sexta-feira, setembro 29, 2006

Reflexões


[1235]

“Isto” tem andado um bocado a correr, mas a partir de hoje melhora. Antes de sair para o trabalho vim dar uma "oftálmica" rapidinha à Blogos e acabei por só ter tempo para
este post do JCD.

Um post que o melhor comentário que se lhe pode fazer é não fazer comentário nenhum. Independentemente do seu padrão estético, o post dispensa comentários e convida-nos a reflectir um pouco. E colher as conclusões como fruta madura. É tudo tão claro…

quarta-feira, setembro 27, 2006

A luta continua


[1234]

Assim muito de repente, que não tenho muito tempo, vejo que mais duas fábricas no meu país vão “deslocalizar” a sua actividade. Para onde, perguntamos nós? Para o Cambodja? Roménia? Albânia? Paquistão? Nada disso. Vão ali para Espanha onde eu julgava que os salários eram consideravelmente mais altos que em Portugal.

Era simpático que alguém nos explicasse este fenómeno, leia-se deslocalizar para países onde os operários ganham mais. E tentasse corrigir as causas. Em vez de aparecerem já os sindicatos do costume a dizer que a opção é “a luta”. E é assim que vamos ter mais duas lutas, uma em Nelas e outra em Portalegre. No fim das lutas as empresas fecham na mesma e nós ficamos cá a lutar uns com os outros sem que apareça alguém que realmente entenda a situação e inicie uma luta contra os lutadores profissionais do costume que contribuem (desgraçadamente) para que cada vez mais se cansem mais de nós e dos nossos lutadores encartados que resolveram fazer da luta a sua (deles) própria, no malefício directo de muitos portugueses e da nossa economia em geral.

Entretanto cerca de mais mil famílias vão para o desemprego. Mas vamos à luta, que a luta continua.

terça-feira, setembro 26, 2006

Espumadamente em "mode tufinha"


[1233]

Este blog vai manter-se em mode idle por uns dias, que espero sejam poucos. Assim uma espécie de ralenti que, como todos sabem (acho), é um regime que não dá saúde nenhuma ao motor, se mantido por demasiado tempo. Forma-se carvões nas camisas e pistons, abala-se a electrotecnia que comanda a explosão nos cilindros, a árvore de cames cria folgas e as vibrações podem afectar apoios e braçadeiras. O suficiente para que em períodos mais prolongados seja mais conveniente desligar o motor do que mantê-lo au ralenti. Mas parado, parado, não gosto. Fica assim. Idling. Que forme lá os carvões que tiver de formar e folgue as braçadeiras que tiver de folgar. Nada que no regresso não seja remediável com duas ou três aceleradelas a fundo. Sai um bocado de fumo mas se o motor for de qualidade tudo regressa rapidamente à normalidade.

Entretanto, não escrevi sobre gatos, como queria a
Miss Springs. Mas para não se dizer que não me sinto tocado pelo mode tufinha com que me interrompo de falar mal do Chávez, deixo aqui uma sugestão ao gineceu. Visitem a Carlota. Ela tem um bom gosto supimpa, é tudo peças únicas, cores, muitas cores e eu, se fosse mulher, comprava. Como não sou, desatei para aqui a falar de árvores de cames e de regimes de rotações de motor. Mas se fosse, não perdoava. Porque acho que a Carlota tem artigos de gosto excelente e, sobretudo, cosy.

Até já.

domingo, setembro 24, 2006

Pudor




[1232]


Há alturas em que o pudor em doses mí -
nimas, aquele que é minimamente exigível em gente com responsabilidades ou, pelo menos, visibilidade públicas, anda definitivamente arredado da blogosfera.

Aqui, leio que
“…métodos dignos da mais abjecta ditadura, da Argentina de Videla, do Chile de Pinochet, do Gulag soviético às prisões secretas de Suharto, passando pelas salas de tortura da PIDE…” são prática corrente nos Estados Unidos. O mesmo país onde o mandarete Chávez vai produzindo uns dislates que lhe vão bem com a cara, ou publicitando o livroHegemony or Survival,” do conhecido crítico da política externa norte-americana, linguista e comentador político de esquerda Noam Chomsky.

Incoerências deste tipo poderiam suscitar, pelo menos, alguma inquietação sobre a bondade de afirmações como as de Ana Gomes. Mas não causam. Há um estranho decúbito mental entre o bovino e a idiotia que vai permitindo o vingamento da tese-mãe. America es el diablo.

Esverdeado era a avozinha



[1231]

Por força da educação que me molda, dos valores que me norteiam, dos princí -
pios que me regem, da ética que me baliza e das elites a que pertenço
, junto a minha à tua voz e denuncio esta execrável manobra de diversão.

Esverdeado era a avozinha, o golo foi precedido de fora de jogo, o orelhas tem a quarta classe da tropa, o Pinto da Costa pensa de que e o Bálentim acha que a Liga é um negócio de batatas à arroba.

Disse. Saiu-me!

Back home


[1230]

Ela voltou. Mochila de volume duplicado, cansada, cheia de histórias sobre o valor arqueológico da Serra do Caldeirão, de cusquices das colegas de escavação, das trapalhadas burocráticas das autarquias, das aulas que estão aí de novo, do grupo de colegas que era fixe, tirando uma outra massa lêveda, fazendo perguntas sobre os filmes que entretanto estrearam, sobre as gatas, mas o que verdadeiramente impressiona é que aos vinte anos estas perguntas são feitas todas a rir. Ou a sorrir, pelo menos. Perguntas frescas, conversa “fixe” e aquela sensação de como é bom amar um filho. Sem exercícios de retórica, sem espartilhos de contenção nem vias labirínticas de raciocínio, sem gestão de silêncios nem verbo escusado, sem preocupações de agradar nem receios de magoar. Não que não se possa amar outras pessoas assim, na forma que referi, mas quando a família é saudável da cabeça, com um filho é sempre assim.

Claro que há custos. A mochila ainda está por desfazer, as gatas desaparecerem e mudaram de afectos, o quarto dá aquela sensação de que se abriu uma janela e uma rabanada de vento pôs tudo upside down, o frigorífico ficou mal fechado, há uma montanha de roupa suja amontoada junto à máquina e só amanhã é que há empregada. Mas são custos que sabem bem…

sexta-feira, setembro 22, 2006

Bettina Papenburg


[1229]

A Bettina fez anos ontem. Não sei quantos, porque ela é aquela mulher bonita, elegante, serena que tanto pode ter cinquenta, como quarenta, como trinta e nove (também não exageremos, né?).

Eu vejo-a poucas vezes mas eu sei que ela me lê frequentemente. Mais gratificante ainda, sei que se refere aos meus posts encomiasticamente, mas com discrição, com elegância e com serenidade. Como ela. Uma mistura do Reno com o Iguaçu só podia resultar numa combinação assim.

Por tudo isto aqui lhe deixo um beijinho amigo de parabéns e os meus votos de que tenha passado um dia muito agradável. E lá estarei para a feijoada!…

Dia Europeu sem Carros


[1228]

Apresentador: - E agora a informação do trânsito…

Repórter: - Aqui em Lisboa a situação já está muito complicada como habitualmente, a fila na A2 já chega à ponte do Feijó e, depois da ponte, na saída para Alcântara, houve acidente entre três carros, deixando apenas uma faixa de rodagem livre. Na A1, o trânsito é já intenso também a partir das Torres de Lisboa e no sentido das Calvanas e no sentido inverso houve um camião que largou a carga junto ao “avião” pelo que a fila se estende já até cerca do quilómetro 14 no sentido norte-sul. No IC 19, os carros estão praticamente parados no sentido Sintra-Lisboa por causa de um acidente na zona de Rio de Mouro e no sentido inverso também já há paragens por causa da curiosidade dos automobilistas. Na A5, a fila estende-se já entre as portagens de Carcavelos e a estação da Galp e depois entre Carnaxide e o viaduto Duarte Pacheco, sendo que a Marginal não é alternativa porque há um carro capotado na curva do Monaco estando o trânsito parado no sentido Cascais-Lisboa e com muitas paragens no sentido inverso devido à curiosidade. A A8 está já com paragens em direcção à Calçada de Carriche e até ao viaduto da Cril. Aconteceu também acidente na avenida das Laranjeiras entre um ligeiro e um pesado, estando o trânsito já muito condicionado até Sete Rios.
No Porto…

Nota: O que vale é que em Aveiro, o presidente da Câmara disse ao repórter que a cidade “era como uma tubo de ensaio” (SIC) e ia “proibir” o trânsito a partir das 9...
- Nesta rua?
- Sim, nesta rua.
- Mas a câmara de vídeo está a apanhar vários carros a circular…
- Ah, devem ser moradores da zona que estão a sair para o emprego!

quinta-feira, setembro 21, 2006

Pergunta inconveniente?


