domingo, setembro 04, 2016

Faltava esta...



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A esquerda não pára quieta. Nem perde uma. De repente faz uma série de descobertas sobre Madre Teresa de Calcutá e aí vai disto. Veste uma T- Shirt do Che, faz uma oração (silenciosa, em respeito pela sua laicidade) por Chávez e pela defunta (?) FARC, manda uns vivas aos remanescentes Maduro, Morales, Castros e Jungs e vem para as redes sociais gritar aqui d’El Rei que Teresa não tinha nada que ser beatificada e muito menos canonizada.

Do que li por aí ainda fiquei à espera que Teresa tivesse tido um romance adúltero com um patrício que tivesse encontrado na selva, um caso com um padre que lhe tivesse aparecido debaixo duma Baniane e, sob a fresca folhagem da árvore, tivesse dado uma pecaminosa queca avulso, enquanto puxava uma passa. Que tivesse mandado umas chapadas num puto. Que tivesse roubado uma treta qualquer ou, em última análise, que tivesse soltado umas imprecações e invocado o santo nome de Deus em vão… sei lá, um pecado qualquer que toldasse a sua candidatura a santa. Nada disso, o mais grave que consegui ler por aí e traduzo livremente, foi  «…o que realmente surpreende na beatificação de uma mulher que adoptou para si própria um estilo de “Mother” Teresa é a rendição abjecta de parte da igreja às forças do “showbiz”, superstição e populismo…».

Está explicado. Vistas bem as coisas, a beatificação nem é verdadeiramente culpa de Madre Teresa. A culpa é da igreja, abjecta e rendida à volúpia das superstições, populismo, etc., etc., que servem para manter os povos no estádio atávico da ignorância. A igreja não vai ao ponto de usar estes subterfúgios para ensinar os seus crentes a cortar cabeças, explodi-las em ligação de explosivos em série ou atirar homossexuais dum prédio qualquer ou roubar crianças para parir guerrilheiros, mas que quer manter as pessoas, de uma forma abjecta, na ignorância, ai lá isso quer.

E é isto. Que não me confundam com a defesa da bondade da religiosidade exacerbada das massas, mas que esta atitude revolta da esquerda bem pensante me irrita, ai isso irrita. E tive tempo ainda para ler esta pérola (poupem-me a tradução que já estou a gastar muito tempo com o assunto): « The rich world has a poor conscience, and many people liked to alleviate their own unease by sending money to a woman who seemed like an activist for "the poorest of the poor." People do not like to admit that they have been gulled or conned, so a vested interest in the myth was permitted to arise, and a lazy media never bothered to ask any follow-up questions»

Cai o pano, despe-se a camisa do Che e vai tudo ao banho. E aguardar por outra cena qualquer. Enquanto Teresa, malquista e exprobrada, se torna santa e a Esquerda se esquece do assunto.


