sexta-feira, junho 30, 2017

Incêndios grandes e roubos graves… dizem eles.



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Estamos gradualmente a atingir o grau zero. Da política, da segurança, da credibilidade, da economia. A conversa barata que nos impingem sobre as brisas favoráveis que nos afagam devia ser objecto de trabalhos sérios e objectivos por parte de quem tem a autoridade ética e científica para explicar aos portugueses que as auras favoráveis são o resultado de cortes brutais em sectores vitais para o funcionamento das instituições e para o bem-estar e segurança dos portugueses.

Não é por ter havido uma tragédia em Pedrógão ou por terem roubado uma assinalável quantidade de material de guerra, que vai inevitavelmente parar à mãos de terroristas que se entretêm a matar inocentes, que devíamos chegar a esta conclusão. As conclusões de há muito que estão identificadas e remetem, indubitavelmente, para a irresponsabilidade de um grupo de gente que usurpou o Poder e se entretém a dizer piadolas no Parlamento, à custa de um indivíduo pernicioso e sem carácter que se prestou e presta a “circunvoluções” de carácter para obter os seus fins à custa dos cidadãos, mesmo, ou sobretudo, daqueles que convictamente lhe deram o seu voto, sem que lhes passasse pela cabeça que o desenlace da situação fosse o que foi. Soubessem eles que Costa se iria aliar à extrema-esquerda e jamais, repito, jamais lhe dariam o seu voto.

O resultado está bem à vista. De há muito que o funcionamento das instituições de serviço ao cidadão, como os transportes públicos, a saúde, a justiça e a educação (a educação, valha-me Deus) vogam ao sabor de humores caducos e cortes orçamentais em nome duma coisa que irritava imenso Jorge Sampaio e lhe servia para umas tiradas tonitruantes e que dava pelo nome do défice, aquela coisa que existia para aquém da vida. Costa sabe que cumprindo essas metas, sobretudo o défice, vai aguentando aquilo que eu chamaria, e glosando Pacheco Pereira, a masturbação do Poder. Porque tem consciência de que é a única coisa que ele sabe fazer – manigâncias espúrias para manter o Poder, mesmo que dando umas migalhas à extrema-esquerda, que vai experimentando igualmente a volúpia de mandar.

O roubo de Tancos envergonha-me. Não se trata de roubar um automóvel ou uma salva de prata da casa de um vizinho. Trata-se do assalto, presumo que fácil, a um quartel, uma instituição que não pode estar sujeita às mirabolâncias de Costa e dos seus sequazes. Igualmente não podemos continuar a sofrer estes vexames e putativas consequências destes actos e a sublinhá-los com vacuidades como Constança a dizer que o incêndio em Pedrógão foi muito grande e Azeredo a dizer que o roubo de Tancos foi muito grave.

Não sei como é que estas coisas se fazem para explicar aos portugueses que esta maralha tem de ir para a rua. Alguém deveria ter o engenho e a arte de explicar aos eleitores a trapaça em que estamos envolvidos, explicar convenientemente e sem medo de dizer coisas ou chatear individualidades. Ou mesmo de cometer erros, como os suicídios de Passos Coelho. Alguém que, de caminho, explique aos portugueses que, tão mau como a geringonça é este circo da comunicação social em função permanente, em que os palhaços são a colecção infinda de comentadores e especialistas que vão dando cobertura e aconchego a Costa e seus rapazes. Alguém que consiga explicar às pessoas que não temos condições para aguentar muito mais tempo esta situação, sob pena de qualquer dia nem país termos. Não sei quem, nem como. Mas alguém tem de ter a coragem e a força para acabar com isto. 

Quando andei na tropa, na altura de passarmos à disponibilidade tínhamos de fazer contas por CADA BALA, repito, por cada bala, que faltasse ao espólio, com excepção de arrolamentos feitos logo após acções de combate. Agora… roubam quartéis. E não há ninguém que veja. Que guarde. Que tome conta. Se calhar, não há. Não chega … não sei. Não deve haver dinheiro. Porque é preciso manter o défice e distribuir umas migalhas a funcionários e pensionistas. E reverter. Desfazer. E conduzir as coisas para o “quanto pior, melhor”, afinal ao grande motto da esquerda que sabe que esta é a única forma de se manter no Poder.


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quinta-feira, junho 29, 2017

Correcção



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NOTA: No post anterior fez-se um acerto de 600 posts já que a 16 de Outubro de 2008, o post 2716 passou, por erro crasso, para o 2117, "roubando 600 posts à quantidade total.

Fica reposta a verdade do blog.

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As aves migratórias dispõem de dispositivos naturais que lhes permitem a navegação migratória e a orientação. Os gansos são aves migratórias e dispõem, consabidamente, de um extraordinário poder de orientação, recorrendo a sistemas orográficos, hidrológicos, linhas costeiras continentais, ao sol, durante o dia, ou orientação estrelar durante a noite. A temperatura e humidade relativa de massas de ar também contribuem para esta faculdade de orientação e até o campo magnético terrestre contribui decisivamente para o rumo das aves migratórias.

O ganso é, geralmente, uma ave migratória. Sobretudo se falamos daqueles que mantêm em si o princípio activo da liberdade, a centelha do gosto pela aventura e pelo desconhecido. Ou, simplesmente, na procura de melhores condições ambientais. E, assim, o ganso usa todas as suas capacidades naturais para se lançar no espaço e proceder às viagens que lhe configuram a essência.

