sexta-feira, novembro 04, 2011

Que pena!





[4447]

Dou de barato que o jornal Público não é público. É privado. Assim sendo admite e despede quem quiser. Dito isto, resta lamentar que a Helena Matos tenha sido descartada. Porque escrevia bem, tinha as ideias arrumadas, era de uma lógica e de uma seriedade incontornáveis e a sua irreverência tinha a marca das pessoas educadas, sem necessidade da truculência, pedantismo e arrogância em uso corrente nesta paróquia. A Helena tinha ainda tatuado o culto da liberdade plena e do respeito pelo próximo. Um elevado sentido de cidadania, afinal.

Várias vezes a citei no meu blogue e lembro-me que titulei muitos dos posts dela que transcrevi com «É por isso que eu gosto desta mulher» .

Acabou-se. A Helena Matos foi arrumada. Encostada à box. Descartada. Uma atitude puramente jacobina por parte do Público. O primado da ideologia abstracta sobre a vivência pragmática concreta das sociedades. Robespierre não faria melhor.
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segunda-feira, abril 12, 2010

Tabus


[3725]

Falando ainda de jornalistas. A forma como a nossa rapaziada se assume como fazendo um bom trabalho à medida que vai desfiando a sua intolerável leveza e superficialidade nas questões que põe aos nossos políticos chega a ser um festival de pretensa zombeteria… isto se eles soubessem o significado de zombeteiros. Mas não sabem, limitam-se a sê-lo e, mais grave, convencidos que estão a desempenhar um bom papel.

A parada de “PSD’S” ontem foi um manancial para o pessoal do microfone que exercitou um dos mais patéticos desempenhos a que tenho assistido. Nada ou quase nada do que perguntavam fazia sentido ou tinha interesse para quem quer que seja, limitavam-se a pegar em expressões, gestos, (um houve, da SIC, que chegou a questionar a resposta de um entrevistado sobre o seu encolher de ombros, o homem parecia que tinha um tique e nem percebia a pergunta do jornalista e ele insistia, “mas porque encolheu os ombros? O senhor encolheu os ombros, porquê?”), observações que para quem vê o "Law and Order" na Fox classificaria como “leading questions” e, desgraça das desgraças, um obscuro conhecimento das realidades políticas, pelo menos a avaliar pelo tipo de questões colocadas. A pérola, para mim, foi o “tabu”… o tabu, aquele posicionamento execrável “inventado” por Cavaco Silva e que qualquer jovem jornalista acha de bom tom conhecer. E é assim que Manuela Ferreira Leite “desfez o tabu”… e veio ao encerramento do Congresso do PSD. Desfez o tabu, imagine-se, vá lá uma pessoa passar-lhe pela cabeça que MFL ia desfazer o tabu e ia a Carcavelos…

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Vai-se a ver ainda se descobre que era católico


[3724]

O delírio e a criatividade do nosso jornalismo não conhecem fronteiras. Sobretudo quando se tende a transformar um assassinato num assassinato “bom”. Assassinato, mas bom. E é assim que Terre’blanche é nazi, de extrema direita, traficava armas, batia nos pretos … oops, e descobre-se agora que um dos seus assassinos o matou porque ia ser violado. O bóer não era só racista, separatista, inumano e torcionário. Era violador de pretos e, portanto, foi muito bem feito.

Por este andar ainda vão descobrir que o homem era católico apostólico romano e constava da lista de amigos de Ratzinger no Face Book!

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domingo, fevereiro 21, 2010

Jornalismo de borbulhas no rosto


[3659]

Há alturas em que manter a compostura só porque se é presidente da república deve ser muito difícil. Ontem, por exemplo, eu teria sentido extrema dificuldade em me manter sereno perante algumas perguntas imbecis de alguns jornalistas, sobre a catástrofe da Madeira. Desde questionar se Jardim não andará a fazer obras à pato-bravo até equacionar se o actual clima de crispação entre o presidente e o governo não poderiam prejudicar as acções de ajuda, houve um pouco de tudo.

Alguém devia explicar a esta rapaziada recém-licenciada as diferenças entre o desejável azougue requerido pela profissão que escolheram e a noção do ridículo em que caem de cada vez que se armam em chicos-espertos.
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quarta-feira, abril 15, 2009

Chiqueiro


[3064]

Depois queixem-se. É costume o rosário de lamentações de jornalistas que se acham em permanente escrutínio e, sobretudo, mal entendidos e injustamente julgados.

Como se vê por esta notícia, não é por falta de razões dadas pelos próprios que isso possa eventualmente acontecer. Imagine-se que um irmão de Santana Lopes está envolvido em qualquer coisa que acabei por nem perceber, tal o arrazoado da notícia, para além de meter o BPN.

