quarta-feira, janeiro 31, 2007

The (human) thing


[1521]

Vinte quatro anos depois,
John Carpenter tem agora a oportunidade de dar seguimento ao seu The Thing. Voz amiga fez-lhe chegar a notícia de que, em Portugal, uma eminente escritora portuguesa poderia ter aberto as portas à ideia, através de um conhecido programa da televisão portuguesa.

John Carpenter iniciou já diligências no sentido de começar a rodar de imediato o seu "The (human) Thing Part II". Aconselhado por especialistas na matéria, eles próprios sequela de um recente thriller “Os Okupas do Rivoli”, Carpenter deverá pedir um subsídio ao Ministério da Cultura, embora ele não faça a mínima ideia do que isso seja, mas disseram-lhe que esse pormenor poderá valorizar substancialmente o script, dando-lhe um toque de realidade portuguesa.

Catarina Furtado, Fernanda Câncio e o sociólogo Pureza poderão vir a ser convidados para o elenco, dependendo de um casting a ser efectuado por Vital Moreira que, apesar dos seus inúmeros afazeres, acabou por concordar em contribuir depois de, evidentemente, confirmar que a coisa (neste caso, o filme, não o The thing “as such”, não é inconstitucional. Em qualquer dos casos Vital Moreira não descarta a possibilidade de convidar também Daniel de Oliveira, mas crê-se que Pureza reúne favoritismo.

Existe ainda a possibilidade de Carpenter aumentar o grau de interesse do filme introduzindo um elemento acrescido de suspense, qual seja o súbito desaparecimento de uma deputada (provavelmente interpretada po Ana Drago), aumentando as dúvidas sobre quem ou o quê serão The (human) Thing. Ana Drago aparecerá no fim, envolta em nevoeiro e com um ar de quem pertence a outro filme.

The (human) Thing Part II, em breve num cinema perto de si.

terça-feira, janeiro 30, 2007

A incongruência como forma de vida

Par de botas


[1520]

O Prós e Contras de ontem parecia uma montra de blogs. Dezenas, só dos conhecidos. Um prendeu-me particularmente a atenção.
Daniel de Oliveira com uma expressão de quem se lhe acabou de dar um chupa-chupa. Estava em boa companhia.

Mas gostar, gostar, gostei das expressões de “paciência, mas o que é que se lhes há de fazer?” da
Fernanda Câncio, de cada vez que ouvia os obscurantistas. E gostei das botas, claro.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Cafezinho ao computador


[1519]

Afinal ontem não pude ouvir a
Miss Pearls. Ficou para hoje. Mas eu diria mais. Não foi ouvir, foi assim uma espécie de tomar um cafezinho com ela e com Pedro Rolo Duarte. Conversa serena, agradável e interessante. É curioso que quando se tem um blog já quase com três anos, acabamos por entender melhor uma entrevista como esta. Todos os temas me foram familiares e até a forma como eles foram tratados. Por vezes, colhi mesmo a sensação que partilhava com eles a conversa. Se tivesse ouvido a entrevista há dois anos e meio atrás, muito ficaria por entender.

Fica aqui o meu obrigado ao Pedro Rolo Duarte e à
Isabel. A ele pela excelente forma como conduz uma conversa serena que resulta no propósito que estabelece. E à Miss Pearls pela elegância de forma como correspondeu. Afinal, era isso mesmo o que se esperaria deles.
Ouvir
aqui.

Rendo-me

[1518]

Um dos mais extraordinários momentos de humor televisivo dos últimos tempos. Para ver
aqui.

Uma voz lindíssima



[1517]

Caminhos do acaso levaram-me a
este blog. Ouvi uma canção lindíssima que me chamou a atenção por ser uma criação intemporal da Ellis Regina e me parecer que não era ela a cantar. “Aprofundei” a coisa e o resultado foi perceber que é a própria autora do blog, uma amadora pura, a cantar. A voz é belíssima e de grande suavidade e até me atrevo a dizer que pena não haver por ali uma viola-baixo. E pensar como é possível cantar assim e depois… mais nada?

Vale a pena ir ao casosdaalma. Boa audição. E obrigado à
Dinorah por este pedaço de voz bonita emprestada a uma não menos bonita canção.

Pois...


[1516]

Os alhos e os bugalhos. O cu e as calças. A confusão estratégica. A balbúrdia e a utilização abusiva e despudorada de assuntos sérios em nome da utopia. Mesmo não se sabendo bem o que fazer com ela.

Via
O Insurgente

domingo, janeiro 28, 2007

Gums and no roses...


[1515]

Esta
querida amiga é muito atenta a estas coisas. Ora leiam:

O novo filme de Woody Allen. A tradução de Isabel Monteiro (Dialectus). Receita para desastre. Exemplo hilariante: Sondra(Scarlett Johansson) explica que podia ter seguido uma carreira de higienista dentária porque até não desgostava de "dentes e pastilhas elásticas"- no original "teeth and gums".

Mais do que a ignorância ou descuido (cheira-me mais a balda, não acredito que uma tradutora não saiba o significado múltiplo de gums), impressiona-me é a facilidade com que estas coisas acontecem. Ninguém vê, ninguém repara, ninguém diz nada. E nas televisões é a mesma coisa ou pior…

Mas a
Ti está atenta e vai-nos avisando!

Modernices


Foto Expresso

[1514]

A propósito do nevão desta manhã, adorei uma entrevista no telejornal do almoço feita por um correspondente da RTP e o presidente de Sobral de Monte Agraço. Ele assim a modos que estagiário sem saber bem onde meter o microfone e o presidente com o indispensável bigode e uma expressão de quem acabou de inaugurar uma piscina.

Nós e estas modernices de agora nevar todos os anos em Lisboa e arredores! Um dia destes ainda acabamos com o défice e começamos a fazer fins de semana na neve, ali para a Serra de Aire. E ainda nos habituamos ao frio e deixamos de ouvir nos restaurantes recomendações ao telemóvel, para a casa de cada um, “tu leva-me mais uma camisola que logo à noute cai friage e ainda não apanhaste a vácina (vácina e hepátite são dois exemplos felizes da facilidade que temos de dizer mal aquilo que é fácil de pronunciar correctamente, mas isto agora foi só porque veio a propósito da vacina da gripe).

E viva o frio. E viva a neve. E
tu... tu compra-me um calorífero, que 4º não matam ninguém.

Tolerâncias


1513]

Nem um dos mais acabados exemplos de promiscuidade política (leia-se a nomeação de Maria de Belém Roseira para ministra da igualdade) serviu para diluir um dos traços mais característicos da esquerda intolerante e iluminada. Qual seja o descaramento em classificar quem dela discorda, de intolerante.

Sabendo-se da facilidade com que a esquerda mete dogmas na gaveta como quem arruma os óculos de ler, sempre que necessário conquistar (ou manter) o poder, não custa perceber que a atitude de Maria de Belém Roseira em classificar de intolerantes os que não votarem sim no referendo ao aborto se situa exactamente nessa linha de actuação política.