Tem vezes, porém, que as linhas costeiras continentais, as amplitudes térmicas, o sol encoberto por nuvens ou estrelas embaciadas por névoas inesperadas e até fenómenos de mutações orográficas ou hidrológicas se alteram por razões não inteiramente conhecidas. E nessas vezes, o ganso mantem-se voando mas sem saber exactamente para onde migrar. Deixa-se levar pelo vento e estende bem as asas para ganhar sustentação de voo. E vai. Sem saber exactamente para onde, porquê, ou por quanto tempo. Sem saber se vai para Norte, para Sul, se sobe, se desce. Simplesmente, vai. E enquanto vai, percebe que migrações desta natureza são impropriamente chamadas de migração. Porque não são mais que uma atitude reflexa de um conjunto de factores que o fez descolar, tomar altura e voar.

Um dia descobre algum recanto acolhedor e pousa. Ou não. E, simplesmente, vai. Continua indo. Provavelmente até se cansar e acabar por pousar, mais por necessidade do que por ter vislumbrado algum espaço convidativo. Mas enquanto não cansa. Vai. Voa. Simplesmente, vai.


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terça-feira, junho 27, 2017

O meu pai é farmacêutico, passa a vida a fazer pírulas. E eu, só pró chatear, vou à gaveta e tiro-las





O menino de oiro, apresentado pela menina de oiro da TVI

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1 - Não sou uma figura pública. O meu pai sabia pouco de finanças, mas tinha uma razoável biblioteca. Já a minha mãe lia nos livros do meu pai e confiava, fiel e amante, nele. Mas não eram comunistas. Quiçá isso me terá privado dum futuro brilhante (!!!) como o do menino de oiro.

Mesmo assim, os meus pais fizeram, criaram e educaram quatro filhos dando a cada um deles um curso superior, o que nos possibilitou ir para o mercado de trabalho sem termos de recorrer a qualquer enfeite político.

2 – Não sou uma figura pública (lá está…) por isso as pessoas não têm obrigação de saber que fui um razoável (ia a dizer bom, mas sem a costela comunista ganhei alguma modéstia) pescador desportivo. Para quem não saiba (é caro, é preciso mar fértil e barco apropriado e bem aparelhado), há dois tipos de pescadores desportivos. Os que usam “lure” (sometinhg that attracts, entices, or allures) e que consiste num dispositivo colorido e com um jogo de espelhos que, reflectindo o sol, acaba por funcionar como chamariz do peixe graúdo. E os que não usam lure, uma espécie de pescadores virtuosos que acham que um marlin, um veleiro ou um veloz wahoo devem ser apanhados sem lure.

Posto isto, tenho de admitir que viver num país em que:

Primo: Ter sangue comunista é um item importante no currículo de um cidadão;

Secundo: Que ter sangue comunista ainda hoje funciona como lure e é a prova acabada que vivemos ainda num país cheio de complexos contextos e mecanismos que promovem e agraciam currículos baseados na ascendência comunista de cada qual. O que provoca uma sensação de lástima pelo reconhecimento que vivemos num terceiro-mundismo com pretensões mas, ao mesmo tempo, no seio de um número de exemplos que fazem brilhar de orgulho e realização pessoal todos os que não precisam de lure para atrair seja o que for e apresentam currículos limpos e reveladores do seu talento e valia. Sem precisar de patetices, pantominas e manipulações para atingir o Nirvana.


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Cheira a sangue quente


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Aqueles que já tenham ido a um Safari, poderão ter tido a oportunidade de ver uma alcateia de leões (juro que aprendi hoje que um colectivo de leões se chama alcateia, como os lobos e as hienas…) atacando um javali. Cerca de uma dezena de leoas e um macho imobilizam o bicho e com uma voracidade de descrição só possível a alguém com génio e arte para o fazer. O bicho guincha, debate-se e os felinos vão abocanhando as partes mais sensíveis, arrancando partes do corpo e a tragédia arrasta-se por alguns minutos, não tão escassos como se possa pensar, espalhando um cheiro quente a sangue até o javali se render e definitivamente se imobilizar, à medida que vai sendo mastigado vivo e escorrendo o sangue que tinge os focinhos dos felinos esfaimados.

Não sou muito de caças…sou até mais de pescas. Mas sempre tive a mania de mostrar tudo aos meus filhos, o bom e o mau e calhou um de par de vezes levá-los a safaris. E uma vez assisti a uma cena destas que acabei de descrever. E porque falo nisso? Porque é exactamente o que me ocorre, desde que o inábil Passos Coelho se pôs à mercê da alcateia, com a história do suicídio. E a alcateia lusa pode até ser amestrada e sofrer de nepotismo crónico e irreversível. Mas não é por isso que rejeita o sangue. E Passos Coelho será o javali da história, sendo verdade que frequentemente se põe a jeito para isso. E daí o recente banquete em que a alcateia rugiu, correu, abocanhou e mordeu e mastigou. E andam ainda por aí com os narizes cheios de sangue viscoso a cheirar a quente. As televisões então, impressionam. O pobre “javali” até pediu desculpa, mas a alcateia não aceita. Gosta mais de ser embrulhada na javardice em curso que se prepara com afinco para se reunir e “discutir” a desgraça de Pedrógão cuja responsabilidade há-de cair inevitavelmente “no governo anterior”.

Entretanto, o pobre javali ainda mexe. Mas está quase exangue, moribundo. Não sei se desta ele escapa.


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segunda-feira, junho 26, 2017

A D. Natércia



Serra do Caldeirão - 2012. A D. Natércia não aparece, devia estar em ensaios

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Por duas vezes, em poucas horas, a SicN transmitiu um compacto de largos minutos sobre um “grande incêndio” na Serra do Caldeirão.