[1227]

Falou-se pouco de Al Gore, the “ex next president of the iuessei” e da Verdade Inconveniente.

A verdade não era suficientemente inconveniente? Ou a inconveniência não era suficientemente verdade? Ou o futebol anda cheio de casos?

Sulfurite enxofrada e má educação


[1226]

Hugo Chavez pôs uma gravata e foi a Nova Iorque. E do que disse, o mais importante e de maior impacto parece ter sido que Bush era o diabo que devia ter passado por ali e que ainda cheirava a enxofre. Parece que pouca gente se riu, mas disse.

Ocorreu-me eu ter visto, há pouco tempo, esta criatura no lobby de um hotel de cinco estrelas na capital de um país africano, rodeado de várias dezenas de seguranças armados (para que conste, com os pistolões à vista, enfiados no cinto) e de um robusto grupo de loiras robustas, espremidas numa roupa que me fez duvidar se eram saias ou cintos largos, tudo na galhofa, tudo aos gritos, com violas pelo meio, palmadinhas nas louras, risadas, correrias. Sentado a um canto do bar, divaguei sobre os tempos que vivemos e ocorreu-me como é possível os cidadãos de um país rico como a Venezuela estarem miseráveis e entregues a um boçal de tal quilate. O mesmo que achou giro ir a Nova Iorque chamar diabo ao Bush.

Ele, Chávez, esta sulfurosa figura…

Sweet rainy day


[1225]

Chove. Copiosamente. Com elegância. Inteligentemente.

P.S. E que me perdoem os cidadãos que vão sofrer com a greve de Metro. Uma greve “derivado à
caducidade do Acordo de Empresa, o que, segundo os trabalhadores do Metro, irá criar condições de precariedade laboral.”

quarta-feira, setembro 20, 2006

Ao menino e ao borracho...

Furacão pífio e queca Schnitzel



Clicar na foto para ver melhor os grãos de areia


[1223]

As “breaking news” hoje, desde as seis da manhã, são que o Gordon afinal não é bem um furacão. É assim a modos que uma “furacoazita” que adejou pelas bordas de S. Miguel e S. Maria.

Isso não evitou o frenesi dos nossos repórteres e correspondentes que têm acompanhado em permanência o furacão e nos têm informado, de dez em dez minutos, que “tudo decorre normalmente, as pessoas vão tomando o cafezinho num café em frente onde o repórter está estacionado, os autocarros transportam os seus passageiros e a vida corre perfeitamente normal”. Altura, por isso, para mudar a reportagem para a Terceira onde “não se sente os efeitos do furacão e todos vão tomando a bica como em Ponta Delgada”.

Eu acho que a informação é boa, não morreu ninguém, não se estragou nada e ainda bem. Mas que diabo. Estas reportagens soam a mistura de conversa de vizinha a comentar os últimos amores da divorciada do quinto esquerdo com o pânico de um cataclismo do tipo que extinguiu os dinossáurios e que não chegou a verificar-se, pairando a ideia de que não fosse ter-se fechado as escolas e a janela da cozinha e estaria tudo em escombros e continua a remeter-nos para um provincianismo arrepiante e, mais grave, quase a dar a impressão de que connosco até os furacões são nada de jeito. Coisa pífia e de brandos costumes.

Lá continuamos nós a divergir do resto do mundo que tem Katrinas e correlativos e nós desde 1755 que não temos catástrofes que se veja. O que vale é que a ex-namorada de Cristiano Ronaldo (quem era a piquena, afinal?) foi apanhada a fazer sexo na praia (exemplo na foto). Na praia, imagine-se, com aquela areia toda a entranhar-se nos eixos caulinares da folha da begónia. Só visto. Valha-nos uma ilustre queca panada de uma “ex” de um ilustre espécime nacional para nos trazer alguma excitação, senão não passávamos da sensaboria do furacão que não destruiu nada e dos açoreanos a tomar a bica calmamente em Ponta Delgada…

terça-feira, setembro 19, 2006

Pois...


[1222]

"...O que a mim me repugna, o que me dá um asco insuportável são as vozes de legitimação no Ocidente, a desculpa ao ódio e à intolerância, o sentimento de culpa da pequeno-burguesia que esquece – quando assim o exige o politicamente correcto da hora do café - a importância da liberdade de expressão..."

........................................

"...Náuseas, vómitos, nada mais que isso me merece o discurso de merda de uma sociedade tão farta de viver bem, tão cansada de votar, comprar a crédito, ver gajas nuas, foder aos dezasseis anos, dizer mal do Presidente da República, viver do subsídio de desemprego, levar no cu e não acreditar em Deus que prefere defender os povos que cabem nas manifestações globais e coloridas da moda a questionar-se sobre a origem da sua própria cultura, meditar sobre os valores que levantaram esta civilização que permite o matrimónio entre gays e o direito dos animais. E o mais penoso é que seja a Esquerda, que tanto invoca a liberdade e se apropria da democracia como valor exclusivo, quem caia nesta pouca vergonha desmemoriada..."

A Rititi em grande forma. Ler o post todo aqui.

Bloguem-nos com deleite

[1221]

Caros amigos,

Por motivos alheios à nossa vontade (mas não, eventualmente, à nossa incompetência) fomos forçados a mudar de endereço.

Agora é este:
www.chumo.blogspot.com

Se quiserem fazer-nos duas graças, não podendo prometer-vos para mais tarde o reino dos céus, ficar-vos-emos gratos.As graças que pedimos são as que seguem:

1 - Actualizem o nosso endereço na vossa lista, se for o caso de já nos terem lá, para poderem beneficiar dos nossos ensinamentos e outros etecétaras em que somos pródigos.

2 - Se quiserem proporcionar-nos um breve momento de deleite - como são breves, os deleites! - refiram-nos nas páginas do vosso blogue, com o novo endereço.Muito gratos.Um abraço e muitíssimo obrigados.

A equipa do blogame,Lolita, Besugo, Alonso (e Stkaneko - esse, como sabem, nunca se sabemos)



E eu ia lá passar sem proporcionar um momento de deleite à Lolita, ao Besugo e ao Alonso (e Stkaneko) e sem o benefício da prodigalidade em etecétaras deste
gang bem disposto…

Aqui fica a transcrição do mail deles recebido e faço-o com muito gosto.

Temos de mudar as mentalidades


[1220]

Temos de mudar as mentalidades e fazer com que os pais comecem a levar os filhos ao dentista a partir dos seis anos. Temos que mudar mentalidades para evitar tantos acidentes de trânsito. Temos que mudar mentalidades para evitar a violência no futebol. Temos que mudar mentalidades…

Eu por acaso concordo que temos de mudar mentalidades. Mas talvez começando pelas nossas em vez de acharmos (sabiamente) que temos de mudar as mentalidades dos outros. É que é um pretensiosismo total a manutenção de uma pretensa elite que se sente mandatada para escrutinar a mentalidade do próximo e isto é um fenómeno cada vez mais arreigado no sector lúcido (?) da sociedade portuguesa. No que é ajudada por uma dinâmica natural a partir dos órgãos de comunicação social, discursos de políticos, professores, intelectuais e, até, cronistas desportivos. Mudar mentalidades é uma forma politicamente correcta de alguns iluminados acharem que poderão transformar Portugal num país moderno. Ora esta forma de entender, julgar e pretender mudar muito do que a nossa situação tem de mal enferma á partida de um autêntico aleijão de mentalidades, qual seja o reconhecimento implícito de que há uma dicotomia nítida entre os de “correcta mentalidade” e os de “mentalidade aleijada”. Haverá aleijão maior?

