segunda-feira, abril 22, 2013

«Biodiversos»



Um grupo de pacíficos bloquistas tentando defender a biodiversidade de um campo de milho de um agricultor algarvio. 

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Hoje é o «Dia da Terra». Daí, a RTP achou que devia perguntar a Francisco Ferreira, da Quercus (aquele que quase todos os dias nos entra em casa a dizer para apagarmos as luzes e não gastarmos muita água no duche), um par de questões a propósito do dia. O nosso «Al Gore» lá enunciou meia dúzia de lugares comuns, tipo terras saturadas de fertilizantes e pesticidas, porque «a economia é que vale». Não explicou como é que ele sugere que não seja a economia a valer e como, sem ela, se faria agricultura em larga escala sem fertilizantes e pesticidas para alimentar os biliões de pessoas (milhares de milhões, eu sei…) que têm o hábito de comer todos os dias.

Ferreira rematou com os transgénicos, um tema em que ele, aposto, deve estar surpreendentemente informado. Daí a dizer que os transgénicos põem em risco a biodiversidade (palavra bonita e que vai bem com esta rapaziada) foi um passo pequenino. Ficou por saber como. Como e em que medida a biodiversidade é afectada pelos transgénicos. Mas ele também não explicou… e ficámos assim.
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Minuto de silêncio sem palmas


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Só os mais distraídos não terão reparado ainda que de há algum tempo para cá, os minutos de silêncio portugueses se tornaram, na maior parte das vezes, num minuto de palmas e assobios. Por mim, bater palmas durante um minuto de silêncio adultera, de todo, o sentido da acção. Mas os portugueses, originais como só eles, acharam que bater palmas é que é e decidiram tranformar o silêncio numa estrepitosa manifestação de ruído.

Em Londres decorreu a maratona da cidade. Antes, milhares de pessoas observaram um minuto de silêncio em memória das vítimas de Boston. E durante um minuto podia-se ouvir uma mosca. Um minuto de absoluto silêncio, em recolhimento e respeito. Como deve ser, afinal.
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domingo, abril 21, 2013

Por onde andaria Merkel em 1890?


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"Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada económica, a mesmo baixeza de carácter, a mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal" 


(Eça de Queiroz, in As Farpas, 1890


Cá pelas minhas contas, Merkel ainda andava a fazer tijolo. E Hitler estava a nascer, mais coisa menos coisa. Mas para os intelectuais aborígenes e para a colecção dos comentadores da paróquia, tanto faz. Podíamos muito bem fazer como aqueles pais extremosos que batiam nos filhos logo de manhã e os filhos perguntavam: - Mas o que é que eu fiz? E os pais diziam: - Não fizeste, mas ao longo do dia vais fazer


Tivéssemos nós dado uma coça aos alemães nessa altura e hoje não éramos periféricos. Talvez nem a medonha Merkel tivesse nascido.
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sábado, abril 20, 2013

Repulsivo. Mangueira e esgoto...

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O Público avançou com uma notícia de encantar sobre os dois irmãos que assassinaram pessoas em Boston e provocaram mais de uma centena de feridos, incluindo desmembramentos.

A ternura com que se descreve a trajectória de vida dos manos tchetchenos só é emocionalmente comparável á conclusão que se pretende fazer tirar que os Estados Unidos são um país horrível que hostiliza os estrangeiros. Fica por saber porque diabo tanta gente continua a querer emigrar para os EEUU, mas isso nem vem já a propósito. De registar apenas a forma espúria e repulsiva como o Público descreve os manos que, coitados, receberam da sociedade americana causas fortíssimas para tentar matar um rol de gente na rua.

Escapa-me este pretenso estatuto em que os jornalistas se autoposicionaram, na ideia de que a liberdade de expressão lhes confere o direito de dizerem o que lhes apetece. E mais. Que alguém tem a obrigação de lhes pagar o salário. No caso concreto do Público, Belmiro até já se referiu ao seu próprio jornal e aos seus assalariados de forma bem vincada. Todavia, continua a suportar os prejuízos e a pagar a alguns cretinos para escreverem coisas como esta.
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X rated F1


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Há pouco, nos treinos de qualificação para o GP do Bahrain, Rosberg gritava na rádio para os engenheiros, queixando-se de que sentia uma coisa a abanar entre as pernas (ipsis verbis).

