terça-feira, fevereiro 22, 2011

Gone flying (again)


[4073]

Num voo sincronizado, eis que eles voam de novo, esbatendo-se no horizonte onírico das vontades. Soltos, livres e pujantes. Não sabem bem para onde vão mas, ao contrário do poeta, sabem que vão por ali.
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Como quem ensina a catequese


[4072]

Todos sabemos que a diplomacia e relações comerciais fluem em meandros mais ou menos acentuados, que todos compreendemos e aceitamos. Mas ouvir este homem, repetidamente, perorar sobre a Tunísia e a Líbia com aquele ar de quem está a ensinar o padre-nosso na catequese ou a explicar às criancinhas que os bebés não vêm de Paris no bico de uma cegonha é patético e diz bem da conta em que este homem se tem e da conta em que este homem nos tem.

Luís Amado esforçava-se ontem por explicar ao rebanho que TODOS os países da União Europeia tinham negócios na Líbia. É verdade. Não me lembro é de ter ouvido alguma vez algum primeiro-ministro europeu fazer uma oração de sapiência por cada «Magalhães» vendido a Kadhaffi, ou explicar aos empresários dos seus países a importância estratégica e o radioso futuro de países como a Tunísia e a Líbia. Mesmo porque na maioria dos outros países europeus os empresários não acham que têm um primeiro-ministro mentiroso ou cheio de «truques», como começa a ser banal ouvir em Portugal, recordemo-nos do ar piedoso de Alexandre Soares dos Santos (o «merceeiro», como lhe chamou alguma esquerda) ao referir-se a um homem que, para o bem e para o mal, ainda é nosso primeiro-ministro.

Uma lástima. Um embaraço, este Sócrates Pinto de Sousa.
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segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Calma, que se vai contar tudo outra vez


[4071]

De repente parece que a trafulhice/incompetência/laxismo/you name it que conduziram à triste figura deste governo ter contribuído para que umas centenas de milhar de cidadãos não pudessem exercer o seu elementar direito de voto, deu lugar a um frémito suave, assim a resvalar para uma erecção matinal serôdia, percorrendo a blogosfera a propósito de uma possível recontagem de votos das presidenciais.

Há quem se excite com uma ainda possível derrota de Cavaco Silva, há um mundo de hipóteses em aberto, há mesmo, como este meu bem estimado e apreciado confrade, quem ache que em Cacilhas roubaram votos a Manuel Alegre. Manuel Alegre que, ao que parece, está «missing in action».
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domingo, fevereiro 20, 2011

A Helena Matos já me salvou o Domingo...


[4070]

«...Com menos palavras Soares dos Santos explica o drama desta geração: Não encontra técnicos para os talhos e peixarias do Pingo Doce. Devem andar todos a cantar que são parvos e à espera de um emprego para toda a vida na função pública como antropólogos.
Soares dos Santos tem de colocar anúncios a dizer que precisa de técnicos para estudarem a relação entre a pertença étnica e os modos de orientação nos espaços comerciais ou ainda sobre o impacto das minori@s no consumo do salmão em posta...»

Ler tudo aqui.
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Uma ideia saudável


[4069]

Quinta-feira, 24 de Fevereiro, às 19H00


Fátima Rolo Duarte (F World)

e

maradona (A Causa foi Modificada)


Moderadora: Carla Quevedo (Bomba Inteligente)


Não é saudável conversar com fantasmas.

Manuel Mujica Láinez

CAFÉ DOS BLOGUES, sempre na última quinta-feira de cada mês

Que tal sairmos de frente do ecrã e conversarmos de viva voz? O Café dos Blogues é o ponto de encontro de bloggers, facebookistas, twitteiros e leitores. Na última quinta-feira de cada mês, os assuntos mais falados nos blogues e nas redes sociais serão debatidos por dois convidados. Em cada sessão falaremos ainda de temas que preocupam os intervenientes nos novos meios de comunicação online, como o seu uso, a liberdade de expressão e o anonimato. Mas a conversa não fica pela mesa. O público é convidado a enviar as suas perguntas para bloguedoscafes@sapo.pt ou a colocá-las em presença e a viver a experiência esquecida de falar cara-a-cara com outras pessoas. Café dos Blogues: uma conversa de carne e osso, com coordenação e moderação de Carla Quevedo (Bomba Inteligente)


CAFÉ DOS BLOGUES

Última quinta-feira de cada mês

Não é saudável conversar com fantasmas.

Manuel Mujica Láinez

Moderadora: Carla Quevedo (Bomba Inteligente)

24 de Fevereiro, às 19H00

Fátima Rolo Duarte (F World) e Maradona (A Causa foi Modificada)


31 de Março, às 19H00

Manuel Falcão (Esquina do Rio) e Luís M. Jorge (Vida Breve)


28 de Abril, às 19H00

Ana Cristina Leonardo (Meditação na Pastelaria) e João Gonçalves (Portugal dos Pequeninos)


Conteúdo acima inteiramente retirado do Blogue dos Cafés


Uma ideia feliz, saudável e interessante. Apetece dizer, para gente interessada e interessante, como o anúncio da Livraria Lello há uns anos atrás em Luanda. Uma ideia que apetece, assim, saudar e difundir.


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sábado, fevereiro 19, 2011

Su(rrealis)cialismo


[4068]

É o que faz chover a potes e ficarmos a fraldiscar em casa. Acabamos a ver um telejornal qualquer e arriscamo-nos a um episódio apoplético quando menos esperamos. Porque não é em vão que ligamos a TV e ouvimos Sócrates Pinto de Sousa vibrar com o momento histórico, o antes e o depois, a propósito de uma vulgar obra de engenharia pública. Um túnel de seis quilómetros que vai acabar com o conhecido para lá do Marão. E logo de seguida, a pergunta encomendada era sobre as portagens da autoestrada para Bragança e Sócrates Pinto de Sousa explica à massa bovina e telespectadora que o governo não queria portagens, mas o PSD queria portagens, vai daí, o Governo num acto de boa concordância e melhor fé concordou com o PSD, mas abrindo excepções. O que prova o espírito solidário do governo. Aqui o repórter, «tartamudo», distraiu-se e Sócrates Pinto de Sousa diz-lhe:

-Então e não me pergunta nada sobre a notícia do Expresso de hoje?

