terça-feira, maio 22, 2012

SICespertices

[4637]

A SIC continua a esforçar-se imenso para nos convencer que somos um país de esquerda. Não somos, é que não somos mesmo, mas a SIC insiste. Multiplicam-se os programas plasmados na esquerda inteligente e suportados pela habitual legião de idiotas úteis. Confrangedor mesmo é o ar com que alguns apresentadores da televisão se prestam a certas perguntas a certos convidados, bem assim como àquilo que, por uma vez, alguém classificou argutamente de jornalismo interpretativo.

Ainda há pouco liguei, com displicência, a SIC Notícias e lá estava uma gentil apresentadora entrevistando José Jorge Letria. E quando eu julgava que a conversa teria a ver com a Sociedade Portuguesa de Autores e assim, eis que as perguntas versavam a troika, os efeitos da troika, a política económica do governo, o facto de Portugal ser o segundo país da Europa onde o IVA mais subiu, o facto de isso afectar o consumo (ainda não percebi bem se a esquerda enaltece ou condena o consumismo – esta é a parte em que alguém me explicaria as diferenças entre consumo e consumismo…) e provocar desemprego nos restaurantes. A estas questões, colocadas com uma excitação quase juvenil pela apresentadora, respondia com denodo José Jorge Letria, numa linha que me dispenso de comentar por se adivinhar facilmente o que poderia sair do poeta, politico, jornalista e membro dos Corpos Sociais da Fundação Paula Rego. Um currículo adequado, como se percebe. José Jorge respondia com o ar didáctico reservado aos bem pensantes e claramente não desperdiçou a oportunidade de nos ensinar que a democracia não se esgota no voto. Mas antes se complementa noutras formas de participação, como as acções de rua, por exemplo. Um modelo de liberdade, esta esquerda. Desde que pensemos e ajamos como ela.

Nota: Por uma questão de rigor e justiça tenho de referir que por entre as acirradas críticas ao nosso modelo económico, José Jorge balbuciou qualquer coisa a propósito da morte recente de Robin Gibb.
.

Etiquetas: , , ,

sábado, março 24, 2012

Martírio ocidentalizado

[4600]

Há alturas em que a nossa costelinha árabe aparece bem ao de cima das nossas idiossincrasias. O martírio parece ser um fenómeno bem à medida do que digo. E se noutras paragens o martírio se procura, se glorifica, e o mártir se despedaça motu próprio e acaba nos braços de não sei quantas virgens, aqui pela paróquia o martírio cai-nos no prato da sopa e glorificamo-lo entre as bastonadas da polícia. Digamos que este é um martírio que dói menos, mas rende muito mais. Já quanto às virgens, a coisa é mais complicada, a coisa aqui é mais polícia de um metro e noventa e botas cardadas. Mas também não se pode ter tudo.

Pelo meio fica o delírio da comunicação social, a verve inigualável da esquerda impoluta e as causas. Basta uma jovem frágil, bonitinha, de cabelos ao vento a ser «enxotada» pela polícia (ainda não consegui perceber se a mocinha apanhou a bastonada ou não) para surgirem os enxames de causas, muitos movimentos, muitos abaixo-assinados, petições e fúrias incontidas passados aos blogues, jornais, facebook e correlativos. E o martírio, ainda que ocidentalizado, instala-se.
.

Etiquetas: ,

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

A malta «animada»

[4571]

Correram 25 anos desde a morte de Zeca Afonso. Sempre me surpreendeu a devoção que os puristas da revolução dedicaram a este homem, independentemente das suas competências no canto. Desde jovem me apercebi da violência e da opressão que ressumavam na lírica de um poeta que pretendia combater exactamente a violência e a opressão. A esta forma aparentemente paradoxal de intervir politicamente, respondiam dois segmentos da população. Um apreciando genuinamente a qualidade das cantigas e, ao mesmo tempo, revendo-se no limiar das liberdades e da libertação dos ditames do Estado Novo, outro, pretensamente mais sofisticado, que percebia na intervenção de Zeca Afonso a vertente cultural e moderna, personificada numa esquerda como «deve ser», de resto em uso continuado na paróquia, como ainda ontem se percebeu nas várias alusões à efeméride aqui pela blogosfera e na generalidade da comunicação social. A TSF reservou mesmo um dia inteiro a Zeca Afonso, no recolhimento venerador de uma estação de rádio que se preza e se rendeu à terapêutica purificadora do politicamente correcto. No mais… pois, é de ler esta simples mas incisiva e cristalina intervenção (há intervenção para além da intervenção…) do Eurico de Barros, no Forte Apache, que transcrevo com a devida vénia. Está lá tudo. Ah! Vale a pena ler os comentários também.

