terça-feira, outubro 13, 2009

De espírito aberto e coração limpo




[3402]

Não vi o «Prós e Prós» de ontem, meramente por questões de higiene mental que tenho vindo a impor a mim próprio. Mas não resisti e acabei por «passar» por lá, na segunda metade do programa. Do que vi, e corrijam-me na eventualidade de estar a ficar com a mentalidade distorcida, concluí que:

- A Fatinha perdeu o resto da vergonha e tratou de apanhar convidados pela sorrelfa e à má-fila. José Manuel Fernandes não se apercebeu das virtualidades da nova bufa de serviço e compareceu. Tenho a certeza que ao chegar a casa terá consumido uma caixa de konpensan e tomou uma dose dupla de um sonífero que o ajudasse a reparar os estragos;
- João Marcelino sugere bem a figura do venal que conseguiu fazer tudo menos disfarçar a ideia de que o assunto do mail que publicou cheira mal a léguas e de que participou activamente numa operação alargada e destinada a influenciar a opinião pública, em favor do PS, numa altura crucial da campanha para as legislativas;
- Henrique Monteiro esteve quase a abrir o livro, quase, quase. Não o fez porque parece ter uma dimensão ética muitos furos acima de Marcelino, mas isso não obstou a que se entreolhasse com José Manuel Fernandes, em expressões de «tu sabes que eu sei que tu sabes que nós sabemos que isto foi tudo uma grande merda»;
- José Alberto Carvalho fez o papel do costume, diz umas patacoadas e toda a gente fica sem saber o que é que ele quer, para além da sua evidente atitude de cobertura da «His master’s voice». Foi patética a sua preocupação em declarar que não lhe interessava saber se a fonte do mail era política…
- Apareceu um politólogo que eu não conheço mas cuja resenha aparece abundantemente no Google, André Freire de seu nome, e que a Fatinha se esforçava loucamente para que ele falasse. O homem, às tantas, já não sabia o que havia de dizer, a Fatinha insistia que o queria ouvir e o homem já só balbuciava que «a presidência devia ter feito», a presidência «devia ter dito», a «presidência induziu» a «presidência isto, a presidência aquilo»;
- Paulo Baldaia vestiu bem a pele de director de uma empresa autónoma mas do mesmo grupo do Diário de Notícias. Ficou-lhe bem e ia bem com o fato.

O sufoco da «socialisticalização» (perdoe-se-me o palavrão, mas parece-me adequado) continua com tanta saúde como a que já nos falta, pela submissão permanente à mais patética campanha de doutrinação das massas e da conversão daqueles que um dia destes ainda acabam por ser considerados de «dissidentes». Já faltou mais.

Hoje de manhã, entretanto, a voz melíflua de Sócrates ia-nos explicando como ele agora está dado ao diálogo e é nesse estado de alma que vai formar governo, de espírito aberto e coração limpo. Tenho o dia estragado.
.

Etiquetas: , , ,

segunda-feira, setembro 28, 2009

Sessão de festinhas no lombo


[3376]

Estar de costas para o televisor sintonizado no Prós e Contras tem um efeito inesperado. Desde logo (estes «desde logos» são cruciais e apropriados ao cenário) percebe-se melhor a omnipresença da apresentadora Fátima. Talvez não minta se disser que não passam 30 segundos sem que ela interrompa quem fala.

A outra questão é que, por muito que me custasse a acreditar, estou a «ouvir» o mais espantoso elogio aos vários ministros do governo cessante. Numa sucessão de florilégios que eu teria dificuldade em reproduzir. Na vanguarda dos elogiados, o ministro das finanças. Da parte dos elogiadores, Carlos Abreu Amorim vai perfeitamente integrado no pelotão da frente, em pedalada firme.

Há coisas que, contadas, não se acredita. Mesmo «considering».

.

Etiquetas: ,

terça-feira, maio 26, 2009

Higiene do espírito


[3154]

Ontem não vi o "Prós e Contras". Mais: Não sei qual era o tema, não me lembrei sequer que dá às Segundas. Não fora esta lúcida nota do João Gonçalves e tudo me teria mesmo passado ao lado.

Definitivamente estou num processo biológico uniformemente acelerado (consistente e, espero, que irreversível) de higienização de hábitos.