Enquanto se mantiver o actual estado de coisas em que qualquer cidadão se sente autorizado ou mandatado para poder cometer as maiores tropelias sempre que um pai não gosta do risco ao meio de um professor, do local de uma instalação de uma fábrica, do traçado de uma estrada e qualificado para berrar ao microfone de uma TVI qualquer, as mentalidades não mudam coisa nenhuma e vamos caindo cada vez mais numa sociedade que é assim uma mistura de general Tapioca com uma claque de futebol brasileira e com uns Louçãs, Rosas e Boaventuras adventícios que vão deliciando a esquerda do nosso contentamento.

Surja (por milagre?) um grupo de políticos que, estritamente dentro dos mais puros cânones da democracia, consiga estabelecer o equilíbrio entre o voto popular e o respeito por aqueles que o voto elegeu e que, bem ou mal, têm os destinos na mão por força do próprio voto (e por um período determinado de tempo) que lhes demos e as mentalidades mudam-se. Por si. Sem necessidade de iluminados que acordam todos os dias a pensar quantas mentalidades vão mudar. Em vez de perceberem que deviam mudar a sua.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Baba


[1219]

Pronto. É isto. Um mortal acorda, vem marcar o ponto ao blog, espreme duas meninges para ver se consegue sair qualquer coisa e depois depara com uma
coisa destas.

Tá visto que já não sai nada. Só mesmo ir ao duche e correr a colocar os pneus de chuva – não vá despistar-me na própria baba, marginal fora. E mandar
um beijinho para Itália, claro.

Uma Lição do Papa.


[1218]

Não deve haver académico que, lá no fundo, não tenha um especial fraquinho pelo Papa Bento XVI. Afinal, ele faz parte da corporação e, mais, foi durante muito tempo um motivo de orgulho para a corporação. Fala o dialecto da seita, escreve no dialecto da seita e, se não pensa como a seita, pensa segundo as regras da seita. Só que é Papa e que, sendo Papa, de quando em quando, esquece o mundo cá de fora e reverte ao seu velho papel de universitário. O "escândalo" de Ratisbona não passa disto. Bento XVI, querendo explicar a irracionalidade da conversão pela violência, citou o imperador Manuel II Paleólogo. Num diálogo com um persa, Paleólogo dissera: "Mostra-me então o que Maomé trouxe de novo. Não encontrarás senão coisas demoníacas e desumanas, tal como o mandamento de defender pela espada a fé que ele pregava". O mais preliminar assistente de Literatura, História, Filosofia ou Teologia percebe logo três coisas. Primeira, que o Papa não dá o imperador Paleólogo como um intérprete autorizado da religião muçulmana, mas como um como um opositor inteligente à perseguição religiosa. Segunda, que o Papa não esqueceu as perseguições da sua própria Igreja e que usou o imperador por conveniência ilustrativa da desordem moderna. E, terceiro, como o título e o resto da conferência comprovam, que Ratzinger não estava interessado em "atacar" ninguém, estava interessado na dualidade da fé e da razão. Infelizmente, a "rua" islâmica não é o público letrado da Universidade de Ratisbona e começou rapidamente a usual campanha de ódio contra o Bento XVI, que de toda a evidência o deixou estupefacto. O papa já lamentou o equívoco, mas não pediu desculpa. Não podia pedir. Nem pelo incidente, fabricado pelo fanatismo e a ignorância, nem pelo teor geral da conferência de Ratisbona. Ratzinger insistiu que a fé não é separável da razão e que agir irracionalmente "contraria" a natureza de Deus. Não vale a pena entrar nas complexidades do assunto. Basta lembrar que desde o princípio (desde Orígenes, por exemplo) se construiu sobre a fé cristã um dos mais sublimes monumentos à razão humana e que o Ocidente, apesar da "Europa", não existiria sem ele. A fé muçulmana não produziu nada de remotamente comparável e, durante quinze séculos, sustentou uma civilização frustre e parada. A conferência de Ratisbona reafirmou a essência do cristianismo. Se o islão se ofendeu, pior para ele.

Vasco Pulido Valente no Público de ontem

Os tiques da esquerda


[1217]

A propósito do grande número de espectadores que se têm dirigido a Paquete de Oliveira, pedindo que a RTP volte a passar o Loose Change, uma grosseira mistificação dos acontecimentos com evidente sintomatologia paranóide do 11/9, diz
André Azevedo Alves no Insurgente:

"...Quem compreender os mecanismos da acção colectiva facilmente se apercebe de que os provedores são uma ferramenta ideal para que grupos minoritários extremistas - como o PCP e o BE - consigam através da acção directa aumentar ainda mais a sua já desmesurada influência na comunicação social. A utilização destes mecanismos permite-lhes simular uma representatividade que de facto não têm. A perversidade maior destas situações está em que, ao serem-lhes concedidos mecanismos que permitem levar a cabo essas simulações e manipulações, os grupos extremistas acabam por beneficiar em termos bem reais da (falsa) imagem criada, não só pelos efeitos de propaganda conseguidos mas especialmente pelo poder efectivo que lhes é atribuído. Assim se explica também a preferência da extrema-esquerda pelas experiências de "democracia" participativa e pelas acções de rua como alternativa à democracia eleitoral burguesa. Para a extrema-esquerda, o padrão é o mesmo de sempre. Só os meios usados e os idiotas úteis que são manipulados vão mudando..."

sábado, setembro 16, 2006

Começa a ser demais

[1216]

Alguém me explique, por caridade, a histeria que acontece sempre que os princípios fundamen-
tais da democracia e da nossa sociedade livre e de garantias das nossas liberdades são questionados, sobre a premissa de que não podemos combater o terrorismo passando por cima dos princípios fundamentais da nossa civilização e usando os próprios métodos do terrorismo, tal como tem acontecido com os alegados voos da CIA em território europeu mas, por outro lado, temos de nos sujeitar a censura e, sobretudo, proibirmo-nos de dizer seja o que for que vá bulir com os humores dos muçulmanos.

Tudo isto começa a ser uma treta muito perigosa e penso que se aproxima o dia em que será a própria opinião pública a dizer basta e a exigir que tudo isto se resolva á bomba, se preciso for. Quando um discurso de um Papa (transcrito aqui
) provoca as reacções que provocou é porque o espaço para o diálogo e discussão racional realmente se esgotou.

Link para o discurso do Papa via Blasfémias.


É esta...



Clicar para aumentar


[1215]


Esta é a foto que eu tentei pôr no post anterior mas que, por qualquer razão que não descortino, não entrou. Pode ser por causa do selim, quem sabe?

Cicloviar


[1214]

Para todos aqueles (e aquelas, há que aderir, "desde logo", "nesta matéria" e "em sede própria" às constantes mutações de moda do nosso léxico) que acham que o espelho que têm em casa é um espelho de feira, daqueles que dão a ideia que nos estão a carregar no cocuruto e nos fazem transbordar da cintura das calças, ou daquelas, miserabilistas, que acham que em vez de derme estão forradas a casca de laranja de umbigo, aconselho um passeio de bicicleta na ciclovia do Guincho.

São muitas dezenas de donas espartilhadas em calções de licra que serão, provavelmente, dos filhos e tops das irmãs mais novas, só pode. E de respeitáveis chefes de família, estes com uma silhueta diferente, qual seja a de uma farta cintura disfarçada por uma T-shirt XXXL que se abate sobre uns calções largueirões contendo duas perninhas fininhas, brancas e carecas na barriga (delas, das pernas, claro). Vale a pena mantermo-nos na peugada de um dos muitos ciclistas (e das muitas, apesar de ser comum de dois…), se quisermos estabelecer um mundo de associação de ideias a sobremesas de gelatina.