Fui ouvindo, incomodado, pensando que ali estaria outro incêndio com consequências imprevisíveis. O compacto era razoavelmente longo e o cenário era o habitual, gente a chorar, as labaredas altaneiras cumprindo a sua destruidora missão e gente a apagar o fogo com os baldes da ordem e mangueiras de jardim. Vários populares se queixavam sobre a falta de bombeiros, desorganização, matas por limpar e dificuldades de ligação. Não se falava em mortos. Mas as reclamações sobre a desorganização e incúria continuavam e há uma D. Natércia (nome real) que gritava, e cito, “este governo é uma merda, este governo é uma merda”. Depois de largos minutos, a SicN (porque é da SicN que se trata, acabou por dizer que este incêndio era de 2012 e que, imagine-se já em 2012 havia incêndios com deficiências deste género. Não morreu ninguém mas havia uma D. Natércia aos gritos “este governo é uma merda, este governo é uma merda”.

Fiz umas contas de cabeça e percebi que em 2012, o governo era o de Passos Coelho. Porque é que a SicN passava aquela longa peça aos gritos é que não percebi. Mas cerca de duas horas depois, quando a estação repetiu a pantomina com a D. Natércia, percebi.

Fiquei sem saber se a pobre da D. Natércia recebeu algum pagamento pelo serviço e se passou recibo, mas se não recebeu devia ter recebido, já que os seus “este governo é uma merda” foram repetidos à exaustão de forma convincente e assinalável competência.

A SicN perdeu o resto da vergonha que tinha. E uma vez mais fico sem perceber esta sanha contra Passos Coelho (não se confunda o que digo com partidarite. É factual). E quanto ao Partido Socialista, bem nutrido com estes mimos da comunicação social, continua a usar técnicas comunicacionais que eu julgava de há muito expurgadas, desde a queda do muro de Berlim. Pelo visto, aqui em Portugal ainda não. Continuam de boa saúde e recomendam-se. O que é, no mínimo, confrangedor. E reflectem fielmente como é possível que em Portugal estas técnicas ainda funcionem.

Nota: Esta preciosidade de comunicação teve lugar ontem, no período da tarde. Desconheço se durante a manhã houve mais “este país é uma merda”.


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sábado, junho 24, 2017

Andava distraído




Recomenda-se a leitura deste post com o vídeo "on". Fica a pieguice completa...

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A vida trepidante e os mil assuntos que nos ocupam as meninges a todo o tempo fazem de nós seres lamentavelmente diminuídos da sensibilidade que, acredito, nasce com todos nós, mas vamos perdendo ou desgastando à medida que o tempo passa.

O meu apartamento ardeu há cerca de um ano e, em consequência, aluguei um apartamento num local maravilhoso aqui em Cascais (donde só algum dia me tirarão a tiro). Tenho um escritório com uma grande superfície vidrada que dá para um jardim público muito bonito. É, ainda, um local muito sereno, silencioso e, repito, muito bonito. Pois… não é que só ao fim de um ano percebi que nestes dias de sol e com as vidraças abertas tenho uma afinada orquestra de passarinhos que cantam em permanência TODA a manhã?

Desse canto sobressai um mais forte, mas maravilhoso. Não percebo nada de pássaros, mas alguém que conhece me garantiu que esse canto era de melros. Intrigado, fiz hoje uma espécie de espera até descobrir dois magníficos exemplares, muito pretos, muito bonitos e harmoniosos nas suas formas. Mais harmoniosos se tornam quando comecei a ouvi-los a cantar. Mantive-me a olhar pela vidraça aberta e contemplei o casal (presumo…) na esperança até de ver se saia dali algum ritual de acasalamento. Não saiu. Apenas cantavam, o que prova que se pode cantar só porque sim, sem ideias pré-concebidas, tal qual se ouve no vídeo. Curiosamente, havia um coro de pequenos cantares de outras aves que não sei se têm algum significado.

Voltei para o computador. Contente por ver os melros, contente por serem melros, contente por haver pássaros que cantam assim. E vai outro “post” (inho) sem falar mal do  outro... cujo nome não posso dizer!

NOTA: Custa a acreditar, mas pus o som do computador no máximo e posso garantir que o canto dos pássaros lá fora redobrou. De ritmo e de intensidade. Ai que mariconço (pode-se dizer, né?) que eu estou hoje…



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sexta-feira, junho 23, 2017

Algaraviada



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A propósito deste meu post sobre florestação na Swazilândia, recebi um telefonema de um professor com larga experiência em silvicultura, no qual fui diplomaticamente considerado um razoável ignorante sobre floresta e sobre a realidade da situação da floresta dos privados. Sobre isso, e porque o telefonema foi correcto e construtivo, vou responder correcta e construtivamente, também:

1 – Não sou especialista em floresta;

2 – Tenho perfeita noção que as grandes empresas de produção de pasta de papel têm mecanismos de procedimento que praticamente inviabilizam os incêndios;

3 – Sobre a acção nefasta do eucalipto, tenho as minhas opiniões. Sei que esta árvore (uma mirtácea) tem grande poder invasor devido à sua sôfrega necessidade de água e à sua capacidade de regeneração mas que, em exploração, pode e deve ser sujeita a uma criteriosa gestão, proporcionando um equilíbrio estável ao solo em matéria de nutrientes e de água. Nada, afinal, que não se passe com a gestão dos oligoelementos (trace elements) que têm de ser regularmente compensados durante a exploração continuada dos solos, sobretudo se tratarmos de culturas muito exigentes em alguns micronutrientes específicos.

4 – Também tenho uma razoável noção do, provavelmente, sector mais nefasto da gestão dos eucaliptais privados. Pequenas áreas, baixa rentabilidade, e a peculiar tendência dos portugueses para se excluírem de condutas cívicas, sempre que os problemas os atingem não só a eles como ao próximo. Um pequeno quintal de 1 ha de floresta não limpa pode fazer perigar muitos milhares de hectares à volta, por muito limpos que estejam. Acresce que à falta de sentido cívico dos cidadãos reina a mais completa confusão na aplicação da profusa legislação em que os portugueses se realizam. Há leis para tudo. E para nada. Um português feliz é um português que legisla. Dêem-lhe uma pontinha de poder e ele legisla sobre o número de borboletas no quintal. E, finalmente, a confusão generalizada de magotes de gente a mandar, a deliberar, a fazer favores, a falar às TV’s, a perorar sobre isto, aquilo e aqueloutro. 