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domingo, outubro 18, 2009

Os pedófilos bons e os pedófilos maus

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Os indulgentes *

Cena 1. O cineasta Roman Polanski foi preso na Suíça sob a acusação de ter mantido relações sexuais com uma menor de 13 anos, nos EUA, em 1977.
Cena 2. Frédéric Mitterrand, ministro francês da Cultura, mostrou-se indignado pela detenção de Polanski que diz motivada por “uma antiga história que não tem realmente sentido”. Face às críticas daqueles que recordavam que a dita história sem sentido incluía sexo e consumo de drogas com uma criança Frédéric Mitterrand respondeu que “O trabalho de um ministro da Cultura é defender os artistas na França.” Cabe perguntar: e se fosse camionista o ministro dos Transportes defendê-lo-ia?Cena 3. Com quatro anos e meio de atraso sobre a data de publicação da obra, jornalistas e políticos lêem a autobiografia e Frédéric Miterrand. Nesse livro o agora ministro francês da Cultura dava conta do seu hábito de pagar “a rapazes” na Tailândia.
Cena 4. O eurodeputado Daniel Cohn-Bendit, um dos líderes do Maio de 68 em França, critica Frédéric Mitterrand pela sua tomada de posição no caso Polanski que, ao contrário do ministro francês, considera “um problema de justiça”. Já sobre o recurso de Frédéric Mitterrand ao turismo sexual provavelmente com menores (ou adultos que dada a ambiência do turismo sexual na Tailândia difícilmente poderão ser considerados tão livres quanto o é um adulto que se prostitui na Europa), Cohn Benndit considerou que as revelações de Frédéric Miterrand são uma espécie de terapia pública.
Cena 5. Voltam a ser referidas as acusações a Cohn Bendit de comportamentos impróprios com crianças. Os factos remontam aos anos 70, época em que o agora eurodeputado trabalhava nos jardins infantis revolucionários de Frankfurt. As acusações baseiam-se naquilo que o próprio Cohn Bendit escreveu em 1975 no livro “Le Grand Bazar” que na época não parece ter chocado ninguém.
Se este alinhamento fosse o esboço de um guião dir-se-ia que tinha demasiadas coincidências. Mas isto não é ficção. É sim o percurso de alguns dos protagonistas de uma geração que era jovem no final dos anos 60. Uma geração que rejeitou a moral burguesa e ocidental e que não só acreditava que ia fazer muito melhor como acreditava de que pouco havia a aproveitar na sociedade então vigente.
Como é conhecido, o capitalismo, esse eterno reciclador, reservou lugares de destaque e de poder a estes contestatários. Mas o tempo o está a pregar uma enorme partida a essa geração que enquanto teve e tem um discurso muito severo sobre quem a precedeu e se habituou a ser extraordinariamente indulgente consigo mesma. O que agora os atormenta não é terem chamado libertadores a ditadores, confundido filósofos com chefes de seitas ou, em alguns casos, terem atravessado a ténue linha que então separava a contestação do terrorismo. O que o tempo agora lhes atira à cara através de interpostas crianças é a memória desses anos em que eles gritavam liberdade, façam amor e não a guerra, eram jovens e belos, em que acreditavam que iam ficar para a História, quiçá ser o seu fim e não concebiam sequer que outras gerações os julgariam. Com as suas enormes diferenças o drama de Daniel Cohn-Bendit, Frédéric Mitterrand e Roman Polanski é que tudo aquilo que agora lhes é atirado à cara foi senão aprovado pelo menos razoavelmente tolerado em determinados períodos. Basta pesquisar nos arquivos dos jornais, sobretudo dos franceses, para encontrarmos referências aos abaixo-assinados subscritos pelos intelectuais nos anos 70 pedindo a libertação de pedófilos que então não eram vistos enquanto tal mas sim como contestatários da repressão burguesa da sexualidade infantil.Contudo o que impressiona em 2009 não é tanto o que se diz, fez ou escreveu há trinta anos mas o constatar-se a disponibilidade para novamente, em nome da libertação dos adultos, tomarmos sem grande reflexão decisões que não sabemos como podem interferir com as crianças por elas afectadas. O caso presente da adopção por casais homossexuais é um exemplo disso mesmo. Que dois homens ou duas mulheres queiram ver reconhecida a sua união como casamento é uma questão entre adultos. Bem diferente é uma sociedade assumir que no futuro existirão crianças que serão identificadas como tendo dois pais ou duas mães. Como irão reagir a isso?Ao contrário do que por vezes se sugere não vejo que alguém fique homossexual por ser criado por homossexuais – aliás se assim fosse não existiam homossexuais pois até agora todos nascemos em famílias heterossexuais – como nem sequer me parece que essa seja uma questão relevante. O que está em causa é que da nossa identidade fazem parte as figuras de pai e de mãe. Daí a luta no passado contra a existência de mães e pais incógnitos. E não deixa de ser sintomática desta necessidade a história muitas vezes reconstruída pelos filhos dos divorciados acerca do pai e da mãe, não raras vezes com grande injustiça para os padrastos e madrastas que lhes fizeram as vezes.Convirá que não esqueçamos que a propaganda passa e os factos ficam. E nestas matérias os factos tendem a confrontar-nos muito mais tarde. Nesse desagradável momento arranjar uns bodes expiatórios como está a acontecer agora com a geração de 70 dá jeito aos indulgentes. Mas na verdade não é muito leal.

* Helena Matos no Público
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segunda-feira, agosto 10, 2009

Cretinismo em uso nesta repartição


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Fernando Rosas, na senda da sua preocupação pelas grandes causas, está à beira de uma apoplexia pelo facto de dois ex-reclusos de Guantanamo recebidos em Portugal estarem sujeitos a medidas especiais de controlo. Fernando Rosas acha que o governo está a actuar de forma escandalosa, mesmo dando de barato que ninguém sabe exactamente os antecedentes e as condições do envio dos dois cidadãos sírios para Portugal. Mas Rosas analisou e botou sentença. Um escândalo, diz ele. Aos dois sírios dever-se-ia conceder já liberdade absoluta e estatuto de refugiado político. Admira-me Rosas não exigir casa e ordenado mínimo. . Provavelmente «passou-se-lhe».