Naturalmente, tanto a gelatina como casca de laranja e as barrigas de pernas carecas são habilmente disfarçadas com um completo conjunto de gadgets que custam mais que a bicicleta. Capacetes de tiras de esponja macia e garrida, óculos escuros à Lance Armstrong, cotoveleiras, joelheiras, fitas de testa, alfinetes de cabelo (também já vi elásticos mas, claramente, em casos de gente que não encontrou o alfinete), sapatilhas especiais com bicicletinhas estampadas e calções de licra de cores vivas e mais ou menos esticados, dependendo da volumetria do recheio. Este “equipamento” é mais ou menos comum, variando apenas as cores. Já com os tops a coisa fia mais fino. Há os tops justinhos que, à semelhança dos calções, proporcionam uma visão estética na justa medida da volumetria do busto das utentes e há uns trapinhos (ultimamente muito em moda) que consistem numas fitas com um nó ao pescoço e depois mais umas tiras com um ar de displicência estudada que permitem um livre bamboleamento da tal volumetria que faz variar a tal visão estética… isso, tal como disse há pouco. Só que neste caso, a coisa é mais “nature”. Tudo solto, tudo ao léu, tudo bamboleante, tudo muito sensual e claramente contra-indicado para os homens que, inocentemente, tudo o que querem é fazer um pouco de exercício e para os quais tudo o que tenha a ver com sensualidade esbarra dolorosamente num selim bem enterrado no rabo e que lhes faz esmorecer qualquer veleidade advinda das tais tiras soltas, negligentes e sacudidas pelas volumetrias do pecado.

Não é justo. Acho perigoso, mesmo. Provoca desconcentração e uma desconfortável colisão de reacções corporais em que o selim espetado no rabo normalmente vence. É, no mínimo, injusto e, ainda por cima, dói.

Tudo junto e somado, é bom viver numa área que nos permite pedalar vinte ou trinta quilómetros, enchendo os pulmões de ar puro, ouvindo o mar, desfrutando o magnífico cenário da chegada ao Guincho com o Cabo da Roca como pano de fundo. E o outro cenário, claro, de gordas, magras, roupa apertada, roupa frú-frú e a tal sensação espúria de volta e meia termos batalhas intestinas entre os testoesterõesinhos aos pulos por verem volumetrias soltas e bamboleantes e o tal selim dolorosamente apontado ao … pois, aí mesmo.

quinta-feira, setembro 14, 2006

This' what cats are for


[1213]

O gato é um bicho que serve para nós oferecermos a uma filha, uma namorada, ou uma amiga quando temos a mania que somos diferentes e podíamos muito bem dar uma boneca ou um perfume mas acabamos por dar uma bola de pelo que:

- Transforma €30 mensais de comida em caganitas moldadas (muito queridas), devidamente panadas por €20 mensais de uma areia especial e aromatizada que além de servir para panar as caganitas serve para eles (gatos) brincarem com os berlindinhos da areia pelo chão da cozinha;

- Entretem-se a esfiapar os sofás que custaram uma fortuna na Cerne e que nos obriga a dizer 1000 vezes à filha que ou ela corta as unhas às gatas ou cometemos um felinicídeo cruel e sem remorso;

- Define exactamente o que come e quanto come, elegendo uma marca de comida e recusando tudo o mais. Incluindo um filete de pescada limpa sem espinha nem pele;

- Enche a casa de pelos, obrigando a multiplicar o uso do aspirador (triplicar por três como diria a minha saudosa Ana, uma empregada doméstica que enriqueceu em Cascais a fazer camas e limpar casas e se reformou em Viseu aos 45 anos, tratando de um pomar de "bravo de esmolfe", enquanto eu tenho de esperar pelos sessenta e cinco e não tenho pomares (tenho uma amiga que tem um pomar mas é de "golden delicious" e eu não aprecio muito – a golden, a amiga é fixe e é muito apreciável);

- Proporciona uns posts divertidos à
Carla. Diverte-se ela também a contar as peripécias do Varandas (os nossos filhos e os nossos gatos são sempre os mais inteligentes, tal como o nosso dentista é o melhor do país). E serve ainda para a Hipatia colocar fotografias no blog, pensando que era a única que tinha uma gata tartaruga (Não, não és a úúúúnica…);

- Irrita a empregada lá em casa que acha que não tem nada que limpar a casa de banho das gatas, que não é para isso que lhe pago;

- Para ter uma irmã, porque enquanto os pais normaizinhos dão UMA gata às filhas, eu , idiota, fui na conversa de uma senhora idosa de Carcavelos que passa as horas vagas a apanhar gatinhos bebés abandonados no concelho de Cascais, e acabei por levar d-u-a-s maninhas para casa, pelo que as serventias acima referidas, no meu caso têm de ser multiplicadas por dois;

- Ter cio, se forem elas (sempre elas…) e custarem mais €10 mensais de pílula para não termos de passar 72 horas por mês a ouvir os lancinantes apelos de uma gata com cio, que é uma coisa assim entre o filme de terror na altura em que o assassino descobre a vítima no chuveiro, uma carpideira rouca e uma ninfomaníaca alérgica a pelos de gato a ter um orgasmo ( a ninfomaníaca, não o gato);

- Dizer a toda a gente que a minha filha tem duas gatinhas lindas e, no fundo, as gatas são minhas, que é uma maneira elegante de dizer que sou eu que trato delas, para não peder a empregada e as gatas não morrerem de fome;

- Finalmente, para fazerem fffff…..fffffff……fffffff….. que todos nós pensamos ser um tique felino mas não. Estudos recentes indicam que os gatos são gagos. Querem mandar-nos f…. e não são capazes.

Um post de gatos para variar de cretinos e cretinices, porque apetecer, apetecer , apetecia-me falar sobre a iminente inconstitucionalidade do caso do apito dourado, mas achei que os gatos iam mais com a gravata que pus hoje e irrito-me muito menos.

NOTA: Lá em casa são duas. A Gray e a Twilight. Uma é tartaruga e a outra… não é tartaruga. São aquilo tudo que digo no post, mas posso afiançar que o felino é a natureza perfeita. E vale a pena ler um par de livros sobre gatos para os percebermos bem. São animais extraordinários.

Cats (female) anyone?

Valha-me Deus


[1212]

O reboliço era grande à esquina da minha rua. Uma pequena multidão e um polícia de giro tentavam acalmar um homem corpulento que invectivava uma frágil mulher, encostada a um carro descapotável com a capota aberta.

O homem corpulento dava voltas ao carro, soltando imprecações mais ou menos ininteligíveis, ao mesmo tempo que parecia tentar fechar a capota que, por força de uma qualquer avaria aparentemente provocada pela mulher, não subia.

Pelo insólito da situação (provavelmente porque as circunstâncias ambientais começam já a fazer-me abrandar o carro para “ver bem” o acidente na faixa contrária da estrada ou indagar bem das razões de uma altercação pública – resumindo começo a ser mais português) fui-me aproximando do grupo e lá vi a mulher, frágil e temerosa, olhando para o homem (marido??) que desenvolvia todos os esforços para fechar a capota.
E eis que às tantas, o homem pára, volta-se para a mulher e diz:

- Deus queira que não chova, porque se chover, reza para que eu esteja bem disposto.

Percebendo que estava em face de um perigoso religioso fundamentalista, estuguei o passo e afastei-me. Deus Nosso me perdoe, mas custa-me ver a violência, Deus queira que tudo acabe em bem e que Nossa Senhora proteja a pobre mulher que estragou a capota.

NOTA: Acho que com episódios destes, acabando nós (os ocidentais, olaré) por cair na mesma ortodoxia de gestos e atitudes, temos que ser bem mais compreensivos com a religiosidade dos outros. Aceitá-la e, inclusivamente, ajustá-la aos nossos costumes decadentes que até invocamos o santo nome de Deus em vão quando a mulher nos estraga o descapotável. Por exemplo, eu acho que
é um exagero uma mulher ter de apresentar quatro testemunhas oculares masculinas para provar que foi violada e que se não apresentar, será condenada e, eventualmente, lapidada por adultério, mas o que é que se há-de fazer. São lá os costumes deles, o Profeta lá saberia o que estava a fazer. Deus Nosso Senhor os perdoe e ilumine e vai-se a ver, as mulheres hoje são umas oferecidas e capazes de tudo.