Qualquer português num país estrangeiro, confrontado com uma lei que diga que não pode ter eucaliptos a menos de “x” metros de uma estrada ou de uma residência, cumpre. Em Portugal, discute, protesta, zanga-se imenso, fala com o presidente da junta, refila com o presidente da Câmara e presta-se a jogos de poder tão estúpidos como pueris que só complicam a questão e que são o espelho fiel de nós próprios.

Professor, como vê, conheço a diferença entre as florestinhas e as grandes explorações silvícolas. Não nos ponhamos à espera que um português espere uma vida pelo desenvolvimento de um azinho, de um sobreiro ou de um mero bosque de prazer e bem-estar, antes limitemo-nos a cumprir a basta legislação existente. E, sobretudo, que os autarcas e outras forças de comando se tornem realmente efectivos em vez de forças de bloqueio ou ninhos de inconfessados interesses. Pela sua estupidez, pelo seu nepotismo ou por pura parolice.

De tudo isto, o governo (qualquer governo) não sai ileso. Muito menos quando se gastam 500.000 euros num sistema que não se sabe bem o que é e que avaria quando se precisa dele, ou não há o cuidado de regularmente, ver se um camião frigorífico funciona em condições, em vez de estar anos parado à espera que morra alguém. Ou que ninguém se entenda quando é preciso abrir ou fechar uma estrada. E, neste particular, a geringonça é um bom exemplo de inoperância, ignorância e desorganização. Representa bem a falência geral do Estado, pelo menos do Estado que se deseja A MAI aflige só de ouvi-la ou olhar para ela, Costa faz-nos ferver por dentro e até Marcelo nos faz pensar, ao vê-lo por aí aos beijinhos e abraços. E depois, há toda aquela multidão que aparece, ao minuto, a botar faladura e que ninguém entende. Ou que interessa, já, entender. Da Comunicação Social já nem falo. Pacheco Pereira ontem deu bons exemplos sobre o quilate da comunicação social.


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quinta-feira, junho 22, 2017

In the present crisis, government is not the solution to our problem; government is the problem (Ronald Reagan)



Pinheiros, pinheiros, pinheiros, eucaliptos, eucaliptos, eucaliptos...

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Miguel Sousa Tavares afirmou ontem, na SIC, basicamente, o seguinte:

1 - A culpa da tragédia em Pedrogão Grande é de Cavaco SIlva e de Álvaro Barreto;

2 – Ele não diz, mas subentende-se que as culpas de Cavaco e de Álvaro Barreto se devem ao facto de ter acabado com a agricultura e com a pastorícia (um nome bonitinho mas cruelmente ligado ao atávico atraso em que vivíamos). Desde a "perniciosa" acção de Cavaco, a agricultura em Portugal deu um salto exponencial quer em qualidade, quer em quantidade. Inclui a chegada de muitos jovens qualificados que resolveram dedicar-se à agricultura como o tomate, o azeite, o vinho, as saladas, etc.. Reservo-me a maçada de vir com números, primeiro porque MST não me pareça que perceba alguma coisa de agricultura, segundo porque não sou jornalista e seria uma trabalheira;

3 – Ataca fortemente o pinheiro e o eucalipto. Não explica porquê, provavelmente porque não saberia como. Ouve falar constantemente no pinheiro e no eucalipto e aquilo é um bocadinho como o Round-Up que faz cancro, MST vai ouvindo falar na coisa mas não deve sequer conhecer a sistemática das árvores;

4 – Entre trejeitos e esgares, mantém a sua verve biliar contra Cavaco, Barreto, pinheiros, eucaliptos, admitindo, ainda assim, o reconhecimento de que há elementos naturais como as trovoadas secas. Uma admissão que, de resto, dá jeito, não vá a gente começar a embirrar com o sorridente Costa.

A SIC e, de um modo geral, todas as televisões deveriam ter um desejável pudor na escolha dos seus comentadores. Tanto quanto julgo saber, MST é um jurista, ganhou mediatismo por via de um romance que teve com uma actriz brasileira que embirrou com os Jerónimos e escreveu alguns livros, um deles, de resto, pouco fiável nas realidades de S. Tomé. Mas isso não vem ao caso. Porque é que um jurista com este currículo acessório e escreveu uns quantos livros (que me ocorra, nenhum deles tratava de resinosas) recebe um salvo-conduto para dizer disparates (repito, disparates), sobre coisas que não conhece, permanece para mim um insondável mistério.

Nota: Há um pequeno país (entre outros que conheço), rodeado de África do Sul por todos os lados e que tem mais de metade da área coberta de pinheiros e eucaliptos. Tudo sob o controle de uma empresa que dá pelo nome de Usutu Forestry Company, associada à SAPPI (South Africa Pulp and Paper Industries). Falo do que sei porque, circunstancialmente, desenvolvi lá durante cerca de seis meses um aturado programa de controle de infestantes que contemplava a optimização dos nutrientes do solo e a defesa contra o fogo. Essa empresa, só no território Swazi gera uma renda na produção de polpa de cerca 1 bilião (os tais nossos mil milhões) de dólares anuais. Nunca vi um incêndio na zona. Dormi regaladamente, várias vezes, num hotel no meio das matas, o “Usutu Foresters Arms” (vale a pena dar uma olhada a este hotel no seio de perigosos eucaliptos) sem ter medo de acordar esturricado. Claro que há um mundo de diferenças, mas mencionaria o principal:

1 - É uma organização privada;

2 – Não há presidentes de Câmara, de freguesia, de bombeiros, de protecção civil nem aquela multidão de responsáveis nem eu  sei bem de quê, quer dizer, há, mas mantém as suas funções institucionais sem meterem o nariz onde não são chamados. Eventualmente há um  Serviço Nacional de Meteorologia que faz o forecast da ordem. E se a Swaziland tem dias acima dos 35 graus… Quem manda ali são os donos e cada um com as suas específicas funções. Incluindo a segurança. Tudo em estrita obediência da lei, como é evidente. Ministros do Interior, o próprio Rei, as polícias, tudo tem as suas funções atribuídas mas cada um no seu galho. Ah! E não há peixe por aí além. Só importado. Mas tenho a certeza que se morrer alguém há um camião frigorífico decente para o levar a Mbabane ou a Manzini.



Riqueza


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quarta-feira, junho 21, 2017

Não sei que título hei-de dar a isto...



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Começam a surgir alguns vultos por aí, que se auto-avaliam em supra-sumos da iluminação cerebral com que cada um de nós é dotado ao nascer, clamando pela inevitável queda da plebe cultural na politiquice baixa, usando o rescaldo (literalmente) da tragédia que nos bateu à porta.

Não há como convencer esta gentinha de que a politiquice baixa está precisamente em achar politiquice baixa a enumeração de alguns dos mais elucidativos exemplos da nossa peculiar desorganização, ânsia de protagonismo e absoluta falta de sentido de responsabilidade nas diferentes tarefas que nos são cometidas. Um pais como o nosso só podia mesmo ter uma multitude de organismos, organizações, comissões, institutos, presidentes disto, daquilo e daqueloutro, centros de decisão (bombeiros profissionais é que nem por isso), numa variedade, enfim, de gente que ganha o seu minuto de ouro em vir a uma qualquer televisão botar uma faladura qualquer, dizendo nada, antes exibindo uma forma pueril de estar que nos envergonha e atrofia a réstia de sentido cívico que não fazíamos mais que a nossa obrigação em ter.

Ele é o SIRESP (que nem sei bem o que é) que não funciona, ele é o camião frigorífico que avariou (obrigando ao aluguer de uma camião de transporte de peixe…), ele é o avião que caiu mas que afinal era uma roulotte com gás, ele é um  secretário de estado com uma deplorável dicção e que vai debitando umas tretas, ele é uma ministra que fala como se estivesse a fazer um grande frete e lhe devêssemos dinheiro, ele é o IPMA (isto sei o que é…) a explicar o que é uma trovoada seca, ele é a jornalista que noticia já se ter encontrado a árvore que apanhou com um raio (atingida por um relâmpago, segundo o Paulo Baldaia) ele é a GNR que nem percebe bem o que está a acontecer e dá indicações erradas, ele é os Kamov que não voam, ele é o atropelo geral das pobres pessoas despojadas, feridas ou mortas em sessões contínuas duma tragédia que tem como único responsável um chamado estado social que de social não tem porra nenhuma a não ser o desfile idiota de figurinhas inoperantes e patéticas que vão dizendo o que podem, mal, ele é um presidente da República estranho que vai ensaiando a sua comoção e coração destroçado por via de abraços e beijinhos enquanto brada, poucos minutos depois do início da tragédia, que era impossível fazer melhor, ele é, enfim, uma comunicação social espúria e venal que se desdobra numa acção indescritível de desculpabilização de um governo não eleito, onde não se vislumbra competência para além dos pontapés gerais na gramática e no bom senso, sem qualquer sentido de Estado que não seja bater na Oposição (como o inenarrável Capoulas Santos), uma comunicação social que leva já dias seguidos de transmissão ininterrupta com tantos momentos idiotas e estupidificantes (como a Judite de Sousa a mostrar um cadáver, acho que faltou pouco para levantar uma pontinha do lençol), como o número de especialistas que surgem do nada para explicar ao rebanho meio estupidificado uma série de vulgaridades, desde o acompanhamento psicológico até às verdadeiras razões dos incêndios, onde não podiam faltar especialistas silvícolas, como aquele estranho Miguel Sousa Tavares que fala de eucaliptos com a mesma segurança e assertividade com que eu falo das diferentes técnicas de hibridação de aves canoras.

Uma lástima. E um desrespeito condenável pelos mortos. Pelos cidadãos. Pelos eleitores que ciclicamente vão depositar um voto que permite a esta gentinha continuar a não perceber nada do assunto e a passear a sua arrogância e insignificância, de repente transformada numa significância que não merecem.

Passos Coelho tem passado ao largo e faz muito bem. Um deputado do CDS por ter falado em “beijinho no doi-dói” ia sendo esfolado vivo. Também já houve um, do milhão de especialistas e comentadores, que já experimentou trazer à liça o facto de Passos Coelho andar muito calado. Não teve grande êxito, provavelmente porque há outros que há bem pouco tempo se desfizeram em dislates idiotas e hoje andam calados como ratos. Refiro-me, naturalmente, àquele rancho pateta de gente que dá pelo nome de “esquerda” não sei das quantas a quem Costa deu o respaldo e o quentinho de uma coisa que nunca tinham experimentado e que lhes está a proporcionar sensações orgásticas que não esperavam – o Poder. E aqui refiro-me, naturalmente, a essa gentinha do Bloco e do PC, um grupo de gente anquilosada, sentada em teorias anquilosadas que nos vão tolhendo o progresso.

E pronto, apeteceu-me dizer isso. Dificilmente voltarei a falar no assunto. Faltou dizer que corre à boca cheia que estão a ”tratar” o número real de mortos, que parece ser bem superior à realidade. Mas admito que seja boato da reacção.