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sexta-feira, junho 19, 2009

Pois...


[3199]

Impressionou-me ter percebido ontem em Carvalho da Silva um ar misto de triunfo e galhofa pelo "não" da comissão dos trabalhadores da Auto Europa.
Eu não conheço bem a natureza do conflito da Auto Europa, a única coisa que conheço são os alemães, razoavelmente, e os portugueses (estes, pelo menos, acho que conheço bem). E este conhecimento não me augura nada de bom para o conflito em apreço. Os alemães têm um grande sentido de dignidade e justiça para com os trabalhadores (para quem não saiba), mas são de um rigor extremo na forma como tratam os seus assuntos. Os portugueses… pois. Se a este "pois" juntarmos este arzinho PREC de Carvalho da Silva (era visível que até os botões da camisa se lhe riam ao ser entrevistado e eu pasmo-me como é que ainda "aqui" vamos…), espero o pior. Que não nos restem dúvidas.
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quarta-feira, abril 22, 2009

Stalinismo em estado puro. Ou, do aparelhismo indisfarçado

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A propósito de um vídeo difamatório

Se alguém divulga um documento alheio difamatório para outrem, o divulgador também comete o crime de difamação. Se o crime for cometido através dos media, a pena será agravada. E se a vítima for um membro de órgão de soberania, também tem pena agravada. Além disso, se se tratar de documento de um processo em segredo de justiça, há também o correspondente crime. O problema é a lentidão da nossa justiça penal...


Vital Moreira em Causa Nossa

Há tiques que se alojam nas tripas. Por mais esforços que se faça eles alojam-se. Lá. Para a vida. E dão volta ao estômago de cada vez que achamos que estamos curados.
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terça-feira, abril 14, 2009

Poluências


[3060]

Ana Gomes é uma personagem típica de uma certa esquerda portuguesa. Demagoga, insolente e trauliteira, vai entretendo a clientela na forma e no estilo a que nos habituou. Mas desta vez excedeu-se. Por um lado, na forma grosseira e confrangedora como aqui ataca Manuela Ferreira Leite. Por outro, porque produziu afirmações na televisão que me deixaram perplexo, a propósito dos actos de pirataria a partir da Somália. Diz Ana Gomes, basicamente, que Bush contribuiu imenso para a situação, instigando e apoiando a Etiópia a invadir a Somália. Por outro lado, que não nos devemos esquecer que os piratas actuam porque muitos navios estrangeiros iam descarregar poluentes no mar da região. Daí que a Europa tinha de dar lições de cidadania, já que a pirataria se resolve em terra e não no mar.

O costume, afinal. Para além da demagogia contida nestas afirmações é necessário que Ana Gomes nos esclareça devidamente sobre a questão dos tais poluentes descarregados no mar e que espoletaram a fúria dos piratas.

Particularmente nesta questão dos poluentes, eu sinceramente agradecia que alguém se manifestasse e me dissesse o que se passa. Até aceito que haja alguma consistência no que ela diz e, a haver, as pessoas têm o direito de saber que poluentes são esses e o que é que realmente se passa. Caso contrário, teremos de admitir que Ana Gomes é uma pateta irada e de todo irresponsável em dizer coisas destas. Assim. Com os ingredientes do costume. Bush, poluentes, os EEUU a ajudar a Etiópia e uma Europa civilizada e democrática para dar lições ao mundo de como se deve lidar com esta maçada de estarmos sujeitos a piratas zangados porque lhes andam a descarregar poluentes na praia.
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sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Os foliões


[2974]

Para a esquerda, não há quarta-feira de cinzas. A folia continua e aí está ela celebrando o haaaan... hummm... hannnn… não sei bem, os foliões lá saberão o quê e os porquês. A esquerda nacional congrega o seu folião espírito, simultaneamente. O PS "kimilsungando" o grande líder que, cito alguém algures, tem a espinhosa missão de conciliar a esquerda alegrista com o centro-direita (e isto, como se sabe, é um desígnio nacional), o PC vai até Almada dizer mal do PS e o Bloco vai ao mercado da Ribeira, onde em tempos houve um romance de amor entre a Rita peixeira e um Chico pescador, falar mal do PS e do PC ao mesmo tempo.