Aí o repórter entrega a encomenda e balbucia qualquer coisa sobre a brutal redução do défice em Janeiro...

Palavra de honra que mudei para o cabo. Este homem (Sócrates) ou está bem e convencido que pode impunemente continuar neste insulto permanente à inteligência das pessoas ou não está bem... e trate-se. Ou tratem-no. Corram com ele, pelo menos. Com moção, sem moção, dissolução ou por dissolver, este homem é uma agressão permanente às pessoas com mais de 50 de QI como dizia Vasco Pulido Valente há pouco tempo.

Há dias assim. Nem sempre a boa vontade chega. Uma pessoa sabe da turbulência que vai por esse mundo fora, liga a TV e apanha com a terceira vista de Sócrates Pinto de Sousa ao Marão... e com o resto da história que referi acima. O senhor tenha piedade de nós...
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Gerações, geracional...















[4067]

Muito genuinamente afirmo que tenho vivido à revelia do conceito institucionalizado das gerações. Ou andei distraído ou sempre pautei a minha conduta cívica, ética e humana por valores que pouco teriam a ver com a idade que tinha. E já fui infante, adolescente, jovem adulto, adulto maduro e, se Deus Nosso Senhor me der saúde e dinheiro para gastos, um dia destes serei velho. Lidei com jovens, trabalhei com velhos, brinquei com crianças, conversei com muita gente sem nunca curar de adaptar o meu discurso à idade dos meus interlocutores.

De repente, algo mudou. Uma banda sofrível compõe uma musiqueta medíocre e apõe-lhe uma letra a resvalar para o mau e as gerações excitam-se com a força genuina da «geração parva». A comunicação social excita-se, as plateias estremecem e as correntes politicas descobrem e apropriam-se de verdades incontornáveis e dramas intensos à volta da problemática das gerações. Transformam mesmo a cançoneta dos Deolinda em «hino». A reacção massiva (psicologia de massas) faz o resto e os Deolinda vêem-se alcandorados ao pico da fama e a ganhar uns cobres inesperados. E a problemática das gerações ganha um lugar que sempre teve mas que é ciclicamente renovado, ou mesmo reciclado, de acordo com as idiossincrasias da época. Os jovens acham que os velhos não entendem, os velhos acham que os jovens não sabem e condiciona-se, assim, um desejável terreno de diálogo e coexistência em face das certezas de cada qual e cava-se um fosso frequentemente difícil de superar.

Por mim acho que nada disto é muito novo, que atravessei gerações tão diversas como a de Maio de 68, a dos Yuppies, a «rasca» do Vicente Jorge Silva, entre outras, pelo que a actual «geração parva» não me suscita uma excitação muito especial. Mas isso não é caso para que os parvos me achem, desdenhosamente, bota de elástico ou que eu ache, condescendente, os jovens demasiadamente parvos. É a vida, lá diria um representante da minha geração e que hoje não deve andar muito preocupado com o «hino» dos Deolinda.
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Um banho quente


[4066]

Outras vezes, as águas quentes naturais emergem das profundezas, quebram as crostas empecilhas e (em linguagem corrente, «salta-lhes a tampa») e lançam-se no espaço para que nelas nos banhemos e reponhamos os valores térmicos.
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sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Baldes de água fria


[4065]


Às vezes acontece.

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terça-feira, fevereiro 15, 2011

Sabor de Maboque - Agora em Portugal


Clicar na imagem

[4064]

A Dulce escreveu o Sabor de Maboque que tem sido um assinalável êxito no Brasil, encontrando-se já em 3ª edição, ao fim de dez meses de ter surgido nos escaparates das livrarias brasileiras e atingido um lugar entre os dez primeiros títulos mais vendidos em várias localidades. Além de ter proporcionado à autora várias entrevistas a jornais e televisões, palestras em diversas instituições e a presença num dos programas de maior audiência no Brasil.

Trata-se da narrativa de um desfile de acontecimentos aos olhos de uma adolescente, à altura do processo de descolonização de Angola e imperativa fuga de milhares de portugueses que se seguiram ao 25 de Abril em Angola, que não só penetraram fundo na sensibilidade de uma quase criança como condicionaram o seu futuro e o moldaram à medida de um destino que fez dela a mulher que ela é hoje. É uma narrativa vívida, através de uma prosa com uma simplicidade desarmante, quase em forma de conversa carinhosa com os leitores e com uma visão desapaixonada da envolvente política de todos os acontecimentos. Para muitos leitores será uma sensação de proximidade com acontecimentos semelhantes, e refiro-me àqueles que foram apanhados pelo processo de descolonização. Para outros, os que não conheceram África se não «de ouvir dizer», o Sabor de Maboque é uma história de leitura gratificante e com uma admirável dinâmica e que, certamente, ajudará a entender melhor aquele pedaço da nossa história e das vicissitudes que os «colonos» atravessaram na altura.

A Dulce pede-me que os leitores habituais do Espumadamente se sintam convidados para a apresentação do livro em Portugal no local, data e hora constantes no convite. Eu faço-o com muito gosto. E ela sentir-se-á privilegiada com a vossa presença.

A apresentação será feita pela Drª Alexandra Sobral e a Dulce estará presente e terá o maior prazer em interagir com os presentes sobre o conteúdo do livro.
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segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Os patetas


[4063]

«...Quando o visado era o Clinton estas manifestações eram compostas por membros ignorantíssimos e intolerantíssimos da direita religiosa. Agora dizem que são intelectuais...»