Maria de Belém é um dos mais aprimorados exemplos de vacuidade política, oportunismo e vanidade. Borboleteou por vários governos e continua a pensar que a ortodoxia de métodos lhe trará prebendas a curto prazo. Pelo menos é o que parece, com mais esta tirada numa sessão do Partido Socialista de apelo ao "sim" à liberalização do aborto.

Há que ser tolerante e não lhe ligar demasiada importância. Afinal, cada um faz o que sabe. Ou o que pode. E a mais não é obrigado.

Mais uma corrida...



[1512]

O
Tugir entrou no seu 4º ano de actividade.
Leio-o desde sempre com agrado e, às vezes, em desacordo. Mas isto é o que acontece quando se trata de cavalheiros.
Um grande abraço de parabéns ao
LNT e ao CMC e que daqui a um ano eu possa estar aqui a felicitá-los por mais um aniversário.

Tchin Tchin

sábado, janeiro 27, 2007

Muuuuuu


[1511]

Anda uma vaca tresmalhada ali na zona de Belém. A polícia já recebeu algumas queixas de transeuntes que inadvertidamente já iam atropelando a bovina criatura. O caso torna-se ainda mais complicado devido ao imenso úbere da totalmente quadrúpede criatura que sacoleja despudoradamente com o andar da cornuda.

O chifrudo ser tem tanta “vaca” que cada vez que está prestes a ser atropelada, consegue esgueirar-se, entrar no estádio e marca um golo. Já marcou dois e tudo indica que marcará mais três ou quatro, se o fado não mudar.

E eu tinha que vir aqui escrever isto antes que me desse três coisas. É que eu já vi vacas. Mas vaca assim, nunca. Isto não é o sistema. É vaca. Pura, chifruda, cornuda e mamalhuda. E vão dois. E é uma injustiça para o Belenenses que está a dar uma autêntica banhada de futebol aos lampiões. Resumidamente: O Belenenses joga e a vaca o Benfica marca. É a vida, como dizia o outro…

Boa companhia


[1510]

É já amanhã. Se não tiver que fazer oiça a Miss Pearls a ser entrevistada pelo Pedro Rolo Duarte. Se tiver… oiça na mesma. Porque vai valer a pena, com certeza. É na Antena 1, às 11.

Andávamos mal informados


[1509]

“quem não deseja interromper a gravidez pode continuar a não interromper a gravidez”


Pronto. Não é obrigatório. Estou muito mais descansado. Andava eu a preocupar-me com o assunto quando o
Ricardo Araújo Pereira me afiançou que não temos nada que ter medo, quem quiser engravidar pode engravidar à vontade, não tem que interromper a gravidez.

Quem achar que o conhecido humorista estava a fazer humor, desengane-se. Basta ouvir e ver
aqui e perceberá que ele não poderia ter dito isto com expressão mais séria.

Via
O Insurgente

Sem saco (era "sem título", mas fica assim)


[1508]

Diabos me levem se Sócrates não está a ganhar uma entoação de voz e um tom de discurso que oscila entre o padre da freguesia a dizer que nos excomunga se não votarmos sim no referendo e o mestre escola com um ponteiro numa mão e o apagador de giz na outra a explicar-nos uma coisa qualquer com que ele hoje acordou na ideia.

Esta sensação acabou de me chegar porque, aqui ao computador e com a televisão ligada na sala, acabei de “ouvir” o homem a falar sobre patatipatatá, ambiente, Alentejo, agricultores, aeroporto, Beja e fiquei na dúvida se ele estava a anunciar alguma coisa de novo ou se estava a ralhar connosco por qualquer coisa que tenhamos feito, sei lá!

(Vão por mim. “Isto” está a ficar irrespirável!)

Rir é o melhor remédio


[1507 ]

Esta foto feliz de “gente feliz sem lágrimas” merece uma referência aqui no blog. Apenas porque se trata de gente que eu não fazia a mínima ideia que ria. Ainda tive algumas dúvidas… admiti que Maria de Lurdes, porque agarrada à barriga, estava a ter um simples ataque de flatulência e que a ministra da cultura estivesse a perguntar ao de economia se tinha fósforos para fazer como a Carolina Salgado e Manuel Pinho estivesse meio atrapalhado a pensar o que é que sairia daquilo tudo. Mas vendo bem… acho que não. Acho que é rir mesmo. Ao fim e ao cabo, a nossa “gente do leme” é gente como nós. Chora, ri, tem dores de cabeça e, certamente, disporão de peristaltismo adequado e suficiente para promoverem o respectivo trânsito intestinal. Gente como nós, apesar de eles pensarem que não. E se ainda há minutos ouvi o Dustin Hoffman confessar a Jay Lenno que, nos semáforos, dá com ele picking his nose, porque é que Maria de Lurdes não haveria de poder dar um pum aqui e ali (de preferência, ali) como as pessoas?

Tudo junto e somado, acho que estão a rir, mesmo. Cena inusitada mas real. Devo a foto à perspicácia atenta do
Anarca que não deixa passar uma. E roubei-lha enquanto ele continua a sua expedição em busca do aleijadinho e da Rute.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Ei gente...


[1506]

Anda tudo tão animado com as tropelias de Helena Pinto (*) que ainda ninguém reparou que o Porto levou (Paciência…) 1-0 do União de Leiria…

(*) Esta gente não existe, Não é possível. Isto é um equívoco. Uma embalagem de iogurte fora de prazo que escapou à inspecção. O problema é que no fundo, no fundo, vamos papando estes tais iogurtes fora de prazo e é disso que vive o Bloco de Esquerda a indústria!

Chegar tarde


[1505]

Um quadro de Rembrandt acabadinho de vender por USD$ 10 Mio, em Nova Iorque. Chegaste tarde,
minha amiga!

Não ao Sim

[1504]

Vou votar "não". Não ao "sim", porque ao aborto, nas condições já previstas e expressas na lei, digo "sim". Porque a lei me parece boa. Outras leis, como a espanhola e ao contrário do que se retende fazer crer, são tão abrangentes como a nossa. Mas ao sim como expressão política, digo não, à forma histriónica como se promove o sim como se de uma escova de dentes se tratasse, digo mesmo
não, não, não, não, não, não, adoptando o mesmo tipo de histeria e vacuidade argumentativa. Já os "sins" serenos e bem fundamentados como estes receberão de mim todo o respeito, embora discordando.

Vou, assim, votar não. Apartando o conteúdo político, depara-se-me uma tremenda dúvida. De um lado sim ao aborto nas condições já referidas – as da lei. De outro, nem sequer equaciono anuir ao aborto ao inteiro arbítrio de mulher só "porque sim". E é disso que se trata na nova lei a referendar – aborto só porque nos apetece, ou não dá muito jeito na altura. E todos nós sabemos que o que nos apetece hoje nem sempre é o que nos apetece amanhã nem a vida deve ser coisa que se referende.

