sexta-feira, janeiro 30, 2009

Viver na parvónia


[2907]

Queridas amigas

Já estou como a Carlota. Comprem jornais, que diabo, não passem a vida em boring pubs e art galleries ou a tirar fotos ao skyline de Manhattan da janela do apartamento, a curtir festas num loft qualquer do ESB ou a marcar passagem para Vegas. A vida não é só essas rotinas e há que seguir a fervilhante actualidade portuguesa para sabermos do Freeport, do tio de Sócrates, do filho do tio de Sócrates (aka primo, mas só noutras circunstâncias) em retiros espirituais no Nepal e da confusão imensa em que este país está mergulhado neste momento, uns defendendo Sócrates, outros atacando e outros antes pelo contrário, mas genuinamente cansados e embaraçados com todas estas tramóias e pela permanente divergência em que vogamos para longe do resto da Europa e do mundo.

Se não quiserem jornais, há abundantes blogs que tratam este último escândalo com seriedade e outros em regime de mera descrição. É só seguirem os links.

Estou solidário convosco pelo facto de viverem na parvónia sem acesso aos grandes acontecimentos como nós. Nem sequer um outlet como nós temos em Alcochete (Oitelet, como me farto de ouvir dizer…).
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quinta-feira, janeiro 29, 2009

Terms of endearment


[2906]

Ao aterrarmos em Lisboa, e depois de passada aquela sensação estranha de termos lido algures e há dias que há milhares de pombos e pombais nos bairros limítrofes do aeroporto da Portela e, ao que parece, toda a gente achar isso muito natural, incluindo um columbófilo que afirmou que os pombos não voam para lá das pistas, entramos na gare com a sensação de quem se aventura num pavilhão de infecto-contagiosas de um qualquer hospital surrado pelo tempo e cheio de bactérias. O ambiente é nebuloso e consolida-se o sentimento de que se vive na generalidade de um ambiente de suspeição, sobretudo desde que se fala nas, alegadas, travessuras de Sócrates. No que me diz respeito, a primeira inquietação vai para o facto de me interrogar se com tanto processo, busca, mandatos e suspeitas, declarações e conferências de imprensa sobre a mais velha de todas as fraquezas do homem, como sejam a corrupção e a vaidade, interrogava-me eu se com o tempo tomado por estas questões sobra algum para alguém governar a paróquia. As finanças, a saúde, a educação, a justiça, as obras públicas, o emprego e outras minudências essenciais para a nossa manutenção como país e lançamento dos naturais alicerces de subsistência para os nossos filhos e netos como nação, pobrete e alegrete que seja, mas suficientemente credível para se manter integrada no concerto das nações onde nos situamos e queremos permanecer.

Os desenvolvimentos recentes sobre o caso Freeport são um bom exemplo do que acabei de dizer. Ele é tios, filhos dos tios (vulgarmente designados por primos mas aqui, curiosamente, não é bem o caso), off-shores, comissões, despachos, retiros espirituais no Nepal, empresas que vivem dois meses aparentemente só para mandar mails, advogados que receberam dinheiro não se sabe bem para quê e, aparentemente, ninguém tem nada com isso, resmas de documentos com carimbos gigantes de “urgente”, entrevistas à boca de carros de alta cilindrada (esta do carros de alta cilindrada é uma expressão que aprendi com a comunicação social), respostas evasivas e arrogantes, ingleses com mais aptidão para mimos do que oradores, países que suspeitam do nosso primeiro-ministro, enfim, um quadro exemplar de um país pífio onde tudo acontece, uns quantos se abotoam, alegadamente, não esqueçamos, com uns trocos e a procissão de prós e contras decorre na comunicação social, incluindo os blogues. Ninguém se entende, muitos começam a experimentar um genuíno sentimento de vergonha e uns quantos provavelmente ficarão a rir e a delinear a “chico-espertice” que se segue. Basta que se tenha um tio, um primo, um filho de tio, um padrinho ou mesmo que se ande a dormir com alguém casado com alguém que conhece um primo de um motorista de um senhor que se dá bem com uma senhora casada com um enteado de uma senhora casada em segundas núpcias com… alguém que possa dar uma mãozinha em qualquer coisa.

Dando de barato que de santinhos está o inferno cheio, convenhamos que a nebulosidade do momento excede os limites do razoável. Voltando ao caso Freeport, porque é o que está na berra, esperemos mesmo que alguma coisa se apure, para o bem ou para o mal daquele que, ou muito me engano ou ainda virá a consolidar a sua maioria absoluta. Basta que nada se prove e ele se arme em vítima por mais uma cabala e debite a algaraviada do costume contra o PSD. No fundo, qualquer coisa parecida com os tabefes que Mário Soares apanhou na Marinha Grande e lhe valeu a vitória nas presidenciais. Uma cabala bem urdida pela “reacção”, não restam dúvidas.
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Tempo curto


[2905]

Ando ocupado e absorto com alguns assuntos profissionais – que o trabalho, por vezes, é uma espécie de planta adventícia, como a hera que surge quando e onde menos esperamos. Por outro lado, a intriga blogosférica anda mais ou menos bloqueada com os laços familiares de Sócrates e a cadeia de favores que, parece, daí são decorrentes, ao mesmo tempo que alguns bravos se afoitam na trilha difícil de demonstrar a estratégia de reparação de danos em curso e outros, como aqui, deitam mãos à tarefa extreme de reunir todos os posts e artigos de opinião defendendo a honra de Sócrates. Ou a postura, como se diz em futebol e nos aviários.

Pela minha parte retenho um comandante de polícia que durante o último nevão foi entrevistado por uma televisão e, socorrendo-se daquela linguagem de compêndio que eles aprendem para descrever “ocorrências”, afirmou, com ar circunspecto, que a A4 estava fechada e não iriam abrir a estrada número qualquer coisa que não me lembro, porque estava cheia de gelo e, sendo assim, era uma “menos – valia” para o trânsito. É assim, uma espécie de arte de falar mal e expressar ideias de forma mais ou menos ininteligível, usando termos e expressões que deambulam pelo nosso microcosmos sociocultural e que muita gente apanha e usa, aparentemente sem fazer a mínima ideia do que se trata. O que é manifestamente pobre e demasiado recorrente para fazer posts. Sob pena de não falarmos de mais nada

Assim sendo, razões expostas, fica o porquê da corrente escassez de posts. O que é grave, na contribuição para o desgaste que este blogue está a sofrer. Ou é da idade (do blogue, entenda-se) ou é do cansaço de acabarmos por cair na cadência repetitiva dos casos que vão adornando o dia a dia da nossa sociedade. Ou tudo junto. Em qualquer caso, repito, ando bastante ocupado. Melhores dias virão. Com eles, espero, a vontade e algum engenho para repor este blogue num plano minimamente interessante como, aqui ali, parece ter conseguido. Sem necessidade de um retiro no Nepal, como o primo do outro.

Até já.

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segunda-feira, janeiro 26, 2009

Deprimente e mal cheiroso

[2904]

Em coerência com a atitude tendencialmente situacionista (JPP está a fazer um excelente trabalho no Abrupto sobre esta matéria), adivinhe-se o tema do Forum TSF de hoje. Pois, as decisões tomadas em governos de gestão corrente como nos casos do Freeport e, tchan, tchan, o caso Portucale do governo de Santana Lopes. Ele, mesmo, Santana Lopes, "quéláisto" de se pensar que o PSD também não se envolvia nestas travessuras?

