quarta-feira, junho 07, 2017

Sinistro



[5522]

Continua em velocidade de cruzeiro o “debate” sobre a EDP. Não se esperava outra coisa que não fosse a asserção de que tudo o que os administradores da EDP fizeram foi sempre na estrita observância da lei. O que não parece difícil de perceber é que o Estado (Sócrates, para sermos exactos) extrapolou valores, colocando os níveis de renda muito acima do que era justo e tecnicamente aceitável. Claro que o tema é muito técnico mas é uma questão de se colocar lado a lado os custos de energia de Portugal com os dos outros países europeus. E, ainda, de recordar (a memória é curta…) a excitação doentia com que Sócrates incensava as energias eólicas, tornando Portugal o país número um nesta modalidade de desporto, ao mesmo tempo que não perdia a oportunidade (Sócrates) para mostrar aos papalvos como o Partido do Poder se empenhava no desenvolvimento de Portugal na “pegada ecológica”.

O resultado está à vista. É difícil detalhar as coisas, mas ouvindo os “especialistas” que vêm perorar sobre o assunto à televisão acabamos por concluir que sim, que o reinado de Sócrates foi um período de sinistra corrupção em que a EDP terá sido a sua derradeira acção. É absolutamente inaceitável que esta criatura tenha causado tamanho prejuízo aos portugueses e ainda hoje se ande à procura do papel, da prova, da resposta à carta rogatória e do raio que o parta. É por demais evidente que todas as explicações dadas nas TV’s apontam para um escabroso caminho. Nada se fez na ilegalidade, mas todos os valores considerados nos tais CMEC’s eram escandalosos, cerca de 250 mihões/ano, embrenhámo-nos na maior confusão com as eólicas as termais e as hídricas, o gás, o carvão e, convenientemente, se agiu para que os CMEC’s aparecessem como o corolário necessário ao bom funcionamento da EDP.

No meio disto tudo regista-se a acção sinistra de Sócrates, como chefe do governo em 2007, ano em que se subiu o valor dos CMECs em cerca de 25%, mas igualmente a cumplicidade dolosa de muitos componentes do seu governo, pois, que me recorde, nenhum se levantou e disse que tudo aquilo era uma tramóia sem nome. Muitos deles flauteiam-se agora, saltitantes na geringonça.

Em paralelo, esboça-se por ai um movimento de crítica a Passos Coelho por não ter atalhado na redução das rendas. O que é mentira pois, que eu saiba, foi o único governo a conseguir uma parcial moralização da coisa, com uma redução de dois mil milhões. Vai-se a ver a geringonça ainda vai aparecer como salvadora da pátria. Assim uma espécie de quem fez a merda e agora limpa laboriosa e patrioticamente o cu. E perdoe-se-me o plebeísmo mas não me ocorre expressão mais apropriada a tudo isto.




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terça-feira, fevereiro 28, 2017

"Eles" nao queriam que ele fosse PR


[5503]

Ontem não vi a entrevista de Sócrates na TVI. Estou cansado de tal alegado traste e repugna-me ver semelhante criatura. Mas depois li alguns comentários aqui pela net e lá fui à power box, para ver se haveria algum novo ângulo na tragédia em que ele e um grupo de "respeitáveis" criaturas nos conseguiram enfiar.

Acabei por não ver nada de novo. Talvez a convicção que a execrável figura gerou em si própria que tudo começou porque eles (eles, quem? Perguntou Judite, “eles”, o MP e o Presidente da República, respondeu Sócrates) armaram toda esta tramóia porque não queriam que ele fosse Presidente da República. Imagine-se, logo ele, que nunca lhe tinha passado isso pela cabeça.

Chegado aqui, desisti e fui ver o 1º episódio das “big little lies”. Mentiras por mentiras, antes as que resultam de um bom trabalho de televisão e com mulheres bonitas. E não uma trama como esta em que o primeiro-ministro do 18º Governo Constitucional (Oh! Como entendo Cavaco…) se envolveu, de tal maneira que genuinamente procuro um novo significado para o conceito de verosimilhança. Confesso que nunca me passaria pela cabeça ser possível urdir uma tão complicada e, ao mesmo tempo, dolosa situação, tão difícil de imaginar e de tanto, mas tanto, prejuízo para todos os portugueses.