Via O Insurgente

quarta-feira, setembro 13, 2006

Resposta desproporcionada

[1211]

Esta acção é claramente desproporcionada. Quando muito, enfim, podiam matar uma raia ou duas. Agora… só mortas na praia apareceram dez. Fora as que não sabemos. Ná… estes australianos deviam era ser todos atirados para lá do atol.

Emulação socialista, versão Século XXI


[1210]

E quando eu julgava que já éramos tratados como as pessoas, aparece Sócrates a “guterrar” e a anunciar um prémio para o melhor professor, seja o que for que isso signifique.

Há tiques que remanescem, por muitas reciclagens a que o socialismo e os socialistas se esforcem para se submeter. Este prémio de Sócrates remete de imediato para as célebres “emulações socialistas” (muito usadas entre professores, aliás) que distinguiam os melhores. Claro que os melhores eram, quase sempre, aqueles que punham as criancinhas a cantar mais vezes e mais solidariamente uma série de cânticos revolucionários, solidários e internacionalistas, independentemente do ensino em si.

Os tempos mudaram, eu sei, mas como não estou bem a antever os critérios que irão nortear a apreciação do melhor entre muitos milhares de professores nem quem é que sobre isso vai decidir (uma comissão?) a única coisa que me ocorre é os lambe-botas militantes, os natural born oportunistas, a movimentarem-se em conformidade. O preenchimento de um “boletimzinho” de adesão ao Partido poderá até ser uma estimável condição.

E depois há a maioria (silenciosa?) de gente decente e competente que continuará a exercer o seu mister com dedicação e proficiência, imunes a estas tretas, ensinando os jovens e transmitindo-lhes, quiçá, uma noção de mérito que não tem a nada a ver com esta edição revista e actualizada das
emulações socialistas.

Felizmente. Valha-nos isso.

terça-feira, setembro 12, 2006

Crystal clear

[1209]

Prós. A ler no "A Origem das Espécies".

Sporting 1 Inter 0



Foto Lusa - TSF



[1208]

O futebol assim vale a pena. Sem peixeiradas, estádio cheio, uma equipa com quatro jogadores abaixo dos vinte anos, uma jogatana à moda antiga, o estádio cheio e um punhado de jogadores de fina água que vulgarizaram os craques do Inter. Lá se a táctica foi boa, não sei, não percebo nada disso. Mas sei que há muito tempo que não via jogar assim…

Bora lá ganhar aos gajos...



[1207]

Basta consultar a “blogos” há cerca de um ano atrás para percebermos quão diferente está hoje a importância do futebol para todos nós. Por nós entenda-se os que são do Sporting, do Benfica, do Porto e a
Hipatia e o José Lello que são do Boavista. Ele era posts, indirectas, posts com fotos, piadas indirectas, uma saudável verrina lançada aos adversários sempre que éramos seus algozes e até, no extremo, a parcialidade patológica do CAA. Esta “fervilhência” era notória nas vésperas dos grandes jogos, como se percebe.

Esta semana há seis (s-e-i-s) jogos europeus para clubes portugueses. Alguns deles de grande gabarito. Hoje há já um (o de maior gabarito, mas isto digo eu que sou lagarto). E poucos de nós parecem dar por isso. Procuro desesperadamente por aí um emblema, uma alusão, um “prá frente Sporting” ou até uma gozação qualquer de um lampião que se preze ou de um dragão mesmo que não se preze coisa nenhuma…). E não há. É o deserto. A secura, a aridez. A indiferença.

Hoje por hoje vamos estando mais interessados nos f…-se do major, nas escolhas de árbitros do Filipe Vieira (humn…humn…humn…), nos amuos cândidos do João Loureiro ou na fruta de Pinto da Costa. E isso é que interessa verdadeiramente. O resto… ah, o Sporting recebe o Inter, é isso. Pode ser que dê uma oftálmica logo à noite, se não tiver mais nada que fazer.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Prós e Contras

[1206]

Pôr Pacheco Pereira a debater assuntos sérios com Mário Soares é uma situação muito próxima do árbitro do Boavista vs Benfica a mostrar um cartão amarelo a um jogador qualquer e apanhar uma “testada” de Petit.

Não consigo entender como é que se associou a Mário Soares uma intelectualidade que ele, minimamente, não tem. O simplismo com que Mário Soares aborda determinadas questões, a evidente falta de conhecimento de factos históricos (ou uma pretensamente hábil manipulação dos mesmos) e a irritabilidade que demonstra em todas as situações que vão surgindo ao longo do debate desaconselham vivamente que se leve este homem a sério. Sobretudo quando do outro lado da tribuna está um homem com os conhecimentos e limpidez e arrumação de ideias como Pacheco Pereira.

Mário Soares está a prestar um bom serviço ao país. Pôr a nu, através dele próprio, o ridículo e o absurdo dos conceitos de anti-americanismo que vogam cá pela paróquia.

Vamos lá assistir à segunda parte da função…

ADENDA:
Helena Matos esteve sóbria e calma. Brilhante, quando referiu o exemplo dos "chineses que não se andam a explodir por aí". Mário Soares refinou o seu egocentrismo insuportável e (insisto) cada vez mais demonstra ter uma espécie de conhecimento pela rama de temas que ele tinha obrigação de conhecer profundamente, quanto mais não seja porque foi Presidente da República. Foi evidente um desnível intelectual muito grande entre ele e Pacheco Pereira. Deveria ser poupado ao ridículo.

Atordoado


[1205]

Estou atordoado. Desde ontem que estou a ser bombardeado com a mais vil campanha de descridibilização dos americanos, de Bush e de tudo o que tenha a ver com os Estados Unidos. A propósito do ataque assassino às torres, vi ontem um documentário na estação pública de TV em que se questionava se as explosões teriam sido causadas por aviões ou por mísseis. Se o avião que se despenhou no Pentágono era mesmo um avião comercial ou uma macabra manobra de Bush e seus apaniguados que teriam engendrado toda aquela história e, entretanto, escondido o avião verdadeiro. Não se sabendo bem o que teriam feito aos passageiros, mas isso agora também não interessa nada. Ouvi doutos comentários de gente que sabe da poda (pelo menos pelo estilo de forma apesar da concupiscência das ideias) a explicar à massa ignara como é que este arranjinhos se fazem, Bush a fazer moscambilhas com Bin Laden, Rumsfeld a cozer a sua imbecilidade no braseiro das Twin e muitos, muitos depoimentos a favor de uma corrente recente de que afinal aquilo das torres foi uma treta e que Bush seria o culpado.

Hoje a coisa fiou mais fina. O Forum TSF seleccionou, com esmero, um psicólogo, um politólogo e um professor que eu não conheço, mas muito desenvolto das ideias, que expuseram a mais idiota teoria dos acontecimentos do nineleven, no fundo afinando pelo diapasão de véspera, mas muito mais subtilmente. Com muito mais politologia, psiquiatria e pedagogia. Foi um rosário das penas que Bush nos tem feito passar desde que, por sua causa, uns assassinos loucos resolveram matar uns milhares de pessoas que não tinham nada que estar ali nas torres a trabalhar. Entremeou-se estas brilhantes alocuções politólogas, psiquiátricas e pedagógicas com meia dúzia de ouvintes, claro. Escolhidos a dedo, aos costumes disseram o mesmo que costumam dizer.

Eu fico mesmo pasmado com a capacidade crítica dos meus concidadãos, com a sabedoria dos politólogos, psiquiatras e professores do meu país que com a solução na mão para os grande problemas mundiais ainda não conseguiram resolver coisas comesinhas e intestinas como as bichas da saúde, a aflitiva e inaceitável iliteracia, apagar os incêndios de Verão ou a porcaria do trânsito da segunda circular. Mas lá do Bush percebemos nós. E do Irão. Do Líbano, Síria e Palestina, Dos direitos humanos, de paranóias securitárias e da manutenção das nossa liberdades. As fundamentais. Sabemos tudo.