Portanto, neste empate técnico, "sim, desde que" e "não, só porque não", terei de usar o voto de qualidade de que disponho. Que é pela vida, que é não, naturalmente.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

experiencia

experiencia. caixa de comentarios nao abre.
fazendo link ao post que.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Alma lavada


[1503]

A TVI, pa-
ra mim, era uma coisa com uma existência já difusa. Basicamente, já nem me lembrava que existe e, no meu subconsciente permaneciam, apenas, vestígios residuais de um punhado de programas que fizeram o gáudio de muitos e daquela forma de fazer notícias que eram (ainda são?) um misto de histórias de Frankenstein, Dr. Jeckill and Mr Hyde, versões lusas, adultas e contemporâneas de Jack and Jill, dramas enquadrados por agentes da GNR com bigode e cara de quem toma banho aos Sábados, bebés abandonados em casas em chamas, mulheres grávidas espancadas por proxenetas com tatuagens nos braços e outras pérolas, que eu tenho de ir trabalhar e se começo a escrever mais assuntos à moda da TVI ainda aqui fico para o almoço.

Mas esta manhã foi diferente. Ainda traumatizado pela imagem de ontem de Jorge Sampaio a ralhar comigo, com aqueles olhinhos irrequietos e aquele esgar de quem desgraçadamente pertence a uma país de 10.000.000 de lorpas (ele aqui tem um bocadinho de razão, mas teve 10 anos para amenizar o “quadro”, missão em que, decididamente, falhou…) que não o compreendem e o mento próprio de quem é demasiado MES para se permitir ser um vulgar socialista (esta conversa toda diz bem de quão profundo foi o traumatismo de ontem, se não me ponho a pau, da próxima, ele põe-me de castigo), ainda traumatizado pela imagem de Jorge Sampaio, dizia eu, repetida exaustivamente ontem pela RTP, resolvi pegar no comando e fugir da RTP para ouvir notícias da manhã enquanto tomo o meu pacífico, aromático e sápido café que só não é perfeito porque lhe falta um cigarro a seguir. E… surpresa. Esbarro na TVI a proporcionar-me imagens em tempo real da Marginal, obtidas de helicóptero, dando conta do trânsito. Foi um retempero de alma. A visão é balsâmica, desde o Mirage de Cascais até ao Cais do Sodré, o helicóptero envia imagens (repetidamente, a espaços curtos) duma via que eu faço todos os dias e que é um exemplo acabado de como “Lisboa” nos pode conceder das mais fantásticas imagens que nos reconciliam com o mundo, com o chefe, subordinados, com a mulher, com as gatas, com a empregada doméstica, com o trânsito e, com jeitinho, até suportamos com, algum fair play, as enormidades com que temos de lidar no dia a dia.

Posto isto, estou reconciliado com a TVI. Descobri uma estação de TV que me dá as notícias sem Jorge Sampaio a ralhar, sem entrevistas com “cientistas” estranhos a perorar sobre assuntos estranhos tipo porque é que os orgasmos dos gafanhotos são condicionados por temperaturas abaixo dos 25º, coisas interessantíssimas, como se vê, para quem acabou de acordar e está a tomar o tal café óptimo sem cigarro. Não mais RTP das 7 às 9, não mais injecções de política correcta logo de manhã, não mais imbecilidades em jejum. TVI é que bom. Dá notícias importantes como a meteorologia, o trânsito, coisas ligeiras e aquelas fantásticas imagens da marginal e da A5, a lembrar-me que vivo na mais bela cidade de Portugal do mundo. E eu vou trabalhar com a alma lavada porque, frequentemente, o duche só me lava o corpo. A alma, essa, continua surrada e mal cheirosa de tanto que me descuido com ela…


Alto da Barra - Clicar na foto para aumentar

terça-feira, janeiro 23, 2007

Parabéns ao Shark


[1502]

O Shark faz um ano. Começou como quem não quer a coisa e lá se aguentou. O Shark é fixe e escreve muito sobre plantas, sobre os Açores e outras coisas bonitas. Escreve, sobretudo, com muito sentimento. É um rapagão fixe, bué da fixe.

O tubarão é um predador terrível dos mares, mas desconfio que desta vez o predado foi ele e anda mansinho que nem um charroco com uma semana de frigorífico. Daí que o gineceu não deva ter muitas possibilidades, mas não fica mal deixar o recado.

Aqui fica um abraço para o
Shark com votos de que daqui a um ano esteja novamente a fazer um post sobre amendoins afrodisíacos. Parabéns.

Tchin Tchin

Bree talks (I was a nymphomaniac palaeontologist)



[1501]

Para quem gosta do Desperate Housewives em geral e de Marcia Cross em particular (Márcia Cross em entrevista com Dave Letteman). É só clicar
aqui para ver e ouvir o vídeo. Depois de ouvir uma peça estratégica e priorística, sabe bem ouvir falar sem estrategas nem priores…

A estratégia priorística da nossa oralidade


[1500]

Estou muito mais descansado. Não se vai gastar mais dinheiro na Caparica. Quer-se dizer, vai-se gastar, mas num sentido mais priorístico (priorístico???), mais estratégico.

Pfffiuuu, estava a ver que se ia desperdiçar dinheiro. Afinal é uma questão meramente estratégica e priorística.

Peça ouvida no Telejornal, mas não consegui saber aquém era o prior, o estratega…

Habilidades... ou o costume


[1499]

O meu dia começou com Jorge Sampaio. Furioso, egocêntrico, exaustivo na sua parcialidade, patético na tentativa (frustre) de se mostrar equidistante na polarização esperada sobre o referendo do aborto apesar de claramente a tendência de voto pender para o “sim”. O que não seria, de todo, grave, se Sampaio não quase berrasse que, e cito de cor, “não é possível aceitarmos a intolerância e o baixo nível das campanhas que se está a verificar até aqui". Ora acontece que se há intolerância, insulto, forma chocarreira, falta de educação cívica (e de educação tout court) e tudo o que parece irritar Sampaio, isso provém exactamente de uma parte considerável do sector que faz a apologia do “sim”. É verdade que o “não” deixa escapar algum ridículo, sobretudo quando uma parte mais anquilosada da Igreja deixa fugir ameaças de excomunhão ou de funerais em pecado. Mas isto é nada comparado com a agressividade e histeria do “sim”.

Mas Sampaio é assim. Do que conheço, sempre foi. Sampaio é um exemplo acabado de como a esquerda pensa que a esquerda deve ser. Pegando nos seus próprios pecadilhos e transferindo-os para a direita. E se Sampaio é esquerda, se a maioria do “sim” é esquerda (que tristeza acabar por falar em esquerda e em direita num caso como o do referendo, mas foi a esquerda que abriu as hostilidades) e se a esquerda parece estar a perder algum terreno, nada como fazer o que Sampaio está a fazer desde as 7 da manha de hoje. Dizer que a direita é aquilo que a esquerda não consegue evitar ser: - Intolerante, trauliteira, arrogante, egocêntrica e iluminada. E dizê-lo, de preferência, com um ar blazé de intelectual encartado. E se a situação estiver má (leia-se o adversário a crescer) pois que seja da forma vociferante, pupilas a saltitar e dentes a ranger como Sampaio está a fazer desde… eu seja ceguinho… que acordei. E a RTP, contentinha, a repeti-lo de poucos em poucos minutos.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Por supuesto


[1498]

E porque hoje é segunda-feira e há que amenizar um pouco o stress pós traumático do fim de semana, lembrei-me daquela história de dois agricultores, um português e um espanhol, conversando:

- Qual é o tamanho da tua herdade? - pergunta o espanhol.