Sócrates é um mentiroso nato. E há um abúlico rebanho de muitos portugueses a quem ainda é possível vender o Cristo Redentor no Rio de Janeiro ou as Berlengas. E nunca se lhes diga que foram vigarizados, porque eles zangam-se imenso.


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quinta-feira, outubro 27, 2016

Rezas



[5457]

Ó professor. Já que está com a mão na massa e como quem vai de caminho, podia rezar por todos nós. Não vá dar-se o caso de Sócrates ser mesmo culpado e nos ter causado a tragédia que se conhece e assim, com as suas orações, talvez possamos igualmente ver o nosso mal minorado. Até porque em matéria de bem-aventuranças não pode haver filhos e enteados. Se o reino dos céus nos foi anunciado por Jesus, pois que todos sejamos contemplados com o Velho Testamento para o caso de irmos morrendo antes de Sócrates ser acusado. Quanto a Santos Silva, não reze ainda. Já agora deixe lá ver em que param as modas...


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segunda-feira, maio 09, 2016

As voltinhas do Marão




[5398]


"José Sócrates, prime minister, has chosen to delay applying for a financial rescue package until the last minute. His announcement last week was a tragi-comic highlight of the crisis. With the country on the brink of financial extinction, he gloated on national television that he had secured a better deal than Ireland and Greece. In addition, he claimed the agreement would not cause much pain. When the details emerged a few days later, we could see that none of this was true. The package contains savage spending cuts, freezes in public sector wages and pensions, tax rises and a forecast of two years’ deep recession.



You cannot run a monetary union with the likes of Mr Sócrates, or with finance ministers who spread rumours about a break-up. Europe’s political elites are afraid to tell a truth that economic historians have known forever: that a monetary union without a political union is simply not viable. This is not a debt crisis. This is a political crisis. The eurozone will soon face the choice between an unimaginable step forward to political union or an equally unimaginable step back…"

A 9 de Maio, faz hoje exactamente cinco anos, escrevi este post (deferência do Face Booka propósito do artigo abaixo do FT.

É uma vergonha nacional que Sócrates levou a rir, ao mesmo tempo que ia curtindo o dinheiro que o amigo lhe dava. O resto da história, nós sabemos.

Cinco anos depois, um primeiro-ministro sacado das circunvoluções estranhas da legitimidade democrática tem a lata de levar o energúmeno ao Marão para inaugurar um túnel rodoviário. No fim da risada e salamaleques os comentadores costumeiros e a CS acharam que o que realmente interessou se centrou no facto «inaceitável» de Passos Coelho ter faltado à função.

Chegámos ao ponto zero da vergonha. Antes de criticarmos os episódios mirabolantes dos futebóis, devíamos pensar em Costa. Aquele que a Comunicação Social determinou ser um homem com grande capacidade negocial.


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domingo, outubro 04, 2015

Af..nnl va…. c sclta d plici..a


Com escolta a cem metros...

[5318]

Andei cerca de uma semana a ver capas de jornal e a ouvir notícias na TV segundo as quais Sócrates ia votar sozinho. Porque os seus advogados e ele próprio não se submeteriam ao vexame de que ele fosse acompanhado por elementos da polícia. E mais, segundo o advogado Araújo, quiçá a figura mais arrevesada do mundo português, Sócrates não tinha que pedir ao juiz para ir votar. Não foram uma, nem duas nem três, foram várias as vezes em que ouvi esta notícia o que me fez pensar sobre o porquê da diferenciação estabelecida entre Sócrates e outros arguidos, dos quais se sabia que seriam acompanhados por elementos da PSP.