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terça-feira, junho 20, 2017

O Rio dos Medos de Ouro



Clicar na foto

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Poucos dias depois do 25 de Abril, nos meus verdes vinte e poucos anos e numa altura em que não dava para ir para a frente do ministério com uma tabuleta a reclamar pelo facto de o Governo ainda não me ter arranjado emprego depois de sair da faculdade, fui parar a Durban, como technical assistant duma empresa de produtos químicos para a agricultura e indústria.

Tive uma relativa facilidade em arranjar emprego porque já dominava o inglês, graças a uma prestimosa, linda e louríssima namorada de Sheffield, Yorkshire, UK (Hi, Janet!) razoavelmente mais velha do que eu e que me ensinou uma data de coisas e, de caminho, o inglês falado e escrito.

Entregaram-me o Northern Natal, uma vasta zona do Kwazulu Natal onde eu deveria visitar os mais importantes municípios, como Dundee, Vryheid, Newcastle, Ladysmith, Harrismith, Pietermaritzburg e vender o meu peixe, incluindo a utilização de produtos arbusticidas e de longa acção residual para controle total em refinarias, auto-estradas, etc. (que falta fazia o “macabro” RoundUp da “maléfica” Monsanto, que ainda não tinha sido inventado), para além de produtos de acção selectiva em relvados desportivos, jardins e onde houvesse relva em geral.

Nestas andanças conheci uma das mais fantásticas regiões naturais e hoje, reclamo-me um homem de sorte por isso. Conheci St Lucia, uma extensa zona do estuário do rio Tugela, em que as águas do mar e do rio se misturam, formando um caldo ecológico onde os crocodilos, os hipopótamos e os tubarões convivem (e respeitam-se), o mesmo não se podendo dizer em relação a muitos incautos que antigamente lá se banhavam e eram disputados à dentada entre um faminto crocodilo e um azougado tubarão, isto se não levasse uma patada dum  hipopótamo que ocasionalmente passasse.

St Lucia é um local paradisíaco, em que a beleza natural se funde com uma auréola de mistério e de lendas abundantes, naturalmente devidas às pessoas que pereceram a crocodilos que não tinham nada que andar ali e, igualmente, de tubarões que tinham um mar inteiro para andar e ai se alimentavam à babugem dos alimentos que o Tugela prodigamente lhes ofertava.

St Lucia começou por se chamar Rio dos Medos do Ouro, cuja alusão aos trágicos e frequentes acontecimentos de gente atacada se fundia à cor única, dourada, das suas dunas. Foram os portugueses (quem mais????) que lhe deram o nome, sobreviventes de um navio português naufragado e que dava pelo nome de S. Bento, em 1554. Mais tarde, em 1575, no dia de Santa Lucia, o nome de St Lucia foi outorgado à região completa, incluindo o estuário do Tugela e a zona marítima.

Fiquei a saber isto a primeira vez que lá fui, num “lodge” onde acabei por ficar algumas vezes nas minhas viagens de trabalho e onde me entretinha a ler a história e a origem de St. Lucia.

O meu filho, bem mais inteligente do que eu mas que gosta mais de ler sobre “bikes” do que sobre navegação do século XVI, passou aqui em trabalho há dias e mandou-me esta foto. Fiquei contente por me lembrar disto tim-tim por tim-tim. E, ainda, para calar a boca a alguns amigos que me acusam de só escrever sobre o sorridente Costa. Criatura que eu poderia mesmo convidar a tomar banho em St Lucia, tendo o cuidado, possivelmente, de retirar primeiro a tabuleta de aviso.


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segunda-feira, junho 19, 2017

Causas e estupidez naturais



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Em matéria de proselitismo, temos para todos os gostos. Temos os que aspiram a um tachinho, os que têm medo de ser despedidos pelos jornais ou pelas televisões, os que têm o mundo limitado pelas pálpebras, os que não gostam do Passos Coelho, os que lhes disseram para não gostarem do Passos Coelho e há os simplesmente parvos. Também há uns quantos que leram umas cartilhas, mas alguns deles confundem-nas e às vezes enganam-se e quando pensam que estão a ler matéria universalista, internacionalista e sobre o homem novo estão a ler os mails que aquela criatura façanhuda do FêQuêPê “amanda” para o Porto Canal, ou as alarvidades de um tal Bruno Carvalho que anda por aí a dizer disparates ou mandar as pessoas bardamerda.

Nenhum destes casos é recomendável, mas consciente ou inconscientemente aconselha-se os prosélitos que não caiam em exageros. Até por uma questão de higiene. O povo é meio iletrado, falam pouco dele e vive esquecido nos «interiores», (como diz o Marcelo) mas há limites para a coisa e haver televisões que anunciam (não me contaram, eu ouvi) que já tinham identificado a estúpida da árvore que se deixou apanhar por um maléfico raio duma tempestade cruelmente seca ultrapassa tudo o que o bom senso pode admitir.

Portugal é um sítio (mal frequentado, eu sei, mas não era isso o que eu ia dizer…) onde a notícia de hoje se esquece no dia seguinte. Um exemplo recente é eu reparar que ninguém mais alude ao facto do Governo ter dito na véspera do grande incêndio em Pedrógão, que no dia seguinte iam prender os incendiários (ou reter, já não me lembro bem) em casa, não se desse o caso de eles andarem a fazer disparates. Com a árvore atingida pelo raio é a mesma coisa. Mais um dia ou dois e já ninguém fala da árvore, dizem mais uma baboseira ou outra sobre em que festa estaria a Constança Urbano de Sousa (não há festa nem festança… etc.), Marcelo solta mais umas iniquidades e tudo volta à forma original. Costa explanará mais uma série de medidas (acho que nenhuma das que ele poderia e deveria ter tomado quando foi nr. 2 de Sócrates e enchia o espaço hertziano com medidas fantásticas que, entretanto se iam diluindo com os afazeres da época.