Responde o português: - Para os padrões portugueses, o meu monte tem um tamanho razoável.Trezentos hectares, e a tua? Responde o espanhol:

- Olha, eu saio de casa de manhã, ligo o meu jipe e ao meio-dia ainda não percorri metade da minha propriedade.

- Eu sei o que isso é - diz o português sem se descoser - eu também já tive um jipe espanhol. São uma merda! Só dão chatices...

A sorte de Ana Gomes


[1497]

John Cerqueira, o luso-americano expulso de um avião da American Airlines por comportamento "suspeito", teve sorte. Mesmo muita sorte.

E teve sorte, sim, por ir receber uma indemnização de um tribunal de Boston. Porque nos paises livres e civilizados, os erros (que os há em qualquer lado) são devidamente reparados por mecanismos próprios das democracias, como os tribunais, por exemplo. Porque se o que aconteceu a John Cerqueira tivesse tido lugar em muitos, mas muitos, países que eu cá sei (e a Ana Gomes também sabe), ele não só não teria recebido indemnização nenhuma como provavelmente, muito provavelmente, seria espancado e despejado numa cela qualquer em condiçoes sub humanas, até um saco de dólares o retirar do degredo e devolver à procedência.

John Cerqueira teve sorte. Muita sorte. O azar de Ana Gomes é a sorte dos John Cerqueiras continuar a provar que liberdade e justiça continuam a ser intocáveis em alguns países, como os EUA. A sorte de Ana Gomes é, ainda, viver num país como o nosso onde, apesar da justiça ser lenta e, frequentemente, inócua no pagamento de indemnizações devidas, é suficientemente livre para lhe permitir dizer as maiores enormidades.

Este post de Ana Gomes é, simplesmente, deplorável e desonesto. Profundamente desonesto.

domingo, janeiro 21, 2007

Luis Carmelo, a jornalista raptada, o "mundo bipartido e a amnésia colectiva"


[1496]

Parece que um conceituado blogger decidiu, no intervalo de uma série de entrevistas que anda a fazer pela blogosesfera, promover um livro através de uma notícia falsa que inclui o rapto de uma suposta jornalista portuguesa.

Confesso que embarquei na notícia apesar de não lhe ter feito qualquer referência. Mas a verdade é que há mais de uma vintena de blogues que se referiram ao rapto e alguns deles se uniram até para o registo de facto.

Hoje percebi tudo via
Adufe através deste post. Mas vale a pena seguir os links todos e tentar perceber como é possível este procedimento.

Luís Carmelo, entretanto, não desarma e diz que no fim todos ficaremos muito espantados e muito amigos uns dos outros. Por mim, já nada me espanta.

Utentes da costela


[1495]

"A água leva, o homem repõe. A água leva, o homem repõe… "

Foi assim, repetindo esta frase até à exaustão, que um utente (utente de qualquer coisa, agora há tantos utentes que me perco a saber o que é que eles usam) se referiu, no Telejornal, ao desgaste da costa na Caparica. Claro que ninguém sonhou nem nasceu obra nenhuma, mas é invejável esta nossa costela de poeta que todos usamos (lá está, utentes da costela, há que fazer uma comissão, já) sempre que as circunstâncias o aconselhem.

Livro de reclamações

[1494]

Uma coisa é discordar, outra não gostar de. No caso do
Blasfémias, habituei-me a gostar de quase tudo, mesmo nem sempre concordando.

Recentemente descobri a segunda coisa de que não gosto no Blasfémias: - os argumentos de
CAA sobre o “sim”. A primeira coisa tinha a ver com o FCP, claro, mas enfim, sobre o FCP eu já não estranhava, nem ele tinha aderido a nenhum blog de causas.

sábado, janeiro 20, 2007

Desvios de ortodoxia ( !!! )


A mosca na sopa do Daniel de Oliveira

Clicar na foto para ver bem a mosca

[1493]

A
Daniel de Oliveira dever-se-ia exigir mais respeito pela inteligência das pessoas. Por exemplo, não alinhando com ele em campanhas políticas mesmo quando, pontualmente, se partilha a mesma opinião.

É que não consigo esquecer-me da célebre
mosca na sopa do defunto Barnabé, como exemplo das “costuras” de Daniel de Oliveira. O mesmo que vem agora criticar os desvios de ortodoxia de convertidos.

Por estas e por outras (leia-se também o
sim sim sim sim sim sim sim da fernanda câncio) é que eu acho que a campanha para o referendo sobre o aborto se tornou numa feira de vaidades, um exemplo vivo de parolice nacional e terá apenas a virtude de mostrar como não se deve brincar com assuntos que deveriam merecer mais respeito e reflexão.

Leitura complementar:
Os arrastados e a corrente Bloquista - de André Azevedo Alves.

Lugar da fruta ( 2 )


Clicar na foto para aumentar

[1492]

Por associação de ideias com o post anterior e por achar que a estética desta página melhorará substancialmente, aqui está uma foto de outros “lugares da fruta”. Estes lugares abundam no norte e o país ficará a dever a Pinto da Costa o enriquecimento da língua portuguesa, ao referir-se aos cabazes de fruta com que costumava presentear os árbitros. Tudo uma questão de vitaminas e sais minerais como se calcula.

Lugar da fruta


Clicar na foto para aumentar

[1491]

Esta foto, tirada algures numa rua de Lisboa, tanto pode ter sido tirada hoje como há cinquenta anos. A mesma fruta, o mesmo tipo de expositor, os mesmos restos de hortaliça no chão à espera de serem varridos ao fim do dia. Até a porta, dupla, mantém o desígnio bem português de nos atermos a uma obrazinha de estimação, em regime de permanência. Não se percebe bem a necessidade de ter aberto uma porta ao lado da outra, mas o importante foi ter-se feito a tal obra de estimação. E para que não haja problemas com o fiscal da câmara coloca-se um número na porta. Mesmo sendo igual…

Onde é que estava esta gente (??) antes do 9/11?


[1490]

Por muito que eu tente manter uma linha de raciocínio que marque uma conduta cordata e dialogante nos grandes conflitos mundiais, cada vez me convenço mais que com gente desta as coisas só lá vão com uma adequada carga de porrada. Antes que eles ma dêem a mim ou decidam onde é que a minha mulher e as minhas filhas devem meter os dedos. É feio dizê-lo, mas é o que sinto.

Ver
este vídeo como mais um exemplo do que digo.

País absurdo


[1489]

“O teu pai, ou substituto, obriga (a tua mãe) a fazer vida sexual com ele contra a vontade dela?”

Esta é a pergunta que uma senhora Fernanda Feijão, do Instituto da Droga e com a chancela dos ministérios da saúde e da educação achou que devia fazer a 100.000 crianças portuguesas entre os 11 e os 18 anos.