É por estas e por outras que cada vez há menos paciência para estes intelectualóides de esferovite. Em Moçambique há um termo que eu adoro. É a «maximba», ou «machimba». Quem conhece o país, conhece o termo. Não resisto a classificar esta pacotilha de idiotas úteis uns intelectuais da maximba.
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domingo, fevereiro 13, 2011

Insuportável


[4062]

Uma coisa é ser arguto, habilidoso, populista q.b. até, político (numa definição abrangente e tolerante sobre a transposição de algumas barreiras éticas em nome do que se passou a chamar ciência política), outra é ser José Sócrates. O actual primeiro-ministro, consensualmente tido como o pior primeiro ministro de sempre em democracia, extravasa tudo o que é admissível porque se revelou trapaceiro, mentiroso, politicamente desonesto, hipócrita, mal formado, trapalhão, oportunista e objectivamente responsável pela delicada situação em que este país aterrou.

Dificilmente se tolera mais este homem que de cada vez que faz ou diz qualquer coisa (e ele faz ou diz todos os dias) gera uma atitude de rejeição e intolerância por parte de todos aqueles que ainda sentem um módico de decência exigível a um primeiro-ministro e deparam com uma criatura deste quilate que não hesita em agredir a inteligência e a paciência dos portugueses com diatribes permanentes.

Esta última alocução de Sócrates sobre o PSD a propósito da moção de censura do BE ilustra bem o que digo e está em consonância fiel com a sua atitude matricial, devidamente acolitado por um grupo de sequazes igualmente pouco recomendáveis.

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O conforto de ler coisas boas, com as ideias em ordem (2)

[4061]

«Custa a compreender como qualquer pessoa com QI acima de 50 pode votar ou apoiar o Bloco de Esquerda. O Bloco foi um produto da televisão. Tinha quatro ou cinco caras bem falantes e não tinha mais nada. Era suposto ser uma aliança do radicalismo que ficava para além (ou para aquém?) do PC ou, por outras palavras, de trotskistas e de leninistas. Mas Trotsky, o único verdadeiro intelectual e o único verdadeiro escritor do bolchevismo (basta ler A Revolução Russa e A Minha Vida) com certeza que os desprezaria. E Lenine, um primitivo e um terrorista, se não os matasse logo, também não os levaria a sério. Aquelas criaturas que por ali andavam traziam por toda a bagagem ideológica e programática a sua raiva ao PC, que não os queria, e ao PS, que não precisava deles. Ao princípio, o Bloco ainda trouxe ao Parlamento algumas causas, as "questões fracturantes", que, embora por si não chegassem para fazer um partido, eram meritórias e profícuas. Principalmente, porque, nesse capítulo, o catolicismo militante de Guterres deixara o PS paralisado e mudo. Só que Sócrates, para quem a Igreja não contava, tornou desnecessária a retórica de Louçã, resolvendo ele o que havia para resolver. E o Bloco, de repente vazio e sem destino, sem organização e sem dinheiro, resolveu concorrer com o PC, como autêntico representante dos "trabalhadores". Não percebeu, porque pouco percebe, que existe em Portugal uma velha e forte cultura comunista, em que ele não podia penetrar e que, de facto, não penetrou. Subsiste agora num limbo de irrelevância e de frustração. Mas, por isso mesmo, se começou a agitar como um desesperado, ou como um louco.Primeiro veio a campanha de Alegre, uma jornada sentimental absurda, que previsivelmente acabou num vexame. E, depois, quinta-feira, foi o melodrama da moção de censura, que a direita, se não endoideceu (o que não é garantido), rejeitará; e que o próprio Louçã declarara na véspera "sem utilidade prática". Não vale a pena discutir os meandros tácticos desta fantochada.Vale a pena constatar que o Bloco de Esquerda não hesita em comprometer a vida ao país, com o fim faccioso e estúpido de embaraçar o PC, até quando o exercício manifestamente beneficia e fortalece Sócrates. Raras vezes se viu na política portuguesa um espectáculo tão triste.

Vasco Pulido Valente no Público, sem link
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O conforto de ler coisas boas, com as ideias em ordem

[4060]