Esta mesquinhês assusta-me e envergonha-me. Isto já não é sermos de esquerda. É sermos idiotas, ridículos e perigosos. E, sobretudo, não termos a menor pinga de respeito não só por aqueles que morreram tragicamente há cinco anos como por todos os que morreram depois e continuam a morrer lutando numa guerra da qual, aparentemente, parecemos ter o segredo.

Não fossem os broncos dos americanos e ja tínhamos "negociado" isto tudo…

I’m kinda american fella, today





[1204]


Hoje sou americano. Pela liberdade. Pela tolerância, pelo desenvolvimento e bem estar dos povos, pelo respeito pelo próximo e pelas virtudes consagradas numa sociedade livre e democrática. Sempre. No matter what, no matter how.

domingo, setembro 10, 2006

Olá, mãe...


[1203]

A receita é fácil. Solidariedade, Rosa Mota e Padre Melícias. É êxito garantido. E os portugueses aderem facilmente com a sua peculiar apetência pelas causas nobres e pela televisão. Se houver um brinde pelo meio, melhor ainda. Pode ser uma feijoada na ponte ou uma bicicleta e mochila a €50. O bom povo vem na televisão e papa uma feijoada ou traz uma bicicleta a pataco. Ah! E solidariza-se, claro. Não sabe bem com quê (hoje foi flagrante esse desconhecimento ou, então, foi azar dos repórteres…), mas solidariza-se.

NOTA: O confessor de Guterres está a envelhecer. Grita mais e esta a perder clarividência. Hoje, na maratona não sei das quantas do Porto a Lisboa organizada pelo “Clube do Stress” disse que correr faz muito bem ao stress. As coisas que esta gente sabe…

Nu?


[1202]

Minha querida amiga. Da última vez que me pediram para me despir deu uma confusão desgraçada, cujos pormenores omito por manifestamente não servirem o fim em vista. Mas presumo que não terá a ver com nada que não seja, inocentemente, despir a alma. O problema é que eu dispo mais facilmente o corpo que a alma, preservo-a, respeito-lhe a privacidade, vá lá saber-se porquê… talvez porque esteja tão comprometida que eu sinta mais pudor na alma que no corpo.

De "qualquer das maneiras" (adoro esta do "de qualquer das maneiras", também) não quero deixar de corresponder ao teu desafio, estabelecendo apenas uma regra muito simples. Não tenho qualidades nem defeitos. Tenho manias como os maluquinhos. Birras como os putos. Amuos como os mimados. Sou um apaixonado pela vida. Por coisas e pessoas. Tenho uma carapaça de cágado paras coisas más e a sensibilidade da folha de uma mimosa às coisas que amo, como a música, a boa leitura, um quadro, um pôr do sol e a imensidão do mar e as pessoas que julgo merecer. Ah! E gosto muito de humor. Humor apropriado, oportuno, mordaz, elegante, onde a expressão oral tem também um papel muito importante para as coisas terem graça. Acho mesmo que o bom humor é uma refinada expressão de cultura e de sensibilidade.

Já chega. Beijinho e segue a dança. Não nomeio ninguém, mas recebo com lhaneza quem quer que seja que lhe apeteça despir-se.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Afinal, por onde é que "eles" andam?



A "multidão" marchando em Vila Nova de Gaia no sexto dia.
Foto insuspeita daqui



[1201]

Ando intrigado com o paradeiro da marcha pelo emprego do Dr. Anacleto. Mas aquilo não era para ser 17 dias? Logo havia de aparecer agora esta coisa do Gil Vicente para tirar brilho ao evento… ou então os marchantes já arranjaram todos emprego.

Já agora. Tenho a certeza que nasceu um autarca em Barcelos. Vai uma apostinha? "Doia" a quem doer. Olaré!

O humor dela...


[1200]

Acabo de descobrir que tenho um primo terrorista: já se separou umas 14 vezes e, se isto não é combater pela liberdade (dele!),não sei o que será!

Diz a
125_azul, em comentário a este post.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Crystal Clear


[1199]


A CARTILHA:

1) O terrorismo é uma área de classificação subjectiva, e reversível consoante os cínicos interesses das sociedades capitalistas.

2) O terrorismo não se combate com balas, pois tal tornar-nos-ia iguais aos terroristas.

3) O terrorismo não se combate com políticas securitárias que têm como único resultado a diminuição da liberdade dos cidadãos.

4) O terrorismo tem a sua origem na miséria provocada pelas ricas sociedades ocidentais.

5) O terrorismo é uma invenção da América e dos seus lacaios.


6) O verdadeiro terrorismo é o do Estado.

7) O terrorista combate pela liberdade. Dele.


Pelo F. Nunes Vicente no Mar Salgado

Editora Espumante


[1198]

“Andava a esgraçadinha no gamanço
A trabalhar p’ro pai estrabeculoso
Inté pareces que és paaaaaaarvo
E a mãe, tinha frúnclos no pescoço.”

Assim cantava a minha desgraçada
Em antes de fugir da minha alçada.
E eu vestia a samarra
Pegava a guitarra
Ia p’rá viela.
Pensava só nela,
Mas ela fugia
E, puta, fingia
Que passava sem ver.
Lá ia ela a correr
P’ra um gajo qualquer
Dormir em pecado

E eu, abandonado,
Descia a cidade
Carregando a saudade.
E sem um queixume
Apesar do ciúme
Deixar-me roído,
Desgraçado e traído,
Atirava-me ao Tejo
Ardendo em desejo
Por aquela mulher.
E se alguém quer saber
Destas rimas a razão
É eu não ter que escrever
Mais nada aqui à mão.

E para aproveitar a esgraçadinha gravada nos Estúdios Espumante!

Via Miss Pearls

Os amigos são para as ocasiões


[1197]

Minha
querida amiga. Não quero que passes privações.

Enquanto o chefe pensa e faz contas vai usando este que, de momento, não me faz falta.

Os amigos são para as ocasiões, né?

Os suspeitos do costume




Suspeito deste artista...


[1196]

De repente é a suspeição generalizada. Voos suspeitos. Tripulações suspeitas, destinos suspeitos, cargas suspeitas, cartas suspeitas de Freitas do Amaral à suspeita Ana Gomes. É tudo suspeito. É espantoso como as televisões e rádios aderiram ao termo como uma das cíclicas modas retóricas em que somos… suspeitos. Tipo “é assim”, “portantos” ou “prontes”. E o resultado é que entre o acordar e a chegada ao escritório um cidadão é agredido nos noticiários com o vocábulo umas três dezenas de vezes. No mínimo.

A coisa é tão grave e suspeita (tenebrosa, diz
Ana Gomes) que às tantas pensamos que vivemos num mundo de virtudes transparentes e não fora um suspeito país cheio de actividades suspeitas, nomeadamente a apanhar uns pobres coitados por aí para os ir torturar para Guantanamo porque os seus cidadãos não devem ter mais nada com que se entreter e eu suspeito que viveríamos no paraíso. Suspeito que não por muito tempo, mas enquanto durasse não teríamos suspeitas missões secretas (te-ne-bro-sas) de países suspeitos a dar trabalho a Ana Gomes. Suspeito até que ela deve andar tão atarefada a suspeitar loucamente dos voos suspeitos que nem suspeitou da entrada do pessoal das FARC na festa do Avante.

Suspeito que somos cada vez mais um rancho de idiotas sem muito que fazer. Suspeito até que isto não tem emenda. E suspeito que os americanos devem andar preocupadíssimos com isto tudo. Suspeito que um tipo jeitoso para resolver esta embrulhada era o Solana. O Javier. Com Ana Gomes faria um par perfeito (tenebroso, agora digo eu…) e punham os americanos na ordem.

quarta-feira, setembro 06, 2006

The F word


[1195]

Ser vigarista e chico-esperto é uma condição humana, todos sabemos. Não há tartarugas viga-
ristas nem crocodilos chico-espertos. Ser pesporrente é outra virtude reservada aos humanos. Nem o mais alto e feroz rugido de leão é pesporrente, mas apenas a equivalência natural de fome, zanga ou desejo. Mas pesporrência, não. Mais humano que tudo isto, ainda, é ser vigarista, chico-esperto e pesporrente, mas vestir a expressão angélica dos justos e o olhar profundo dos puros. E isto, sim. Mexe comigo.