Também não quero exagerar, mas receio ter razão se afirmar que no espaço de cerca de 30 minutos do meu percurso para o trabalho, a apresentadora da TSF anunciou três ou quatro vezes que o tema do Forum de hoje blá blá blá blá Santana Lopes.

A meio do programa, e sem surpresa, os participantes do Forum têm-se fixado maioritariamente em Santana Lopes, em Durão Barroso. Sem surpresa, ainda, a "deixa" para os ouvintes é se acham que a lei devia ser mudada para evitar este tipo de situações em governos de gestão. Por outras palavras, a culpa é da lei, não das pessoas.

Stinks!
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sábado, janeiro 24, 2009

Actualização

[2903]

É com muito gosto que incluo mais um blog aos que me distinguiram com o “Destes gosto mesmo”. Um agradecimento à Cristina do Contra-Capa, ao António de Almeida do Direito de Opinião, à Ana Vidal do Porta do Vento e ao António Torres do Faccioso e Radical-Livre.

(actualização do meu post 2897)
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"A ocasião faz o ladrão" ou "A complacência dos tios compreensivos" (história com laivos de indecência e para maiores de 15 anos)


[2902]

A frequência de histórias com tios e sobrinhos que vão salpicando a vida nacional faz-me lembrar a tia jeitosa e o sobrinho malandreco, 15 aninhos borbulhantes de testosterona mas, ainda assim e aos olhos de toda a agente, uma criança, que circunstancialmente tinham de dormir na mesma cama por força da visita de outros familiares. À primeira noite o sobrinho, sentindo o contacto, testa perlada de suor e fervendo de desejo encosta-se à tia que, de costas, tentava dormir. A tia, sentindo o propósito diz com severidade:
- Zequinha, mas afinal o que é isso?
- Desculpe tia, não sei o que me deu, dizia o Zequinha.
Passada meia hora, o Zequinha não resiste e esvaindo-se novamente em desejo encosta-se à tia e, mais ousado, toca-a. A tia dá um solavanco e diz:
- Zequinha, mas afinal o que é isto? Outra vez? Faça o favor de tentar dormir.
Passados mais dois episódios semelhantes, o Zequinha perde a cabeça. Não aguenta mais, manda às malvas o pudor e a decência, agarra-se à tia (que continuava de costas tentando dormir) e penetra-a com vigor. De imediato, diz à tia:
- Tia, peço desculpa, não sei o que me deu, peço imensa desculpa, mas…
Diz a tia:
- Olhe, Zequinha, isto é uma vez sem exemplo, mas pronto, já que meteu, deixe ficar.
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O giro de nestas coisa haver sempre uma relação de tio e sobrinho


[2901]

Não é fácil apartarmos o nosso dia a dia das “grandes questões nacionais". Mas a verdade é que, por muito que as achemos proporcionais à nossa pequenez e mesquinho decúbito perante os grandes desígnios das sociedade portuguesa, a verdade, dizia, é que há momentos em que questionamos com severidade as causas de uma série de acontecimentos que continuam a caracterizar o nosso colectivo (esta do nosso colectivo não é expressão que aprecie por aí além mas aqui vai bem).

Ainda há pouco acordei com o capítulo 2 da novela Freeport. Ele é o tio, o senhor Charles, o sobrinho que era ministro do governo do engenheiro Guterres, ele é o senhor Júlio e o senhor Charles, o ambiente e os estuários, as reuniões e os despachos com carimbos de urgente, mais um milhão de euros de luvas, mais Sócrates que se lembra da reunião mas não se lembra de ter sido o tio a pedi-la, ele é um enredo tão pelintra que nos faz olhar com bonomia para as alegadas corrupções de alguns países africanos onde, pelo menos e aparentemente, as coisas se fazem com um certo recato e, sobretudo, sem esta pincelada provinciana que não conseguimos contornar. Logo a seguir ao Freeport oiço Pinto da Costa a justificar uma derrota qualquer do Porto num jogo de basquetebol com o Benfica. Pinto da costa, dizia a apresentadora circunspecta, nunca mencionou o nome do Benfica (pormenor importante) mas falou em apitos encarnados (a subtileza nacional…). E então oiço Pinto da Costa ao vivo a dizer qualquer coisa (e cito de cor) como o F. C. Porto era o último resistente do Norte contra os senhores do Sul e mesmo contra os senhores do Norte que tinham escolhido o Sul. Tudo isto dito com uma expressão rígida e apropriada aos grandes momentos, não fosse algum senhor do Norte estar ali, naquela reunião, a pensar em mudar-se para o Sul.

É difícil imaginar cenário mentalmente mais pelintra, provinciano e bacoco. Sobretudo pouco recomendável para um cidadão acordar e apanhar, de chofre e supetão, duas histórias seguidas (seguidas, valha-me Deus…) deste jaez. Sócrates e Pinto da Costa, por si, já seriam dose que chegasse para atirar com o comando ao televisor, mudar de posição e dormir mais um pouco. Adornar estas duas criaturas com uma história de corrupção brega e um brado de "às armas, às armas, contra o Sul marchar, marchar" faz recear o pior para o equilíbrio psíquico de uma criatura que tem o péssimo descuido de adormecer com a televisão ligada.

Nota: Já depois deste episódio, anuncia-se com pompa e uma circunstância inusitada uma conferência de imprensa de José Sócrates para o meio-dia, no Porto. Onde ele dirá aquilo quem presumo, já disse. A única diferença poderá ser ele entretanto lembrar-se de o tio lhe ter pedido a reunião. A tal que houve mas ele não se lembra se foi o tio que pediu…

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sexta-feira, janeiro 23, 2009

Mais milhão menos milhão


[2900]

Cheira-me que lá vão escorrer mais uns milhõezitos da UE. É o costume. Já com Arafat era a mesma coisa. Tão mesma que até lhe deu para ganhar um Nobelzito e deixar uns trocos à viúva.

Já agora: Com tanto milhão, não escorre nada aqui para os twin brothers? Se for caso disso arranja-se aí um pessoal para “amandar” uns rockets para cima de Badajoz…
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quinta-feira, janeiro 22, 2009

Estou muito mais descansado


[2899]

Alguém me explique a força e influência de um grupelho político, trauliteiro e torcionário como o Bloco de Esquerda, que consegue coisas tão espantosas como a geminação de Lisboa e Gaza, que não seja um sentimento colectivo de bovinidade perante o pensamento correcto e uma verdadeira falta de vergonha.

Para não falar de uma autêntica falta de respeito pela morte de mais de um milhar de cidadãos de Gaza, induzidos por um grupo de terroristas, objectivamente seus carrascos e que não hesitaram no seu sacrifício pelos bombardeamentos israelitas, em nome de uma hipotética vitória política.

Portugal continua assim na senda do cretinismo militante. Hoje Gaza, amanhã cama, mesa e roupa lavada para meia dúzia de terroristas a receber de Guantánamo. Ninguém sabe bem porquê, mas fomos dos primeiros a oferecer préstimos. Mau grado a liminar recusa de vários países europeus. Que isto quando toca a cretinismo ninguém nos leva a palma.

Ainda sobre este tema, ler: O Paulo Tunhas em O Cachimbo de Magritte , o D. B. Henriques no 31 da Armada
e o João Miranda no Blasfémias.
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"Destes gosto mesmo" ( 2 )


[2898]

A Sofia Loureiro dos Santos, numa adenda feliz à corrente que iniciou, pede que seleccionemos uma notícia que nos ocorra relativa ao dia em que iniciámos o nosso próprio blog. Confesso que não me ocorre nada de relevante, para além de que tinha feito anos dois dias antes (menos quatro dos que hoje tenho...), pelo que de duas uma, ou o dia foi incaracterístico ou a minha memória entrou em reforma antecipada.