«...José Afonso era um defensor da revolução armada, da ditadura do proletariado e dos princípios perigosamente lunáticos da esquerda mais radical, glorificando a acção política violenta em várias das suas canções, nas quais propunha, por exemplo, "atirar aos fascistas de rajada". Empenhou-se no PREC ao ponto de se afastar da vida musical e andou envolvido nas demenciais campanhas de "dinamização cultural" do MFA. Cantou no RALIS na noite do 11 de Março, defendeu as arbitrariedades e ilegalidades da Reforma Agrária, esteve com os pára-quedistas de Tancos no 25 de Novembro, apoiou Otelo Saraiva de Carvalho e os presos terroristas do PRP. Só para recordar, agora que se assinalam os 25 da sua morte e muita gente vai associar a palavra "liberdade" ao nome de José Afonso...»
.

Etiquetas: ,

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

A esquerda sacana

[4535]

A esquerda democrática não pode ser apenas incompetente, jacobina, laica, republicana e visceralmente idiota. Tem de ser sacana, também. Só isso explica que na ânsia desmedida de desculpabilizar a sua cíclica responsabilidade no estado caótico em que faz despenhar este país, essa esquerda se desmultiplique em acções concretas de verdadeiro incitamento à violência. A consegui-lo, poderá sempre dizer que por força do estado em que nos encontramos os cidadãos perderam a paciência e extravasaram as suas emoções provocando o caos social.

Por isso eu acho que a esquerda democrática, ou consensualmente designada como tal, é, para além do que atrás referi, manifestamente sacana e irresponsável. Tanto os que objectivamente se entregam à mobilização da grei, como aqueles que, impunemente, tiveram responsabilidades de governo. Uns, provavelmente nem se apercebendo do mal que estavam causando à sociedade (Soares? Guterres? Sampaio?). Outros, possuídos por ambições inconfessáveis, que não hesitaram em levar a direito os seus propósitos, absolutamente indiferentes a danos colaterais (Sócrates?).

Este post é um bom exemplo do que acabo de citar, a juntar à catadupa incessante de notícias com que as televisões nos massacram e aos múltiplos comentadores, politólogos, sociólogos, paineleiros, fazedores de opinião, historiadores e correlativos a quem pagam para debitar constantemente, uniformemente, com perseverança, denodo e uma inconfessável falta de pudor as vacuidades do costume, aos costumes dizendo nada. Uma autêntica barragem de artilharia de onde ressalta uma clara condenação do actual governo pelo actual estado de coisas, ao mesmo tampo que tentam dar uma barrela ao socialismo em geral e a Sócrates em particular. Lamentável, vergonhoso, sacana.

.

Etiquetas: , ,

segunda-feira, maio 30, 2011

Uma narrativa de boas práticas





[4287]

Vale a pena ver este vídeo até ao fim. Contém verdadeiras preciosidades de retórica da esquerda moderna e o discurso tem aquele tom firme, de verdade única e de ralhete didáctico que a esquerda usa, sempre que põe em prática aquela convicção de que lhes foi cometida (não se sabe bem por quem, mas também não interessa, foi cometida, prontes) de tomar conta das pessoas e de se assegurar de que tudo é feito como deve ser. Numa «narrativa» de «boas práticas».

Recomendo particular atenção ao minuto 5:40 quando a moça diz que não há ditaduras de esquerda (sem rir nem pestanejar), e ainda ao número inusitado de vezes com que ela usa o termo massa crítica, uma coisa que ela deve ter ouvido por aí e gostou. Enquanto os participantes/ouvintes, com ar bovino, vão dizendo que sim com a cabeça. Ah! E solta também aquela da democracia ser o pior de todos os regimes, com excepção de todos os outros, uma coisa que ela terá certamente achado original e pouco conhecida.