Gostei do sentido de toda a pergunta em geral e do substituto em particular. E cada vez me convenço que o grave não é viver num país absurdo e mal frequentado, grave mesmo é este tipo de coisas passarem já quase despercebidas. Eu sei que andamos ocupadíssimos com o “sim” e o “não” ao aborto e com a criança de Torres Novas, mas aqui trata-se de 100.000 crianças.

Um dia, com sorte para Fernanda Feijão, a menina de 11 anos dirá à mãe para mandar o substituto à merda se ele quiser sexo contra a vontade dela. Aí, Fernanda passará à segunda fase do inquérito com a pergunta “ O teu pai (ou substituto ou o amigo dele que acabou por pernoitar lá em casa) obriga-te a fazer vida sexual com ele contra a vontade da tua mãe?"

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Espumante no sofá


[1488]

Contam-se entre os meus traumas de pequenino alguns episódios que apesar da sua singeleza e pouca importância à luz da realidade de hoje, se revestiam de uma crueldade terrível à altura e me faziam pensar se eu não seria filho único na desgraça. Um episódio, por exemplo, tinha a ver com passarinhos. De cada vez que eu me embrenhava com amigos nos pinhais do Guincho e da Malveira da Serra, fazia-o com a secreta esperança de regressar com a cintura rodeada de pardais abatidos pelas fisgas que eu e os meus amigos empunhávamos com destreza. Quer dizer… destreza, eles, porque eu nunca fui capaz de matar um passarinho. Não porque germinasse em mim qualquer projecto de índole ecologista, mas porque pura e simplesmente não acertava.

Curiosamente, esta absoluta incapacidade de acertar num passarinho era uma de entre algumas incapacidades que, achava eu, comprometiam a imagem de marca do rapagão que eu achava que era. Líder, forte, cheio de histórias para contar e fazer rir os amigos e mais uns quantos atributos que fariam de mim o rapagão completo não fosse aquele tropeção das fisgas e um outro episódio mais que me faziam rever num total "incapaz". Ocorre-me outra incapacidade: marcar um golo de cabeça. Como eu me extasiava de cada vez que um dos meus amigos se elevava do solo e num golpe cheio de beleza estética, eficiência e força, aplicava tremendas cabeçadas na bola que, para gáudio de todos, se aninhava no fundo das redes. Lá está. Esta é outra coisa que eu nunca fui capaz de fazer. Marcar um golo de cabeça…

Enfim, matar passarinhos à fisga e marcar golos de cabeça, aqui estão dois exemplos vivos de como um puto pode começar a ser esmagado logo de pequeno pelas adversidades da vida, pelo menos até perceber que há coisas que nascem connosco – umas boas outras más, e não há nada a fazer para as modificar. Eu nunca, mas nunca, saberei pregar um prego na parede ou substituir a borrachinha da máquina de fazer café, por exemplo, em contrapartida resolvo problemas de sudoku e tenho jeito para contar anedotas, condução desportiva, pesca submarina, consigo estalar os dedos dos pés e cada um é para o que nasce, lá dizia a minha avozinha.

Tudo isto para confessar a minha total inabilidade para colocar vídeos no Espumadamente. Não adianta perguntar aos amigos, pois todos me dirão que é fácil. Copy o embed qualquer coisa e paste no post e está tudo feito. Mentira. Eu faço tudo à risca e uma vez ou outra até consigo postar um vídeo. Uma vez ou outra, não exageremos. Porque na maior parte das vezes aparece-me sempre a mais irritante frase da Blogger avisando-me que tag is broken and not complete patatipatatá seguido de mais cinco linhas de símbolos, mesmo assim muito mais difíceis de decifrar do que matar um pardal à fisga.

Pronto. Aliviei-me. Palavra feia, vinda de um homem, mas é o caso, aliviei-me a contar esta minha tendência para não conseguir fazer algumas coisas que parecem simples para o comum dos mortais. Talvez eu seja incomum, sei lá. Ou, apenas, burrinho.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Ser-se puto


[1487]

Este texto está delicioso, como aliás outros a que a sua autora nos habituou. Mas, desta vez, discordo um bocadinho. A figura do homem (do indivíduo masculino, mesmo) em permanente escrutínio do posicionamento da mulher na sociedade e o crivo da sua (do homem) análise a condicionar a natureza da mulher moderna é um tema já algo estafado e que, em meu entender, releva de uma inexplicável necessidade de afirmação da mulher. Ora nem os tempos são já assim a exigir um permanente update da afirmação da mulher nem as mulheres inteligentes precisam de o fazer. Basta-lhes ser como são para que se imponham por si próprias, sem necessidade dos artefactos que a Rititi menciona. As coisas mudaram um bocadinho, Rititi. E para aqueles e aquelas para quem a situação não mudou, pois bad luck para eles e que lhes faça bom proveito.

No resto estou contigo. É uma delícia ser-se puto toda a vida. Até porque ser-se puto é uma ciência. E uma absoluta manifestação de maturidade. E parabéns pelos 32 quando eles chegarem!

O costume


[1486]

A figura institucional do Presidente da República deveria estar acima de mais uma manifestação pífia, comezinha, provinciana e complexada de alguns dos nossos empresários nortenhos.

Ultimatos a Presidentes da República são situações próprias de regimes terceiromundistas, coroneltapioquistas e, de todo, banidos de há muito de países civilizados, onde a figura do Presidente da República é uma instituição intocável no respeito devido ao mais alto magistrado da Nação. A não ser que se trate de (alguns) empresários nortenhos, que acham que aterrar em Lisboa é uma afronta e uma forma de centralismo e desprezo pela nobre e invicta cidade do Porto.

Maria José Morgado, o aborto, as slot-machines e a confusão que vai naquela cabeça


[1485]

Quando Maria José Morgado se referiu ao facto de
haver em Portugal clínicas a fazer abortos que até pareciam as slot machines dos casinos, houve algumas reacções na blogosfera (justíssimas) que apontavam no sentido de que se a procuradora-geral adjunta sabia que havia dinheiro sujo e não tributado decorrente das tais clínicas/slot machines ela teria a obrigação de fazer o seu trabalho – leia-se fechar as clínicas.

Eu tenho ainda outra leitura. A de que, tal como sempre receei, o debate (???) sobre o aborto se tem feito não só ao sabor das emoções, como ainda reflectindo questões ideológicas que têm a ver com tudo menos com o aborto. A Maria José Morgado, por exemplo, pareceu-me que o que a repugna não é verdadeiramente as injustiças e os perigos subjacentes à prática ilegal do aborto mas mais o conceito do lucro, dos casinos, das slots machines, como peças componentes de um desiderato político que ela abomina desde pequenina, ou assim parece. Isso é verdadeiramente o que a preocupa. E isso parece-me mau. A senhora é procuradora-geral adjunta, não é uma rata de igreja a apregoar o “não” pela aparição de Nossa Senhora de Fátima nem uma jornalista modernaça de causas, a berrar pelo "sim". Ou não deveria ser. E, todavia, parece. E isso é que está mal.

Por outro lado...