Assim sendo, ocorreu-me referir os posts do dia 7 de Julho de 2004 (porque foi a 7 de Julho de 2004 que iniciei o Espumadamente) dos dois únicos blogues que já existiam nessa altura, da relação dos quinze que seleccionei aqui. Não são muitos. Apenas o João Gonçalves e a Rititi já existiam.

Curiosamente os posts de ambos nesse dia são bem característicos daquilo que ainda hoje escrevem. Na substância e na forma. João
Gonçalves dissertava sobre uma entrevista de Santana Lopes, transcrevia um artigo de Maria de Fátima Bonifácio acerca da fuga de luxo de Durão Barroso e terminava dando a mão à palmatória (palavras dele) pelo honroso segundo lugar português no Europeu de futebol .

Entretanto, a Rititi estava estendida num sofá conjugal de cabedal que ela tinha à altura (marido sei que ainda tem, com a devida extensão do Rititi-boy, o sofá de couro é que não sei), reflectindo sobre o número de empresas que bem a poderiam contratar para ensinar os executivos stressados a relaxar enquanto espremem as borbulhas na casa de banho. Era o tempo do "Rex o cão polícia" e da canícula que impulsionava a Rititi para se passear pela casa em cuecas, folheando a Vogue.

Os posts do João Gonçalves e da Rititi estão aqui e aqui, respectivamente, merecendo, como aliás sempre merecem, ser lidos. Era o dia 7 de Julho de 2004, quando o Espumadamente nasceu.

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"Destes gosto mesmo"


[2897]

A Cristina honrou-me com mais uma distinção. Desta vez a corrente foi iniciada pela Sofia Loureiro dos Santos e é interessante e algo diferente. Basicamente distinguir quinze blogues que deverão caber na designação “Deste gosto mesmo”. Segue a minha lista, para a qual decidi incluir apenas blogues unipessoais. Significa que há bastantes blogues colectivos de que "gosto mesmo também", mas resolvi optar por este critério. Resta dizer que a Sofia também pede uma alusão a uma notícia referente ao dia em que cada um dos distinguidos iniciou o seu próprio blogue. Acho interessante e fá-lo-ei em próximos posts. Aqui vai a lista:


Madalena Santos - Chora que logo bebes
Miguel Castelo Branco - Combustões
Ana Luisa Silva - Crónicas das horas perdidas
Luciano Amaral - Gato do Cheshire
Tomás Vasques - Hoje há conquilhas...
Joana Carvalho Dias - Hole Horror
? - Jumento
Carlota M. - Lote 5 - 1º Dtº
Maria Isabel Goulão - Miss Pearls
Miss Spring has a sister - Spring Talks
Torquato da Luz - Ofício Diário
Ana Vidal - Porta do Vento
João Gonçalves - Portugal dos Pequeninos
Rita Barata Silvério - Rititi
Jorge Ferreira - Tomar Partido

Notas:

- Este post foi corrigido porque inicialmente estava com muitos erros de link. Espero que esteja agora bem. E peço desculpa aos lesados na altura.

- O António de Almeida do Direito de Opinião também amavelmente me distinguiu. Obrigado.

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quarta-feira, janeiro 21, 2009

Hino

[2896]

“…mas parece que, para a sensibilidade caga cesare paveses da professora doutora Sofia Bragança Buchholz, aos 23 anos Cristiano Ronaldo também tem que demonstrar um "raciocinio claro" numa entrevista na televisão com a Judite de Sousa em horário nobre…”

Este post do Maradona não é um post. É um hino. "Compulsory reading", como Cristiano Ronaldo já muito bem é capaz de saber dizer…
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200 Metros de Calçada da Estrela


[2895]

Que me ocorra, há três artigos que nunca comprei na vida. Isqueiros, esferográficas e chapéus-de-chuva. Várias circunstâncias concorreram para isso mesmo. Isqueiros e esferográficas sempre os tive às paletes por força de uma reserva de brindes de que eu era fiel depositário. Desde as veneráveis Caran d’Ache aos Dupont e velhos Ronson (não sei se estes ainda existem) até à versátil Bic que tanto dava para isqueiros como para esferográficas, sempre dispus da prerrogativa de acender os meus cigarros ou escrever as minhas notas com material de representação. Já chapéus-de-chuva, não sendo tão frequente, também deles dispunha, com motivos publicitários. Aliás, corrijo o tiro. Uma vez em Londres vinha com duas filhas pela trela, desata a chover e eu não tinha nada parecido com um chapéu-de-chuva. Isto passa-se na Oxford St que, como muitos sabem, deve ter uma loja de chapéus-de-chuva por m2. Assim entrei na primeira que vi e, desconhecedor de preços como qualquer residente dos trópicos que se preza, comprei três guarda-chuvas, cada um custando a módica quantia de £18. Acabado de pagar e regressado à rua, eis senão quando vejo na loja imediatamente a seguir, apenas separada por uma pequena ruela, uma loja com um cesto cheio de chapéus de chuva e um grande letreiro: - Sale £2 each.

Mas tirando estas £54 para o maneta, acho que nunca comprei mais chapéus-de-chuva. Em Portugal, não sei como, sempre tive maneira de “pegar” um chapéu-de-chuva em casa de família ou amigos em dias de chuva e nunca precisei de comprar nenhum. Ultimamente, talvez porque os amigos precavidos da chuva vão escasseando, tinha um chapéu-de-chuva azul. Feio como só ele, mas excelente, porque grande e cumpridor da sua nobre tarefa de não me deixar molhar. Não sei de onde o trouxe, sei que me acompanhava há mais de três anos. Pendurado no bengaleiro do gabinete, cumpria fielmente a sua missão, sobretudo neste últimos dias de chuva abundante.

Ontem perdi o chapéu-de-chuva, deixei-o algures entre três restaurantes, uma farmácia e uma agência do Euromilhões. Percorridos estes locais, em todos eles me foi dito polidamente que o chapéu-de-chuva não estava lá.

Dando de barato que posso sempre comprar outro, tenho reflectido na rotina idiota de um homem que conclui que só pode ter perdido um chapéu-de-chuva entre três restaurantes mais ou menos esconsos, uma farmácia de mobiliário antigo e de exíguo espaço e uma agência de Euromilhões de cuja dona sei exactamente quantas rugas tem no pescoço, dada que lhas conto invariavelmente às quartas-feiras, enquanto ela me regista o boletim. É uma reflexão cruel porque me lembro do tempo em que perdia isqueiros em Johannesburg, Luanda, Maputo, Basileia ou Lusaka, esferográficas em Harare, Nairobi, Lisboa, Zurique ou Gaberone e chapéus-de-chuva não perdia porque nunca os usava. Mas tinha. Hoje o meu campo de pesquisa para a perda destes úteis objectos está confinado a uma secção de duzentos metros da Calçada da Estrela. Que é o espaço onde cabem três restaurantes, uma farmácia e uma agência de euromilhões.