Há pouco, uma televisão avisava, de fugida, de raspão, assim como quem não quer a coisa, de que Sócrates iria votar às 14:30, acompanhado por elementos da PSP até à entrada do local de voto, uma vez que, por lei, não pode haver armas num raio de cem metros do local de voto.

A comunicação social igual a si própria. Fico apenas na dúvida se andar uma semana a noticiar que Sócrates ia votar sozinho se devia a mero sensacionalismo editorial ou se, de alguma forma, isso traduzia uma espécie de atitude revanchista e de vitória de um homem cheio de carisma e animalidade feroz. Nesta altura, pouco me interessa o porquê. Limito-me a conferir a desonestidade da coisa. Sem qualquer surpresa.

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domingo, setembro 27, 2015

Truques e chicos-espertos


[5316]

Li o acórdão de Rui Rangel e Francisco Caramelo sobre o processo de Sócrates e arrepiei-me. Pela linguagem e pelo conteúdo. Mesmo ainda porque ouvi várias vezes Rui Rangel fazer de comentador na televisão e lembro-me do que disse sobre o assunto. Se na altura me repugnou o conteúdo e a forma do que dizia, agora essa repugnância passa a temor. E a incredulidade. Jamais pensei que entre instâncias judiciais houvesse lugar a este jogos florais, especialmente se estão em causa a defesa de um arguido e o interesse público de, neste caso, uns milhões de pessoas.

É evidente que não é crime ser imbecil ou parcial. Mas se se gera a suspeita de tais atributos relevarem de juízes, já a coisa muda de figura. E me faz pensar nos tempos abomináveis em que Sócrates era despudoradamente protegido, nos seus desmandos, pela justiça portuguesa. Chegou. É tempo de as coisas agora serem feitas como deve ser. E condenarem o homem, ou não, se o tribunal chegar à conclusão de que tudo o que ele é (ou vai ser, nem sei bem) acusado é uma pura invenção dos jornais. Mas ter de «apanhar» com estas pérolas desembargadas por desembargadores aparentemente uns gajos porreiros é que tem de acabar de uma vez por todas.

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quinta-feira, junho 11, 2015

Não dá para entender


[5252]

Nós lemos este interrogatório a Sócrates e esfregamos os olhos. Nós ouvimos, com inusitada frequência, os insultos e impropérios que um advogado meio boçal lança a magistrados, juízes, MP e a tudo o que tenha a ver com a Justiça e estarrecemos com a impunidade com que estas afirmações se produzem, sobretudo quando nos lembramos da trapalhada que se gerou quando Sousa Tavares chamou palhaço a Cavaco Silva. Por fim, é de ficarmos atordoados com a procissão de especialistas nas TV´s que manejam os meandros e itinerários mais ou menos tortuosos da via processual dos tribunais para nos convencerem (e a eles próprios) da inocência de Sócrates e da forte possibilidade de uma articulada campanha para o castigar (não se sabe bem de quê, já que ele está inocente…) e, mais grave, manipular a campanha eleitoral em favor da coligação.

Esta situação fede e qualquer tribunal de qualquer país digno teria, de imediato, mandar calar Sócrates ao primeiro «pá» ou recambiado para uma cela por desrespeito. Tal como teria já demandado ao tal advogado rançoso (palavra de honra que não me ocorre o nome, acho que é Araújo) por claras ofensas ao juiz de instrução e ao ministério Público sobre o caso Marquês.

No que se refere aos comentaristas, jornalistas e paineleiros, talvez fosse de bom-tom lembrá-los do extenso rol de malfeitorias que indiciam Sócrates como um vulgar trapaceiro, com a agravante de ter trapaceado com dinheiros públicos. Basta ler o Cercado para nos atermos à longa lista de casos em que Sócrates é indiciado. E se quisermos que a justiça faça um trabalho limpo e adequado, pensemos no trabalho que aquela longa lista, mais os respectivos envolvimentos e promiscuidade, exige.