.

Etiquetas: ,

terça-feira, maio 12, 2009

A mudança de paradigma…


[3124]



… é eu ter deixado, sem esforço, de ver o "Prós e Prós". Houve uma altura, (“houveram” umas alturas, como diria a nossa Alexandra Lencastre), em que este programa fazia parte da minha dieta televisiva, mesmo que resultasse quase sempre numa profunda crise de dispepsia. Mas ia vendo. E a verdade é que isso me proporcionava até alguns posts que meia dúzia de amigos do Espumadamente apreciava. Que o diga a Sinapse, que chegava a perguntar-me pelo post de Terça-Feira sobre o "Prós e Prós", fosse o caso de eu não escrever sobre o assunto.

Assim, o "Prós e Prós" tem vindo paulatinamente a constituir-se, por direito próprio, em history e confesso que isso terá contribuído generosamente para a minha higiene mental. Mas ontem… não resisti. Um ataque de saudade indígena, aí pela meia e noite e qualquer coisa, já eu tinha ouvido o “Prolongamento” na TVI24, tive um impulso de "zappar" pela 1 para ver, pelo menos, qual era o tema. E não é que dei logo com um senhor apessoado, no exacto momento do zapping, a dizer que era preciso acabar com a política de rapina dos bancos, os bancos deveriam pura e simplesmente acabar com os juros, como nos países islâmicos. Comissões, sim, juros não. Não sei quem é a criatura, parece que se chama Guerra e quer que os bancos acabem com os juros. Quase logo a seguir, uma senhora de madeixas intensas e que, essa sim, sei que se chama Carmelinda Pereira, vaticinava a incorporação dos bancos, já, no empresariado (qualquer coisa neste género, que eu estava ainda em ressaca dos juros do senhor Guerra) e que o dinheiro dado aos bancos falidos deveria ter sido dado às empresas.

Estas tiradas chegaram para me ir embora. Nem a presença fresca da Laurinda Alves ou a rouquidão do Nuno Melo fizeram com que eu me fixasse na pantomina. Passei a um filme interessante de good guys e bad guys, uma boa receita para adormecer na paz do Senhor. Ainda que atordoado pelo reconhecimento de que este pais é um caso irresolúvel de idiotia militante. E adormeci. Sem saudades da Fátima.
.

Etiquetas: , ,

terça-feira, abril 28, 2009

Mais Prós e Prós


[3091]

Referindo-me à sessão de ontem (que não vi na totalidade), parece-me evidente que estes Prós e Prós são cada vez mais uma encomenda clara no sentido de dar cor ao Portugal cinzento que medra pelo meio de uma tão profunda crise. Não viria daí mal ao mundo se houvesse um mínimo de honestidade e genuinidade no propósito, mas o que se verifica é que tanto pela escolha dos participantes e convidados, como pelas matérias abordadas e pela forma como as mesmas são tratadas, rapidamente chegamos à conclusão que antes de se tratar de um exercício de propaganda pura ao Governo e ao regime, estamos perante um acto de evidente maltratamento da inteligência dos portugueses, aqui tratados como crianças traquinas (e estúpidas) que é preciso carrilar com psicologias avançadas ou, no mínimo, como borregos tresmalhados de um rebanho que é preciso manter agrupado e obediente aos seus pastores.

Um dos pastores de serviço (Mário Soares, quem mais?) proferiu uma das mais disparatadas apologias à profunda mudança mundial, à bênção da eleição de Obama (facto de estranhar, por ele ser um afro-americano, disse Soares, paternalista e mordaz quanto a uma sociedade naturalmente inquinada pela administração anterior) e ao evidente descalabro do neo-liberalismo. Palavra de honra que jamais ouvi Soares explicar o que é que ele entende por neo-liberalismo, fico até com a sensação que nem ele mesmo sabe exactamente do que é que está a falar, mas isto posso já ser eu a ser má-língua. Mas Soares, com audiência bovina e batuta conveniente, conseguiu falar e falar e falar e falar sobre as malfeitorias do capitalismo e da sua profunda convicção de que, finalmente, as coisas iam mudar.