«Vamos a caminho de sermos guturais, a falar como os SMS e a pensar com as 140 palavras do Twitter. Bom para as "bocas", mau para o pensamento. Nos anos de Weimar, o alemão estava sólido, embora os nazis suspeitassem que a Bauhaus, os comunistas da Bauhaus, queriam destruir a força da língua colocando os substantivos em minúsculas. Por cá, em Weimarzinho, a língua torna-se tropical e africana (como os capitais da banca) e afasta-se velozmente do latim por diktat do Estado e tratado de papel passado (eu quero no PÚBLICO a grafia anterior ao Acordo Ortográfico). (...) As autoridades pátrias encarregam-se de nos encher de circo para esconder que o pão encolheu. Um partido radical da extrema-esquerda faz dançar gente de mais à sua batuta, com o apoio de uma comunicação social que gosta de fitas e simpatiza com o niilismo do espectáculo, mesmo sem saber o que isto é. (...) A percepção dos valores da democracia é escassa: milhares de pessoas correm a assinar uma petição na Internet intitulada "1 milhão na Avenida da Liberdade pela demissão de toda a classe política" e jornais e blogues batem palmas como se não se tratasse de um puro manifesto antidemocrático. "Demitem toda a classe política" como? Como em 1926, com o 28 de Maio? Como se Portugal fosse o Egipto e "Sócrates-Passos Coelho- Portas" (e porque não Jerónimo de Sousa e Louçã) fosse um compósito de Mubarak? Sem eleições? Sem partidos? Democracia directa com votos pela televisão em chamadas de valor acrescentado e o Parlamento no Facebook? Os votos seriam como aquelas sondagens nos blogues? E por que, dizem, não é mais democrático, mais igualitário, mais livre, eu poder fazer o que entender, sem peias, nem lei, nem propriedade, expondo um mundo subterrâneo de gigantescos ressentimentos e invejas, que está lá bem em abaixo nos subterrâneos de Weimarzinho? O retrato desse mundo está bem presente no coro de insultos dos comentários, a vox populi muito elogiada pelos libertários da Internet, um mundo dos comentadores anónimos ou semianónimos que é fascista no seu preciso termo, é a linguagem da força sem lei, a destruição verbal do outro, o veneno das palavras, como o rícino que os squadristi obrigavam os seus adversários a tomar. Todas as peças se montam, em pequenino, em "zinho", mas encaixando entre si. E muita cobardia sobre o que se está a passar, sobre o mundo que começa a parecer, silêncio a mais. Weimarzinho significa também essa cobardia do espírito, de acomodações e silêncios, a dissolução do pensamento e da coragem cívica, essa "destruição da razão" substituída pelos incêndios românticos de livros. (...) Um imbecil igualitarismo entre quem estuda e quem dá "bitaites", perdoe-se o plebeísmo, entre quem conhece e quem "acha", entre quem sabe e o arrogante iniciante e ignorante que acha que por escrever um blogue tem o direito de ser "igual". (...) Dissolução do pensamento, apatia, preguiça, aceitação do inaceitável, cada dia com a sua cedência, à moda, ao espectáculo, à raiva populista e demagógica, para se passar pelo meio da chuva e "não se chatear". Direitos, deveres, procedimentos, regras, cada dia tem menos valor. Nas ruas de Weimar e nas ruelas de Weimarzinho passa o mesmo fantasma, um em versão trágica, outro em versão pobre e simples. Mas esse fantasma que assombra o nosso mundo não é o da primeira página do Manifesto, mas o da linha 9 do Canto III do Inferno de Dante: "Lasciate ogne speranza, voi ch"intrate". E o mundo sem esperança que se vive em Weimarzinho é propício a todos os demónios.»

José Pacheco Pereira no Público, sem link

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sábado, fevereiro 12, 2011

Farters will be prosecuted



Vídeo baseado numa reportagem da BBC a 4/2/11


[4059]

No Malawi foi avante a legislação que torna a flatulência um crime. Seja um tímido «pum» solto num tropeço de uma pedra da calçada, seja o um sonoro estrondo decorrente duma lauta refeição de «feijão nhemba» e caril. Seja ainda um invisível e mudo mas pestilento corpo gasoso libertado para a atmosfera.

O «pum» malawiano, nas várias formas descritas, dá direito a prisão. As pessoas recalcitram como é óbvio e visível no vídeo acima mas, sobretudo, interrogam-se como poderá a polícia acusar o (alegado) «farter» em tempo útil. A um «traque» sonoro provindo de um grupo de pessoas será difícil encontrar o dono. A uma situação de bufa incolor, muda mas de vincado odor intestinal também não se vê bem como será possível descobrir who passed the bloody wind, a não ser que a polícia passe a andar acompanhada de cães treinados para o efeito (coitados canídeos, já tinham que cheirar droga, cadáveres e agora teriam de cheirar gases intestinais…).

Enfim, sinal dos tempos. Os mandantes reagem e actuam de acordo com as suas sensibilidades e no Malawi, para que se saiba, existe ainda uma forte veneração por Sua Majestade britânica. Talvez isso tenha contribuído para este zelo da lei acerca das plebeias malfeitorias intestinais.

Em Portugal a coisa seria difícil de pôr em acção. Quando muito, a Direcção Geral de Finanças conseguiria um sistema que incluiria uma taxa a acrescentar ao IRS. Ou o próprio governo, sei lá. Como a taxa da RTP na conta da luz. Poderia ser uma taxa que habilitasse os cidadãos a um saudável «peido free of charge» e lhes conferisse o democrático e intransponível direito ao livre exercício do flato e que viesse adicionada à conta da água por exemplo. Ficariam dispensados aqueles que de tanta «merda» que fazem, mais pum menos pum, não faria diferença por aí além. O meu receio é que nesta última condição hajam tantos que a taxa seria quase negligenciável.

O embaraço de Almeida Santos. Ele conhece bem o Malawi, que eu sei. Porque não aconselha ele a nossa Assembleia a legislar sobre a matéria? A avaliar pelos seus dedos, a coisa lá pelo Parlamento está a ficar demasiadamente mal cheirosa.
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sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Serviço público

[4059]

Isto já cheira pior que o Cemitério de Carnide.

Este post da Helena Matos deve ter sido uma trabalheira mas vale a pena. Valeria a pena, também, fazer o mesmo em relação a outra autarquias de grandes cidades. Ou não. Já nem a pena vale. Porque saberíamos o resultado.

O que verdadeiramente me encanita é ver depois António Costa (ou outro, falo em Costa porque é o presidente em uso corrente...) em pose séria, moralista, didática e pretensamente sábia abordando assuntos de Estado em programas de debate público, antes de se embrenhar de novo na dinâmica de um novo gabinete no Intendente, para o qual decorrem as respectivas obras.

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Agora é em Cacia


[4058]

Américo Tomás (para as pessoas com menos de 36 anos, o último presidente da república do Estado Novo) era conhecido pelo «corta fitas». Com alguma razão, ao que parece, tenho uma vaga ideia da coisa, mas parece que era mesmo assim.

Agora temos um «animal político», parece que é o que lhe chamam. Levanta-se de manhã e pensa na fita que vai cortar. Uns fazem o sinal da cruz, outro fazem xixi, outros estalam os dedos, fazem rituais tibetanos *, toda gente, enfim, tem alguma coisa que faz primeiro, ao acordar. Sócrates Pinto de Sousa pensa no que vai inaugurar nesse dia. Quando, por hipótese não há nada para inaugurar, inaugura então qualquer coisa «que vai ser», qualquer coisa futura.