[1484]

… a classy woman is always a top class woman, mesmo se vestida por Prada, pelo diabo (que a carregue, ou não, o filme ainda aí anda para poder ser visto), ou por qualquer entidade apostada em menorizar o “produto”.

Uma mulher de classe é uma mulher de classe, é uma mulher de classe, é uma mulher de classe, é uma mulher de classe…

Nota: Estes dois últimos posts inscrevem-se numa tendência declarada para agradar à Carlota (beijola para ti), não vá ela achar que o Espumadamente só fala sobre política, profissão e futebol!

Ah! Meryl ganhou um globo, claro.

Hoje deu-me para aqui...



[1483]

As mais mal vestidinhas do Golden Globe awards!

Por mim a winner seria a Gillian Anderson dos X- Files,
… Don't worry. We're not gonna make any lame attempts at "X-Files" humor while describing Gillian Anderson's dated, dowdy dress. Like how the cute is out there -- way out there… mas o gineceu que faz o favor de me ler poderá dizer da sua justiça aqui, a partir das fotos das outras onze fortes candidatas e decidir qual a mais mal vestida.

Enfim, tudo material para deitar fora…

terça-feira, janeiro 16, 2007

Desert shrimps


[1482]

Gafanhotos – camarões do deserto. Migram ciclicamente e devastam colheitas e vegetação em geral, nos países da África Sahariana. A praga de gafanhotos é a cash cow de muitas empresas que se dedicam a produção e comercialização de pesticidas. Há vários produtos eficazes no combate ao gafanhoto. Insecticidas naturais, geralmente designados piretroides, pouco tóxicos para o ambiente e para o homem e moléculas de síntese, mais eficazes que o piretro mas, também, mais tóxicas.

Na ausência de meios químicos para matar os gafanhotos, as populações resignam-se à perda do milho ou da mandioca e tentam retirar algum benefício do gafanhoto. Na verdade, o gafanhoto é um insecto de elevado valor nutritivo, rico em proteinas e sais minerais. Fritos em óleo são um pitéu muito apreciado pelas populações em geral da Africa sahariana. Tal como as térmites, afinal, na Africa sub-sariana.

Na foto, uma mulher da região norte da Nigéria oriental expõe e vende os “camarões do deserto”, hesitante em considerar o gafanhoto uma praga ou um maná. Uma questão de pontos de vista.

Foto da BBC

Swarms of migrating locusts seasonally strip the semi-arid region of its scanty vegetation and crops.
But Gambo Ibrahim, 27, a locust hunter, says the people of Borno have found a way of converting the desert locust’s assault into an annual banquet.

Produtividade


[1481]

Uma das coisas que me acontecem (os locutores de rádio, apresentadores de tv e jornalistas em geral e de jornais de referência em particular dizem que me acontece, mas eu digo que me acontecem, feitios) quase diariamente é partilhar a mesa onde almoço com os mais variados filhos das mais diversas mães. Isto porque os restaurantes são exíguos e há que aproveitar o espaço, um pouco assim à moda dos parques de estacionamento. Se eu referir que há um pequeno restaurante perto do meu trabalho onde numa das mesas temos de nos levantar de cada vez que um mastigante se tem de deslocar aos lavabos, para lhe dar espaço de entrada na porta de vai-vem poder-se-á pensar que estou a exagerar. Não estou.

Voltando à coisa das coisas que me acontecem, recorde-se partilhar mesas e rub elbows com o parceiro do lado, é natural, portanto, que oiçamos tintim por tintim a conversa do lado. Nada disto seria, ainda assim, muito grave, se os portugueses falassem ao telefone como as pessoas, dissessem o que têm a dizer e desligassem. Já não digo como os americanos, nos filmes, que acabam uma frase e desligam sem uma derradeira saudação de despedida que seja. Mas, não. Ontem, por exemplo, ao meu lado registou-se um diálogo que mais vírgula menos ponto de exclamação foi assim (repare-se como estou a evoluir da expressão "é assim" para o pretérito, o que é um inegável sinal de evolução), após um daqueles toques polifónicos, tipo diz-me como toca o teu telemóvel e dir-te-ei quem és:

- Está (voz melíflua)...
- ... ...
- Oi companheiro, tudo bem? Eh eh (não sei porquê, mas há sempre tendência para um eh eh eh seja qual for o tema, desde o anúncio de que nos saiu o Euromilhoes até à morte do avôzinho)
- ... ...
- Tudo bem comigo também eh eh eh. Andava para te telefonar... pois... mas... eh eh eh eh... ó companheiro... ... eh eh ehé assim...
- ... ...
- Claro, companheiro, eh eh eh, sim mas tive de levar a minha esposa ao médico sabes... eh eh eh... sim...
- ... ...
- Pois, quer dizer... é assim... já tenho o carro, mas levei-o ao agente porque tem um barulho na porta, eu... não, gasol, claro… gasol...
- ... ...
- Pois, era para entregar o da minha esposa mas que se lixe, pá ela também merece, não é, embora que lhe dei um plasma no Natal... um plasma, pá, tas a ver... claro…eh eh eh
- ... ...
- E contigo, companheiro? Eh eh eh... pois... han?... claro...
- ... ...
É assim, sabes como é... claro... não, já disse á minha esposa...pois... eh eh eh... (aqui cai um pingo de gordura na gravata e o nosso homem pede ao empregado: - Ó companheiro, tem tira-nódoas?)... tá bem...
- ... ...
- Não, companheiro, foi a gravata... é assim...
- ... ...
Não, cozido, tou a comer cozido, estes tipos aqui têm cozido à sexta… han?
- ... ...
- Não sei... é assim... eu acho que também têm bacalhau mas agora também dão cozido…eh eh eh
- ... ...
- Este fim de semana, não sei, companheiro, ando muito, muiiiiiiito ocupado… eh eh eh sabes como é... cheio de trabalho (expressão séria)
- ... ...
- Pois não seié assim
- ... ...
- Ah, pois é, os gajos esquecem-se é que... eh eh ehah pois ééééé
- ... ...
- Claro, mas diz então…
- ... ...
- Ah isso... é assim... eu ando muito ocupado, sabes como é... eh eh eh, mas para ti tenho sempre tempo, tinha prometido á minha esposa sair mais cedo, mas o que tem de ser tem de ser... eu acho que a embalagem das trezentas gramas é o mais indicado eh eh eh ...
- ... ...
- Ok, então… váááá… pois… eh eh eh eh
- ... ...
- Sim, claro eh eh eh eh, obrigado por teres telefonado…
- ... ...
- Claro... é assim... ah pois éééé... ok, ando ocupado, mas... ah pois ééééé…
- ... ...
- Tuuuuudo bem... vááá... sim... ó companheiro, claro… eh eh eh
- ... ...
-
Eh eh eh
- ... ...
- Sim, eh eh eh eh
- Claaaaaro, váááá... pois... então váááááá...
- ... ...
- Então vá...
- ... ...
- Claro
- ... ...
- Pois, então vá, companheiro...