Por último, quando um juiz acha que pode ou deve atenuar a medida de coacção mais grave (prisão preventiva) para prisão domiciliária com pulseira electrónica e Sócrates não aceita e brande o caso com mais uma lunática forma de se vitimizar o que é que se espera que o juiz faça? Que o mande fazer piquenique para a Estufa-Fria? Como leigo na matéria, a minha primeira reacção é de que ele deveria ser de imediato punido por desobediência, ao rejeitar a pulseira. Mas parece que não é bem assim, parece que um arguido tem prerrogativas constitucionais que lhe permitem recusá-la. Ora, a ser assim, para onde deveriam mandar o 44 senão de volta para Évora?

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sexta-feira, janeiro 30, 2015

Boas notícias


[5224]

Durante algum tempo achei que este Dr. João Araújo era apenas meio-pateta e tinha uma evidente dificuldade em articular uma desejável sintaxe para se fazer entendido. Mas hoje concluí que é pateta inteiro. E a sua inabilidade oratória mantém-se.

Entretanto, de duas, uma: ou está a mudar de táctica e corrobora factos, afirmando preto no branco que Sócrates cometeu actos de corrupção antes de ser primeiro-ministro ou, então, está genuinamente baralhado e faz afirmações na forma e no conteúdo que lhe vêm à cabeça.

Este episódio leva-me a pensar que a defesa de Sócrates tem uma estratégia bem delineada, qual seja a de ter um advogado a sério a coordenar a defesa preservando a sua visibilidade, enquanto manda às feras o bonacheirão Araújo para ir distraindo o pessoal.

A parte positiva da coisa é que de cada vez que Araújo aparece, torna-se difícil conter um sorriso (aqui e ali, uma boa risada) e acontece mesmo gerarmos uma carinhosa simpatia pela criatura. Não fosse a tragédia que o 44 nos provocou e tudo isto acabava por ter graça.


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quinta-feira, janeiro 15, 2015

Nem sempre Sócrates é culpado


[5216]

Confesso que de início pensei que fosse uma atoarda. Afinal não é. Como o prova a abertura de um inquérito aberto pela Inspecção Geral dos Serviços de Justiça e o comboio de opiniões que lhe sucederam. Incluindo as do actual advogado do 44. E não é culpa de Sócrates porque alguém aparentemente autoriza que Sócrates use o gabinete do director adjunto da prisão para fazer as chamadas telefónicas que lhe aprouver. E parece que há mais de duas semanas que o faz.

Tudo isto é inadmissível, tudo isto é uma vergonha, tudo isto é muito PS. Não só uma vergonha, como um total desrespeito pelos outros presos em especial e pelos cidadãos em geral. Estes, em última análise, estarão até a pagar com os seus impostos as chamadas do 44. E eu estou cansado de pagar coisas por causa do 44.

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domingo, dezembro 28, 2014

Estranho país, estranha gente


[5210]

O salsifré frenético que vai por aí com o livro rejeitado a Sócrates e que lhe havia sido enviado, atenção, pelo pai do Serviço Nacional de Saúde, um livro que comemora os 60 anos de actividade literária (!!!) daquele insigne socialista, promete desencadear profundas reflexões sobre prováveis e indesejáveis patologias em muitas das criaturas dadas às boas práticas.

No que me toca, não consigo entender se a rejeição de uma prenda pelos serviços prisionais de Évora, que se limitaram a cumprir uma lei estabelecida por decreto-lei do próprio recluso (quando ele assinava decretos), sobretudo porque, ao que parece, havia uma lista de pedidos pendentes de 40 prendas feitos só na primeira semana, provocou uma cadeia de reacções baseadas em pura ignorância dos factos ou se são, meramente, imbecis. Há pelo menos, gente que deveria conhecer a lei e não se deixar arrastar pela idiotia corrente.