Hoje parece que foi a futura fábrica de baterias do carro eléctrico em Cacia. Não sei quantas vezes ouvi este homem já falar do carro eléctrico. Mas sei que hoje já ouvi trechos do discurso de inauguração, não da fábrica mas da «fábrica que vai ser». E o vocabulário à volta de cluster ibérico das baterias do carro eléctrico (juro que estava distraído e percebi clister qualquer coisa eléctrico e imaginei que Sócrates estaria a inaugurar uma fábrica de um qualquer zingarelho para dar clisteres à malta com um aparelho movido a energias renováveis…), Portugal na linha da frente, Portugal na linha do desenvolvimento e da tecnologia dos carros eléctricos… e aquela blá blá blá socrático que acaba por se desvanecer num «fading» que o meu organismo gerou tipo anti-corpo e que não faço ideias de contrariar.

Já disse mil vezes. Já me embaraça ouvir este homem falar. Só porque é meu primeiro-ministro, não o fosse ele e era-me indiferente. Os ingleses têm aqueles famosos «speaker corners» em Hyde Park e outros locais. Nós podíamos ter também. E aí, Sócrates Pinto de Sousa poderia ficar horas a falar de carros eléctricos. Mas assim, a ter que ouvir e a pagar-lhe por cima… NÃO.

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Desditosa Pátria...


[4057]

… que tais filhos tem. Patetas, birrentos, irresponsáveis, infantilizados e de estupidez travestida numa suposta inteligência a que só uma estucha de uma franja da burguesia urbana teima em achar muita graça.

Não há pachorra para este espécime parlamentar que só atrapalha, prejudica e beneficia de uma incompreensível benevolência dos media e do facto de viver e se movimentar num país livre, livre, livre. Tão livre, que lhe permite uma série de dislates em regime contínuo.

Foto surripiada ao JCD, com a devida vénia

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Mais sexo


[4056]

E as notícias da manhã insuflaram o ego dos portugueses e encheram-nos de júbilo. Aparentemente há um «estudo» (a gente não sabe, mas a Europa está cheia de gente que faz muitos estudos e são pagos e tudo) que garante que a mulher portuguesa é a que mais sexo tem. O estudo não diz com quem, mas para o caso é irrelevante. Têm mais sexo, period. Na verdade, oito em cada dez mulheres portuguesas afirmam que têm sexo pelo menos uma vez por semana, mau grado a reportagem de exterior de uma televisão que veio para a rua confirmar e as inquiridas terem bramado: - uma vez por semana? Ó menina, esse estudo deve estar mal feito, cá por mim é todos os dias.

Sendo que este «cá por mim é todos os dias» ou um mais modesto «uma vez por semana? Não, mais, eu faço mais», deveria reflectir mais um sentimento gratificante para o homem tuga do que para a mulher. Que isto, mal comparado, é um bocadinho como a corrupção, há o passivo e o activo e até prova em contrário, se as mulheres fazem sexo uma vez por semana têm de ter alguém que faça sexo com elas. A não ser que recorram a “gadgets” apropriados (e aqui não referidos porque há gente que lê este blog antes da vinte e duas), mas isso é batota e não conta para os «estudos».

Por mim, uma conclusão é incontornável (gosto deste incontornável, contornável, prefixo in, não se pode contornar, um dia destes explico isto a alguns repórteres/comentadores da nossa televisão): Com os socialistas no poder, nenhum estudo poderia dar outro resultado que não fosse andarmos todos bem... «isso». Como bónus, a conclusão de que a mulher portuguesa anda bem f… consolada e na cabeça do pelotão das mulheres europeias que ainda acham que o sexo dá saúde, melhora a pele e faz crescer. E este crescer não tem que ser necessariamente a elas, pode muito bem ser ao homem que com este voluntarismo do gineceu bem pode ver crescer-lhe qualquer coisa, pelo menos uma vez por semana, diz o estudo.

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quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Sexo fraco???


[4055]

Saí do pequeno shopping onde me levara uma pequena tarefa, caminhei a centena de metros que me separava do carro estacionado num pequeno largo com um sinal de estacionamento interdito, excepto a moradores e onde toda a gente estaciona as viaturas, menos os moradores, claro, que quando lá chegam deparam com o largo cheio, fiz uma pequena manobra de inversão de marcha e segui caminho. Mais uma centena de metros e deparo com o semáforo no vermelho. Obediente e cívico, parei.

De repente, o dilúvio, a praga do Egipto. O caos. No remanso do anoitecer e a música de fundo baixinho, sou sobressaltado com tremendas pancadas no vidro do meu lado, pum pum pum pum, vigorosa e repetidamente. Olhei, ainda assustado com o verdadeiro tropel e deparei com uma mulher de pequena estatura, muito loura, de olhos faiscantes e dedo em riste, que vocifera na minha direcção:

- Sua besta cavalar. Eu vou chamar a polícia.

Tentando perceber o que se passava, ainda balbuciei um tímido (mesmo assim, temerário, face à perigosidade clara do momento) «tenha calma minha senhora, o que se passa

- O que se passa? Eu vi-o EU VI. O senhor bateu no meu carro. O senhor amolgou-me a porta e vai a fugir. Eu vou chamar a polícia.

Este é o momento em que a senhora de estatura meã, loura e de olhos faiscantes, rodopia, literalmente, sobre o seu eixo de gravidade por duas vezes e repete:

- O senhor bateu no meu carro. O senhor bateu-me na porta. Eu chamo a polícia.

Reposta a calma interior e arrumada a adrenalina, saí do carro e aventurei um novo «tenha calma, diga-me exactamente o que se passou».

