que, tragicamente, o PS nos deixou em abundância, pelas piores razões.

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sábado, agosto 29, 2015

Se calhar, são mesmo assim...


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Quando leio, via Lusa, as afirmações de Ferro Rodrigues segundo as quais «…qualquer pessoa inteligente percebe que a posição do PS nada tem que ver com a posição do Syriza desde o princípio, desde antes de o processo grego ter começado…» e que «…foi uma posição suicidária, que levou a que o próprio Syriza esteja neste momento completamente esfrangalhado…» e me recordo perfeitamente das declarações do mesmo Ferro Rodrigues em Janeiro deste ano, segundo as quais «…o resultado das eleições na Grécia é a primeira demonstração de que há um consenso alargado nos países que são vítimas do fracasso estrondoso das políticas de austeridade, no sentido da mudança…» e que «…qualquer ameaça à Grécia deve ser considerada antidemocrática e antieuropeia…» isto para não falar da histeria colectiva que atingiu, entre outros, o próprio A. Costa, Isabel Moreira e Manuel Pizarro, sou obrigado a formular as seguintes questões:

1 – Ferro Rodrigues acha que está a cumprir o seu papel cabal de oposição... ou é mesmo assim?

2 – Eu sei que o PS navega em águas turbulentas, mas não há ninguém com o decoro ajustado aos níveis de exigência mínima que ponha cobro a estes dislates?

3 – Quando, em jornais, TV's ou rádios, não aparece um (unzinho) jornalista ou um comentador/analista/paineleiro/politólogo que confronte Ferro Rodrigues com esta agressiva falta de escrúpulos pela forma como ele ofende a inteligência dos cidadãos, isso deve-se a mera incúria, rematada incompetência ou um sinal inequívoco de cumplicidade com a mentira, a bandalheira e ausência de sentido cívico?

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sexta-feira, agosto 28, 2015

A desejada fossilização a prazo


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O poeta divide os socialistas entre os genuínos e os outros. E depois debita mais um rol de vulgaridades de onde releva o ferrete desta gente. Nascem no «reviralho», aderem à conveniência benfazeja do socialismo quando crescem, mesmo que para isso tenham de fazer uma série de condenáveis tropelias e usar um hediondo oportunismo, e envelhecem a berrar, na secreta esperança de terem um funeral na Basílica da Estrela com uma série de notáveis em arenga apropriada no velório, com muitas televisões a filmar. Quem sabe, até, ser levados para o Panteão.

Desde que comecei a entender minimamente a política e me concedi os meios para isso, eu concluí que a única forma de nos vermos livres destes puros (e então quando são poetas ou escritores, mais ainda) é que eles acabem por se extinguir, mais ou menos assim ao estilo do lince da Malcata. Serenamente, sem dor, dando lugar a estas gerações novas que, saudavelmente, andam já por aí e que encolhem os ombros com a indiferença que os Alegres e correlativos lhes merecem. Provavelmente extingo-me eu primeiro, mas guardo ciosamente esta esperança que estas criaturas atinjam com celeridade a fase de extinção. Mesmo que fique por aí um ou outro celacanto que, mais não seja, terá sempre a virtude de proporcionar uma ou outra prédica vagamente científica, do tipo «no tempo em havia socialistas».

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quinta-feira, agosto 27, 2015

Mais tarde ou mais cedo acabava nisto...


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Posso até estar errado. Mas começa a intrigar-me o profissionalismo com que os protestos dos lesados do BES tem estado patente nas manifestações. Cada vez mais organizadas, mais agressivas, com um décor mais alinhavado e com palavras de ordem até aqui não usadas.

Que fique claro que tenho o maior respeito pelos lesados. Imagino-me no lugar deles e não sei bem como reagiria. Mas a verdade é que as manifestações de há um tempo atrás, com gente genuinamente revoltada mas com naturalidade de gestos e palavras, transformaram-se num folclore consistente com o estilo das manifestações e protestos alimentados pelos profissionais da coisa.