Simplesmente deplorável. Mas relativamente a jornalistas, tal como governos, cada país tem os que merece.
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terça-feira, fevereiro 10, 2009

A tristeza da Fernanda


Duas laranjeiras. A da direita está atacada pelo virus da tristeza dos citrinos (muito comum na península Ibérica)

[2934]


A Fernanda foi invadida pela tristeza. Quando fenece o número de fracturas sociais e outras cambiantes, a sua fórmula de estrutura dispara para a azia que lhe provoca a opinião de outrem. Desta vez é Mário Crespo. Mário, por muito que irritem a languidez do seu timbre de voz e o défice de decibéis do discurso, é jornalista. E, nesta qualidade, qualifica-se para emitir opiniões. A menos que haja jornalistas que podem ter opiniões e outros que não podem.

Mário Crespo escreveu um artigo de opinião e a Fernanda não gostou. Pior. Achou muito mal. Daí que lhe tenha sobrevindo a máxima tristeza.

Façamos de conta que estamos todos tristes com a tristeza da Fernanda.
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segunda-feira, dezembro 29, 2008

A crise da crise


[2852]

O miserabilismo nacional não perdoa e este ano a crise económica parecia ser o caldo ideal para a cultura do choradinho, durante a época natalícia. É assim que tem havido um verdadeiro assalto pelos jornalistas a comerciantes e clientes, com uma barragem de perguntas de resposta óbvia, quais sendo se o negócio se ressentiu na quadra de Natal da crise que atravessamos. Surpreendentemente, a tónica geral é a de que o negócio se manteve e, em alguns casos, até melhorou. Ao mesmo tempo, os indicadores estatísticos demonstram que há mais dinheiro gasto, mais dinheiro levantado em multibanco e maior uso de cartões de débito e de crédito. Mas os repórteres não desarmam e por cada resposta positiva lançam-se numa ávida insistência, na esperança, muitas vezes vã, de ouvir o comerciante dizer que este ano foi uma desgraça. Um ou outro faz-lhes a vontade mas, surpreendentemente, repito, as voltas dos repórteres têm sido trocadas.

Dando de barato que a crise existe mesmo, tem sido flagrante o desconsolo dos profissionais do microfone que este ano, vá-se lá saber porquê, não têm tido o choradinho do costume.
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quarta-feira, dezembro 17, 2008

Carta aberta ao presidente George Bush


[2837]

Senhor Presidente

Venho através da presente apresentar-lhe sinceras desculpas por um facto lamentável que passo a expor sucintamente.

Esta manhã, a estação oficial de televisão do meu país deu a notícia do aparecimento de uma chuva de jogos de computador relacionados com o episódio do sapato que lhe atiraram em Bagdad. Enquanto a notícia desfilava uns quantos jogos, alguns deles, havemos de confessar, com muito humor, uma voz-off de um apresentador ia dando a notícia. Num dos jogos, o apresentador, num arroubo de consciência crítica, disse que o jogo parecia uma cena dos "três estarolas", cena em que aliás Bush iria muito bem no papel (sic).

Peço-lhe desculpa pelo facto da estação pública de televisão do meu país não ter consciência disso mesmo, que é pública e que não pode permitir-se "dichotes" deste género quando se refere à figura de um presidente da república. O que acontece é que em Portugal os jovens vão para as faculdades e aprendem mais depressa a não gostar de si e a saber como resolver os problemas do Iraque e do Afeganistão do que a expressar-se na própria língua materna. O resultado é este. Vão trabalhar para televisões e jornais e uma grande maioria deles fala mal e escreve pior. São erros atrás de erros mas, por outro lado, aprenderam que o senhor é uma besta quadrada, um imbecil, um atrasado mental, o responsável pelos males do mundo e, provavelmente, de outros mundos que porventura existam e que o povo americano é semi-idiota porque elegeu por duas vezes um energúmeno como o senhor.

Também sabem que podem dizer o que lhes apetece numa estação pública porque ninguém lhes diz que são pagos por mim e pelos outros cidadãos, a partir de uma elevadíssima carga fiscal e, sobretudo, ninguém lhes explica que se quiserem dizer mal de si podem escrever um livro ou, em última análise, abrir um blog, onde podem escrever o que lhes der na real gana.

Peço-lhe, assim, desculpa, pelo facto de estar sujeito a que um fedelho qualquer que, quase de certeza, nada sabe de si a não ser que o senhor é uma besta inculta e perigosa, que foi o que os professores e as brigadas de uma coisa que nós cá temos e que se entretém a visitar as universidades e que dá pelo nome de bloco de esquerda lhe ensinaram. Peço-lhe ainda desculpa pelo facto de a Rádio Televisão Portuguesa, um órgão institucional com profissionais pagos por mim e pelos restantes cidadãos, não dispor de responsáveis que interpelassem de imediato o garotelho da notícia dos jogos e lhe explicassem que uma televisão oficial não chama "estarola" a um presidente de república. E não interpelam porque, se calhar, eles próprios acharam muita graça.

Atenciosamente,


Já depois deste episódio ouvi Chávez a emitir a sua corajosa opinião sobre a cena do sapato. Concluo que há razões efectivas para os amores correntes entre nós e os venezuelanos. É que estamos bem uns para os outros.