É aqui que fico a saber que tinha batido no carro da loura meã de olhos faiscantes. Diz ela que não estava lá, mas estava a sair do shopping e viu perfeitamente a manobra que eu tinha feito para retirar o carro do estacionamento. Que chegou ao carro, viu a porta amolgada e «só podia ter sido eu». Porque o carro ainda agora tinha saído da oficina. Porque um vagabundo ordinário, um mostrengo malcriado tinha batido no carro e ainda tinha sido agressivo para a filha. Porque estava farta de homens malcriados que batiam nos carros das mulheres e fugiam sem nada dizer. Porque…e por aí fora. Fui insultado, vilipendiado, vítima inocente das malfeitorias infligidas àquela senhora loura, até bonitinha… mas feia de tanto ódio que destilava e com os olhos ainda lançando chispas, até conseguir, pouco a pouco, etapa a etapa, dizer-lhe que eu não era grosseiro, não tinha o hábito de andar a bater nos carros de senhoras, muito menos nos carros de filhas de senhoras e, coisa inimaginável,não costumava brincar ao «toca-e-foge».

Amainada a «beast» e já em «mode» de transição para «beauty», lá passámos à verificação dos estragos que ela tinha dito que eu tinha ocasionado. Após algumas diligências, descobrimos então um risco (!!!) e, ceguinho eu seja destes que a terra há-de comer, com não mais de uns dez centímetros.

-Está aqui. Olhe. Vê?

Eu disse que sim, que via, com dificuldade, mas via e que, se alguma consolação lhe pudesse levar eu devia ter uns quatro ou cinco riscos daqueles no meu carro…

O resto da história é irrelevante. Acabei por me encontrar com a senhora em Murches… na companhia de seguros… porque a comadre dela trabalhava lá… e faria o favor de esperar por nós… e faria o preenchimento da declaração amigável. Ainda arrisquei um tímido «mas… uma declaração amigável por causa de um risco de dez centímetros?» Mas achei melhor não despertar a fera adormecida, entretanto, com alguma habilidade que me fez imaginar num circo, brandindo um chicote perante uma dúzia de leões ferozes.

E tudo acabou em bem, com risadinhas no escritório dos seguros e a comadre da senhora loura de estatura meã e olhos chispantes a rir, dizendo que a comadre «era assim», que «só quem não a conhecesse»… isto quando ela perguntou no preenchimento da declaração. Feridos? Não houve, claro e eu disse:

- Não houve, mas ia havendo.

Aí a senhora loura, meã e chispante acabou por deixar cair o ar guerreiro e passou a dar risadinhas de dez em dez segundos.

Voltei para casa, pensando no sexo fraco. Murros no vidro? Besta cavalar? Polícia? E para quê, se pouco depois a vulnerabilidade inata do gineceu veio ao de cima com uma vulgar ponta de humor quando eu disse que não houve feridos, mas ia havendo?

Só falta dizer que eu juro, pelo que há de mais sagrado, que não senti o menor encosto no carro… ainda agora estou convencido que nem toquei no carro da senhora loura, meã de olhos chispantes.

Deus nos livre da força do sexo fraco…

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terça-feira, fevereiro 08, 2011

Corta-Fitas


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O Corta-Fitas completou ontem 5 anos.

Uma saudação amiga e os votos de que venham mais cinco.


Tchin Tchin

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Fechadas a cadeado


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Marlene Temmerman, uma senadora socialista flamenga, sugeriu uma greve de sexo aos políticos lá da paróquia dela, para ver se se resolvem a formar governo, num país que começa a poder ser apresentado como um exemplo vivo de como se pode viver, bem, sem a fauna arregimentada pelos partidos para nos governar.

Não há nada para ninguém, proclama Marlene. Ou fazem governo ou deixam de se «governar». Cá por casa é que duvido que a coisa funcionasse. Mesmo sem greve tenho sérias dúvidas que a coisa, salvo seja, ajudasse por aí além. Por outro lado, os nossos políticos muitos são solteiros, outros são casados mas ainda não deram por isso e outros ainda não estão para essas modernices de sexo e assim.

Com sexo ou sem sexo, por cá continuamos assim. Com a mesma gente. Ainda que, porventura sem sexo, os nossos políticos não deixem de nos proporcionar uma sexual existência, já que nos fornicam continuadamente.

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segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Erros de palmatória



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Os belgas lembraram-se de incluir este vídeo no programa de educação sexual infantil, no sentido de que as crianças aprendam a satisfazer-se, não vá serem desajeitadas e correrem o risco de terem um orgasmo a dançar, a olhar por debaixo da saia da tia ou verem um par de maminhas mais apetitoso. Os belgas, atentos ao fenómeno acharam que o melhor mesmo é as crianças masturbarem-se a preceito e, para isso, nada como lhes explicar. Vai daí puseram em uso nas escolas um vídeo explanatório. Só que o vídeo, no meu modesto entender, peca por vários pormenores não despiciendos e que podem veicular graves distúrbios emocionais aos homens de amanhã, para além de incorrerem em erros grosseiros que poderão induzir as masturbáveis criancinhas a um conhecimento deturpado quer de aspectos anatómicos da genitália quer de aspectos técnicos da masturbação. Senão vejamos ( e chamemos ao simpático pénis Zezinho, para comodidade descritiva):

1 – O Zezinho excita-se, aparentemente, à vista de umas quantas abelhas que diligentemente se dedicam à nobre tarefa de recolherem o néctar para o fabrico do mel. Não preciso de dizer que uma criança desavisada pode muito bem ver este vídeo, ir ao campo e à vista de umas quantas abelhas, se pôr a «mexer na pilinha». Imagine-se o risco em que a criança incorre, se uma das abelhas se irrita e lhe pica o Zezinho. Sugere-se, assim, que o vídeo substitua as abelhas por uma calendário com gaj@s bo@s. Este @ é de inspiração jugulenta e justifica-se por razões óbvias;

2 – Depois, o vídeo demonstra uma técnica estranha de masturbação. A «coisa» marcha com duas mãos. Quando a criança perceber que uma mão lhe chega perfeitamente pode, com grande possibilidade de certeza, fazer um traumatismo psíquico. Pensar que tem um Zezinho pequeno, por exemplo, porque também convém explicar que essa treta de que «o tamanho não interessa» é isso mesmo – uma treta e que até as anedotas glosam a vantagem te se ter um Zezão em vez de um Zezinho;