Seria um interessante trabalho jornalístico registar alguns dos manifestantes e perceber que muitos deles aparecem em várias manifestações de protesto. Muitas delas têm tanto a ver com o BES com o coiso com as calças. O que está mal. É o habitual grupelho de profissionais da truculência e da baderna que, quanto mais não seja, demonstra um total desrespeito pelos genuínos lesados do BES.

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quinta-feira, agosto 20, 2015

Da importância de não se chamar Cecil, nem ser leão



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Este homem era arqueólogo e director do Museu de Palmira e chamava-se Khaled Assad.

Pelo que li, tentou tudo para salvar as preciosidades do museu, no que foi tomado por um infiel ao serviço dos cães das Cruzadas. Daí a decapitá-lo e pendurá-lo como uma rês antes de ser tornada em bifes, foi um passo.

Pouca gente soube disto. As pessoas andavam demasiadamente ocupadas a falar num leão chamado Cecil, que tinha um irmão (que felizmente não morreu) e que foi abatido por um pateta qualquer americano.

Nota: Reparei há pouco que a Helena Matos escreveu um post semelhante a este, antes de mim. Ontem. Sinceramente, não reparei, apesar de, consabidamente, eu ler o Blasfémias todos os dias. Assim, este meu post parece um semi-plágio do da Helena. Não é. Mas para a Helena, as minhas desculpas pela infeliz coincidência.

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Quartel general em Abrantes...


[5282]

Entramos na fase do delírio. Costa desdobra-se em retórica, no que é secundado, de forma canina, pelo Expresso e pela SICNotícias que vão repetindo à exaustão tudo o que acham que causa impacto na grei. E aqui chegamos ao ponto. O que aterroriza não é o destempero de Costa e dos seus próceres (alinhados, desalinhados, ou nem por isso, mas todos eles focados num resultado que lhes traga as prebendas do costume) quando promete, ou melhor, assume o compromisso, não é bem uma promessa, da criação de 207.000 empregos, onde até o pormenor dos 7.000 pretende demonstrar o novo rigor do novo PS. Ou, ainda, quando afirma, por via do economista e putativo ministro de economia do devir socialista Centeno, que uma das maneiras de aumentar o emprego é eliminar a precariedade, ficando por dizer como é que a emulação da guarida à incompetência e ao garantismo produz investimento, ou que vai dar prioridade às pessoas e aumentar-lhes o rendimento disponível. Uma tirada de belo efeito mas que não se sabe bem o que pretende significar, pelo que se torna, por definição uma rematada tolice.

É a disseminação desta irresponsável série de balelas que se vai instalando no subconsciente das pessoas, com uma valiosa ajuda de alguns órgãos de comunicação social, que verdadeiramente me arrepia. Mais do que ouvir tudo isto, horroriza-me sentir que este tipo de mensagem ainda cola no subconsciente das pessoas que acabam por garantir o voto e democraticamente eleger um partido reconhecidamente venal, incompetente e irresponsável, que não dá qualquer sinal de que alguma coisa possa mudar. Mudar, entenda-se, entre eles, lá no Partido, já que no que respeita ao trilho que estamos a seguir nos últimos 4 anos, parece haver pouco a mudar, salvo melhorar e aligeirar o peso de um Estado inoperante e insaciável que a esquerda insiste em manter e engordar.


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sexta-feira, agosto 14, 2015

A arbitrariedade daqueles que nos capam o livre arbítrio


[5281]

Parece que o sal faz mal. Tanto como a sua falta. Basta recolhermos informação científica séria, para o percebermos.

Mas este paternalismo, este escrutínio permanente desta espécie de fiscais da minha saúde que se compraz em me dizer o que devo comer, quanto, como e quando faz-me pior do que todo o sal do mundo. Eu não consigo entender que a quantidade de sal que eu posso ingerir em cada papo-seco possa e tenha de ser legislada. Quanto mais não seja porque posso usar esse pão de salinização contida e legislada com umas fatias de presunto bem salgado, uma lata de anchovas ou molhá-lo nos despojos de uma salgadíssima e saborosíssima sardinha acabada de assar e que vem para o prato ainda envolta em floquinhos de sal grosso incrustado na pele. E os tremoços? Dá para petiscar uns tremoços se não vierem enrolados em sal grosso? E um ovo cozido? Como comê-lo sem atafulhá-lo de sal e pimenta? E o ovo estrelado?