Sampaio da Nóvoa também deu um ar da sua graça, sobretudo da exigência dos tempos modernos em estender o poder para além dos partidos, isto é, tudo deverá ser escrutinado por organizações cívicas (Nóvoa bateu muito neste pormenor) e devia estar a pensar no regresso a grupos dinamizadores, células de bairro e representantes dos “trabalhadores “ nas decisões estratégicas das empresas. Entre outras coisas do mesmo quilate, para cuja descrição me falece a paciência para evocar.

Anacoreta Correia e um punhado de estudantes deram um toque de colorido e aquiescência à coisa e Leonor Beleza pareceu-me naturalmente deslocada no meio daquilo tudo, contrastando com Fátima Campos Ferreira, segura, impante, sorridente e didáctica. Por mais que me digam, estas sessões, mais do que enfermando dos índices de situacionismo de Pacheco Pereira, parecem-me uma representação clara de um quadro complexo de exercício de poder, ao qual não é estranho o convencimento de que é preciso explicar as coisas muito bem explicadas ao rebanho, claramente impreparado para os grandes desígnios do homem novo e de uma sociedade nova. Sociedade nova surpreendentemente começada no Estados Unidos, como dizia Soares, apesar do presidente afro-americano e que seria bom que a Europa copiasse, ou o dilúvio vem aí.

.

Etiquetas: ,

terça-feira, abril 21, 2009

Vital desvitalizado


[3076]

No "Prós e Contras" de ontem, o friso de socialistas estrategicamente colocados na primeira linha da assistência e as suas palmas organizadas e aquele sorriso insuportável que só os socialistas sabem afivelar não foram suficientes para ofuscar um Paulo Rangel aguerrido, controlado e grandiloquente. Aguerrido porque soube atacar os problemas com afinco e contornar a “conversa mole” (e, surpreendentemente, mal preparada) de Vital Moreira, suportar com elegância a bravata habitual de Ilda Figueiredo e lidar com a sageza de Miguel Portas. Controlado porque não é fácil manter a calma perante a forma habitual do debate socialista e, repito, a bravata habitual de Ilda. Grandiloquente porque, apesar da berraria e da claque encabeçada por Ana Gomes e Edite Estrela, conseguiu manter a articulação desejável ao discurso.

Rangel (e Manuela Ferreira Leite) está de parabéns. Meteu Vital no bolso.
.

Etiquetas: , ,

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Casamentos unissexuais

...

Ler todo o texto aqui.

Manuel João Ramos terá feito falta no debate da RTP.
.

Etiquetas: , ,

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Prós e Contras (não há como evitar...)


[2947]

Sobre o Prós e Contras de ontem, não concordo muito com esta ideia de que os "contras" foram cilindrados. Nem sempre a capacidade histriónica de alguns dos "prós" (incluindo os crónicos valetes de serviço) chega para cilindrar opiniões serenas e bem estruturadas como as do Padre Vaz Pinto e de um jurista (que não conheço), salvo erro de nome Pinheiro Torres. É verdade que intervenções infelizes como a do representante das famílias por vezes deitam a perder o contexto geral mas, por outro lado, os "prós" também tiveram os seus momentos de desgraça (e estou a lembrar-me dos termos desabridos e desarticulados da jurista magrinha que estava na mesa e de quem não me ocorre o nome).

Importante para Sócrates e para o Governo é que o essencial foi conseguido. Reabrir uma fonte de debate que precederá a eutanásia e a adopção e enquanto o pau vai e vem folgam as costas. Acolitado com eficiência pelos convidados permanentes, Sócrates vai levando a água ao seu moinho. Quanto ao debate em si, nada de verdadeiramente novo surgiu. Para além de que um casaco amarelo com meias azuis relevam de um gosto no mínimo duvidoso.

Nota: Via João Gonçalves apercebi-me deste post escandalizado de Miguel Vale de Almeida, Dizia ele “Como é que um ser humano normal se sujeita a ir ao programa de Fátima Campos Ferreira?” Uma semana depois desta dúvida pungente, lá estava ele a perorar sobre a matéria. De duas, uma. Ou não é um ser normal (e nada me indica que o não seja) ou descobriu a virtude num programa que abominava. São os segredos e os encantos da televisão.

.