Há qualquer coisa de errado, de trágico e de triste nisto tudo. De fado?
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Já cá faltava


[2894]

Ainda não tive tempo para ler reacções ao discurso de Obama na tomada de posse, na imprensa estrangeira. Mas numa análise rápida e paroquial, estremeço com a frequência do uso do prefixo “re”. Obama vai retomar, refundir, reforçar, reencaminhar, repor, vai, enfim, "meter nos eixos" de novo (esta expressão, “meter nos eixos” foi aliás utilizada em cru numa das diligentes traduções dos nossos repórteres que, na maioria dos casos, nem traduziam nem deixavam ouvir…) uma América tresmalhada e perdida pela inoperância, pelo arrepio aos direitos e humanos, pela ganância e, sobretudo, má catadura de um dos homens mais odiados do mundo, vá lá saber-se porquê. George W. Bush, ele mesmo.

João Luís Pinto, porém, que eu não sei quem é mas se alcandorou à fama efémera mas gostosa da blogoesfera, deixou-se de rodriguinhos, de prefixos e outras tergiversações e mariquices relativas e acha que George Bush foi um filho da puta. Ponto final. Vai-se embora e o ar fica mais limpo. Não sei se de putas, se de filhos, mas mais limpo.

É a velha simbiose lusa de sabermos tudo, conhecermos tudo e perorarmos sobre tudo e dispormos de uma elevada forma de o afirmarmos. Mas de tudo o que se passa fora de portas porque das portas cá para dentro de casa parece que não sabemos dar conta de recado e só fazemos merda (já agora para aproveitar a embalagem do léxico de JLP). Mas modernaços, sabichões e filhos de gente séria.

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terça-feira, janeiro 20, 2009

Gente iluminada

[2893]

Primeiro estive a ver os "marretas" (um das mais felizes expressões que encontrei no Contra Capa). No fim, não resisti e passei ao Prós e Prós que desta vez trazia a lume o magno problema da regionalização. Por acaso o zapping caiu numa reflexão muito boa de Miguel Relvas, mas depressa foi abafado pela assistência regionalista que enchia o auditório. Mas não é bem por aí que quero ir. O que assusta verdadeiramente é a existência de gente estranha que não hesita em fazer afirmações do género da que vou tentar exemplificar. Um senhor bem posto, cujo nome não fixei, fez uma longa dissertação sobre a bondade dos referendos. Todavia, disse ele e cito de cor, era preciso ter muito cuidado. Porque nem sempre os referendos são bons. Se por um lado eles trazem por via democrática uma participação efectiva das populações sobre os problemas das regiões, por outro podem ser perversas no tratamento dos grandes assuntos nacionais e supranacionais. E exemplificou, logo de seguida. Guantánamo, claro, e a institucionalização da tortura. Suponhamos que os Estados Unidos tinham referendado a existência de uma prisão destinada a suspeitos de terrorismo onde a tortura fosse permitida e que os cidadãos tinham aprovado a decisão por referendo. Aqui, o referendo estava mal. Assim, sem mais. A facilidade com que um fulano qualquer diz e está convencido que é preciso ter cuidado com os referendos porque se pode referendar bem e pode referendar mal como aliás já se tinha referendado mal para o aborto e para a regionalização.

Choca muito este tipo de mentalidade. Impressiona e faz pensar nas verdadeiras causas que poderão estar por detrás de situações deste género em que continua a haver gente que acha que só são boas as decisões que passarem pelo crivo de um superior escrutínio destas almas dotadas de uma espécie de intangível qualidade que lhes permite decidir não só o que é bom e o que é mau mas, sobretudo, quando, como e porquê os cidadãos deverão ser chamados a referendar. Mais. A reservarem-se o direito de acharem se o resultado do referendo foi bom ou foi mau.

Este episódio foi o suficiente para eu de imediato saltar para um filme. Não há mesmo pachorra para esta gente, Para além, como diz Pulido Valente, de percebermos que o mundo está efectivamente perigoso. Não há maluco pior do que aquele que acha que está no seu perfeito juízo. Ou borracho que tente fazer o quatro e diga que não está grosso.
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domingo, janeiro 18, 2009

Boas notícias


Foto de Ana David

[2892]


A Ana continua a prestar um serviço inestimável a todos aqueles que, como eu, mantêm uma mariquice confessa e incontornável por uma cidade que é certamente uma das mais bonitas do mundo e provavelmente (provavelmente, como a existência de Deus nos autocarros) a mais bonita de África. Apenas com uma hesitação em relação a Cape Town.

Para além de ir revendo recantos familiares é bom ir sabendo das novidades. Das boas, como a travessia do Zambeze em Caia e das boas mas feias como este Centro Comercial em Maputo. Pelo menos por fora. Com jeitinho ficava quase tão feio e folclórico como o estádio Alvalade XXI (acho que é assim que se chama).

Mas a notícia da finalização dos trabalhos da ponte já para Maio é, sem dúvida, uma notícia muito importante para o desenvolvimento do País em geral e de Sofala e Zambézia em particular.

Obrigado Ana.

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Varrer cadáveres para debaixo do tapete


[2891]

Uma vez mais o Hamas voltou a descarregar morteiros em Israel depois do último cessar-fogo e de Israel ter declarado estar disposto a aceitar o plano de cessação de hostilidades de Mubarak.

Foi essa pelo menos a notícia que ouvi na RTP esta manhã e que confirmei na CNN e na TSF. A TSF deixa escapar, de pantufas, a ideia de que a violação do cessar-fogo se deve a ataques dos dois lados. Não resistiu. Era demasiado esforço de contenção para a emissora.

Enquanto isso no Arrastão, com a elegância e elevação do costume, vai-se escrevendo que enquanto o idiota se vai embora, é só esconder os cadáveres.

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Blá blá blá do costume

[2890]

Acabei de ler este post do JCD comentando as posições e a histeria de Daniel de Oliveira sobre o conflito palestiniano. Na verdade, o que acho é que se dá demasiada importância àquilo que Daniel de Oliveira escreve. Seja sobre palestinianos, seja sobre outra coisa qualquer. Pela simples razão que não reconheço nesta figura mais ou menos recalcitrante qualquer súmula ou substância no que afirma, que não seja uma atitude profundamente ressabiada contra tudo o que signifique a contraparte dos valores que a esquerda toma como seus, como propriedade privada. Não reconheço valor literário, histórico, documental, ou sequer uma linha de pensamento minimamente respeitável, ao contrário de muita gente de esquerda com conceitos ou ideias estimáveis sobre as várias questões políticas mundiais, num homem que se limita a despejar em blogues e jornais e televisões a verve biliosa das suas convicções (?).

Um exemplo próximo é o Expresso de ontem, onde D. de Oliveira diz coisas espantosas. Socorre-se, por exemplo, de séries televisivas como “24” onde ele acha que se verte uma certa justificação da tortura no combate ao terrorismo. Por outras palavras, ele acha que a série foi feita para explicar, metaforicamente, o recurso à tortura e à degradação moral a que assistimos no reinado de George Bush. É claro que há, pelo menos, uma dúzia de séries da televisão americana que poderiam ser citadas como espelho de uma sociedade onde o primado da liberdade e o respeito pelos direitos humanos são valores acima dos de mil outras latitudes onde isso não tem qualquer sentido. E já que estamos a falar do Expresso, mais adiante, D. de Oliveira diz a seguinte enormidade “… que nos EUA a tortura nada tem de novo. Assim como não têm as violações aos direitos cívicos, a ocupação de outros países, os assassínios de líderes políticos no estrangeiro, as prisões ilegais…”. Diz ainda “… o que é novo é a legitimação ideológica…” “…tortura, assassínio, inimigo, guerra ou prisioneiro, ganharam novos sentidos, como se viu em Guantánamo…”

A série de dislates continua e chega-se ao fim da crónica sem que se vislumbre um sentido ou uma linha de raciocínio. Existe apenas este matraquear incessante de lugares-comuns. A coisa torna-se trágica quando estas críticas vêm de um europeu, cuja folha curricular já registava muitas destas "benfeitorias" muito antes dos Estados Unidos sequer existirem. Pior, onde muitas destas manobras continuaram já depois dos Estados Unidos existirem e com a agravante de, de vez em quando, desembocarem, em conflitos para cuja resolução tivemos de contar com a acção prestimosa dos americanos para sobrevivermos em dignidade.