A conversa acabou decorridos um bitoque mai-las respectivas batatas, ovo, bebida e um queijinho saloio, tudo inteiro no meu prato ao início da conversa do meu companheiro acidental e mais um número incontável de "companheiro", "é assim" e "então vá". Fiquei a pensar em estabelecer o perfil do português médio que fala ao telefone no restaurante. Fico com a impressão que é todo o dia assim, mas não estou lá para ver. Desconfio que este estereótipo nacional vai ao fim de semana ao futebol e tira um monte de fotografias à multidão com o telemóvel. Segunda-feira reiniciará estas importantes e produtivas conversas e, entretanto, o fim do mês há-de chegar. Ah, pois éééé...

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Prometido é devido


[1480]

A minha
modesta contribuição.

Há cidade mais bonita?

[1479]

À frente o 25. Lá mais atrás o 28. Para que nao restem dúvidas!



Clicar na foto para ver bem maior

Atrevimentos

[1478]

No
Abrupto, sobre os jornalistas que marinham pelas paredes por se sentirem escrutinados por bloggers metediços:

«...Por seu lado, os blogues mudaram tudo e tornaram o escrutínio da comunicação social em tempo quase real um ponto sem retorno. Blogues como o Bloguítica fazem muita gente subir pelas paredes da sua redacção acima, exactamente porque o estilo seco e objectivo do seu autor não deixa muita margem para esconder os erros e as manipulações evidentes. Outros blogues, em muitas áreas tem trazido o mesmo tipo de análise, comentário, debate aos produtos da comunicação social. Claro que há exageros e, às vezes, injustiças, mas há hoje na blogosfera a "coluna" que nunca nenhum jornal quis ter: havia crítica de televisão, não havia crítica de jornais. Agora há.Alguns jornalistas reagem com uma imensa irritação ao verem o seu trabalho escrutinado. Não adianta, os tempos já mudaram mesmo e não voltam atrás...»

domingo, janeiro 14, 2007

Surprise, surprise!

[1477]

- Joana Amaral Dias, Ana Drago, Fernando Rosas, Miguel Portas, Luís Fazenda ou Louçã estão ausentes da selecção.

- afinal, Pinto da Costa é melhor declamador que João Villaret.

- não há bloggers nos 10 maiores.

Dormindo com as causas


[1476]

A
f. tem uma amiga que fez um aborto com uma bomba de bicicleta numa mesa de cozinha, recebeu uma vez €400 de uma empregada de 18 anos para fazer um desmancho (termo dela, da f.), enquanto uma outra amiga, acompanhante, esperava, de óculos escuros (e este pormenor dos óculos escuros é importante) no carro. Foi isto que ela contou num texto incisivo, modernaço, dizendo, en passant, que há tanta gente como esta, que espera seja a maioria no dia 11. Não sei se espera que seja uma maioria a votar sim no referendo ou uma maioria a fazer “desmanchos” numa mesa de cozinha com uma bomba de bicicleta, enquanto as amigas esperam no carro. De óculos escuros, bem entendido.

Chego a esfregar os olhos com o delírio de pessoas que ainda hoje recorrem a este tipo de argumentário para fazer prevalecer as causas a que se entregam. Agora é o aborto, amanhã será outra coisa qualquer, é preciso é adormecer com a causa, dormir com a causa e acordar com a causa, seja ela qual for.

É mau. É revelador. E, mais grave, acaba por condicionar a análise racional e serena que deveria decorrer de problemas realmente importantes e sérios como é a questão do aborto. O aborto não é para ser tratado à la Zeca Afonso, com uma ceifeira de lenço a cantar ou um operário a correr um patrão qualquer ao pontapé no cu. Requer serenidade, honestidade política e debate. Sério. Na fase em que estamos, a coisa não está muito diferente de quando as mulheres iam para o cimo do Eduardo VII abanar os peitos e berrar "abaixo o sutiã", provavelmente as mesmas que hoje usam wonderbra e fazem correcção plástica aos mamilos, quiçá muito ou pouco desenvolvidos ou, no extremo, feiotes. No fundo, mudam as moscas. A mentalidade, essa, continua a mesma.

sábado, janeiro 13, 2007

Expressões do passado

[1475]

Post dedicado

Jornalista: - Confirma ter-se candidatado ao lugar de director do Diário de Notícias?

Espumante: - Confirmo. Aguardo, confiante, a todo o momento, os resultados da minha candidatura.

J: - E se a sua candidatura for aceite, o que fará com António José Teixeira, Helena Garrido, a Ana Sá Lopes, a Fernanda Câncio, João Pedro Henriques, o João Morgado Fernandes, o…

E: - Obviamente, demito-os.

Terá a ver com Sereias?


[1474]

Li. Com atenção. Concentrei-me. Cerrei mesmo os olhos e fiz desfilar no meu subconsciente algumas mulheres com quem me cruzei na vida e que pudessem sugerir a tal
queca homérica. Os meus circuitos de memória construíram e desconstruíram cenários relacionados com o tema, mas de Homero, nada. Será porventura uma lastimosa lacuna, mas a verdade é que não me foi possível estabelecer qualquer correlação. Voltei a ler o post, desta vez concentrei-me na foto, pensei mesmo que o segredo poderia estar a partir da parte da imagem que a Tati sonega aos leitores, mas nada. Terei de me quedar na vil tristeza da ignorância. Talvez um dia alguém me diga ou mesmo, sem que eu o espere, descubra o que é que uma queca homérica significa. Até lá… mantêm-se as rotinas.

Post a pedido


[1473]

Por razões que só ela saberá, mas que eu desconfio se prendam com a amabilidade de ela ter gostado, a
Madalena pede-me que coloque em post uma resposta minha a um comentário dela ao meu post nr. 1470.

Madalena, your wish is my command, mas se eu soubesse que me farias este pedido ter-me-ia esmerado e procurado fazer obra mais apurada…um grande beijinho para ti pela tua gentileza e aqui fica o teu comentário e a minha resposta. E bom fim de semana aí para a jaula, que o dia hoje vai ser difícil…

quote

Madalena said...

Gostar de gostar é muito bom sinal!Eu também gosto de gostar. É a tal emoção mais elaborada que mexe mais com os nossos sentidos!!!Acho-te um bocadinho nostálgico. Será????Ou estaremos todos?Ou é impressão minha?Mil beijinhos para ti e mais mil para a Passada!espumante said...