Esta legislação sobre o pão que comemos é uma realização espiritual do funcionário/fiscal que existe dentro de nós desde o tempo dos fiscais de licença de isqueiro, que é a recordação mais remota que eu tenho destas idiossincrasias nacionais, a par da figura do contínuo da faculdade ou do revisor dos bilhetes da Carris. Dirão algumas luminárias progressistas que devemos esta faceta a Salazar, a par com o gozo da delação, que usávamos sempre que denunciávamos à PIDE um vizinho de cujo penteado não gostávamos. Mas eu não acho. Pelo contrário, penso que nos está nas tripas. No fundo, a grande realização espiritual lusitana. Fiscalizar qualquer coisa e actuar em conformidade sempre que a contravenção se verificar. Agravada agora com a conduta aparvalhada (é a segunda vez que, hoje, digo aparvalhada) que releva do main stream politicamente correcto que nos guia e enforma. E que resulta numa fauna bizarra de uns quantos que acham que nos devem dizer o que devemos fazer, quando, onde, como e, frequentemente, a quem. Em suma, reduzindo o livre arbítrio a uma expressão nula, perante a avalanche de boas práticas que devem nortear o homem novo.

Comamos, assim, o pão ensosso.

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Reserva nos Montes Hermínios


Este que vês, pastor já foi de gado
Viriato sabemos que se chama
Destro na lança mais que no cajado
Injuriada tem de Roma a fama
Vencedor invencibil afamado
Não tem co’ele nem ter puderam
O primor que com Pirro já tiveram


Os Lusíadas, VIII, estância 6

[5280]

Achar que a queda demográfica se deve ao desemprego e à crise ou crises do capitalismo ou, ainda, à venalidade e incompetência de sucessivos governos é, no mínimo, redutor e relevante de uma rematada tolice.

Sem embargo da contribuição objectiva dos factores acima mencionados, acho que a principal razão deste estado de coisas reside em duas premissas distintas. Uma espartilhada política de emprego, donde resulta uma praticamente impossibilidade de despedimentos, abrindo espaço ao garantismo e consequente incompetência e improdutividade de longa duração, com a natural retracção do investidor, e uma refinada (literalmente) política de matriz correcta e a um discurso aparvalhado que durante décadas incensou a emigração por via de um generalizado sentimento de contrição, através do qual um dia destes teremos de pedir desculpa por termos nascido europeus e pela pratica excessiva de benesses, muitas delas nem sequer estando disponíveis aos nativos.

Isto poderá parecer um ponto de vista excessivo, quiçá demasiadamente simplista e até enfeitado com laivos de racismo e xenofobia, mas não é. Deus e os meus amigos sabem como tenho fortes amizades com indivíduos de extracção diversa. Mas quando leio que dentro de muito pouco tempo a população portuguesa poderá não ultrapassar os seis milhões de autóctones, a não estancar esta tendência, com mais um par de décadas em cima seremos uma comunidade residual provavelmente instalada nos arrabaldes de Viseu e constituindo um atracção turística para os portugueses de então que pouco ou nada terão a ver com as nossas raízes culturais. Boas ou más, mas que fomos nós que as fizemos e sublimámos.



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domingo, agosto 09, 2015

Lagartices idiotas


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Este homem está prestes a conseguir estilhaçar o aforismo de que uma pessoa muda de tudo, de camisa, de carro, de cônjuge, de casa, de hábitos e só há uma coisa de que nunca muda – de clube.