Para mim, o que verdadeiramente me surpreende é a audiência que Daniel de Oliveira e correlativos conseguem junto da comunicação social. Porque uma coisa é a pluralidade de ideias, através da qual a colaboração de gente de vários quadrantes é sempre bem acolhida. Outra, bem diferente, é esta espécie de versão política da imprensa cor-de-rosa, em que um punhado de gente supostamente de esquerda enxameia os órgãos de comunicação social com as diatribes do costume. E não são tantos como isso. Se repararmos bem são capazes de caber nos dedos de duas mãos. A tragédia é que a maior parte de todos continua a lê-los. Mesmo sabendo que invariavelmente nos irritamos imenso e as suas crónicas desaguam em nada.
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sexta-feira, janeiro 16, 2009

Aleluia


[2889]


Já lá vão mais de vinte e quatro horas e ainda não ouvi ninguém dizer que a culpa do avião cair ao Hudson foi do Bush. É que nem sequer no Forum TSF desta manhã. Mas não desesperemos...

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Bravura e excelência


Foto CNN

[2888
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Sou muito sensível à eficiência, bravura e auto-controle. No que se faz e no que se diz. Neste caso do acidente no Hudson, parece que houve um pouco de tudo. Quer da tripulação, exímia a evitar a catástrofe, quer dos passageiros que saíram ordeiramente do avião (apesar do mesmo estar submerso até às janelas), quer dos meios de socorro que actuaram com rapidez e eficiência.

E até os apontamentos de reportagem do rescaldo foram exemplares.


Pilot praised for masterful landing. Felizmente tudo acabou bem.
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quinta-feira, janeiro 15, 2009

Delito de opinião

[2887]

Já há uns dias que o acompanhava mas só agora tive oportunidade de fazer referência ao Delito de Opinião, que se juntou à confraria.

Aqui fica um registo de boas vindas. Gostei particularmente do template. Aliás, da grafia, em geral. Talvez um dos mais bonitos blogues que já vi.
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Está tudo doido


[2886]

Mas isto está tudo doido? Ontem caí na SIC Notícias e dei comigo a ouvir Telmo Correia do PP a meter os pés pelas mãos, numa atitude quase apologética em relação ao que o Cardeal Patriarca disse sobre os casamentos mistos de raparigas cristãs com muçulmanos. Ao lado, o inenarrável Bernardino Kim I Sung, muito irritado também com o episódio e a lamentar-se da dificuldade em dialogar com os muçulmanos (imagine-se…), ao mesmo tempo que afirmava que as declarações do Cardeal cheiravam a racismo e a xenofobia. Antes de chegar a casa também fui ouvindo algumas mulheres portuguesas em dissertações mais ou menos filosóficas sobre ser-se casado com um muçulmano, Cheguei mesmo a ouvir uma que dizia: - Eu sou católica e muçulmana. Era o que falta não fazer o que quero, sim porque eu tenho querer! Logo a seguir dizia: - Mas é difícil, muito difícil.

Por estas e por outras, dei um valor muito grande ao que o Cardeal afirmou. Tenha sido informal ou não, tenha sido um simples tertúlia ou a propósito do que for, gosto de gente que fala a direito sem ofender ninguém. E D. Policarpo não ofendeu ninguém. Limitou-se a referir uma evidência factual. Que o casamento de uma rapariga cristã com um muçulmano pode ser um sarilho. E como as raparigas cristãs se apaixonam como todas as outras e nem todas estão devidamente informadas sobre a realidade que as espera no caso de virem a ter filhos e viajarem para os países de origem dos maridos, é elementar que devem ser esclarecidas. Não o fazer e recorrer a "rodriguinhos", como Telmo Coreia fez ontem numa televisão, é mais ou menos o mesmo que sermos violados e pedirmos desculpa por estar de costas.

NOTA: - Há um filme muito conhecido com a Sally Field (Not without my daughter, 1991), entre vários outros, aliás. Nele se tratava de uma história verdadeira de uma mulher apaixonada por um iraniano estabelecido nos Estados Unidos, respeitável médico (os infiéis de há muito que têm boas universidades e boas oportunidades de trabalho…) e que circunstancialmente acaba por se deslocar ao Irão. Tem uma filha. Ou melhor. Julgava que tinha. Porque afinal, não era bem assim. Vale a pena ver este filme. Ou, em última análise, fazer o que fez a Sofia que, num hotel de Londres e à falta de alternativa, desatou a ler o Corão
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So help me God


[2885]

Alguém, por caridade, me ajuda a perceber o que esta senhora diz neste post? Ou, melhor dizendo, onde é que ela quer chegar. Avança, pára, patina as rodas e arranca outra vez, ziguezagueia, pisca para a direita e vira à esquerda, reduz a caixa, abranda, mete por um atalho, faz um pião, segue em marcha trás, faz inversão de marcha, aplica uns links e vai-se embora sem dizer mais nada.

Confesso a minha incapacidade. Fico com um ideia esbatida de muito do que ela não quer. Mas verdadeiramente o que quer… não chego lá. Se calhar, também não é importante.

Desisto e não se fala mais nisso.
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Tá de chuva


[2884]

O dia abriu fechado (!!). Quantidades maciças de nuvens carregadas de água pronta para nos entupir os bueiros e os rés de chão dos snacks de marca desta Lisboa de Invernos viscosos. O dia abriu fechado do sol que me tem aquecido a marginal nestes últimos dias, apesar do frio.

Surpreendentemente ouvi um aviso breve de que estamos em alerta laranja. Os mentores nacionais do nosso bem-estar, e contrariamente ao habitual, hoje não me avisaram que deveria levar várias camadas de roupa e, sobretudo, um guarda-chuva. Esta de não me avisarem para levar o guarda-chuva é imperdoável, porque se há coisa de que a gente não se lembra de levar quando está a chover é o guarda chuva. Também contrariamente ao que é habitual, ninguém me tem estado a avisar para conduzir com redobrada prudência e ligar os médios. Resumindo. À boa maneira portuguesa, a pica vai sendo paulatinamente substituída pela abúlica rotina das coisas gastas e as coisas já não são o que eram. Depois admiram-se que as gentes apanhem gripes e outros resfriados avulsos e acabem nas urgências dos hospitais durante seis horas para nos receitarem um curso de paracetamol 500 mg de oito em oito horas, Cê-gripe (que é uma coisa que tem aparecido muito na televisão ultimamente), um vasoconstritor nasal para aplicação em SOS e um antitússico à razão de uma colher de chá de seis em seis horas.

Daí que me tenha precavido. Para além dos preparos inerentes, vou levar uns sapatinhos (ões) mais grossos e mais altos para não me entrar água para os pezinhos. E vou meter-me à marginal, como de costume depois de ter elaborado um tema de reflexão (talvez a distribuição de preservativos que o Bloco ou o PCP, já não me lembro bem, achou como desígnio nacional retomar em discussão). Vou mais só e desamparado, sentindo a falta dos conselhos dos mentores nacionais. É o vazio que se abre num dia fechado.