O treino acabou e não se falou mais no assunto. Espero bem que Rosberg se tenha cetificado devidamente e  chegado a uma conclusão válida sobre o que lhe estaria acontecendo. Até porque todos aguardamos vê-lo arrancar amanhã da pole position que, mesmo com coisas a abanar entre as pernas, conseguiu alcançar.
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quarta-feira, abril 17, 2013

Um medidor de maiorias


Seleccionei uma foto de Manuel Alegre. Mas depois lembrei-me que vi joje o primeiro vestido de alças, com o sol da Primavera. E achei que o post ficava bem melhor com um vestidinho de alças

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Estava a trabalhar, com a Tv em ruído de fundo. Umas passagens da entrevista de ontem de Manuel Alegre a Judite de Sousa chamaram-me a atenção e não pude deixar de ouvir, julgo que a propósito de Passos Coelho ter convidado Seguro para um encontro, que o PS é um Partido de diálogo (ele disse isto de uma forma mais avançada, qualquer coisa como o diálogo é uma forma identitária do PS, qualquer coisa por aí...) e, portanto, Seguro deveria (extraordinária esta usança paternalista dos mais iluminados) ir. Porque o PS é um Partido de diálogo... agooooora (está na moda este agoooooora) não lhe peçam é que vá contra as suas convicçõese contra aquilo que é correcto. Por outras palavras, dialogar sempre, desde que não seja contra o que pensam ou o que «acham». Ou seja os socialistas devem dialogar para dizerem o que pensam, que assim é que é e que eles é que sabem o que é correcto.

Mais à frente, Alegre, com o ar displicente com que tira um robalinho da Foz do Arelho, «acha» que este governo tem mesmo que sair. Porque tem maioria parlamentar mas não tem... maioria social. Independentemente de eu não saber bem o que é isto das maiorias sociais, presumi duas coisas. Que Alegre deve ter um qualquer medidor de maiorias sociais, porque ele sabe que maioria social já o governo não tem. E que nas próximas eleições a Comissão Nacional deveria ter duas urnas. Uma para o voto parlamentar e outra para o voto social. Nada de «misturanças».

Não há, definitivamente, pachorra para estes socialismos insolentes e em vias de fossilização.
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terça-feira, abril 16, 2013

Mandem lá o homem negociar...


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O homem tem-se oferecido, mas não lhe ligam nenhuma. Está farto de dizer que andamos a ser brutos com os terroristas e que isto é assim um bocadinho como as dívidas. Não se pagam. Tal como os terroristas não se matam. Negoceia-se com eles.

O resultado está à vista e mais uma tragédia se abateu sobre vítimas indefesas que se entretinham a assistir a uma final desportiva em Boston. Enquanto assassinam e não assassinam o Passos Coelho ou, pelo menos, Cavaco Silva, porque raio não mandar lá a creatura negociar com os incompreendidos terroristas? É tudo à bruta, tudo à bruta e depois é o que vemos. Mandem lá o Mário Soares negociar, chiça. Não é isso que ele diz que se tem de fazer?
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Nuvem branca



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A vida tem destas coisas. Não te posso dar flores. Ou uma jóia com a pureza dos diamantes. Não posso sequer oferecer-te um jantar mimento e confortável, num restaurante com varanda solarenga, debruçada sobre o casario de Lisboa, apetecido com as iguarias que gostas ou, sequer, um simples café, numa pastelaria acolhedora, com uma daquelas tartelettes de maçã que adoras.

Pensei e resolvi dar-te uma nuvem. Branca como a candura do teu espírito e fofa como o teu corpo. E vou soltá-la pelo ar, porque ela sabe o caminho e tu sabes que ela não se engana nem se desvia um milímetro da trilha que, afinal, é de ambos, nossa. Por isso, quando ao longo do dia sentires uma suave carícia no corpo, foi a nuvem que te viu lá de cima e se desfez em mil gotículas que te vão beijar a pele e desejar toda a felicidade do mundo. E nessas gotículas, o único pouquinho de mim que te posso dar neste momento.
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segunda-feira, abril 15, 2013

It runs in the family...


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E nesta época de marés vivas de comentário político (???) calha agora a vez a Manuela Ferreira Leite.

Já não consigo ouvir os comentadores todos. Por impossibilidade física (são  muitos...) e por falta de paciência. Mas ouvi Manuela. Não gostei. Porque não trouxe nada de novo e se moldou ao main stream. Dizer mal de tudo, de todos, desde que sejam do governo de Passos Coelho, sem contudo explicar porquê ou dar uma dica de como se poderia fazer para as coisas serem melhores. Acresce que o faz com o mesmo cenho do irmão no «Dia seguinte» com a vantagem de na TVI não haver um Paulo Garcia que lhe diga que não gosta dela. No mais, a mesma forma obstinada de aflorar os problemas e aquele estilo amargo, zangado e ralhando com toda a gente, o que parece ser de família.

Marcelo, com o seu jeitinho peculiar de dizer mal de toda a gente mas estar bem com todos diz que ela esteve... cheia de gás. Mas o sorriso desculpa-lhe «qualquer coisinha». Estamos bem entregues.
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domingo, abril 14, 2013

Hip Hip... foi em Portugal



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Em tempos de crise, deu-se de comer ao orgulho nacional. A notícia é que Daniela Mercury anunciou oficialmente que era lésbica. 