A verdade é que a continuar esta triste figura as coisas podem mesmo mudar. Um genuíno lagarto, como este truly yours, começa a ter impulsos estranhos do tipo desejar que o Benfica ganhe a final desta noite. Porque enquanto as coisas se confinavam a uns meros pontapés na gramática (de resto, quem me conhece sabe que frequentemente elogiei a criatura porque achava que, sendo um homem simples, com escassa formação escolar, só podia ser um homem de verdadeiro talento por ter conseguido o que conseguiu ao serviço do maior clube português), os destemperos do homem eram digeríveis. Acontece agora que as coisas mudam de figura. Tornou-se arrogante, malcriado, deselegante e, ainda por cima, incorrendo em riscos desnecessários. Um dia aparece alguém que lhe diga duas coisas a sério e o homem fica a falar sozinho. Para não falar na possibilidade de voltar a apanhar o Lotopegui mal disposto no fim de um jogo qualquer. Enquanto isso, vai prestando um mau serviço ao SCP. Porque este estilo e esta substância não são, mesmo, imagem de marca de um clube que se pretende moderno, civilizado e elegante.

É. Se calhar perder logo à noite fazia-lhe bem. Por muito que isso me custasse.

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sábado, agosto 08, 2015

Começa a ser enjoativo


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Começa na ser enjoativo, à náusea, o estilo da esquerda militante medrada e confortada aqui pelos blogues e, principalmente, no FaceBook, sobre a tragédia dos migrantes no Mediterrâneo. Segundo os seus iluminados escribas, a culpa de toda esta catástrofe é da Europa e dos europeus. Que têm de mudar de paradigma e derrotar a direita radical. Ninguém se lembra de procurar raízes e causas nos países de origem de todos aqueles infelizes. Também nenhum destes iluminados e revoltados left minded se lembrou de que no meio de todos aqueles infelizes estão infiltrados terroristas que, logo que possam, espalharão umas bombas por aí. Mas...e se espalharem? A culpa será da Europa e dos europeus que não lhes deram condições de vida, nem lhes proporcionaram humanas formas de subsistência.

Repito. Começa a ser enjoativo o estilo desta esquerda facebookiana que mais valia darem corda aos sapatos e irem distribuir umas refeições para as costas gregas e italianas. Ou mesmo para Calais. Aqui sempre teriam uma maior oportunidade de serem entrevistados e continuarem a achar que a culpa é da Europa e dos europeus. Provavelmente com direito a foto num dos nossos prestigiados órgãos de comunicação social e a um comentário de um dos nossos cantados comentadores políticos.

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sexta-feira, agosto 07, 2015

O voto mais ou menos secreto


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O impulso incontrolável que certas personagens têm em dizer em quem votam. Ou em quem não votam. Como se o facto de as outras pessoas saberem em que se vota ou não vota pudesse ter outra utilidade se não alimentar o ego daqueles que aos costumes dizem nada. Porque no nada está implícita e mensagem de que jamais votarão naqueles em que se esperaria votassem.

E na parte que me diz respeito resta ainda o registo de uma vaidade estúpida que pode apenas relevar de personalidades mal alinhavadas a que tem de se dar o devido desconto. E relativizar a importância que julgam ter.

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E é isto...



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Ler tudo aqui.

«…Perdido no meio de tantos livros, corre também ele o risco de se perder. Aliás, o seu último artigo na Sábado é de um homem cego pelo ódio ao actual Primeiro Ministro, e cheio de azedume. É raro ler um artigo com tanta desonestidade intelectual e política. Sem o mínimo de respeito pelo contexto histórico, Pacheco andou a procurar citações de Sá Carneiro para validar as suas opiniões. É um truque baixo, indigno de um “historiador” – se há quem perceba devidamente a importância de colocar as citações nos contextos históricos corretos são os historiadores – e ofensivo da memória de Sá Carneiro. Nem Santana Lopes, nos momentos de maior fervor populista dos Congressos do PSD, conseguiu instrumentalizar de um modo tão grosseiro o fundador do partido…»

«…Mas o pior estaria para vir com a vitória eleitoral de Passos Coelho e a sua elevação a PM; ainda por cima aliado a Paulo Portas: os dois ódios de estimação de Pacheco. Este ódio que o alimenta (e atormenta) tirou-lhe a lucidez que restava. Está há quatro anos a escrever o mesmo artigo, e duas vezes por semana; além de o repetir uma terceira vez na televisão. E aparentemente não percebe. Depois dos fracassos da política, adoptou como cronista a política do ódio e do ressentimento…»

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A remota esperança


[5275]

