A batalha do berbigão
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Esta noite houve tiros na Trafaria. Começava assim a notícia.
Pensei logo em grupos de imigrantes ilegais, façanhudos e cruéis a assaltarem qualquer coisa aos tiros e a polícia a responder, com cuidado para não acertar, claro, que depois é uma trabalheira de papelada e processos. Mas não. Afinal era uma história muito ao nosso género, muito tuga, muito Trafaria, em que um grupo de trinta pescadores teria sido apanhado a apanhar berbigão, de noite, em embarcações “azuis”. Ora, depreendi depois da notícia, como só os barcos “laranja” é que estão licenciados, a polícia marítima desatou aos tiros para o ar. Parece que não houve baixas, apenas morreram alguns berbigões que não resistiram á refrega.
Não sei bem porquê, mas associei involuntariamente esta história às obras de engenharia na Guarda do nosso Grande Líder. A imagem daqueles projectos e a polícia aos tiros por causa de uns quantos pescadores de berbigão sem licença, prefiguram todo um perfil da nossa gente. Tanto de líderes como de liderados. É só meditarmos neste sentido e apercebemo-nos de como o nosso quotidiano é feito deste tipo de episódios mais ou menos caricatos. Actuamos segundo padrões de uma lógica e de uma estética muito próprias e muitas das nossas histórias revestem-se de um fundo caracteristicamente pífio que nenhuma globalização alguma vez nos roubará.
Esta noite houve tiros na Trafaria. Começava assim a notícia.
Pensei logo em grupos de imigrantes ilegais, façanhudos e cruéis a assaltarem qualquer coisa aos tiros e a polícia a responder, com cuidado para não acertar, claro, que depois é uma trabalheira de papelada e processos. Mas não. Afinal era uma história muito ao nosso género, muito tuga, muito Trafaria, em que um grupo de trinta pescadores teria sido apanhado a apanhar berbigão, de noite, em embarcações “azuis”. Ora, depreendi depois da notícia, como só os barcos “laranja” é que estão licenciados, a polícia marítima desatou aos tiros para o ar. Parece que não houve baixas, apenas morreram alguns berbigões que não resistiram á refrega.
Não sei bem porquê, mas associei involuntariamente esta história às obras de engenharia na Guarda do nosso Grande Líder. A imagem daqueles projectos e a polícia aos tiros por causa de uns quantos pescadores de berbigão sem licença, prefiguram todo um perfil da nossa gente. Tanto de líderes como de liderados. É só meditarmos neste sentido e apercebemo-nos de como o nosso quotidiano é feito deste tipo de episódios mais ou menos caricatos. Actuamos segundo padrões de uma lógica e de uma estética muito próprias e muitas das nossas histórias revestem-se de um fundo caracteristicamente pífio que nenhuma globalização alguma vez nos roubará.
CORRECÇÃO: Informam-me que afinal são amêijoas e não berbigões. Sempre se eleva um pouco o nível à coisa.
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Etiquetas: Ai Portugal
3 Comments:
berbigão sem licença? Os berbigões precisam de licença? Isto há berbigões para tudo :D
Gosto de berbigão. Mas só dos licenciados
ILBerbigão sem licença. Tu imagina-me o despautério...
:)
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