Entretanto, e para não variar, o grupo folclórico do Eixo do Mal continua a malhar no assunto, mesmo que em abstracto, como ontem fez o esclarecido Pedro Marques Lopes. Clara Ferreira Alves, para desanuviar, foi dizendo, já não sei bem a propósito de quê, que os morcegos são os anjos da guarda dos ratos. Como não há «anjas», espero que as ratas não tenham sido excluídas desta protecção angelical, já que isso ainda pode provocar por aí uma reacção tempestuosa de, sei lá, Isabel Moreira, por exemplo, escrevendo uma crónica sobre a masturbação dos Rodentia, em protesto sobre a desigualdade de género.


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segunda-feira, dezembro 22, 2014

Apoios às centenas…


[5207]

Mais um ilustre visitante de Évora, tornada capital dos ilustres. Desta vez foi Paulo Campos que, e cito, «…fui portador de um abraço de centenas de pessoas que nos têm contactado para que transmitíssemos ao engenheiro Sócrates que o apoiam e que estão com ele. E que acreditam nele, tal como eu…». Fica por entender quem é neste «nos» que querem transmitir apoio a Sócrates mas, pelo menos, ficamos a saber que são centenas.

Paulo Campos, como se sabe, é um dos mais sérios presumidos inocentes até julgamento e condenação transitada em julgado, coisa mais ou menos inverosímil, já que não é arguido de coisa nenhuma.

Tremo só de pensar na pose e no verbo destes Campos todos (mais as centenas de pessoas que mandaram recomendações) no caso de uma qualquer vírgula processual mandar o julgamento de Sócrates «down the drain» e voltarmos a assistir a mais um rocambolesco regresso do mártir Sócrates de Sousa com a chancela de Paulo Pedroso. Nada que, bem vistas as coisas, não possa vir a acontecer.


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sábado, dezembro 20, 2014

Agora deu-lhes a pressa


[5206]

Isto causa uma profunda irritação. Tiveram tantos anos e oportunidades (e assuntos) para entrevistar o homem e raramente o faziam. Agora deu-lhes a pica, o tesão, para usar um simpático e saudável termo brasileiro, e toda a gente acha que entrevistar a criatura corresponde a um inestimável serviço público.

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sexta-feira, dezembro 05, 2014

Notícias para a dispepsia



O animal feroz reduzido à sua real dimensão

[5195]

Ando fora do torrão já há uns dias mas, inevitavelmente, vou acompanhando as notícias. E o que oiço não me deixa descansado. Começo a ter medo. Medo do que possa vir por aí. Vejo um cortejo de zelosos democratas visitando o inenarrável, levando-lhe o conforto socialista mas, até aqui, nada de muito grave. Já a desfaçatez com que estes ilustres e democratas visitantes põem em causa a imparcialidade e integralidade da justiça e projectam a certeza de que vai por aí uma cabala do tamanho do «terramoto que caiu em cima de Jorge Coelho» me eriça a derme e me faz apetecer perguntar-lhes onde estavam quando se queimavam cassetes com gravações, se despediam magistrados do Eurojust por reconhecidas (e nunca desmentidas) pressões sobre os advogados do Freeport e se assistia a uma generalizada «vaquinha» para que Sócrates escapasse ileso à catadupa de suspeitas (e factos, meu Deus, e factos) que todos os dias lhe cabiam em sorte.

Entendamo-nos. Uma coisa é uma visita de solidariedade a um amigo preso, outra é visitar esse amigo e bolçar um acervo de enormidades sobre o sistema, o regime, a democracia, o raio que os parta. Que vão visitar o Camões. Que lhe levem muitas prendas e, já agora, uma «Bic» azul. Mas que se calem com esta desprezível e ofensiva lengalenga sobre a justiça.

Os socialistas ainda sonham com uma rentrée de Sócrates à la Paulo Pedroso, incólume da acusação de pedofilia (eu li-a na totalidade) porque se provou que ele tinha feito uma cirurgia para extrair uma verruga ao pénis. Sonham com o domingueiro engenheiro a entrar no Rato entre aplausos, abraços e beijinhos. E nem um «quem se mete com o PS leva» faltaria ou mesmo um «partimos as fuças à direita».