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segunda-feira, dezembro 15, 2008

Sinal dos tempos

[2833]

Um jornalista atirou com os sapatos a George Bush, numa conferência de imprensa.

Há bem pouco tempo atrás, este jornalista seria preso e sumariamente fuzilado se tivesse feito o mesmo a Saddam. Desta vez o homem foi imobilizado e retirado da sala, Bush proferiu uma frase anódina mas educada. No meio disto tudo, um jornalista do Público achou que Bush mereceu ir para aquele lugarzinho assassino, com as setas para cima e para baixo. Com a seta para baixo, obviamente, que estas coisas de levar com sapatos numa conferência de imprensa não se faz. Só mesmo um presidente bronco e idiota como ele.
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quinta-feira, dezembro 11, 2008

Levem lá o Moretto ao Quique


[2824]

Não sou jornalista, não escrevo em jornais e de jornais a única coisa que sei é lê-los e precisar de ir lavar as mãos para tirar a tinta dos dedos quando acabo. Mas temos de convir que muito do que se ouve e escreve no momento sobre jornalistas tem fundamento.

Neste caso trata-se de jornalismo desportivo, bem sei que o público leitor de desporto é “diferente” do outro, do que lê o Público, a Visão e o Expresso (será mesmo?), mas francamente. No rescaldo de um dos mais brilhantes jogos que vi o FêQuêPê fazer, tanto pela exibição como pelo(s) resultado(s), o Record faz capa a dizer que o Quique quer ver o Moretto?

Depois admiram-se que os portistas partam cadeiras na Mealhada…

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terça-feira, fevereiro 19, 2008

Tabus


[2334]

Devia haver um código qualquer, uma norma de execução permanente, um regulamento que proibisse os jornalistas de dizer disparates. Imagine-se que Sócrates ainda acha muito cedo para responder à pergunta do "assessor" de serviço na SIC sobre se voltará a candidatar-se a primeiro ministro. Resultado: tabu. Mais um tabu a encher páginas e páginas de jornais e jornais.

Algures, alguém poderá ter a solução para estes destemperos. Talvez eu saiba mas é um bocado cedo para me manifestar. Tabu. Tal e qual.

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terça-feira, novembro 27, 2007

Eu é que sou burro?



[2166]

Scolari chegou esta manhã da África do Sul. Mostra algum retraimento junto dos jornalistas, com receio de perder a cabeça outra vez,

Senhor Scolari, não se retraia. Você pode ter uma saudável dose de sangue quente a irrigar-lhe uma guelra ou outra. Mas quando for assim, lembre-se que para além de você ter vindo a prestar um meritório (eu diria que único) serviço à selecção, tem vindo igualmente a demonstrar um notável poder de contenção perante a indigência mental de alguns jornalistas da nossa praça, a avaliar pelas perguntas que lhe fazem. Quanto aos comentários de gente pretensamente mais intelectualizada a norte da área de serviço de Antuã, considere isso uma Pintodacostice barata e sem expressão.

Entretanto vá lá acertando o timinho e dê-nos mais um par de alegrias e continue a contribuir para o nosso prestígio.
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sexta-feira, junho 15, 2007

De alguma forma



[1807]

"Aqui, do local onde de alguma forma se pensa que poderá existir uma nova pista sobre o paradeiro de Madeleine, devido ao jornal holandês que de alguma forma noticiou o local de alguma forma exacto onde a menina pode estar, nota-se já de alguma forma um imenso movimento de jornalistas que percorrem os montes onde a polícia de alguma forma vai colocando já vedações que de alguma forma limitam os movimentos dos jornalistas que de alguma forma vieram de todo o mundo e estão prestes a ver como de alguma forma as investigações vão prosseguir, depois da notícia que o jornal holandês, de alguma forma, avançou".

Por entre as múltiplas formas em que a nossa correspondente de televisão, de alguma forma se deixa enredar na descrição penosa (verdadeiramente penosa, o que diz bem da dificuldade de expressão dos nossos profissionais da palavra) do novo cenário da polícia judiciária, ressalta ainda o pormenor de a jovem que nos faz a reportagem não ter um dos dentes incisivos. Ou, se tem, existe ali um grande espaço vazio, que a desfigura e, sobretudo, lhe causa evidentes dificuldades de dicção, como se não lhe bastasse a, de alguma forma, deficiente oralidade.

Palavra de honra que este tipo de situações me eriça o grande simpático. Porque é que um chefe de reportagem, ou um chefe qualquer não diz à menina que é necessário que ela se submeta a um treino intensivo de oratória ao mesmo tempo que a manda ao dentista? É que não entendo porquê. A menos que a falta de dentes, tão frequente nas populações rurais, aparentemente porque muitas dessas pessoas não sabem sequer o que é um dentista, reflicta a tendência natural de um povo a quem Deus tem, realmente, dado muitas nozes. Mesmo não tendo os dentes que, pelo menos e de alguma forma, mesmo que não fossem necessários para mais nada, serviriam para a jornalista não assobiar os esses e não soltar os perdigotos que, de alguma forma, lhe respingam o microfone.


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