O chamado socialismo democrático, uma forma espúria de camuflar a ditadura e, em última análise, conduzir as sociedades igualmente para a penúria, miséria e carência, tem uma característica incontornável. É alimentado pela arrogância dos seus mentores, por uma insuportável manifestação de superioridade moral, pela má-criação e violência e, a finalizar, uma inaceitável e asfixiante incompetência. No caso doméstico, o nosso, são conhecidas as consequências de um socialismo colocado no poder com uma frequência assustadora e que ciclicamente nos mergulha na banca rota. Para depois virem outros repará-la, até os socialistas ganharem de novo e voltarem a pôr tudo de pantanas.

Este pequeno preâmbulo para ilustrar a ideia de que desta vez tenho a esperança, ainda que lamentavelmente remota, de que os socialistas não ganharão o poder. Desta vez parece haver gente com uma noção mais nítida dos acontecimentos, há um reconhecimento mais ou menos consensual das trampolinices e vigarices em que o socialismo medra, para o que o último consulado de Sócrates contribuiu decisivamente, já que que era por demais evidente a torrente de casos em que ele e os seus acólitos se viam permanentemente envolvidos. Bem assim como a inaceitável cumplicidade ou vista larga da justiça. Por contraponto, os portugueses percebem hoje que têm um governo com um elevado número de falhas, mas que provou estar à altura das contrariedades, desde a recusa em aceitar a demissão irrevogável de Portas, à tremenda onda de ataque movida pela comunicação social e, sobretudo, isenta de casos mal cheirosos. Sente-se que o governo é composto de gente séria e não dada à imensa lista de «casos» que pontilharam a legislatura de Sócrates. Por junto e atacado, parece que houve um curso mal tirado e um deputado que se demitiu e pediu isenção de imunidade parlamentar por causa dos vistos dourados. E só não repara e valoriza este estado de coisas quem não quer.

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domingo, agosto 02, 2015

Palhaço sem circo (e sem foto, para ver se não me bloqueiam o FB outra vez)


[5274]

Dar nas vistas é um sortilégio dos medíocres. É uma consabida verdade, pelo menos por parte daqueles que não precisam de sortilégios para nada e se afirmam pelos seus méritos ou pela bondade das suas intenções.

Varoufakis foi um efémero sex symbol, caiu no goto de muitas mulheres em geral e nalgumas em particular – aquelas que obtinham as sensações múltiplas geradas pela atracção física que o homem, aparentemente, despertava e a sua inigualável e irresistível condição de intelectual. De intelectual de esquerda, dos verdadeiros, dos bons e do que li por aí no FB e em blogues acredito que muitas delas se enovelaram na fantasia onírica do sentimento do gozo perfeito, da «tempestade perfeita» dos prazeres da carne e do intelecto, pelo menos enquanto o homem pontificou.

Hoje, Varoufakis é um «flop». Não vale a camisa que veste. E muita gente haverá que parou para pensar. Com a virtude clara de, pelo menos, se terem calado. É confortante hoje correr o FB e observar um e-mu-de-ci-men-to súbito do gineceu maravilhado pelo homem-maravilha. Por mim, nunca tive ilusões perante a natureza e os objectivos da criatura. Conheci vários Varoufakis, mesmo que não tendo a projecção mediática do artista em questão. Provavelmente também não dispondo da mesma arrogância, má criação e total irresponsabilidade perante um povo em trágicas dificuldades e que, em boa-fé, os elegeu. Não porque eu seja mais inteligente que outros, apenas porque a pantomina era por demais evidente para passar despercebia e, ainda, porque excitar-me com homens bonitos não faz verdadeiramente a minha praia.


Hoje Varoufakis chama a atenção pelas camisas que veste. Cada um veste aquilo que quer, dirão os puristas da liberdade e as apaixonadas residuais que poderão haver por aí. Mas uma assembleia representativa do povo deveria merecer, pelo menos, o respeito pela dignidade e obrigar a um comportamento cívico que o homem, declaradamente, não tem. E não deveria ser um circo onde de vez em quando aparece um chico esperto contente por poder fazer de palhaço.

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