E assim vai o mundo. O português. Tenho um respeito profundo por todos aqueles que morreram com a catástrofe. Incluindo aqueles que as autoridades já foram dizendo que não tinham nada que ir meter o nariz onde não eram chamados. Quanto às causas naturais…apetece-me dizer que não gosto nem me dá jeito (como dizia o outro) continuar a fazer figura de parvo. Envergonha-me pertencer ao país do sul da Europa com a maior incidência de fogos. Dijsselbloem disse que os portugueses gostam de copos e de mulheres. Só se esqueceu de dizer que gostam de saltar à fogueira, também.

Todos os anos é isto. Com o PS na Oposição é porque é a Direita que é composta por umas bestas quadradas que não fazem o que devem. Com o PS no Poder é esta lengalenga das causas naturais para a qual já não há saco. Ainda mais quando dispõem dum catavento sensível às inesperadas mudanças de direcção do vento. Lá dizia um presidente de qualquer coisa ligada aos bombeiros, não sei bem o quê… causas naturais.


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domingo, junho 18, 2017

Impossível fazer melhor... e dizer pior



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Quando ontem escrevi este pequeno post, glosando a habitual jactância e irresponsabilidade da geringonça quando afirmou que ia prender os incendiários todos em casa para não haver mais incêndios, eu não tinha ainda a noção da enorme tragédia que se abateu sobre o país. Só mortos já são quarenta e três (and counting…) e feridos, mais de cinquenta.

Aceito e concordo que o momento é de recolhimento e pesar perante tão grande tragédia e não para política baixa. Mas ainda assim não consigo esquecer-me do anúncio patético e pateta de que iam prender os incendiários (logo no dia seguinte) para eles não poderem andar a deitar fogo às coisas. Foi um dichote boçal e, mais grave, acolhido com compenetração atenta e veneradora pelas televisões, emocionadas com o alcance da medida.

Não quero ainda deixar de registar um sentimento de repulsa pelos palavras que, a propósito, Marcelo proferiu. O que ele disse foi uma verdadeira arenga de comício, quando afirmou que era impossível ter feito mais e melhor. Tipo, não nos atrevamos a dizer mal da geringonça.

Uma vergonha, senhor Presidente, o senhor envergonhou-me porque é, intrinsecamente, uma vergonha. E ainda mostrou uma inqualificável falta de respeito pela meia centena de cidadãos que pereceu no incêndio, vá saber-se porquê.

Uma palavra de apreço pela forma séria, assertiva e sem rodriguinhos como o secretário de estado Jorge Gomes foi fazendo os briefings com a comunicação social

Era só.



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sábado, junho 17, 2017

Esqueceram-se prender os incendiários em casa



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Há quarenta e oito horas, as TV’s anunciavam a intenção do Governo manter os presidiários em casa a partir do dia seguinte.

O dia seguinte era ontem e hoje o país está a arder, como de costume.

A farsa em que a geringonça nos mantém e endromina já sufoca. Como é que uma televisão consegue transmitir uma notícia destas com a gravitas apropriada à importância das diligentes medidas deste governo. Ou seja, em vinte e quatro horas passaríamos a ter um sistema jurídico que proibiria os incendiários de sair de casa. Durante quanto tempo, se poderiam sair nos dias de chuva, se poderiam ir às compras num raio de “x” metros é coisa que não se sabe, mas que não interessa muito saber. O que interessa é que temos um governo diligente em resultado do que este ano não temos fogos. Ou qualquer coisa por aí. Ao contrário da Oposição que não pensava nesta profilaxia do fogo e, sem vergonha, deixava arder o país.

Mais do que os fogos repugna-me esta, repito, farsa, em que viemos onde começo a suspeitar que há elementos do governo que acreditam no que dizem. O que é, no mínimo, preocupante. E há os que não acreditam nem deixam de acreditar mas que têm a noção exacta do impacto que este tipo de notícias “à boca das urnas”, tem no rebanho que pastoreiam.

Isto é uma atitude terceiro-mundista. Noticiar que “a partir de amanhã” o governo vai reter os incendiários em casa, acho que nem ao Maduro ocorre. Mas ocorre aos ”Maduros” que detêm o poder. E é trágico que, vistas bem as coias, acaba por funcionar. Durante quarenta e oito horas a grei regalou-se por ter um governo que, finalmente, resolveu os problemas dos fogos, prendendo os incendiários em casa.

Hoje Portugal está a arder. Também é verdade que já ninguém se lembra da notícia de anteontem. Mas também, que interessa isso? As televisões vão andar, de novo, entretidas a entrevistar a gente que fugiu de casa, que perdeu os haveres, que perderam as cabras ou que acham, como eu, que isto não tem ponta por onde se pegue. E para o ano. a geringoinça pensa noutra coisa qualquer.

E.T. Todos sabemos como o nosso primeiro é um homem de taludas. Ao que parece, começou a chover em Pedrógão onde, como se sabe, lavra um grande incêndio. Provavelmente porque se esqueceram de prender os incendiários em casa.


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sexta-feira, junho 16, 2017

Bride to be - Bride been

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Meus queridos

Hoje é um dia muito importante para vocês e um motivo de grande satisfação para a família em geral e para mim em especial, apesar de não poder estar presente.

Desejo-vos que toda a felicidade que existe no mundo vos acarinhe a cada momento das vossas vidas.

Todo o amor e saudade para vós. Ainda este ano vos verei. Love. Love. Love. Love you.

My beloved children

Today is a big day for both of you. Also it will bring a great deal of happiness to the family in general and for me especially.