Andar anos a ouvir e ler sobre as
manigâncias dos Loureiros, Pintos da Costa e correlativos, observar as manigâncias ilustradas com irrefutáveis provas obtidas através de escutas telefónicas e depois ver que fica tudo em águas de bacalhau porque um advogado qualquer descobre uma vírgula a mais ou um prazo a menos e pede a "nulidade dos processos", o que significa que fica tudo na paz do Senhor e os protagonistas readquirem aquele olhar de cordeiro pronto a ser sacrificado pela Páscoa é que já me tine as cartilagens.

Se e quando Fátima Campos Ferreira interpela o "senhor major" num programa de televisão e gasta uns quantos segundos a dizer que tem a maior consideração pelo "senhor major" mas que tem de fazer a pergunta, dá-se então o desastre final e apetece soltar a rédea aos cavalos e fazer coro com o
Bekx nesta expressão.

terça-feira, setembro 05, 2006

Surpresa?


[1194]

Há dias, registei
neste post uma das razões porque sempre achei que ir à festa do Avante era pactuar com um Partido que não me merece qualquer respeito. Porque não é democrático e porque num passado recente me deu evidência directa e objectiva de que não hesitava em pactuar com organizações terroristas para atingir os seus fins.

A dormência instalada pelo tempo e o contorcionismo a que o PC se vai prestando para conseguir alguma decência de imagem junto dos seus apaniguados não chegam para que qualquer pessoa com memória (nem sequer uma boa memória porque, repito, o passado recente tem abundantes exemplos do totalitarismo em que consistia a essência dos partidos comunistas) deixe de sentir uma repulsa natural pelos “kamaradas” de serviço.

Daí que a cosmética de que a festa dos “kamaradas” se pretende constituir me provoque algum espanto e sirva até de excipiente para algum snobismo de extracção recente. O suficiente para que a bondade da “festa” não me excite por aí além. Porque se eu ir quiser uma sandes de coirato vou ao futebol, a boa gastronomia nacional está presente em dezenas de feiras e arraiais populares por esse país fora, os livros e discos estão á venda por aí em feiras, alfarrabistas e na Fnac e posso ver os magníficos “Xutos” num qualquer concerto de Verão.

Daí que me cause mais espanto ainda a admiração e a indignação de muitos blogues pela representação das FARC no certame dos camaradas. Há mini causas, movimentos e até sugestões para o assunto ser levado á Assembleia. Gente esclarecida e escorreita de ideias aparece agora surpreendida e a produzir posts que adequam à festa e que citam Ingrid Betancourt e outros raptados, com veemência e sinceridade, admito-o. Por mim, confesso que não estou surpreso e talvez por essas e por outras o meu subconsciente proteste de uma forma simplista, eu sei, mas que é minha. Não ponho os pés na festa.

O que me espanta, repito, é a surpresa. Mas surpresos porquê? E por alma de quem?

No
Tugir existe já uma lista de blogues que se expressaram incondicionalmente a favor da libertação de reféns na Colômbia e de que a entrada de membros das FARC em Portugal seja levada à AR. Associo-me, também, naturalmente, àquele apelo.

Retrato de família


[1193]

Só mesmo o elenco de ontem (Fatinha, Arnaud, Major (Portugal deve ser o único pais do mundo onde há um "senhor major" fora das casernas e uma apresentadora de TV chamada de sotôra a todo o instante), Madaíl e umas eminências do direito nacional e internacional, poderia substituir-se à minha rotina do “Who loves Raymond” e do “Seinfeld”.

Foi uma substituição feliz. O Major continua com aquela imagem de marca e aquele reservatório de testoesterona a que chamam voz, Madaíl a dizer que quer ir embora mas não pode por causa do Scolari, a Fatinha a fazer o seu papel habitual de “soluço” (leia-se, interrompe toda a gente que fale mais que cinco segundos e, agora, com uma “nuance”: quando adivinha o que as pessoas vão dizer, trata de se antecipar e dizer o mesmo, fazendo com que as últimas partes das intervenções saiam em coro. É uma sensação assim de quem está a ver um filme e alguém nos está a ler as legendas em voz alta…). Das eminências do direito, fiquei a conhecer o Dr. Cruz Vilaça a quem todos se referiam com ar grave e reverencial porque o senhor é, aparentemente, uma autoridade em direito comunitário. O único problema é que o senhor, independentemente das suas capacidades e sabedoria tem claramente um problema de dicção e falava de uma forma que parecia quando nos salta a corrente da bicicleta. Não se confunda com gaguez, é saltar a corrente mesmo, coisa que de todo não entendo num mister em que não basta saber – é necessário saber como o dizer.

Mas foi uma noite divertida. Quanto ao caso Mateus em si (E. Stanley Gardner, que titulava os seus livros sempre com “O caso de…” chamaria facilmente a este “O caso do contínuo Mateus que amava o futebol” ou, ainda, “O Caso do pai de um dirigente desportivo que se demitiu mas depois mudou de ideias), fiquei na mesma, mas isso acho que era o que interessava menos. O que realmente importava era sacudir as teias de aranha de Agosto e trazer de novo à ribalta o “retrato” português. Aquele a que estamos habituados e que fora, entretanto, a banhos.

Ali, tal e qual, no “Prós e Contras”.

Não entendo...


[1192]

Ponho o nariz fora de casa e inicio um processo de imediata liquefacção. Corro para o carro e, acto contínuo, verifico a orientação das grelhas dos ventiladores centrais do ar condicionado, antes ainda de pôr o motor a trabalhar. Após meia hora de conforto, abro a porta do carro, apanho com um bafo quente e seco (a lembrar-me quando abrimos a porta do forno do fogão) e corro para a porta da entrada do escritório. Uns minutos de elevador à temperatura ambiente de uma estufa algarvia de hortícolas e eis que chego ao meu local de trabalho. Atiro com o casaco, corro a levantar o estore da janela e procuro com fremência o comando do ar condicionado. Carrego naquele botão vermelho e mágico e fico ansioso olhando para as ventarolas do mecanismo enquanto me quedo, estático e patético, aguardando o ronronar salvífico do motor eléctrico que me há-de garantir os 20 graus C para o resto do dia. Sento-me à secretária e penso nas pessoas que suspiram em regime contínuo pelo calor. E não entendo.

É por isso que há guerras…

segunda-feira, setembro 04, 2006

Marchas



[1191]

O Bloco de Esquerda continua, inteligentemente, a tirar dividendos da cobertura mediática que se tem vindo a fazer à
"Marcha do Emprego" que vem a caminho de Lisboa (Seguir o link para ler 70 hilariantes medidas contra o desemprego e de como a marcha demonstra bem a "capacidade governativa" - SIC- do Bloco).

As televisões têm oferecido aos telespectadores um dos mais degradantes espectáculos de que tenho memória. Mostrando um punhado de "marchantes" nas mais inusitadas poses e figuras. A última mostrava os marchantes mascarados de vacas que, presumivelmente, simbolizariam as vacas magras, nossas companheiras de infortúnio. Os marchantes (numa espécie de trote cavalar) iam evoluindo (de forma bovina) numa rua que eu penso ser de Guimarães. Só vi duas vacas. Perdão, dois marchantes a fazer de vaca. Vi ainda um grupo de curiosos num passeio a rir e a cavaquear. Relances de Louçã com cara de caso a olhar para aquilo tudo, que era como quem olhava para "aquilo nada", já que era de nada que se tratava. O espectáculo era tão pífio que eu, alheio ao bloco, senti alguma comiseração pelo exemplo pires, trapalhão e néscio que o Bloco ia proporcionando.

Mais tarde, Louçã disse umas banalidades e, entre outras coisas, chamou Corleone, em tom jocoso (tom jocoso em Louçã corresponde a olhos a saltar das órbitas, maça de Adão em vai-vem contínuo, jugular dilatada e pupilas com o diâmetro da cabeça de um alfinete…), a alguns empresários da nossa praça. Duas ou três dezenas de marchantes caminharam, mais tarde, por uma rua abaixo, já sem vacas.