Uma peça suculenta e que nos faz pensar como esta rapaziada funciona.

Via Blasfémias

Etiquetas: ,

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Os patetas


[4063]

«...Quando o visado era o Clinton estas manifestações eram compostas por membros ignorantíssimos e intolerantíssimos da direita religiosa. Agora dizem que são intelectuais...»


É por estas e por outras que cada vez há menos paciência para estes intelectualóides de esferovite. Em Moçambique há um termo que eu adoro. É a «maximba», ou «machimba». Quem conhece o país, conhece o termo. Não resisto a classificar esta pacotilha de idiotas úteis uns intelectuais da maximba.
.

Etiquetas: ,

terça-feira, janeiro 25, 2011

Nossa Senhora da Boa Hora velou por nós


[4040]

«...quando fez com que Manuela Ferreira Leite perdesse as últimas legislativas. Alguém supõe o tumulto que iria gente neste país caso MFL fosse primeira-ministra e no dia da eleição presidencial tivesse acontecido algo de vagamente semelhante ao que ocorreu neste Domingo com pessoas por todo o país sem poderem votar? A esta hora Manuel Alegre já não se distinguia de Humberto Delgado, sobre Cavaco Silva cairia a irremediável suspeita de ter ganho graças a tal apagão e Manuela Ferreira Leite estaria a ser pressionada para se demitir. No Porto, o pianista Burmester já estaria amarrado ao Bolhão e o Abrunhosa liderava uma manif em frente à câmara. Em Lisboa, o BE convocava manifes por sms e o dom Januário convocava vigílias para a capela do Rato. Enfim, como Deus se lembrou desta terra humilde e boa, livrou-nos dessa tentação do demo e ganhou quem devia ganhar. A esse momento nunca por demais celebrado da derrota do PSD devemos o não estarmos em levantamento de indignação e com o resultados das presidenciais impugnados...»

Pela Helena Matos. Quem mais?


.

Etiquetas: ,

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Protestam, criam meios e condições


[4034]

Ouvi com o desprendimento próprio de quem pouco ou nada já liga à forma e à substância dos nossos noticiários, que há um projecto para se criminalizar o bullying nas Escolas. Após o que a TSF (é o costume, há sempre um comentador do Bloco a seguir às notícias com um certo impacto) colocou a deputada Ana Drago a perorar sobre o assunto, como é de bom-tom. Que não. Que estava mal. Que era uma violência desnecessária. Uma desnecessidade. Um risco para os direitos e para as garantias. Que não ia resolver nada. Perguntada pela repórter o que se deveria fazer então para acabar com a violência escolar, Drago disse que se deveria dar os meios e criar as condições para a solução do problema (SIC). Não disse quais mas eu jurava que a simpática Drago falou durante uns três gordos minutos sobre criar condições e dar meios.

É o costume. Ainda há dias Alegre protestava sobre detenções. Não sabia bem o que se tinha passado, mas protestava. E é assim que a esquerda funciona. É boa para protestar e para dar meios e condições. Entenda-se, protestar porque sim e dar meios e criar condições sempre que não se sabe que volta dar aos assuntos. Por estas e por outras é que a nossa esquerda vai protestando e criando meios condições e o país vai alegremente sendo dragado do que ainda tem de bom. Esta esquerda modernaça é um exemplo acabado de inépcia e arrogância. Não sabem, não deixam, discordam e protestam. Está-lhes nas tripas. Pode ser um acto reflexo de quem acha que está a fazer uma linda figura ou pode ser um caso puramente orgânico. Mas era tempo de, mesmo dando de barato que nada fazem, ao menos que saiam de cima (estou a lembrar-me dum dichote parecido, mas não, não é comparável. Porque eles não saem de cima mas que…pois, ai lá isso…. pois.

.

