Ainda a tempo
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Por só agora ter reparado neste comentário do leitor Francisco Costa num post já com alguns dias, achei melhor responder em post.
Como seria bom, prezado Francisco Costa, que todos os que "estavam em Portugal" percebessem que nem todos "os que não estavam em Portugal" eram propriamente indigentes da realidade política. E era tempo que aqueles que lêem ou ouvem dizer que a descolonização foi vergonhosa e trágica percebessem que quem o diz não advogava necessariamente a perpetuação de um regime que toda a gente percebia condenado e que sabia que a descolonização poderia e deveria ter sido feita por Salazar já nos anos sessenta. É uma questão de ler com mais atenção o que se escreve. E não confundir as coisas.
Finalmente, vergonha por vergonha e descaramento por descaramento, é precisamente achar que quem estava fora de Portugal analisou a descolonização pelo impacto que ela teve nas suas vidas. É uma maneira de chamar estúpido às pessoas e confirmar a ideia de que essa gente, os que estavam fora, acabou por ser um grupo de empecilhos ao bom andamento "dos trabalhos".
É pena! Mas define bem a mentalidade estreita de muitos que nunca passaram da Trafaria e que se arvora em profundo conhecedor da realidade política e social das coisas do mundo.
E sim. A descolonização foi uma vergonha. Não na óptica dos que estavam fora mas na óptica de toda a gente que se der ao trabalho de se ilustrar melhor sobre tudo o que realmente aconteceu.
Por só agora ter reparado neste comentário do leitor Francisco Costa num post já com alguns dias, achei melhor responder em post.
Como seria bom, prezado Francisco Costa, que todos os que "estavam em Portugal" percebessem que nem todos "os que não estavam em Portugal" eram propriamente indigentes da realidade política. E era tempo que aqueles que lêem ou ouvem dizer que a descolonização foi vergonhosa e trágica percebessem que quem o diz não advogava necessariamente a perpetuação de um regime que toda a gente percebia condenado e que sabia que a descolonização poderia e deveria ter sido feita por Salazar já nos anos sessenta. É uma questão de ler com mais atenção o que se escreve. E não confundir as coisas.
Finalmente, vergonha por vergonha e descaramento por descaramento, é precisamente achar que quem estava fora de Portugal analisou a descolonização pelo impacto que ela teve nas suas vidas. É uma maneira de chamar estúpido às pessoas e confirmar a ideia de que essa gente, os que estavam fora, acabou por ser um grupo de empecilhos ao bom andamento "dos trabalhos".
É pena! Mas define bem a mentalidade estreita de muitos que nunca passaram da Trafaria e que se arvora em profundo conhecedor da realidade política e social das coisas do mundo.
E sim. A descolonização foi uma vergonha. Não na óptica dos que estavam fora mas na óptica de toda a gente que se der ao trabalho de se ilustrar melhor sobre tudo o que realmente aconteceu.