E assim, com o mesmo tom que se anunciou a ida para o Guiness da feijoada da Ponte Vasco da Gama ou do folar não sei donde, frisou-se que a notícia foi dada em primeira mão, em Portugal. Pelo que ficámos todos muito satisfeitos e com ar de quem nos puxou o brilho aos amarelos.
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O «marqueslopismo» como sinal dos tempos



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Instituído que foi, em boa hora, o «marqueslopismo«, pelo João Miranda, poderei afirmar sem receio que nunca o Eixo do Mal terá sido tão lopesmarquizado como o de ontem. A propósito da nomeação de Poiares Maduro e porque, ao que parece, não se lhe conhece pecados e a sua estrutura académica é inatacável, nada restou a Pedro Marques Lopes que não fosse dizer isso mesmo. Que não conhece Poiares Maduro mas que sabe que ele tem um impressionante currículo académico. Mas… (pausa)… tem a certeza, ele, Marques Lopes, que por detrás daquela nomeação terá de ter havido aquilo que ele chamou de síndrome do carro preto. Em puro marqueslopismo, o sindroma do carro preto.

Este Eixo do Mal cada vez mais se assemelha àquele tipo de situações em que não é nada connosco mas, por razões que não sabemos definir, nos sentimos envergonhados. No caso, marqueslopizados!
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sábado, abril 13, 2013

Asas assassinas ou "Alguém who still knows what I did last summer"



Este osso é de asa de galinha. Tem 4 cm bem aviados, medidos no hospital e tem uma ponta afiada como uma agulha, como se pode ver na foto, apesar de não estar muito boa

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Após tantos dias de paragem deste blogue, não faleceu a escrita mas ia falecendo o escriba. Eu explico rapidinho.

Os americanos, com o seu esmerilhado gosto pela comida, consideram uma delicacy tudo o que vá para além daquele insípido peru no forno, smashed potato, pumpkin e uma massaroca cozida com que se deliciam no «thanks giving». Daí que as asas de franco se tenham tornado ícones da boa cozinha norte-americana. Fritam-nas ou grelham-nas, besuntam-nas de tabasco e barbecue sauce e…salivam.

Eu confesso a minha indiferença pelas asas de frango, mas se como um caril de galinha, não há como evitá-las. E assim, e porque as asas de frango têm um osso traiçoeiro, engoli um deles, sem saber como. O osso estava partido numa das extremidades. Seguiu calmamente a sua viagem pelo esófago, alojou-se calmamente no antro gástrico e, não contente com isso e quiçá incomodado pela movimentação constante do estômago, foi-se enterrando na parede do órgão. Repito: EN-TE-RRAN-DO na parede do estômago. Claro que dois dias depois tive dores que devem ter atirado as famosas dores de parto para milhas da linha de resistência ao sofrimento e lá vou, cinco da manhã, conduzido por uma das filhas direitinho ao hospital de Cascais. Durante quase todo o dia, já de soro e analgésico em perfusão permanente, ninguém fazia a mínima ideia do que me pudesse estar a causar semelhante sofrimento. Raios X, análises, ecografias, nada dava qualquer indicação do que pudesse ser. Até que numa das repetidas análises ao sangue apareceu uma bendita proteína que é suposta estar quietinha, mas que começou a dar sinais de que havia um processo inflamatório algures. Mandaram-me então fazer uma TAC. A TAC mostrava claramente um corpo estranho…mas como as TAC’s não têm legendas todos ficámos sem saber que corpo era aquele. De Cascais, metem-me numa ambulância para o S. Francisco Xavier, urgências de gastro. E aí me anestesiam total e profundamente. Acordo com uma médica simpática e triunfante, mostrando-me o troféu que exibo na foto. Um osso de galinha, traiçoeiramente partido numa das extremidades, acerado e assassino que, aparentemente, não me daria mais 10 a 12 horas de vida se tivesse acabado por me «perfurar» convenientemente.

Osso extraído, voltei para o hospital de Cascais onde permaneço internado por razões de segurança. Quatro dias depois de não ingerir NADA (nem água), o cirurgião de serviço às urgências deu-me um pequenino copo de chá e disse-me para o beber, para ver se o estômago «espichava». Não espichou… e mandaram-me para casa.

Notas finais: Nunca se riam nem pensem que a recomendação de não se dar ossos de galinha aos cães é uma mania dos veterinários. Eu não sou cão mas sou prova viva desse cuidado; fui bem tratado, paguei €53 pelo internamento, tratamento, exames, duas viagens de ambulância e intervenção cirúrgica no HSFX. Parece que há uns meses não pagaria nada e agora paguei €53. Pois… paguei e acho muito bem que tenha pago, em face dos cuidados que recebi, não percebo muito bem esta vozearia idiota que vai por aí. Uma última menção de apreço e simpatia à Daniela Sá Leão, médica cirurgiã do HPP de Cascais que me acompanhou e tratou, pelo diagnóstico assertivo que me fez e pelo elevado profissionalismo demonstrado, apesar de ter levado algumas horas e, ao princípio, nos termos embirrado mutuamente.
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