Etiquetas: ,

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Empata-fórmulas


[3999]

Tem de haver uma ponderosa razão para que os debates entre candidatos à presidência da república acabem a falar de Cavaco Silva, em vez de falarem deles próprios. É um espectáculo degradante e que reflecte a actual indigência do nível de debates que nos dão à sobremesa. Um comunista a passar a cassete, um socialista que ainda não percebi bem o que quer, um médico a usar as suas acções cívicas como argumentário para que votem nele, e um poeta (diz ele) que alterou as suas rimas de «...há sempre alguém que diz não...» para dizer «...que é preciso fazer cambão...» Contra o outro, o Cavaco. Não tenho memória de coisa assim. Surpreendentemente, ainda consigo depois ler comentadores a dizer que ganhou este, ganhou aquele… não sei bem o que é que ganharam, sei que todos eles pautam a sua acção no ataque a Cavaco. Não gostam mesmo do homem. Mas até para não se gostar de alguém é preciso ter um mínimo de qualidade. Que não têm.

E a propósito de raivinhas a Cavaco, diverti-me imenso com as perguntas de Fernanda Câncio, a antiga jornalista como diz o Pedro Lomba e com as respostas do João Miranda e de alguns comentários no post dela e em outros. Houve uma altura em que pensei que a Fernanda era de esquerda. Pronto, tudo bem e ninguém morria por isso. Mas hoje percebo que esta mulher é o estereótipo da empata fórmulas (há um outro termo qualquer, de significado semelhante, mas que não me ocorre agora) e que consiste basicamente em atrapalhar a obra de quem tem obra feita e por fazer. Esta mulher tem raivas mal contidas e cai no ridículo. Basta ler o que ela escreve e o contraditório do João Miranda, por exemplo, ou o Pedro Lomba e perceber que o que eles dizem não é ideológico – é rigorosamente factual. Mas, pensando melhor, por isso e para isso é que vivemos num país livre e podemos dizer o que nos apetece. Mas bem que podíamos contar até dez, antes de abrir a boca. Porque às vezes, entra mosca.

.

Etiquetas: , ,

domingo, outubro 31, 2010

Quotas para as "curitas". Já


Um bom exemplo do sentido prático dos americanos. Um popular «burger» com recheio do mais fino caviar, não esquecendo a equidade cromática alusiva a Barack Obama e a Sitting Bull. A. Lincoln está representado no guardanapo de papel.


[3950]

Fico com a ideia de que a f. acorda todas as manhãs angustiada com a causa a eleger apara a sua luta do dia. Porque tem de ser causa, tem de fracturar e tem de apontar o dedo às consciências pesadas. Como aquelas que desta vez acharam por bem criar um estereótipo injusto ao denominar a cor dos pensos rápidos como sendo cor de pele, sendo estes normalmente bege rosado ou mel (também há pensos transparentes, mas a f. esqueceu-se). A injustiça é flagrante porque, como se sabe, há negros na Terra e ninguém se lembrou de fazer «curitas» pretas, um despautério que reflecte bem a facilidade e superficialidade com que estes assuntos são tratados. Com desfaçatez e total alheamento dos direitos e liberdades das minorias. No fundo nada de muito diferente de expressões tipo, o futuro está muito negro, a ovelha negra da família, a coisa aqui está preta (no Brasil) e outras que não me ocorre agora, mas que são por demais conhecidas.

Tenho de admitir que as angústias da f. não são contas do meu rosário, cada um acorda com as suas e ninguém tem nada com isso. Mas que esta dos pensos rápidos não lembra ao careca é verdade. Penso mesmo que a f. deveria, já, promover um abaixo-assinado para o estabelecimento de quotas para a cor dos pensos rápidos. E que rapidamente se produza adequada legislação na AR. Por forma a que ninguém se sentisse constrangido se lhe venderem na farmácia um penso de uma cor de pele que notoriamente não seja a sua.

.

Etiquetas: ,

sábado, junho 12, 2010

Pedir desculpa. Já!


[3792]

Alfredo Barroso é um exemplo acabado dum progressista anquilosado pelas desilusões da vida e que faria melhor figura num frasco de formol, ainda que lhe deixassem o nariz de fora para respirar, ninguém deseja a morte do homem.

Mas este exemplar mumificado pelas suas próprias idiossincrasias, incrustadas num corpo já (presumo) cansado pelas evidências, insiste em verbalizar séries infindáveis (só mandando-o calar ele pára…) de ideias que aprendeu em pequenino e para as quais não encontrou os respectivos meios de reciclagem.