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quarta-feira, janeiro 14, 2009

O Maradona é heterossexual e não tem um ataque de asma há vinte anos

[2883]

Tudo muito bem explicadinho como se o Arrastão fosse muito burro.

Nota: Vale a pena ler os posts todos.
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D. Policarpo metido em sarilhos


[2882]

Aguardo com serenidade a reacção às declarações do Cardeal Patriarca, sobre o sarilho em que uma mulher se pode meter casando com um muçulmano. O
Jugular já esboçou umas linhas e o Arrastão deve andar distraído. Mas lá virá.

CORRECÇÃO (16:06): Eu escrevi que o Arrastão anda distraído. Corrijo para andava, porque já não anda. De resto, dificilmente me ocorre outra altura em que D. OLIVEIRA tenha sido tão sectário e intelectualmente desonesto como neste post. Sobretudo porque não acredito que ele acredite naquilo que ele acredita que nós possamos vir a acreditar que ele acredita.

O registo, porém, terá de ir para a atitude corajosa de um representante da igreja católica em que mais do que cumprir um imperativo moral denunciando a profunda arbitrariedade com que uma mulher é tratada na sociedade muçulmana, ele acaba por prestar um inestimável serviço às mulheres que, por ignorância ou boa fé, se deixam enredar num mundo onde são vítimas certas e antecipadas de práticas e doutrinas medievais, onde a mulher, entre outras minudências, pode e deve ser castigada (leia-se agredida) pela vontade de Deus.

Congratulo-me muito com a coragem do Cardeal Patriarca, sobretudo tendo em atenção as condições particularmente difíceis do contexto internacional.

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terça-feira, janeiro 13, 2009

A (boa) forma ligeira de se abordar coisas sérias


[2881]

É por estas e por outras que eu gosto da Luna. Reparem:

"...Se é um David e Golias, é, claro que é. Mas com um David chato como o caraças que não larga a porra da fisga, esquecendo-se que Golias tem catapultas. E há muito perdeu o medo de as usar..."

Luna, in Crónicas das Horas Perdidas

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Saiam-me de cima


[2880]

A pulsão nacional, que disso se trata, de um punhado de preclaras personalidades socialistas acordarem todos os dias preocupadas com o meu bem-estar começa a tornar-se semelhante a uma ataque de sarna. Agora é o sal. Acham que ando a comer sal de mais e, para já, lembraram-se do pão. Que tem uns gramas a mais. E se nos eriçamos com o desvelo destes burocratas idiotas, atiram-nos à cara com as despesas em que incorremos nos hospitais a tratar de enfartes de miocárdio.

Como não é crível que esta fauna deixe de se meter na vida das pessoas tão cedo, logo, na minha própria, receio que um dia destes acordem a pensar noutras privacidades das pessoas que, por muito estimáveis que sejam, nunca se sabe quando nos poderão prejudicar a saúde. O sexo, por exemplo, é um amplo campo de experiência. “Quecar” quando? Onde? Como? Uma vez por dia, todas as semanas, todos os meses. Aonde? Na cama? E uma queca fortuita na mesa da cozinha? Não poderá provocar uma hérnia discal? Não dá cãibras? E no elevador? Um orgasmo de pé será saudável consoante o elevador esteja a descer ou a subir? E na cama, depois do pequeno almoço, lambuzados de compota de morango ou geleia de groselhas? Não provocará alguma reacção alérgica? Proponho estudos aturados. Já. Invista-se em mesas de cozinha, elevadores, compotas, com putas e outros cenários para que se conclua e decida sobre a forma correcta e mais saudável de se praticar o coito. Que o diabo tece-as e nunca se sabe quando acabamos num banco de urgência com um esgotamento por excesso de sexo ou, ainda, na consulta externa de psiquiatria a fazer estudos sobre sexo, exactamente por falta dele. Entretanto, saiam-me de cima e deixem-me morrer salgado.

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Pride and no prejudice


[2879]

O novo orgulho nacional.

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segunda-feira, janeiro 12, 2009

A pantomina do costume


Manifestação de ontem em Madrid

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Um dos méritos dos chamados blogues de referência é atraírem um batalhão de comentadores. Alguns deles acabam por se tornar mais ou menos conhecidos pelos comentários, mais do que pelos seus próprios blogues, sendo que muitos nem blogues têm.

A curiosidade está no verdadeiro fenómeno de variedade e natureza dos comentários produzidos. Muitos deles relevam mesmo de problemas aparentemente mal resolvidos, tornando-se verdadeiras peças de insulto e má fé. Este post da Helena Matos é disso um bom exemplo, certamente não o melhor, muitos posts há em que ela é insultada tout court. Mas este, particularmente, chamou-me a atenção porque no fundo, a substância de muitos dos comentários que lhe dedicam não é muito diferente deste pequeno discurso de Zapatero (ver vídeo). E isto é que faz pensar. Se um anónimo blogger diz o que lhe dá na veneta e dai não vem grande mal ao mundo, já o chefe de um governo como o espanhol tem responsabilidades que deveriam caber num módico de contenção, boa educação e, sobretudo, tolerância em relação ao pensamento de outrem. Mas Zapatero é socialista, ou acha que é, e isso basta-lhe para fazer discursos como este. Não cura de guardar o respeito devido aos grandes conflitos, muito menos da razoabilidade dos critérios que defende. Critérios que, no fundo, são verdadeiras doutrinas. Esta gente leu toda pela mesma cartilha e por muito que se prestem ao “aggiornamento” necessário e aconselhável á sua sobrevivência política, há os momentos que os conduzem aos picos inflamatórios das suas convicções. E nas suas convicções há sempre a irredutibilidade em relação ao pensamento dos outros. E se em Portugal quem se mete com o PS leva ou se promete partir às fuças á reacção, aqui ao lado Zapatero berra que não se admite que as pessoas não tenham ideias sobre o conflito israelo-árabe. As ideias dele , bem entendido. (*) Infelizmente, deixei de poder aceder ao vídeo da biliosa comunicação de Zapatero, imsurgindo-se contra o PP que não faz nada pela Palestina.


Nota: Vale a pena percorrer os links deste post da Helena Matos. Está lá tudo. Assassinos, terroristas, gente empunhando pistolas e expressões de fúria mal contida. Sobram ainda uns apedrejamentos da embaixada de Israel e outras raivas avulso, como é de bom tom entre pacifistas desta natureza. Triste, mas verdade.

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Só eu sei...


[2877]

Pronto. Acabaram-se os florilégios, salamaleques, ademanes e outras políticas de boa vizinhança decorrente da solidariedade fundada sobre continuado favorecimento ao FêQuêPê. Que me desculpem os meus amigos lampiões (que também os tenho, a tolerância é uma virtude que cultivo de pequenino e um estimável valor democrático), mas tudo deixou de fazer sentido a partir dos jogos de ontem. Golos falsos, penalties não assinalados e paletes de dioptrias de árbitros simpáticos não podem continuar. A partir de agora tudo terá de ser a sério e os lampiões têm de se render á sua insignificância.
Disse.