Enquanto isso, estar fora do país e ir lendo o corrupio para Évora e os ademanes correlativos enjoa e faz- nos desejar que o avião de regresso a Lisboa se atrase.

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domingo, novembro 23, 2014

É assim tão difícil entender isto?



[5193]

Com a devida vénia à Helena Matos no Observador:

Isto não tinha ser assim. Não tínhamos de ver um antigo primeiro-ministro a ser levado dentro de um carro pela polícia. Não tínhamos de ver o circo montado novamente à porta do DCIAP. Não tínhamos de assistir mais uma vez aos políticos a perderem a face perante a justiça. Mas os portugueses quiseram que fosse assim. E tanto quiseram que em 2009, indiferentes ao que já se sabia sobre a actuação de Sócrates no Freeport e muito particularmente nessa vergonha nacional que foi o processo de licenciamento e construção da central de tratamentos de lixos da Cova da Beira, 2 077 695 eleitores lhe deram o seu voto para que continuasse como primeiro-ministro. É certo que o PS perdeu então a maioria absoluta mas note-se que não se pode falar de desastre eleitoral: em 2005, ano da grande vitória de Sócrates, o PS tivera 2 588 312.  Que Sócrates continuasse a obter mais de dois milhões de votos depois do que sucedera entre 2005 e 2009 diz muito sobre a nossa alienação de valores.

Aos olhos e ouvidos dos eleitores portugueses, tudo aquilo que em 2009 já se sabia sobre Sócrates – e era muito – a par do fascínio crescente e perigoso que este manifestava por um Estado agente de negócios não foi suficiente para que não lhe dessem maioritariamente o seu voto. Eram os tempos em que a líder da oposição era ridicularizada como “a velha” pela milícia dos assessores socráticos devidamente corroborados pelo riso escarninho dos humoristas de serviço a quem, vá lá saber-se porquê, Sócrates nunca inspirou muitas críticas. Eram os tempos em que criticar Sócrates valia telefonemas aos gritos para os autores desses textos (e sei do que falo por experiência própria) logo apelidados na mais bonançosa das versões como tremendistas, derrotistas e bota-abaixistas. Eram os tempos em que nada parecia possível ser feito em Portugal contra a vontade de Sócrates. Em que, por exemplo, nenhuma editora, que por essa época tudo editavam, quis publicar a investigação  – e tratava-se de uma verdadeira investigação e não de palpites  – que um blogue, o Do Portugal Profundo, fizera sobre a licenciatura do então primeiro-ministro. E sobretudo eram os tempos em que se arreigou na sociedade portuguesa esse perverso princípio de que o direito penal substituíra a moral.
Sentados em estúdios de televisão, rádio, nos jornais, blogues… todos os dias dirigentes socialistas e seus compagnons de route repetiam que tendo sido encerrados os processos e investigações só por má-fé se poderia questionar a licenciatura domingueira de Sócrates, a novela das suas duas fichas na Assembleia da República, os projectos para as casas da Covilhã, a nomeação para o Eurojust do procurador sobre o qual recaíra a suspeita de ter transmitido informações processuais a Fátima Felgueiras, o Freeport, a Cova da Beira…Em Portugal passou então a vigorar o dogma de que não há diferença entre responsabilidade política e responsabilidade criminal. E exactamente os mesmos que tanto contribuíram para a impunidade de que gozou José Sócrates já começaram na velha técnica das cabalas: devia ser detido à noite? Porque não foi detido em casa? Que estranha coincidência, ser detido na véspera de António Costa ser reconhecido como secretário-geral do PS… Deixemo-nos de contorcionismos: não há dia ou hora adequados para prender um ex-primeiro ministro porque em todos os dias e a todas as horas a detenção de quem teve tais responsabilidades terá sempre consequências políticas. Por exemplo, o que vai António Costa, que entretanto divulgou uma primeira declaração equilibrada sobre este caso, fazer com o homem que escolheu para líder parlamentar, Ferro Rodrigues? Ferro Rodrigues continua sem perceber duas coisas essenciais: primeiro, um partido de bem não pode alimentar a nostalgia por um político com o perfil institucional de Sócrates, (sublinho que falo de pefil institucional e não de questões criminais). Segundo, Portugal é uma democracia onde não há partidos acima da lei e não um regime democrático tutelado pelo PS. Como em todos os processos que envolvem poder económico e político haverá quem aposte na confusão. Lembram-se do processo Casa Pia em que acabámos a não distinguir os pedófilos das vítimas, a justiça do abuso e a verdade da mentira? (Esperemos apenas que à actual PGR não esteja reservado o mesmo calvário que a Souto Moura).
Falam agora os políticos na possibilidade de uma república de juízes. Agora é tarde para o fazerem, “Inês é morta”. É de facto uma visão dantesca essa de uma república de juízes mas foram eles, os políticos, e neste caso particularmente os do PS, ao pôr de lado a moral e ao centrar tudo no avanço da justiça, ou mais precisamente na sua capacidade de fazer arquivar os processos, quem sentou um dos seus, Sócrates, no banco traseiro daquele carro utilitário que o levou do aeroporto até ao DCIAP. E foram os portugueses, enquanto eleitores, sancionando o comportamento de Sócrates, dando-lhe a vitória em 2009, quem depositou Portugal na mão das polícias e dos juízes.
Na vida nunca se volta atrás e na política muito menos. Por isso aqui estamos no beco a que nos conduzimos: se Sócrates provar a sua inocência ficamos com a justiça descredibilizada. Se Sócrates for culpado estamos perante um problema político. Mas deste dilema os únicos culpados somos nós. E não Sócrates.