Não é que Alfredo Barroso está eriçado porque o campeonato mundial de futebol não é mais que um desfile de futebol europeu onde apenas um grupo privilegiado de futebolistas africanos consegue vencer, ficando muitos deles sem emprego, sem segurança social, sem solidariedade e sem futuro?

Felizmente que o Francisco José Viegas lá lhe explicou que nunca como agora tantos futebolistas africanos dispuseram de tantas oportunidades de brilhar no firmamento futebolístico europeu e que, ao contrário de Alfredo Barroso, ele achava que o futebol europeu estava a exercer uma meritória acção globalizante, abrindo as portas do sucesso àqueles que, como em qualquer outra profissão, demonstram qualidade e estrutura para isso.

Mas Alfredo Barroso não ficou muto convencido, resmungou qualquer coisa e deve ter continuado a pensar que os europeus deviam pedir desculpa a África por proporcionarem emprego (excepcionalmente remunerado) a muitas centenas, quiçá milhares, de futebolistas africanos.

Não há condições para esta gente. Para o Alfredo Barroso, entenda-se. Para os futebolistas africanos há sempre. Desde que saibam dar uns pontapés na bola, claro.

.

Etiquetas: ,

quarta-feira, março 03, 2010

Os malandros da União Europeia


[3673]

Nas “head lines” do serviço noticioso das 11:00 desta manhã da TSF, anunciava a locutora que a Grécia ia reduzir os salários e aumentar os impostos, para agradar a Bruxelas (SIC, sublinhado meu).

Esta forma perversa de anunciar as notícias configura, claramente, uma atitude frequente de uma esquerda pateta que, sem matéria-prima para mais, “pega” em tudo o que está à mão que sirva de bandeira para difundir a ideia de que o mundo anda ao acaso das fantasias da direita e dos seus “interesses instalados”. Económica e politicamente. Daí a fazer-se uma “head line” como esta da TSF vai um passo.

É nestas altura que apetece dizer que só está integrado na União Europeia quem quer e que quem quer, ou se capacita da necessidade de uma integração plena de direitos e deveres ou o melhor que tem a fazer é ir à vida e, só, já não precisa de agradar a ninguém. Portugal incluído.

Alguém, deveria explicar isto aos jornalistas da TSF, a estes zelotas da informação correcta, pelo menos àqueles que cozinham cabeçalhos como este, como quem diz, não fosse a submissão à Europa de poder oligárquico e “dos interesses” e já os gregos não precisariam de passar privações e seriam, certamente, gente feliz. Com lágrimas, talvez, mas feliz.

.

Etiquetas: , ,

domingo, dezembro 20, 2009

Memória curta?


[3543]

Calhou acordar acordar hoje com o Daniel de Oliveira e com a pluma caprichosa. Que isto de adormecer com o televisor ligado tem destas coisas. Acordamos com aqueles que menos esperamos, não necessariamente com os que desejamos… depende do programa que estiver a dar. E como o Eixo do Mal passou esta manha entre as sete e as oito da manhã, eis que desperto pelo silvo do DO, cada vez mais sibilino, proclamando que a greve é um direito. A greve é um direito. A greve é um direito dos trabalhadores. Claro que ao DO não interessa saber as razões da greve. No caso, referia-se à greve dos empregados das grandes superfícies que, por acaso e nem de propósito, eu acho que é muito bem aplicada. Por mim, estou disposto a não poder ir aos supermercados esta semana, em sinal de solidariedade para com o que eles defendem, entenda-se 60 horas de trabalho semanais e a expressão que mais depressa me ocorre e apropriada me parece é o badamerda do FNV, que poucas vezes vi tão bem aplicado. Mas isso não legitima o DO à proclamação estridente, entre o didáctico e o enraivecido, de que a greve é um direito dos trabalhadores. Porque se há alguém que não pode e, muito menos, deve falar de greves é a esquerda do DO. Pela liminar razão de que com a esquerda não há greves. Nunca houve. O povo trabalhava pela glória do socialismo, andava feliz, empregado e em busca da emulação, na forma de um papel a conferir-lhe um título do trabalhador mais qualquer coisa, e sistematicamente em carência crónica de bens essenciais e no mais completo silêncio. Por isso, o DOl devia refrear o seu entusiasmo e limitar-se a discutir racional e pontualmente a bondade ou maldade da greve X ou Y. Porque não foi a esquerda que gerou a greve como direito dos trabalhadores, mas sim os regimes que democraticamente a inscreveram nas Constituições dos países livres.