Espumante said...
Madalena

A Passada vai embora amanhã...Não sei se ando nostálgico. Se calhar ando e não quero que se saiba. Ou não ando e pareço... nem sei... mas "isto" passa. Ou não. Depende. Ele há dias... mas acho que contigo também deve ser assim, não é? Com toda a gente, aliás. Só não têm dias aqueles que vivem na noite permanente. E desses não tenho pena. Talvez tenha pena de não ter pena, mas pena não tenho :) Também há os que não têm noites. E um bocadinho de noite também sabe bem. Por isso, quem não tem noite vive na ilusória sensação de que é dia todos os dias. E isso é mau, porque quando anoitece eles ficam muito admirados. Porque não estavam preparados. Mas concordo contigo. Há dias em que é mais noite do que dia. Ontem, quando escrevi este post era noite mas soube-me a dia, porque me confortou o escuro, o frio, as castanhas, o avião a aterrar e os pingos de chuva a escorrer dos carros parados na rua cheia de folhas secas. Que, aliás, estavam todas molhadas. Era secas, de mortas, entenda-se. Uma vantagem, ser folha... elas não morrem. Secam. Já nós, morremos, muitas vezes sem secarmos tudo o que tínhamos para secar. E a propósito disto lembro-me que a minha ucraniana, salvo seja, diz que tenho de comprar um estendal, que a roupa não seca. Feitios... Neste caso, secar já não tem a carga da desgraça, da tragédia de se morrer. Como as folhas dos plátanos que bordejam o hospital militar. Pelo contrário, a roupa quer-se seca, fresca e cheirosa.É. Tens razão. Estou um bocadinho nostálgico. Mas olha, diverti-me (um bocadinho, nada de muito especial...) em responder-te ao comentário dizendo meia dúzia de disparates. Secos. Mortos. Por isso, desta vez não vais achar graça nenhuma. Para a próxima será! :))beijinhos
unquote

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Return to sender...


[1472]

Um artigo estranho de João Pedro Henriques (que eu suponho ser o
João Pedro Henriques, mas posso supor mal...), no DN de hoje e no contexto de uma notícia sobre o programa de combate à corrupção, fez-me saber que João Cravinho era :
- impoluto;
- filho de pai branco, mãe mulata e avó negra;
- incapaz de receber uma prenda;
- todas as prendas recebidas no gabinete, quando era ministro, eram distribuidas pelos funcionários;
- uma vez, um funcionário fez-lhe uma partida e ofereceu-lhe um presunto. À socapa. De Chaves. Ele, Cravinho, apesar de dado a comezainas, conseguiu resistir e devolver o presunto. Não comeu o presunto e entregou o presunto a uma funcionária do ministério.

JPH acha:

- Que um homem assim é raro na política nacional, pelo que presumo que os políticos nacionais são, geralmente, venais, recebem prendas, comem os presuntos de Chaves que lhes oferecem, têm pai branco, mãe branca e avó branca.

JPH diz que:

- Cravinho tinha o general Garcia dos Santos em elevada consideração mas hoje quando passa por ele não o conhece – daqui infiro que Garcia dos Santos não é um homem sério, flor que se cheire, e não merece os favores de João Cravinho. Tudo porque, e cito, no princípio de 97, era Cravinho ministro do planeamento.... Garcia dos Santos presidia à JAE... pediu a Cravinho para demitir não sei quem... Cravinho disse que sim, mas recuou... Maranha das Neves não sei quê... Garcia dos Santos não sei quantos... inquérito e desmantelamento da JAE... Garcia dos Santos explodiu e disse que havia dinheiros da JAE que serviam para financiar partidos politicos...
- JPH continua a caldeirada (neste último parágrafo não percebi bulufas, só sei que a JAE desapareceu por força do carácter impoluto de João Cravinho, que pulverizou a gestão das estradas, inventou as Scut entre um acordar patriótico e dois bocejos carregados de ideologia, ressacando de um sonho de duas fatias de presunto de Chaves que não comeu, arranjou um trinta e um que acabou por servir para o Partido Socialista dizer que as Scut eram um desígnio nacional, que a desertificação do interior bla bla bla, ganhar eleições e, agora, achar que o melhor mesmo era aplicar portagens nas Scut.

No fim do artigo/crónica olhei para o título, para o espaço a cinco colunas (três só para a foto, João Cravinho muito impoluto, muito frontal e com uma expressão verdadeiramente superlativa da ética do serviço público, à mistura com ar maroto de quem nao resiste a uma boa comezaina, excepto quando se trata de presunto de Chaves oferecido). Olhei, tentei perceber o sentido da coisa, mas nao percebi. Mesmo dando de barato que o objectivo da crónica fosse nada mais que isso mesmo, o que se lá diz, dá-me vontade de perguntar: - O homem é sério, gosta de comezainas, devolveu um presunto e é filho de mãe mulata, so what? O que é que eu tenho a ver com isso? E porque carga de água é que se escreve artigos deste género? Ah! E vai para o BERD, mas isso agora vem a propósito de coisa nenhuma.

Expliquem-me como se eu fosse... jornalista, vale?

Nota: Em itálico, palavras e expressões de JPH.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Fez-me "espécie"


[1471]

Meu caro
João Gonçalves

A sua referência a alguns bloggers que o ouviram na Antena 1, inclui o André Carvalho, o André Moura Cunha, o Tomás Vasques, o António Luís, a Miss Pearls e eu, no caso o “espumante de Cascais”. Aspeado e domiciliado.

Morro de curiosidade em saber porquê. Faz tempo que o leio e habituei-me à sua mordacidade e verrina de um humor que, aliás, aprecio. Daí que tenha germinado em mim esta ideia de que as aspas e o domicílio terão um significado qualquer. Nem sequer é importante, mas que morro de curiosidade, morro. Se é pelo anonimato, a Miss Pearls também é pseudónimo, embora toda a gente saiba quem é. No meu caso, e se for essa a razão das aspas, o meu nome verdadeiro vem no “profile”, no endereço electrónico. Mas ainda fica o domicílio…

Se calhar não é nada de especial e eu estou a fazer disto um caso!

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Gostar de gostar


[1470]

Hoje saí mais tarde do escritório e soube-me bem o frio até chegar ao carro. E gostei do conforto do casaco de pele, dos sapatos grossos, das luzes da Basílica, do ranger do “25 dos Prazeres”, e dos carros salpicados de chuva e dos portões do jardim da Estrela, do avião a passar por cima de todos nós e na linha de aterragem (quando tivermos a Ota já não vemos os aviões a aterrar sobre Lisboa…) e do fumo das castanhas assadas e do bruáá das gentes a dirigirem-se, apressadas aos seus destinos.

Gosto da Estrela, gosto da Lapa, gosto do local onde trabalho. Gosto de sentir que gosto de alguma coisa. E hoje gostei de andar a pé, sozinho e bem agasalhado, entre o escritório e o meu carro estacionado junto ao jardim, mesmo por baixo do zimbório muito iluminado, muito branco. Muito lisboeta.

Um dia terei saudades…

Coisas simples



Clicar na foto para aumentar

[1469]

O
FNV do Mar Salgado arrancou este delicioso post:

“JANEIRO (II): Os gatos estão no cio. É vê-las espraiadas nos telhados baixos, aparentemente desinteressadas. Eles cantam o fadinho da ronca, seguindo-as sempre um passo atrás. Neste mundo não há quotas e a violência doméstica é obrigatória. Garras e sexo a toda a hora, um pires de leite ocasional. E sem telemóveis nem SMS. Coisas simples”

Faltou-lhe postular esta obra de arte com um dos seus
provérbios do dia, que poderia ser aquele, bem conhecido e com uma ligeira adaptação ao tema: “Vale mais um pássaro na mão que a mão na pássara”.

Itzabói


[1468]

E a Azulinha está mais rica e mais feliz.

Um grande beijinho aos pais babados
.