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domingo, janeiro 11, 2009

Bias e falta de nível


[2876]

Ainda sobre a matéria do post anterior, parece que pouca gente terá reparado o “Expresso da meia–noite”da passada Sexta-feira. Nicolau Santos e Ricardo Costa juntaram quatro personalidades num “prós e prós” sobre o conflito de Gaza. Se Miguel Portas e a inevitável Clara Ferreira Alves já não são notícia para ninguém, confesso que os outros dois “estudiosos” (assim apresentados em oráculo) me eram totalmente desconhecidos. De comum tinham todos eles a opinião sobre a acção desproporcionada de Israel. Todos eles, assim, hostis, a Israel. Se do ponto de vista jornalístico isto já me parece muito desonesto, a forma chocarreira como alguns assuntos eram tratados denunciou uma triste falta de nível por parte da estação de Carnaxide. Nem o laço de Nicolau a compõe. Miguel Portas, por exemplo, sobranceiramente, encerrou o programa criticando a acção da União Europeia. Julgo que por Sarkozi e Angela Merkel não pensarem como ele, Portas, imagine-se o despautério. Rematou dizendo que estava tudo na mesma e o que acontecia era nós (os europeus, julgo) andarmos a pagar pontes, escolas e hospitais para depois os israelitas irem lá destruí-los. Absolutamente lastimável.

Nota: Parece que JPP também reparou no programa. Mas como agora parece que muita gente faz gala em não o ler, provavelmente esta nota terá passado despercebida.

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A crítica fácil

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Apartando o folclore dos "furiosos" que vão efectuando as suas pantominas pelas capitais europeias, como ainda ontem se viu em Roma, Paris e Barcelona, em que turbas mais ou menos possessas ganham o seu momento de fama, tenho de admitir que há gente estimável verdadeiramente consciencializada sobre o destino cruel de se ter nascido palestiniano. Os palestinianos têm, naturalmente, mulheres, crianças e velhos que devem gostar tanto dos Hamas, Hezbollas e Fatahs como eu gostava de óleo de fígado de bacalhau – qualquer coisa que eu sabia detestável, mas sobre a qual tinha uma vaga ideia de que fazia muito bem, quanto mais não seja porque o meu pai mo dizia.

Também aceito a opinião de gente séria e genuinamente condoída pela sorte das inúmeras baixas inocentes decorrentes das acções israelitas. Ainda hoje li no Portugal dos Pequeninos, entre várias outras alusões do próprio João Gonçalves noutros posts, referências a outros bloggers em que a simpatia pelos destinos dos palestinianos e a repulsa pelas acções punitivas dos israelitas eram bem patentes. Uma dessas referências, do Dragoscópio, rezava que “…é tudo "espécie cinegética autorizada". Sejam quantos forem, o que sei, de propaganda certa, é que se dividem em duas categorias gerais e totalistas: os que têm um terrorista do Hamas oculto dentro deles; e os que têm um terrorista do Hamas escondido atrás deles. É por isso que, piedosa, cirúrgica e justiceiramente, vão ter que ser todos abatidos..." . Se no essencial até sou capaz de concordar com o que o Dragoscópio escreveu, a pergunta que deixo, simples, é: mas então, fazer o quê? Deixar que os dois terroristas, o que existe dentro deles e o que atrás deles se esconde, pura e simplesmente os exterminem?

Dispenso-me de fazer outras considerações sobre a consabida estratégia iraniana de exterminar os judeus, porque Alá o disse, usando os palestinianos, presa fácil, aliás, dessa mesma estratégia, por força do populismo dos objectivos pregados. Mas não seria, por isso mesmo, mais razoável acusar e isolar o Irão (à força se necessário fosse) pela desgraça do povo palestiniano do que manter esta insuportável hipocrisia de acusar os israelitas de matar só por não quererem morrer às mãos de bandos de fanáticos criminosos?
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sábado, janeiro 10, 2009

Devo "de" andar distraído

[2874]

Diabos me levem que ainda não consegui ler nenhuma reportagem sobre a grandiosa manifestação do dia 8. Alguém me dá uma pista?
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Gente infeliz sem sopas


[2873]

Baltar, esta manhã, a caminho de Amarante. Muita gente bloqueada na estrada sem poder passar por causa da neve. A repórter pergunta a um camionista:

- Então está aqui desde quando?

-Desde as 11 horas de ontem, menina.

- E então? Muito frio, não?

O camionista põe aquela expressão desgraçadinha que Deus Nosso Senhor nos ensinou para usarmos logo que passamos a puberdade:

- Muita fominha, menina, muita fominha
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sexta-feira, janeiro 09, 2009

Espumante


[2872]

Não tive coragem. Afinal, 52 meses são 52 meses. Dupont diria mais, 52 meses são mesmo 52 meses e não tenho coragem de enterrar o Espumante. Além de que o meu nome vem escarrapachado no perfil, no endereço electrónico, pelo que não há necessidade ao “passamento” compulsivo de uma personagem criada por acaso, o Espumante, mas que conseguiu adquirir personalidade própria. Apesar de muita gente ainda hoje o equivaler a um vulgar espumoso da Bairrada. Logo ele, que é de Lisboa.


Portanto, Espumante it is. E quem quiser levar as coisas mais a sério… é ir ao profile. Está lá tudo.

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E afinal como é que foi?


[2871]

Já agora só uma coisinha. Como é que foi a tal da manifestação organizada por aquela colecção de gente preocupada com a resposta desproporcionada dos israelitas? Não ouvi nada, não li nada…

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Trabalhar de mais para o meu gosto

[2870]

Não tenho escrito. Por falta de tempo, por falta de oportunidade. Não que eu pense muito no que aqui tenho escrito há mais de quatro anos, mas porque, na verdade, atravesso, um período de inusitado ritmo de trabalho, o que é uma forma pretensamente polida de dizer que ando a trabalhar de mais para o meu gosto. Por outro lado, de vez em quando apetece-me escrever sobre um prato, uma mulher bonita (longe de mim estabelecer afinidades entre a bondade de um prato e a de uma mulher bonita, mas olhem, foi o que me saiu e espero que isto não signifique qualquer forma escondida de fome…), sobre o cenário irrepetível da marginal, apesar de eu repetir o trajecto todos os dias, sobre filmes (hoje tenho de ir ver a Angelina Jolie, mulher de cujo talento desconfio sempre mas que parece ter um formidável desempenho na Troca que estreou ontem, com a chancela de garantia de Clint Eastwood), apetece-me abordar, enfim, tanta coisa de que eu costumava falar com alguma regularidade e esbarro sempre na abulia idiota que me tem plasmado a vontade e codícia nestes últimos dias. Também acontece ocorrer-me determinados assuntos e depois abrir a blogos e ela estar cheia de alusões a esse respeito.

Vou esperar mais uns dias, portanto. Senão arrisco a confinar-me ao insuportável dia a dia que este governo nos vai garantindo em regime de permanência – e não me refiro a desgraças, refiro-me à forma capciosa como esta gente me insulta todos os dias. Um dia destes a coisa muda. Espero.
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Ainda o frio

[2869]

Ainda o frio. Começa a ser intolerável esta permanente alusão pela comunicação social à vaga de frio que nos assola. Ainda assim o menor dos frios que enregelam a Europa, neste cantinho abençoado pelo Senhor e pelo sol de Inverno.