Todos eles se rirão. No que se refere a Sócrates, não é bem rir, é mais um esgar, assessorado ao milímetro pelos mesmos que lhe escolhem as gravatas, um sorriso de quem acha que está a cumprir uma missão, mesmo que isso represente o maior descaramento que me ocorre desde António Guterres. Louçã rirá sobretudo naquela altura em que falará da Caixa Geral de Depósitos e Jerónimo… também não é bem rir, é mais a expressão nobre (sente ele) daqueles que acham que os amanhãs cantantes mais tarde ou mais cedo chegarão. Agora parece mais fácil, porque estamos todos a mudar o paradigma, que é a acção mais notória actual das nossas forças políticas. Muito à nossa moda, muda-se o paradigma e está tudo resolvido.

No fim, e por atacado, todos rirão. Não sabemos bem é de quê. Não sabemos, aqueles que pensam que Portugal atravessa um dos mais graves momentos não da sua história, mas da sua viabilidade política, social e económica. E isso, na minha modestíssima opinião bem se fica a dever aos foliões em parada por este fim-de-semana fora. Mas como, bem cá no fundinho, o povo também é folião, lá mais para Domingo à noite, um par de reportagens do povo a beber um copinho e a rir, rir muito que é o que sabemos fazer melhor, ficará a pairar a ideia de que tudo está bem quando acaba em bem.

Quanto aos foliões, eles próprios, provocam-me um imenso mal-estar. Pela falta de seriedade de tudo isto. Pela sua objectiva responsabilidade no preocupante período que atravessamos e porque acham que a folia resolve tudo. Não resolve. Quando muito "resolve-os" a eles. Não resolve mais nada a mais ninguém.

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quarta-feira, dezembro 31, 2008

Orgasminhos


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O gozo, genuíno, que estas coisas dão ao Daniel de Oliveira...
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quinta-feira, novembro 13, 2008

O direito à indignação das criancinhas


Munições em Fafe

[2766]


Tenho desesperado por uma alocução sábia de Mário Soares a explicar aos portugueses (uma coisa que ele adora fazer, explicar-nos coisas), que os putos também têm direito à indignação, como se viu agora em Fafe. Mas Mário Soares meteu-se nas covas e tem andado calado, mais ocupado com programas na televisão e artigos meio infantilóides no DN.

Um dia alguém se lembrará de explicar (os portugueses adoram explicações) aos portugueses da importância das tiradas de Soares, indignadas, quando invectivava polícias ou fazia campanha presidencial com visões apocalíticas sobre a distinta possibilidade de não ser ele a ganhar Belém. E é bom que essas explicações venham depressa porque as criancinhas que foram esperar a ministra com ovos estão a crescer e acabam por sublimar um substrato (!!!, não acredito que escrevi isto) político revanchista, indignado, em suma, profundamente malcriado.

Talvez também alguém se lembre de incluir nessas explicações a forma como Mário Nogueira (sobre quem ainda ninguém disse ao João Miranda de que é que ele é professor…) vai conduzindo o descontentamento dos professores dos quais, alguém já disse e eu subscrevo, já toda a gente percebeu o que não querem mas ainda não se entendeu claramente o que querem.

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quarta-feira, novembro 12, 2008

A antiguidade é um posto?


[2764]

Julgo saber que Manuel Alegre não cumpriu o serviço militar obrigatório. Achou que a pátria beneficiaria mais e melhor se ele fugisse e combatesse da maneira que o fez. Curioso é como no fundo, bem no fundo, ele não escapou ao sentido e à génese da tropa, baseando o seu verbo em máximas que enformavam o espírito militar. Uma delas era a de a antiguidade é um posto. Pois foi isso mesmo que, do meu ponto de vista, Manuel Alegre terá feito quando se referiu ao autismo da ministra da educação. Disse ele que "pela sua idade e pelos combates que travou, não tinha paciência para atitudes de quero, posso e mando", como as da ministra.

Ora aqui está um bom exemplo do que um bom sargento de carreira diria, quando lhe faltasse argumentos ou se sentisse dono da verdade única. Manuel Alegre "está cansado, ainda, de gente que nunca tem dúvidas e raramente se engana". Como ele, afinal. Ou ele terá dúvidas no que diz, no que fez e no que acha sobre o que se deve
fazer?