3 – Segue-se o acto propriamente dito. Reparando no vídeo, verificamos que a fricção é feita exaustivamente, mas apenas ao nível do prepúcio. Há que esclarecer as criancinhas masturbáveis de que o vai vem do prepúcio é bom, sim senhor, mas porque deixar para trás a fricção vigorosa do membro na sua plenitude, engordando bem aquele corpo cavernoso (sugere-se outro vídeo com pormenores sobre o corpo cavernoso) que se há-de encher de sangue para fazer do Zezinho um Zezão bem gordo e glutão e em pleno gozo masturbatório? Falha muito grave, também: Então e se a criancinha é judia? Ou mesmo não judia mas os papás resolveram fazer-lhe a circuncisão? De acordo com o vídeo, como é que a criancinha faz se não há prepúcio para o vai vem?

4 - Depois… há ali uns fatídicos 52 (!!!) segundos masturbáveis. Então o programa sexual infantil não deverá explicar ao puto que esta coisa dos orgasmos rápidos não dá gozo nenhum e, pelo contrário, devem ser bem elaborados e na forma do quanto mais tempo melhor? Andamos a ensinar criancinhas a atingirem o clímax em … 52 segundos? Será que estamos a criar monstrozinhos condenados a serem rejeitados pel@s futur@s parceir@s acusados de ejaculação precoce? Então não se ensina as criancinhas de que o sol quando nasce é para todos e estamos já a ensiná-los a ser egoístas e mecanicamente masturbáveis?

5 – O pormenor dos pelos do escroto. Se o Zezinho até é um boneco simpático, que diabo de ideia é aquela de colocar aqueles pelos espetados no «saco»? Então não estamos a correr riscos? Primeiro porque, lá está, bem podemos estar a traumatizar criancinhas que ainda não têm pelos… depois… eu bem me lembro que tinha 12 anos e tinha a mania de rapar o buço para o bigode me crescer mais depressa. Imagine-se que as criancinhas fazem o mesmo, tentam rapar o saco e ainda se capam para ali, por causa de um estúpido vídeo que um belga não menos estúpido resolveu inventar?

6 – Passo por cima daquele abundante chuveiro seminal, ainda que sugira que os mestres expliquem às criancinhas que um esguicho daqueles não está propriamente à mão de semear de quem se encontra ainda na faixa da idade infantil. Bem me lembro o que tive de explicar a um sobrinho de oito anos como é que o Ben Stiller tinha uma ejaculação tão forte que dava para a Cameron Diaz ir ao cabeleireiro. Como dizia, passo por cima do «esguichal» chuveiro, mas não posso deixar de registar aquele ar de exaustão semi-comatosa do Zezinho na pós-função. Que diabo, há que explicar às criancinhas que «aquilo» é bom e não cansa por aí além. Muita criança preguicenta olha para «aquilo» e só de ver que vai ficar com Zezinho fora de combate daquela maneira, poderá muito bem evitar o acto masturbatório. O que, como se sabe, acarreta enormes riscos psíquicos e psico-somáticos.

Pronto. Cumprida a minha missão cívica de sugerir algumas alterações ao vídeo, resta-me cumprimentar estes cérebros prolíficos de ideias e, sobretudo, preocupados com a arte de se masturbar o Zezinho. Não vá as crianças assustarem-se com as primeiras erecções e fazerem alguma asneira. Outros vídeos serão bem-vindos. Pedagogos belgas e mesmo de outras nacionalidades: Uni-vos e param mais obras asseadas como esta. Façam inclusivamente grupos de trabalho e discutam o assunto. Façam brain-storms. Work-shops. Seminários. Troquem experiências. Masturbem-se até, se for caso disso e se conseguirem, self-service ou uns aos outros, já agora tirem algum partido do esforço, que é por uma causa nobre… as crianças em idade infantil agradecem.

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domingo, fevereiro 06, 2011

Que parvos que somos


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E a plateia saltou, vibrou e aplaudiu. Em Portugal é fácil este tipo de reacção, esta mola revivalista do contra, da crítica e do sentimento dúplice de desdém e de inveja pelo poder e pelos poderosos. Daí que o estrondoso aplauso no Coliseu a premiar uma canção ainda desconhecida, (penso que nem gravada está ainda, apenas é conhecida por via das redes sociais) e entoada por uma banda de valor e qualidade estética discutíveis, tenha derrapado já para o nascimento de um «hino». Hino é mesmo o vocábulo mais ouvido para identificar uma letra poderosa e apropriada ao momento político e social português.

Ouvi Pedro Marques Lopes dizer no Eixo do Mal que houve uma tentativa clara de apropriação da génese da letra pela «esquerda» e pela «direita». Por uma vez concordo com Pedro quando ele diz que tem pena que a direita se tenha empertigado também para a captação do hino. Porque a esquerda, ainda que numa primeira análise de relance possa parecer o inverso, é manifestamente responsável e a musa inspiradora de uma letra poderosa como a deste «Que parva que eu sou». E responsável por duas razões principais. Uma porque tendo estado praticamente no poder desde o 25 de Abril, criou apadrinhou e alimentou um desiderato político e social que só poderia conduzir a esta desgraça. A segunda porque mesmo reconhecida que é a tragédia cantada pelos Deolinda, a esquerda continua cerrada na defesa dos «direitos adquiridos» dos que estão empregados, mesmo que isso signifique um dique fortíssimo a conter os interesses represados de uma clique privilegiada e colada como lapas ao emprego que tem, «proibindo» o emprego e o desenvolvimento das fornadas de jovens que todos os anos saem das faculdades.