Já não sei se esta vaga de cuidados se deve ao nosso feitio camisolinha de malha, cuidado com as correntes de ar fecha a janela olha a “friage” ou se está definitivamente instalado este espírito pastoril de tratar do rebanho estouvado e carente que somos. Ele é os alertas, ele é as entrevistas na rua, ele é as imagens de gente encasacadas e mento mimado ele é a gripe que atacou as pessoas neste Inverno, o surto, as cheias dos hospitais, as crianças, as grávidas, os idosos, este governo e esta cordata comunicação social esgotam-se em adjectivos para tratar de nós e, sobretudo, nos fazer acreditar na sombra protectora de quem sente quiçá a inspiração divina, devidamente ratificada pelos votos, indigitado para o fazer.
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Cuidado com a "friage", diz a ministra

[2868]

A última vez que me lembro de ter ouvido falar em Ana Jorge, estava ela muito ocupada a dar uma raspanete a um jornalista por lhe estar a fazer perguntas que não estavam combinadas.

Agora lembrou-se de nos mandar proteger do frio. Camisolinhas, cachecolinhos, bem agasalhadinhos, felizes por termos nascido, felizes por termos as Anas Jorges do nosso contentamento a cuidar de nós, não vá a gente constipar-se.

Não podemos é fazer perguntas fora do contexto senão levamos tautau no tutu. Isto está a ficar surrealista.
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terça-feira, janeiro 06, 2009

Vozes corajosas


Manifestação de "vozes corajosas". Não sei bem aonde, mas no Largo de S. Domingos posso garantir que não foi com certeza
[2867]

Tenho aguardado com alguma excitação notícias sobre a afluência à manif patrocinada pelo Daniel de Oliveira. Ao que parece o “arrastão” não arrastou por aí além e as más-línguas falam de cerca de trezentas pessoas que compareceram com o ar apropriado às circunstâncias – entenda-se condenar os israelitas por andarem para aí a matar palestinianos inocentes. O número deve estar mais ou menos correcto porque uma ávida pesquisa nos jornais e blogues mostra que ninguém fala no assunto.

Para a próxima o Daniel Oliveira deveria pedir ajuda. Há sempre um Mário Nogueira mais experiente nestas coisas de manifestações massivas e que certamente se prestará a melhorar a eficiência. Porque assim, como se viu, a coisa fica chocha. Murcha. E não há nada mais pungente que uma coisa murcha, sem o viço apropriado aos grandes momentos.

Adenda: A reportagem impossível do Largo de S. Domingos, por falta de comparência de europeus falantes, obrigou a Daniel de Oliveira a publicar uma foto de vozes corajosas a manifestar-se em Telaviv. A coisa é patética. Já que coragem seria manifestação semelhante em "território livre e democrático da Palestina". Porque em Telaviv, como oportunamente diz o JCD, ninguém lhes faz mal. Que é a prática corrente nos países livres e democráticos - deixar as pessoas manifestarem-se.

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Registo

[2866]

O blogue Atlântico finou-se. Ao que parece, por boas razões. Se é que há boas razões para se finar um blogue.

Resta desejar ao PPM todo o sucesso do mundo e aguardar que os restantes confrades se “acomodem” por aí pela blogoesfera. Caso contrário, será um desperdício.
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segunda-feira, janeiro 05, 2009

Viagem ferro-tele-fotografada




[2865]

Acompanhemos o Maradona numa fantástica viagem ferro-tele-fotografada do Algarve a Lisboa. E no dia seguinte ainda dá para ir aos pássaros a Vila Franca. E choremos a rir.
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domingo, janeiro 04, 2009

Indecoroso

[2864]

Ir a esta manifestação significa o quê? Ser-se justo? Ser de esquerda? Ser o quê? O que move Daniel Oliveira a encetar este tipo de acções?

Não há nada nem é em nome de coisa alguma que se pode manter uma atitude acrítica a este tipo de incitamento. Ainda que as convicções de Daniel de Oliveira decorram de uma matriz ideológica, a relação factual de ocorrências por parte de um gang como o Hamas deveria ser suficiente para não se pactuar com manifestações deste tipo. Quanto mais não seja por uma questão de pudor e respeito pela verdade. Pegar nos mortos de Gaza e na falta de pão e electricidade na cidade por força das acções punitivas de Israel é, para além de uma tolice do tamanho do mundo, uma forma desonesta de se estar.

Daniel de Oliveira deveria saber um pouco mais da realidade do conflito. Ou, provavelmente, sabe e a desonestidade é, assim, maior.

Palavra de honra que este tipo de coisas me chega a causar embaraço…

Nota: No vídeo (via Blasfémias), "...membros do Hamas chacinam os líderes da Administração da Fatha (OLP) em Gaza, após tomarem o poder pela força em Junho de 2007..."

É a favor e em nome desta rapaziada que Daniel de Oliveira incita os europeus a manifestar-se, já que a Europa não faz nada. Merda!

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Não há condições


[2863]

Hoje perdi o respeito por completo ao colesterol e ao sempre possível endurecimento da parede interna das artérias e fui almoçar umas portuguesíssimas favas. Novinhas, tenras e sápidas, acondicionavam uma generosa quantidade de pequenos pedaços de entrecosto de porco preto, e um exemplar de cada um de uma pecaminosa relação de enchidos recebidos directamente do norte do país.

Conhecendo eu o restaurante e o dono, tenho a certeza que a origem dos enchidos era mesmo nortenha, tal como as favas eram safra da Lourinhã, uma terra que ainda hoje faz gala do sabor dos seus produtos da terra, destacando-se as favas, exactamente, a batata e o feijão verde. Não se confunda isto com a impropriamente chamada agricultura biológica, já que a Lourinhã se situa numa das regiões que constituem um dos melhores mercados de fito-fármacos – nome adequado aos produtos a que os ecologistas resolveram começar a chamar de agro-tóxicos, que é uma designação sem pés nem cabeça, mas bem reveladora da índole dos neologistas de serviço.

Na mesa ao lado, o ex-presidente do Sporting Dias da Cunha, hummm…hummm, para que conste, Hulk acabou de repor o empate na Madeira, 19:40, e até já perdi a vontade de acabar o post. Dias da Cunha degustava também umas favas. Aliás, Dias da Cunha é cliente habitual deste restaurante. E pronto. Não digo mais nada. Ia aqui deixar umas linhas sobre o sistema, vocábulo que ouvi Dias da Cunha citar umas vinte vezes durante o repasto, mas o tal do Hulk já me tirou a vontade. Limito-me a dizer que por muito polidos e reservados que sejamos não é de todo possível deixarmos de ouvir conversas das mesas vizinhas. E o tal do Hulk tinha de me tirar a inspiração para contar devidamente o que ouvi…

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sexta-feira, janeiro 02, 2009

Povo feliz

[2862]

Já é a segunda ou terceira vez que oiço hoje a notícia de que o número de doentes atendidos nas urgências dos hospitais diminuiu drasticamente. De duas, três. Ou a gripe se esfumou, ou os portugueses, de repente, adquiriram consciência cívica e só vão às urgências mesmo quando é preciso ou, finalmente, a abertura de mais postos de saúde até às oito ou dez da noite resolveu o estrangulamento dos hospitais.

Em qualquer dos casos, a notícia é dada sempre num tom que as pessoas vêem logo que o pressuroso ministério da saúde resolveu o problema de uma penada. O povo agradece. E só não se persigna porque vivemos num estado laico e podia parecer mal.
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Malta fixe e brandos costumes

[2861]

"...Em Atenas, no primeiro dia do ano, foram incendiados 10 bancos e 2 stands de automóveis; em Paris foram queimados mais de 1 000 carros. Por cá, para além do fogo de artifício no Funchal, que não provocou qualquer incêndio, o pessoal foi ao banho na praia de Carcavelos..."

Tomás Vasques, em Hoje há Conquilhas.

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