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sexta-feira, outubro 24, 2008

Bora lá para o Neolítico


Clicar na foto para ver a coisa "neoliticamente" e, sobretudo, ver bem a localização de Manhattan, no contexto imoral da destruição do Neolítico

Imagem retirada do Blasfémias



[2134]


Ora então vamos todos voltar ao pré-Neolítico para não alterarmos a paisagem

"...Desde a Área de Projecto até à História o ensino unificado transformou-se em tempo de doutrina obrigatória. A própria Geografia não escapa à doideira. Esta imagem reproduz uma página dum livro da ASA para o 7º Unificado. Como é suposto as criancinhas devem corroborar as teses explanadas no livro..."

Helena Matos no Blasfémias.

Eu concordo com ela e acho, genuinamente, que está tudo doido. Mas mais grave que a “doideira”, como a Helena diz, impressiona-me o alheamento flácido de muitos daqueles que têm a nobre missão de educar. E aceitar bovinamente esta doutrina martelada em regime de permanência nas meninges das nossas criancinhas é, no mínimo, condenável. A menos que ande tudo distraído ou ocupado a fazer formação em “Magalhães”. Ou a estudar a agenda dos protestos que se avizinham.

Nota: Voltando ao “livro do 7º unificado”, gosto particularmente de terem escolhido, certamente por acaso, Manhattan para a “foto-exemplo” de destruição do Neolítico e da pergunta “quem nos deu o direito de agir desta forma?” Entenda-se, eles, os americanos. Porque por cá temo-nos portado benzinho. Não temos ido muito além de St. António de Cavaleiros, Buraca e Odivelas. Sempre nos esforçámos por não abandalhar muito o assunto e manter um certo fio de jogo.


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quinta-feira, setembro 18, 2008

A História a que as nossas crianças têm direito


[2673]

É com espanto e indignação (eu que estou longe já dos conteúdos didácticos em curso) que verifico como em muitos manuais escolares ainda hoje se ensina a história. Tiradas como, e cito,

“…o comunismo foi positivo para a economia…
...o exército Zapatista é um movimento social…
...a globalização quer transformar o mundo num vasto casino…
...se, na URSS, a acção de Estaline provocou milhares de mortos, nos EUA a perseguição aos suspeitos de simpatizarem com o comunismo transformou-se numa verdadeira caça às bruxas…
...Cuba atravessa sérias dificuldades por causa do bloqueio americano e tenta ultrapassá-lo através de uma aproximação à Europa…”

fazem parte de um número de manuais escolares, aliás citados num blog que à frente “linco”.

Estas pérolas e muitas mais constam de um extenso material publicado na Sábado e compilado pelo blog Fiel Inimigo, com transcrições literais e respectivos “links” de várias monstruosidades, afinal em uso ainda em manuais correntes no nosso sistema de ensino.

Pessoalmente não sei sequer definir o grau de irresponsabilidade de quem manda e autoriza estes desmandos. Vale a pena ler o “blog lincado” e ler o tema na totalidade, os exemplos que dou são apenas uma pequena amostra.

Há, ainda um factor que me espanta. Ou nem por isso. A aparente indiferença com que os professores “passam” por episódios como estes. Devem estar assoberbados com a aglutinação de voto pretendida para as próximas legislativas, para contrariar a "ditadura da maioria" (!!!).

Assunto percebido via JCD no Blasfémias.

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sexta-feira, abril 18, 2008

Democracia canhota


[2456]

"...Berlusconi governará a Itália, possivelmente com o mesmo desprezo pela democracia que antes já demonstrou. A história vai-se repetindo..."

José Leite Pereira, Director do JN, aqui

"...A terceira vitória…de Sílvio Berlusconi nas eleições italianas…não sofre contestação. Mas ridiculariza a democracia. É preciso que se o diga e escreva com todas as letras. Berlusconi ganhou. Mas a Itália continua a perder. O sistema democrático está a ser gozado. Pode mesmo estar a manifestar sintomas de estertores de morte… "

Paquete de Oliveira, Sociólogo, Professor no ISCTE e Provedor da RTP, no JN, aqui

"... Não é surpreendente a vitória de Berlusconi. Ele representa o que há de pior na política: grosseria, ignorância, mentira, má-fé, soberba e desprezo...É a vitória dos porcos, como escreveu Orwell..."

Baptista Bastos, Jornalista e Escritor, no DN, em 17.04.08, no artigo A vitória dos Porcos.


Respigado daqui.


Três depoimentos, um só estilo. É por isso que eu tenho medo da esquerda. Deslumbra-se com a vitória, espuma de raiva, apoplética, com a derrota. Fazendo alarde, sempre, duma superioridade intelectual com que, crê, foi bafejada na concepção.