Para ouvir a «Que parva que eu sou», clicar aqui


Sou da geração sem remuneração

E não me incomoda esta condição
Que parva que eu sou
Porque isto está mal e vai continuar
Já é uma sorte eu poder estagiar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar

Sou da geração “casinha dos pais”
Se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar

Sou da geração “vou queixar-me pra quê?”
Há alguém bem pior do que eu na TV
Que parva que eu sou
Sou da geração “eu já não posso mais!”
Que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo

Onde para ser escravo é preciso estudar

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sexta-feira, fevereiro 04, 2011

O sortilégio da mulher angolana



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De muitas mulheres que conheci em vários países africanos, sempre elegi a mulher angolana como uma das mais bonitas. E não há necessidade, sequer, de ir buscar uma mulata espaventosa na capa de um calendário ou a beber uma «Eka» com uma T- Shirt molhada. Por vezes, a beleza natural de uma vendedeira de um mercado algures em Benguela ilustra bem a minha convicção de que a mulher angolana é genuinamente bonita. Mesmo na pose desprendida e não ensaiada patente nesta foto que roubei ao Pedro Pimentel, um amigo que, cansado da mesquinhez pequenina em que este país mergulhou recentemente, pegou numas jeans, numa T-Shirt e na mulher e foi trabalhar para Angola.

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quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Os simpáticos camelos e os nobres cavalos


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Tenho de confessar um considerável acréscimo da empatia que eu já tinha pelo cavalo e pelo camelo. Depois de ver o caos instalado nas ruas do Cairo, com a multidão ao soco e à paulada enquanto alguns cavalos e camelos, já despojados dos seus montadores, vagueavam sem saber o que fazer pelo meio daqueles seres estranhos, humanóides, que se digladiavam na rua. Uma imagem patética. Mas nem por isso menos reveladora do mundo em que vivemos quando um cavalo e um camelo se entreolham pacificamente e como que se interrogam: - E agora? Fazemos o quê? Vamos para onde?

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Os grupos pró Mubarak


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É oficial. A TSF decidiu que a culpa de toda aquela «bagunçada» no Egipto é dos «Grupos pró Mubarak». A avaliar pela frequência, tom e substância das referências feitas aos «grupos pró Mubarak», a culpa só pode ser deles. E mais. Só podem ser feios, maus, sem qualquer noção dos direitos humanos, eles pilham, eles batem, eles obstruem, eles matam, brutalizam, pilham lojas e partem montras. Não menos importante, têm caspa, piorreia, mau hálito, erupcão sarnenta (no mundo civilizado e anti Mubarak a coisa chama-se psoríase), ejaculação precoce e cheiram mal dos pés.

Está explicada assim toda a problemática do Egipto. Não fossem os «grupos pró Mubarak» e tudo estaria já carrilado. Provavelmente não teria descarrilado sequer.

Não percebemos nada de actualidade internacional. Não fosse a TSF e vegetávamos no mundo do desconhecimento.

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quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Boa viagem, filhota


a flor da tua Terra
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Há notícias boas que brotam de uma manhã de sol, junto ao mar e nos aquecem o dia. Foi assim que há pouco me senti, nostálgico, gratificado e, permita-se-me que o diga, imensamente feliz, com a notícia que me apanhou rente ao mar (o mar, sempre ele, ligado às grandes questões da minha vida…) por via de um telefonema inesperado.

Boa viagem minha filha!

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terça-feira, fevereiro 01, 2011

Rui Pereira lembrou-se desta outra vez...


Rui Pereira: Votação? Qual votação? Hoje estou aqui para falar de regionalização...

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De vez em quando lembram-se disto. Num país de cócoras, com a sua dívida duplicada em cinco anos (cada português antes de dar a primeira mamada já deve €15.000, ouvi ontem dizer a Portas), gerido por um governo reconhecidamente incompetente e pateta, formado por um grupo de pessoas sem quaisquer qualificações profissionais que não sejam as de uma deplorável subserviência aos ditames de um Partido anquilosado pelo tempo e pela realidade dos tempos actuais, comandados por um primeiro ministro dúbio, desconfiável e envolvido numa fiada interminável de casos e episódios rocambolescos, factualmente reconhecidos pela população mas, mesmo, assim, fatalmente aceites com o espírito bovino e indiferente que nos tem caracterizado ao longo das décadas, lembraram-se, de novo da regionalização. É um pensamento recorrente, sempre que é preciso distrair a grei ou dar de beber ao ego inflado dos putativos caciques em que a sociedade é pródiga e que rapidamente tornariam este país, além de falido, ingovernável.

Não é difícil perceber o caos que se encontraria ao virar da esquina a partir do dia em que surgir mais uma camada de políticos, autarcas e regionalistas convictos, mandões, vaidosos, incultos, venais e naturalmente tendentes ao deboche, todos eles acobertados por estranhos esquemas de vida, a partir de instituições, confrarias, irmandades ou, por vezes, meros episódios de cueca.

Este homem lembrou-se agora, uma vez mais, de trazer à liça a regionalização. Ele sabe que é um tema querido e consensualizado numa vasta fatia da população que por razões várias se baba com este novo ordenamento sem cuidar sequer de saber que tipo de vantagens isso traria para um país de menos de 80.000 km2, salvo a exaltação de jargões políticos conhecidos, como a retirada dos poderes centralizados no Terreiro do Paço.

Por cada opinião como esta aqui humildemente expressa aparecem dez eminentes figuras a exercer o contraditório, alicerçados no protagonismo político e social que alcançaram e que, acham, lhes dá uma autoridade acrescida. Manejam mil argumentos para justificar a regionalização. Por mim, que não sou eminente, nem mediático, mas que me prezo de ter uma razoável argúcia na análise da nossa sociedade, acho que a regionalização seria/será o fim da picada.

Nota: Trazer este assunto à baila dias depois de ter borrado a escrita com o fiasco da votação para as presidenciais, diz bem do calibre das criaturas. Mas vai funcionando…

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