Etiquetas: ,

terça-feira, janeiro 20, 2009

Gente iluminada

[2893]

Primeiro estive a ver os "marretas" (um das mais felizes expressões que encontrei no Contra Capa). No fim, não resisti e passei ao Prós e Prós que desta vez trazia a lume o magno problema da regionalização. Por acaso o zapping caiu numa reflexão muito boa de Miguel Relvas, mas depressa foi abafado pela assistência regionalista que enchia o auditório. Mas não é bem por aí que quero ir. O que assusta verdadeiramente é a existência de gente estranha que não hesita em fazer afirmações do género da que vou tentar exemplificar. Um senhor bem posto, cujo nome não fixei, fez uma longa dissertação sobre a bondade dos referendos. Todavia, disse ele e cito de cor, era preciso ter muito cuidado. Porque nem sempre os referendos são bons. Se por um lado eles trazem por via democrática uma participação efectiva das populações sobre os problemas das regiões, por outro podem ser perversas no tratamento dos grandes assuntos nacionais e supranacionais. E exemplificou, logo de seguida. Guantánamo, claro, e a institucionalização da tortura. Suponhamos que os Estados Unidos tinham referendado a existência de uma prisão destinada a suspeitos de terrorismo onde a tortura fosse permitida e que os cidadãos tinham aprovado a decisão por referendo. Aqui, o referendo estava mal. Assim, sem mais. A facilidade com que um fulano qualquer diz e está convencido que é preciso ter cuidado com os referendos porque se pode referendar bem e pode referendar mal como aliás já se tinha referendado mal para o aborto e para a regionalização.

Choca muito este tipo de mentalidade. Impressiona e faz pensar nas verdadeiras causas que poderão estar por detrás de situações deste género em que continua a haver gente que acha que só são boas as decisões que passarem pelo crivo de um superior escrutínio destas almas dotadas de uma espécie de intangível qualidade que lhes permite decidir não só o que é bom e o que é mau mas, sobretudo, quando, como e porquê os cidadãos deverão ser chamados a referendar. Mais. A reservarem-se o direito de acharem se o resultado do referendo foi bom ou foi mau.

Este episódio foi o suficiente para eu de imediato saltar para um filme. Não há mesmo pachorra para esta gente, Para além, como diz Pulido Valente, de percebermos que o mundo está efectivamente perigoso. Não há maluco pior do que aquele que acha que está no seu perfeito juízo. Ou borracho que tente fazer o quatro e diga que não está grosso.
.

Etiquetas: , ,

terça-feira, novembro 25, 2008

Prós e Contras (não há como evitar...)


[2791]

Uma professora do Norte, de quem, infelizmente, não fixei o nome ou a escola, soube pôr em sentido Mário Nogueira e a sua militância oportunista. Gostei. Também gostei de ouvir a Drª Maria do Céu, sobretudo nas considerações que fez sobre o primado do mérito e o repúdio pela doutrina de pensamento único que parece enformar uma considerável parte dos professores. Por último, também me foi grato ouvir uma professora, aparentemente, de um dos órgãos de gestão escolar, dizer que ao invés de um pretenso clima de terror que o ministério terá imposto nas escolas, há, sim, uma pressão insuportável por parte daqueles que acham que toda a gente deve pensar como eles. Haverá mesmo, segundo ela, ameaças físicas. Nada que, no fundo, me surpreenda. Tenho dito várias vezes por aqui que a esquerda sempre conviveu mal com a liberdade e pluralidade de ideias e não vejo porque haveria de ser diferente com os professores.

Do programa de ontem ficou-me, admito, a ideia de quem nem tudo está perdido. E quanto a Mário Nogueira, divertiu-me ver o autêntico “baile” a que foi sujeito, sobretudo depois da sua entrada de leão, quando se sentiu ofendido pelo facto de a ministra ter enviado um secretário de estado ao programa e não ter vindo ela própria. Terá perdido uma oportunidade de abandonar o programa ao fim de cinco minutos, em frente às câmaras. Seria isso?
.

Etiquetas: , ,

terça-feira, junho 17, 2008

Grrrrrrrr!