Na vitória, nunca se sabe do que ela é capaz. Felizmente que tem sido possível vencê-la, quase sempre, com votos. E quando ela ganha acaba por se esboroar e fenecer em bebedeiras de poder. Até voltar a recompor-se. Porque a luta continua e a vitória é certa!

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terça-feira, fevereiro 12, 2008

Mau perder


[2319]

Alguma esquerda não sabe, nunca soube, perder. É resmungona, trauliteira e pesporrente. Sempre assim foi e só os grandes acontecimentos históricos absolutamente incontornáveis, como a queda do muro ou a desagregação dos países do bloco de Leste, permitiam alguma aparente remissão ideológica para consumo caseiro. Porque eu não esqueço os tempos em que ela, hoje cosmeticamente democrática, vivia amancebada e em idílio permanente com os regimes totalitários e mentirosos, mesmo que assumindo a superioridade intelectual de acharem necessários alguns retoques nos excessos dos “bárbaros”.

Por muito que alguma da esquerda democrática, a dos votos, se ajuste há os chamados tiques. Os tiques que lhe ficaram do autoritarismo, da intolerância e da ortodoxia dos bons tempos do amigo em cada esquina ou das amplas liberdades aspergidas na trovas do vento que passava para amadurecer o milho verde ao sol que haveria de iluminar e aquecer a humanidade. E o resultado é este. Perdem a cabeça, a compostura, e dizem as barbaridades que lhes vêm à cabeça. Sem pudor, sem decoro, intolerante, sem lisura e, muito menos, elegância. Corpos estranhos de quem tem uma noção muito peculiar do poder.

Vale a pena ouvir aqui António Costa, o presidente da Câmara da minha cidade a referir-se ao jornal Público, a propósito da reportagem/investigação sobre José Sócrates. Via.

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sábado, fevereiro 02, 2008

A diferença entre um estadista e um trauliteiro birrento



[2298]

Um é republicano e presidente da república. Tem um elevado sentido de Estado e foi a Cascais dizer que:

"Quis o destino que D. Carlos, como rei, enfrentasse tempestades. Quiseram os homens que lhe não fosse dado tempo para as superar. Neste momento em que se completam cem anos sobre a trágica morte do rei D. Carlos, é nosso dever honrar a memória de um português que sempre procurou servir a pátria". (Ler o discurso completo aqui).

O outro, não.

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quinta-feira, dezembro 06, 2007

Patusquices


[2189]

"...e que preferem divertir-se à conta da patusca, salazarenta e beata direita nacional..."


Daniel Oliveira é uma sequela de um filme que me fartei de ver. Ele sabe que a direita não é patusca, salazarenta nem beata. Sabe que há beatos, salazarentos e patuscos na direita, mas convém-lhe adoptar a atitude habitual da esquerda em vulnerabilizar e generalizar a direita com estribilhos gastos, mas ainda eficazes nalguns sectores da nossa sociedade. Que não o dele, porque Daniel de Oliveira é inteligente e sabe disso. Mas acaba por se tornar ele próprio patusco, salazarento (muito, muito, e no mau sentido) e beato da sua própria religião. Patusco porque os tempos hoje não se compadecem com a sua forma simplista e supostamente superior de classificar os adversários, salazarento porque de Salazar emanavam atitudes e estratégias como a da mosca na sopa do DO (ainda que Salazar fosse mais educado, polido e inteligente) e beato por que às ratas de sacristia correspondem exactamente estes fiscais da moral, bons costumes e correcto pensamento político em que DO se arvora todos os dias. Com persistência, devoção e fé. Muita fé.
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segunda-feira, junho 18, 2007

Gente ridícula



[1819]

O telejornal do C1 mostrou-me Paulo Dentinho numa peça de cerca de minuto e meio, a partir dos Campos Elíseos onde ele conseguiu dizer três vezes (não me contaram, eu ouvi e vi) que Sarkozi ganhou as eleições com uma ampla maioria, mas afinal a maioria não foi assim tão ampla como se julgava.

Isto já nem desonesto é. É anedótico, é burlesco ver esta gente a dilacerar as entranhas porque a direita ganhou. E não resistem em cair no ridículo. No ridículo de se dizer três vezes num curto espaço de tempo que Sarkozi ganhou com ampla maioria (palavras de Dentinho)
mas não tão ampla como se esperava.

Nota: Aparentemente, chegou-se a pensar
aqui e aqui que Sarkozi tinha perdido as eleições…

Gente ridícula.

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