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domingo, março 30, 2014

Ainda faltavam estes


[5105]

Faltava o «Eixo do Mal» para exprobar Rodrigues dos Santos e defender José Sócrates sobre o «atrevimento» e falta de deontologia do primeiro perante o antigo chefe do governo, no recente espaço de tempo de antena que a RTP entendeu por bem conceder-lhe.

O arreganho, grosseiro e malcriado de Daniel Oliveira e patético de Pedro Marques Lopes contra um em defesa do outro chegou a ser insultuoso. DO e PML são dois casos do evidente «desvairo» (neologismo pedromarqueslopês) com que eles se atiram ao bofe de tudo o que mexa contra o mais grosseiro mentiroso e manipulador primeiro-ministro que alguma vez nos coube em rifa.

Dá para perceber que não é tanto o que gostam de Sócrates, mas mais o que odeiam do actual governo que os faz agir assim. Em todo o caso é deprimente e revelador do carácter das criaturas.

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quarta-feira, janeiro 29, 2014

E temos que ler legendas destas?


[5078]

Este homem não pode ser levado a sério. A peregrina ideia de Manuela Ferreira leite aqui há uns tempos atrás de congelar a democracia bem deveria ser levada a sério para que a liberdade de expressão deste homem fosse cerceada, ao ponto de não ferir os tímpanos de pessoas menos avisadas, de eventualmente não provocar apertos das coronárias, cólicas do trato intestinal, acessos convulsivos de soluços, dores de cabeça, ataques de caspa, dores articulares, exsudação anormal de mãos e axilas, hipotonia muscular, amnésia anterograda, disfunção eréctil, astenia do planalto, convulsões isoladas, síndroma confusional, insónia, pesadelos, náuseas, vómito ou, no extremo, agressividade por via de confusão onírica.

As crianças deveriam ser preservadas da imagem e som da criatura e para os mais velhos, todas as suas aparições televisivas deveriam ser acompanhadas de bolinha vermelha.

Como isto se pode fazer, não sei. Mas se um agravamento da taxa de televisão e radiodifusão ajudar, por mim, que venha. Já. Desde que a receita garanta que o fulano fique por Paris a filosofar e a chatear uma qualquer versão gaulesa do nosso luso Camões.

Não há saco.