Mas os olhinhos de Louçã pareciam dizer: - Que importa o fiasco se logo vou ter quatro televisões (no mínimo) a falar da marcha? Mais tarde, pela noitinha, ao deitar, Louçã fará sua oração do costume que deverá ser mais ou menos assim. Abaixo os Corleones deste Mundo e que Deus os conserve no poder por muitos anos e bons para eu poder continuar a brincar aos políticos e aos economistas.

Give'em the finger


[1190]

Mas à sorrelfa, dissimuladamente, à boa e nobre maneira portuga, como faz, nesta foto, o impagável presidente do Gil Vicente.

Versão actualizada e revista do manguito de Bordalo…

Foto via Tomar Partido

domingo, setembro 03, 2006

Uff! Finalmente...




[1189]


Estava a ver que era filho único…

Nada como o conforto de não no sentirmos sozinhos.

Porque é Domingo


[1188]

A magnífica a. continua a escrever assim:

Gosto da imoralidade inquieta com que investes entre as minhas pernas e depois emerges dos teus trabalhos de língua como uma enguia cansada, para logo a seguir me prenderes com os pés as bochechas, tendo eu de te engolir inteiro antes que da minha cara faças banco desdobrável. Não te reges por quaisquer princípios quando me abres na tua trave como ginasta olímpica e rodas sobre mim, fazendo-me eixo fixo do teu gozo obsceno e arrogando-te a leveza de um ponteiro dos segundos. Não me deixas, sequer, espaço dentro da boca para poder passar o riso que sempre me invade quando nos vejo assim trocados, invertendo todos os códigos da importância dos carinhos: eu, a amar perdidamente um dedo do teu pé e tu, a namorares o meu tornozelo magro, que chupas como a última ostra. Mas do que eu mais gosto é quando um de nós se vira por fim no escuro, ambos ainda confusos, em busca de pontos de referência, do hálito cansado do outro. E do prazer de te esperar, cá em baixo, no fim da viagem, depois das curvas, das derrapagens, dos cruzamentos às cegas e inversões de marcha. O sexo é a melhor metáfora de nós: o sítio onde exageramos a vida e a esquecemos, enterrando a cabeça um no outro como avestruzes cobardes.

Deus nos livre, Nosso Senhor, dos nossos inimigos, agora e na hora... (2)


[1187]

João Morgado Fernandes tem a responsabilidade acrescida de ser director adjunto do DN, um jornal comummente reconhecido como um "jornal de referência", mesmo dando de barato que os jornais de referência poderão estar condenados a médio prazo em favor do imediatismo e da própria essência da web.

João Morgado Fernandes tem o seu mundo, o seu mundo, aliás, onde perora sobre o mundo dos outros. De uma maneira sectária e provinciana. Já que as críticas jocosas pretensamente cheias de mensagem política sobre G.W. Bush adquiriram um sentido que, em princípio, deveria significar uma particular elevação de espírito e de cultura. Daí que, João Morgado Fernandes, aparentemente jocoso, significantemente politico e deploravelmente provinciano se vai entretendo a fazer artigos, nos quais e do alto da sua sensibilidade crítica privilegiadamente iluminada vai achando que fosse outro (provavelmente ele próprio) a dirigir os destinos do mundo e não o calino do Bush e outro galo cantaria. Não haveria terrorismo, o Irão estaria ocupado a fazer reformas da sua legislação em que frequentemente ainda se executa homossexuais e virgens de 16 anos, uns porque o são, outras apenas porque deixaram de o ser, Saddam continuaria a envenenar uns tantos curdos e xiitas (reconhecidamente, cada vez menos), as Twin Towers não tinham vindo abaixo (ou talvez só as de Sete Rios e morria muito menos gente), em vez de andar por aí a tentar fazer bombas atómicas, matar turistas e a ver se conseguem atirar com os israelitas para o Mediterrâneo.

A parte final
deste editorial ilustra bem o que digo. JMF ainda concede que os EEUU responderam bem ao ataque das Towers. Mas que fique bem esclarecido desde já que se, no extremo, o Ocidente se vir obrigado a lançar uma bomba nuclear sobre Teerão, o culpado e só um: Geoge W. e mais nenhum. Basta ler aqui.

Às vezes dou comigo a pensar se as pessoas são mesmo assim... ou se este tipo de posicionamento remete para questões que pouco ou nada têm a ver com o debate político.

Deus nos livre, Nosso Senhor, dos nossos inimigos, agora e na hora…



[1186]

Num cantinho da Europa civilizada, no ano da graça de 2006, ainda há um senhor Bernardino, que por acaso é deputado à Assembleia da República, que acha que este devia ser o nosso modelo social e de democracia.

Via Combustões

sábado, setembro 02, 2006

A Festa


[1185]

Causa-me alguma irritação a onda ternurenta que se gera todos os anos por esta altura a propósito da festa do Avante. E algum espanto, também. É que se descontarmos algumas manifestações de snobismo idiota de recente extracção, não vislumbro razão para a costumada onda de simpatia por uma festa que consagra uma ideologia de logro, manipulação, cerceamento de liberdades, hipocrisia e violência. Não percebo, mesmo. Por muito diferentes que sejam os tempos actuais, não consigo dissociar nunca a existência do partido comunista da sua génese que, no essencial, não mudou. Se o PC estivesse no poder, e isto só para citar um exemplo simples, eu nem sequer poderia estar a aqui a escrever este post…

Bidoubidoubidou



[1184]

Há seis ou sete posts que este blogue é só parabéns, beijinhos, florinhas, “bidou, bidou, bidou, bidou”.

É imperativo alterar um pouco o sentido deste blogue before I get misunderstud… ou receba eu próprio, por aí, um raminho de flores ou uma “isabelinha” qualquer para guardar os documentos.

Para já fica aqui uma foto macho para alterar o sentido da coisa. Literalmente. Lá mais para o fim do dia, pode sair um post…

Aboboragens de Verão

A foto é pelo aniversário
Um click aqui (ligar o som) é pelo "abobrinha"

[1183]

E quando a conjugação dos meus (não) dotes de culinária e da minha pobreza de conhecimentos nas expressões vulgares do linguajar brasileiro me deram a impressão que esta senhora estava paulatinamente em casa a fazer uma sopinha de abóbora, vai-se a ver e a piquena está grávida. Abobrada, espera-se. E muito contente. Alem de mais, hoje faz anos. Cá pelas minhas contas, 44. A menos que uma quarta capicua tenha um significado totalmente diferente, sei lá. Poderia, por exemplo, estar abobrando um par de gémeos. Depois de um par disto, um par daquilo e um par de aqueloutro, todos capicuas, o par de gémeos seria a sua quarta capicua.

Tudo junto e somado, fica aqui um beijinho amigo de parabéns e continua feliz por teres nascido que é o que se leva desta vida – ser feliz. Mesmo que nos obriguemos a cultivar um molho de urtigas no quintal para onde poderemos mandar as chatices (já agora alguma gente, também) desta vida.

sexta-feira, setembro 01, 2006

Agradecimento






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A Laura distinguiu-me como um dos cincos blogues que ela quis citar, de harmonia com a sugestão do Correio da Manhã, sinalizando o Dia Do Blogue.

Não posso calar a minha satisfação pela cortesia da Laura e, não menos importante, pela distinta companhia que ela me confere.

Agradeço o mimo e prometo "dar uma volta a isto" – leia-se ultrapassar uma fase menos feliz de imaginação que tem desaguado em posts desenxabidos – por forma a continuar a merecer a distinção da Laura.


Nota: Corrigi desenxabido. Foi um "grilinho" que me alertou...

Bloguemlos mucho





Tchin Tchin





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Antes que estale nova celeuma intestina sobre a data exacta do aniversário do Blogamemucho, e porque uma coisa é certa – é em Agosto, quero aqui deixar um abraço ao Besugo, à Lolita e ao Alonso pelo terceiro aniversário de um blogue que blogo mucho e com renovado prazer.

Parabéns.