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Etiquetas: descolonização exemplar
3 Comments:
O que realmente aconteceu, foi que gente incompetente com total desconhecimento da história, desbaratou o que hoje poderia constituir uma potencia económica, contudo seria bom que não reescrevêssemos a história, porque é eticamente reprovável, Após o colapso das potências do Eixo, emergiam também na cena mundial, mas de forma simétrica, duas superpotências: os EUA, a liderar progressivamente todo o Ocidente parlamentar, e a URSS, marxista-leninista, a controlar, após Yalta , toda a Europa Oriental; criaram-se dois blocos com as respectivas zonas de influência, a anglo-saxónica e a soviética -, que vão disputar o controlo das áreas geopoliticamente importantes, bipolarizando-se o mundo. Ambos eram “anti-colonialistas”: os EUA, “(...) por tradição histórica e por motivos de ordem ideológica (...)”, de natureza económica e política; e a URSS por questões doutrinárias e de táctica política. No entanto, na Assembleia Geral, existiam mais grupos anti-colonialistas: os Escadinavos por razões económicas; os Afro-Asiáticos, que são, “(...) acima de tudo anti-ocidentais (...) (será um anti-colonialismo sentimental); os Latino-Americanos, porque ex-colonizados por Espanha e Portugal e pelo facto de a Europa ainda possuir alguns territórios coloniais na América Latina (por exemplo, as ilhas Falkland que, na década de oitenta, conduziram a um conflito armado entre a Argentina e a Inglaterra); outros ainda, como o Líbano e o Irão, por disciplina de blocos. No fundo, o anti-colonialismo surgiu por motivos rácicos, económicos ou ressentimentos com origem em submissões seculares, forjando-se, assim, a política anti-colonial nas Nações Unidas. Chegava-se ao fim do período dos povos colonizados pelos ocidentais que, entretanto, se independentizaram. Mas por que não se levantou nunca a questão da autodeterminação dos povos da Ásia Central, em regime de “telecomando” colonial da URSS, assim como não se levantaram contestações a que o Hawai e o Alasca fossem integrados nos EUA? (Atente-se na importância geo-estratégica dos territórios de ambas, nas referidas condições). Por um feixe de razões de ordem histórica, política, ideológica e estratégica, as superpotências foram as grandes vitoriosas de 1945. Todo o movimento das autodeterminações anti-coloniais do século foi função do interesse dominante destas. Convém ainda notar que a política de descolonização inscrita na Carta da ONU teve a definição que foi imposta por essas superpotências, mas não foi aplicada naquela parte do mundo que não pertencesse, “(...) de acordo com as intenções iniciais, à zona de exclusiva influência e expansão de cada uma delas (...)”. Após Bandung, o apoio das Nações Unidas às independências foi dado expressamente em 14 de Dezembro de 1960, quando a Assembleia Geral, através da Resolução A/1514 (XV), adoptou uma Declaração (Declaração anti-colonialista), inicialmente proposta pela Guiné-Conacry, apresentada pela Rússia e exponenciada pelos afro-asiáticos, segundo a qual a independência é um direito que deve ser obtido de imediato. Com esta Resolução, passou-se do princípio ao direito, ligando-se de forma definitiva a ideia de autodeterminação ao processo de descolonização. Para a Organização das Nações Unidas, todos os povos tinham o direito à livre determinação. Contudo, nunca conseguiu definir o que entende por “povo”. Não tendo em linha de conta referenciais objectivos, ignorou a preparação e o grau de maturidade (tendo por padrão a cultura ocidental) das populações abrangidas, nos territórios em causa, para a independência. Não reclamou qualquer consulta democrática às mesmas para ajuizar sobre as suas intenções. Desencadearam-se as independências atendendo apenas à opinião de uma elite ocidentalizada, e praticando-se a transferência do Poder directamente para um dos movimentos independentistas. Assim, é muito difícil sustentar outra conclusão que não seja a de que foram os territórios e não os povos que constituíram a preocupação motora do processo e que o objectivo não foi a livre determinação, mas sim expulsar as soberanias europeias.
Será que foi no espaço de nove anos, desde a assinatura da Carta das Nações Unidas à Conferência de Bandung, que os povos aprenderam a governar-se por si próprios, ou aprenderam de repente? Ou teria, assim, a colonização de um só país sido substituída por um colonialismo de organização?
Tanto este como o outro são dois posts reaças. O costume.
Caro anónimo ser reaça, como você diz, não tem necessáriamente de ser uma coisa má, porque se você soubesse fisica saberia que a qualquer acção corresponde uma reacção, éticamente reprovável para não lhe chamar outra coisa é depois de conhecer os factos históricos, responder com uma vulgaridade, que uns certos discipulos do Lenine costumam utilizar, dou-lhe um conselho tente perceber o que realmente aconteceu a Portugal e á soberania e direito histórico ao que se chamava ultramar, eu como sou um gajo porreiro aqui estarei para as réplicas que entender.
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