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terça-feira, janeiro 07, 2014

Já só dá para rir


[5067]

Ser mentiroso é uma condição de marca da maioria dos socialistas. Só que alguns reconhecidos mentirosos deveriam ter mais cuidado. Há mentiras que nem sequer são muito gravosas, digamos que não é por apanhar com elas que vem daí mal ao mundo. Mas poderiam servir, ao menos, para nos refrescar a memória sempre que o mentiroso em questão é reincidente e as suas mentiras, num passado recente, nos saíram muito caras.

Trata-se agora da já conhecida prelecção de Sócrates aos microfones da RTP quando, com a voz algo embargada pela emoção, afirmou que era do Benfica, lembrava-se bem, porque ia a caminho da escola na Covilhã, ouvindo o relato do Portugal Coreia do Norte, e ficou tristíssimo porque Portugal estava a perder por 3-0. Felizmente que havia Eusébio e quando Sócrates chegou à escola, Portugal tinha vencido por 5-3.

Faltou a Sócrates o ponto para o avisar que o jogo foi às 15 horas de um sábado, 23 de Julho e que as escolas da Covilhã, salvo erro ou omissão estão fechadas para férias neste dia da semana e neste dia do ano.

Sócrates, igual a ele próprio. Na escola ao Sábado de tarde, como na Universidade ao Domingo. Mas há quem goste…

Link da data do jogo via Corta-Fitas

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segunda-feira, outubro 28, 2013

Estou mais esclarecido e muito mais descansado


[5009]

O «Bom dia Portugal» já me informou que Sócrates reafirmou que sim senhor, convidou mesmo Passos Coelho para um governo de coligação.

Eu julgava (lembro-me bem) que Sócrates, à altura, convidou toda a gente para um governo de coligação… mas «prontes», fez-se do convite a Passo Coelho um facto político. Está feito.

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terça-feira, outubro 22, 2013

A diferença entre gente decente e um «estupor, bandalho, filho da mãe»


[5003]

Esta nota da embaixada da República Federal da Alemanha é bem reveladora dos altos serviços rendidos por esta estranha criatura ao meu país e aos portugueses. De corar de vergonha!

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sábado, setembro 21, 2013

Com papas e bolos...


[4980]

Paulatinamente, Sócrates vai regressando à vida política. Apoiado pelos seus esbirros e beneficiado pela inépcia arrepiante de Seguro, aí está ele, pezinhos de lã, pedindo um «encore». Ele é o tempo de antena na RTP, ele é os «estudos» em Paris, ele é as fotos manipuladas ao milímetro, ele é a bonomia cúmplice dos «socratistas» de serviço, ele é, mais recentemente, o livro sobre a tortura (um tema criteriosamente adequado), com a apresentação de Lula e sob a égide (o Expresso não explica bem esta égide, mas o livro é «sob a égide», pronto) da Fundação Mário Soares. A tortura parece ser o tema do mestrado de um homem que há bem poucos meses apresentava sinais iniludíveis de trapaça da grossa na obtenção da sua licenciatura. Mas isso agora não interessa nada, diria a Teresa Guilherme.

Neste país particular onde se misturam as elites que recalcitram com o facto de os portugueses votarem mal, com as massas que, se calhar, dão razão às elites, tudo se passa como as correntes eternas dos cursos de água que acabam sempre por levar água aos moinhos que precisam dela. Relativamente a Sócrates, e no que me diz respeito, já me choca menos o percurso fáctico de um inescrupuloso primeiro-ministro que conduziu este país à conhecida tragédia em que vivemos, do que a facilidade com que as pessoas vão tolerando a possibilidade muito forte de virmos a ter esta criatura, de má memória, nos destinos do nosso país. Faz-me uma grande confusão como é que há gente que não quer, ou não consegue, admitir que este homem foi a causa próxima da situação trágica em que nos encontramos. Porque os outros, a plateia do costume, mormente ao nível da comunicação social, dá para perceber. É, enfim, o tempo das papas e bolos. Para os tolos que todos nós insistimos em ser.

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