I wish you all the happiness that may exist in the whole world and may it embrace you at every moment of your life.

You, Alistair du Toit will now belong unconditionally to the family. Hope you treat and caress the jewel that is now posed on your hands and may you love, care and respect it always.


I will definitely be with you sometime this year and we will have a non-vegan meal in a fantastic place.


Love you both. All the best. Be HAPPY.




Bride to be



Bride been...


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quinta-feira, junho 15, 2017

God bless



[5528]

Acordei. Tomei aquele café fresquinho em cafeteira italiana que jamais o George Clooney me convencerá a substituir por qualquer dos Nesnãoseidaquantas que ele publicita. Nem, com boa vontade, a mulher. Liguei as notícias, “percebi” um pouco melhor o incêndio de Londres e fiquei a saber que era um bairro multiétnico e um prédio ainda mais multiétnico que o bairro. Ouvi uma lista infindável de desleixos e problemas que os malandros dos autóctones só se permitem porque o prédio é maioritariamente ocupado por alienígenas, ainda que do planeta Terra. Tudo a bater certo portanto. Marimbam-se para as multietnias e vai-se a ver o resultado é este. Depois admiramo-nos com os atentados terroristas…

Ouvi tudo na SIC (a SIC insiste nestas coisas até à exaustão) porque a TVI está impossível, começam logo de manhã com um ramalhete de idiotas do Sporting e do Porto a falar mal do Benfica (já ouvi um fabiano, bem compostinho a lamentar-se do que o Porto sofreu com o apito dourado, que era tudo mentira... juro) que querem já na segunda divisão. Não há paciência portanto e assim, fica a SIC, por que a RTP é tampouco recomendável.

Após o que me sentei ao computador. Fiz meia dúzia de chamadas para fora do país, tudo certinho tudo a correr bem, respostas quase imediatas e qualidade de transmissão boa. A coisa piorou quando mudei para chamadas locais. Não que eu não estivesse preparado, tenho colegas e amigos que pura e simplesmente não atendem o telefone e que o usam apenas porque sim. Também tenho duas filhas com telefone, mas uma está sempre no banho e a outra acho que o usa como atavio. Ah! E há um filho… mas está sempre a correr, atende e diz que will calm me later.

Mas o que verdadeiramente estranhei foi que apesar destes condicionalismos, as chamadas locais não obtinham resposta de modo nenhum. Roguei pragas a meio mundo, com palavrões e tudo que eu quando estou sozinho digo muitos e quando estou a acompanhado, às vezes também … mas a verdade estava ali. NINGUÉM me atendia o telefone. E a luz fez-se no meu espírito quando liguei para um par de escritórios. No reply, em português em inglês, ligue amanhã que hoje estamos fechados. Fui ao Google (ai de quem diga mal do Google) e lá estava. Dia do Corpo de Deus.

Está explicado. God Bless, António Costa. Ou somos católicos ou não somos, chiça. Tá aqui estão a Catarina e a Mortágua a recolocar crucifixos nas escolas e a dar catequese. E também percebo melhor porque é que meio mundo está fora de Lisboa. Feriado na Terça, feriado hoje, amanhã é um pulinho, fim-de-semana em cima e na próxima, tudo na missa no Algarve e Segunda, logo se vê. God bless, António Costa mai-la a geringonça que endrominaste. A geringonça, não, não endrominaste, organizaste, porque os endrominados somos nós. God bless.


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terça-feira, junho 13, 2017

Começar pelo rabo



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Há pensamentos, inflexões filosóficas, exercícios de hermenêutica que podem chegar até no seio da algazarra de uma multidão frenética devorando sardinhas, lambuzando-se com fêveras e deglutindo toneladas de arroz doce, numa mistura alarve de ácidos gordos, gorduras polinsaturadas, açucares e exsudações sudoríparas do rosto e das mãos, tudo numa repelente salgalhada de sentimentos e prazeres corporais.

Mas são pensamentos que, pelo facto de serem eventualmente serôdios (é… quem sabe nunca me lembrei disto antes) não são menos sapientes e verdadeiros. E ontem, numa epifania ajustada ao momento, cheirosa de sardinha, fêvera e arroz doce, de repente percebi que a sardinha é, de certeza, o ÚNICO ser que começamos a comer sempre pelo rabo. Pensem um pouco… e digam se há outro.


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domingo, junho 11, 2017

A nova Inquisição




[5526]

Meu caro Gomes Ferreira. Não sou jornalista e muito menos economista (sim, sei que também o não é, não precisa de esclarecer) … É só para dizer que essa fogueira da Nova Inquisição que crepita por aí, não queima apenas os jornalistas, lançando-lhe os epítetos que menciono. Quem quer que seja que tenha um blogue ou "facebuque” ou “twite" por aí (passem os palavrões), se entretém, espasmodicamente, a atear essa fogueira com a arrogância e sobranceria costumadas dos iluminados.

Mas olhe, podia começar aí por casa. Fale com os seus amigos do "Eixo", um tipo de pornografia que a minha costela masoquista me leva a ver depois do "Governo Sombra" e aperceba-se do que ainda ontem disseram sobre a sua entrevista. Mais grave... disseram pouco, no estilo não vale a pena perder tempo com semelhante crustáceo.

Por último, tive pena que algumas perguntas lhe tivessem ficado no bolso, provavelmente por falta de tempo. E corrija os seus amigos que dizem à boca cheia que o optimismo, o à-vontade, estado de graça e o facto das coisas estarem a correr bem (????) e a habilidade (a habilidade, valha-me Deus, a habilidade…) de Costa chegaram para o meter a si no bolso. Não há como digerir esta linha de raciocínio, se aplicada a uma criatura como Costa (lá está... como entrevistador, você não lhe podia chamar de criatura...).




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