Acabei a falar só do Daniel. Mas a verdade é que a pluma nada disse de relevante. Apitou como o comboio antigo da Beira Baixa, deixou-se levar por raivinhas não sei a quê nem a quem e a única coisa que me ficou foi de que não tinha partido. Pena que não parta de vez do programa…

.

Etiquetas: , ,

segunda-feira, dezembro 14, 2009

O povo a resolver

[3531]

Já desabrocham por aí (foi o termo que saiu, mas existe, não existe?) orgasmos múltiplos por causa do murro que partiu dois dentes e cortou o lábio a Berlusconi. Não me dou ao trabalho de fazer links, porque quem anda por estas lides da blogosfera sabe onde encontrar a voluptuosa esquerda que se aquenta e arrebenta com esta «forma de democracia». Há mesmo já quem diga que o que a democracia não resolve tem o povo que resolver.

A apologia da violência deixou de há muito de ser apanágio da esquerda de bota e sarrafo. Hoje está instalada na pluma omnisciente da esquerda bem pensante, sempre à frente na procissãodo homem novo, transportando o andor do iluminismo que nos há-de pôr todos ao estalo um dia destes. Até lá, vamos assistindo a uma dinâmica continuada de cretinismo com este. Pode ser que um dia «eles» se cansem. Ou nos cansemos «os outros que». E, lá está, ou desata tudo ao estalo ou isto cai tudo de maduro.

.

Etiquetas: , ,

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Agora é que o Público começa a dar lucro?


[3521]

Em seguimento a este meu post e à capa do Público de hoje (acima) eu ia escrever qualquer coisa. Mas apareceu alguém que já o fez. E, decididamente, melhor do que eu o faria. Ora vejam:

Nos últimos dias, a causa do aquecimento global foi abraçada de corpo e alma pelo Público, de uma forma totalmente acrítica, ignorando todo o debate à volta do tema. A capa de hoje é, a todo o tamanho, um sofrível manifesto político, cheio de certezas ‘científicas’ a roçar o ridículo e estranhamente mal escrito. A meio do manifesto, uma referência ao climagate foi inserida a martelo em meia dúzia de linhas, apenas para informar os crentes de que não aconteceu nada. Sim, houve um climagate, mas não quer dizer nada. Sim aldrabaram-nos, mas gostamos mesmo assim. Está bem, aquilo era mentira mas quero mesmo acreditar que era verdade. Como diria o Jorge, Sim, eu sei que me enrabaram e eu gostei, mas isso não quer dizer que seja gay”.

Ontem, a causa militante abraçada tinha sido a dos minaretes. O Público é o jornal dos “Minaretes na Europa, sim, Catedrais em Lisboa, não”. Alexandra Lucas Coelho encheu páginas de acusações à Europa islamofóbica, mas não arranjou espaço para umas linhazitas de lucidez na análise. Os suíços votaram contra os minaretes por medo, por islamofobia, por ignorância. O comportamento das comunidades islâmicas ou de parte relevante dessas comunidades não cabe nesta análise. A preservação dos espaços de acordo com a tradição, gostos ou desejos das comunidades locais também não vale grande coisa e é apresentada apenas como se fosse um álibi. As opiniões extremistas de muitos líderes islâmicos na Europa e fora dela são convenientemente ignoradas como se fossem irrelevantes para o assunto. O radicalismo islâmico é um problema menor. A “extrema-direita” transformou os minaretes em mísseis, sem qualquer razão para tal, e meteu medo aos votantes. O mal está só nos europeus ignorantes.

Abraçando sem qualquer espaço para confronto de opinião todas as causas PC do momento, numa previsibilidade confrangedora, o Público está a transformar-se no novo Jugular da imprensa escrita. Muito pouco para aquele que tem sido sempre o melhor diário português.


JCD aqui

.

Etiquetas: , ,

Também uma questão de decência


[3518]

Porque é que a esquerda sente esta necessidade intestina de estabelecer alianças estratégicas com tudo o que pareça susceptível de descontruir os alicerces de uma sociedade onde, de resto, a própria esquerda confortavelmente se acomoda e movimenta?

Poderão existir um milhão de razões para isso mas uma é, de certeza, comum ao fenómeno: Uma aflitiva falta de seriedade.
.

Etiquetas: , , ,

segunda-feira, novembro 09, 2009

Alguém que lhe explique


[3465]

Alguém explique ao Pedro Sales que os muros que ele cita aqui são muros destinados a conter gente de fora para dentro. O Muro de Berlim, ao contrário e ao contrário do que a propaganda socialista dizia, destinava-se a conter gente de dentro para fora.

Não que este pormenor acrescente algum capital de simpatia pelos muros, mas há diferenças substanciais que não podem ser escamoteadas. E é profundamente irritante que a esquerda moderna faça bandeira das bandeiras dos outros, em nome da retórica habitual das liberdades e das igualdades. Com que ela, a esquerda, aliás, convive mal. Tão mal que só comecei a ouvi-la depois do muro (o de Berlim) cair.

.

Etiquetas:

quinta-feira, outubro 29, 2009

Fenprof satisfeita



.

Etiquetas: ,

sábado, setembro 19, 2009

Snob e pouco sério

[3359]

Francisco Louçã não é um homem politicamente sério e enreda-se com facilidade em episódios que certificam bem a sua falta de seriedade. Ultimamente os episódios estão a ser demasiado frequentes mas, como dizia Guterres, é a vida. Aconteceu agora com a sua alergia às peixeiras e com as explicações atabalhoadas que deu sobre o facto de ter um PPR. Coisa que se veio a saber horas depois de ter lançado um dos seus mais violentos ataques ao sistema de poupanças reforma, acusando os bancos de se limitarem a arrecadar comissões sobre investimentos que dão 0% de rendimento.

Em todo o caso, toda esta desonestidade mental, aliada ao verdadeiro terrorismo verbal a que Louçã deita mão todos os dias ao levantar da cama, não parecem suficientes para travar o facto, parece que irreversível, do Bloco se vir a tornar na terceira força política portuguesa. E quem come do que gosta não tem de se queixar.
.

Etiquetas: ,

terça-feira, julho 07, 2009

Há por aí uns desvalidos aos tiros aos polícias


[3230]

O PS, como representante natural da chamada esquerda democrática, ao longo dos tempos foi moldando a sua militância política às realidades da vida e à necessária racionalidade que impede a loucura. Daí que travestida do pragmatismo que não pode contornar por força de, frequentemente, ser poder, se tenha agarrado ao tratamento das causas nobres, abraçando-as e mimando-as com o desvelo que só a esquerda sabe acomodar e usar. Para isso incorreu e incorre no uso e abuso de uma série de dislates que enformam uma atitude de diálogo e prodigalidade cujos resultados não seriam difíceis de prever. Sobretudo na educação, na justiça e na segurança, são bem visíveis os resultados de uma política de desculpabilização e garantismo idiota e da utopia rebuscada do homem novo, no caso da educação. Estão aí os resultados, uma justiça emperrada e entupida em códigos e procedimentos inenarráveis, uma educação que nos faz pensar que a breve trecho seremos um punhado de gente absolutamente incapaz de pronunciar duas frase seguidas com sentido e uma segurança em que o ataque a tiro a polícias passe a ser assunto corrente e que serve apenas ao enriquecimento curricular dos atiradores.

O caso recente dos dois polícias abatidos (um deles parece que ficará cego de uma vista) mereceu pouco mais que uma patética intervenção de Rui Pereira (onde ridiculamente os alegados foram excluídos) rapidamente dissolvida nos outros acontecimentos do dia a dia, que o Cristiano Ronaldo estava a ser ovacionado por 85.000 pessoas aqui ao lado e o Eusébio tinha sido convidado.
.

Etiquetas: ,