[2548]

Surpreendentemente, gostei do Prós e Contas de ontem. A prestação de CAA, foi um exemplo de uma argumentação espontânea, mas muito sólida e muito inteligente. Vindo de alguém que frequentemente me obriga a um konpensan, concretamente de cada vez que ele trata os assuntos relacionados com o seu FêquêPê, só posso regozijar-me e cumprimentá-lo pelo seu desempenho.

Relativamente a Daniel de Oliveira e numa fase em que eu já desesperava de conseguir entendê-lo, sobretudo quando ele se desdobrava num argumentário absurdo sobre o patriotismo, eis que a chave do entendimento me é dada por ele próprio. Trata-se do dever que todos temos de rosnar (termo dele). As pessoas têm a obrigação de rosnar e, na opinião dele, rosnam pouco. Por outras palavras, se por absurdo se vivesse num mundo perfeito, ainda assim as pessoas deveriam rosnar.

Num mundo perfeito, coisa que eu estou longe de idealizar como matriz desejável, mesmo assim DO rosnaria. Problema é que nos tempos que correm, em liberdade, é sempre possível argumentar sem rosnar. E se por absurdo se vivesse no tal mundo perfeito, ainda assim o DO rosnaria, porque ele acha que é assim que deve ser. Acha mal (ó para mim a rosnar).

.

Etiquetas: , ,

terça-feira, abril 22, 2008

Prós (ah! aquele programa da 1, não é?) e (ou seja aquele programa da FCF, claro...) Con... (um programa de debate de ideias em liberdade) tras


[2462]

Cansado de um dia excessivo, esqueci-me do Prós e Contras. Ri-me com a histriónica Dharma e o paciente Greg, "Californiquei" em descaso e eis que numa passagem fugaz pelo C1 dou de caras com a Fátima. Ela, a FCF.


Fixei-me no programa durante uns minutos. Fátima continua trovejante, obcecada com a a sua própria imagem e opiniões e patologicamente empenhada em cortar a palavra, apenas para acrescentar pormenores óbvios e que só servem para cortar a linha de raciocínio de quem está a falar.

Eu não seria capaz de explanar uma ideia com a avalancha de interrupções que FCF, quer por perder o fio á meada (até porque, frequentemente, FCF demonstra não ter percebido o que se está a dizer, o que é espantoso), quer pela estridência da voz da pivot (pivô dá erro…). A estridência tem vindo a aumentar à medida que o programa se vai tornando uma imagem de marca da RTP e FCF o vai percebendo. E ela não resiste. E eu também não. Não resisto. Não resisti. Regressei ao zapping e fixei-me num filme qualquer.

Verdadeiramente o que me admira é não haver alguém no C1 que pare o andor e diga: Fátima, és uma fulana fixe, patatipatatá, mas olha, cortas o pessoal, baralhas os temas, desmontas as ideias e armas uma confusão dos diabos. Tirando isso, és uma mocinha fixe. Tens é de mudar de estilo ou então ninguém se entende.

.

Etiquetas:

terça-feira, abril 15, 2008

Desacordo ao acordo


[2451]

Graça Moura mostrou ser um dos raros presentes na edição de ontem do Prós e Contras com um argumentário suficientemente sólido para rejeitar liminarmente o acordo ortográfico. Tanto tecnicamente, apesar de não ser um linguista, como racionalmente, apresentando matéria factual que claramente irritou o professor Carlos Reis.

Carlos Reis socorria-se de risos trocistas e a raiar a pesporrência para defender o indefensável e não fosse a concorrência de Lídia Jorge (espantosa superficialidade...!), teria levado a taça.

Mas o que verdadeiramente me eriçou foi uma resposta de Carlos Reis: Questionado sobre as razões de os ingleses não terem acordo ortográfico, Carlos Reis respondeu que… era por força de uma questão cultural. Fiquei assim a saber que a cultura dos ingleses não lhes permite alterar a grafia. O que, como se percebe, é esclarecedor. Ficámos todos muito esclarecidos.

É nestas alturas que eu gostava que este tipo de programas tivesse moderadores a sério. Em vez de saltitar pelo palco e interromper a cada instante os intervenientes, aqui esteve uma boa oportunidade para Fátima C. F. interromper e perguntar a Carlos Reis: Professor, não quer esclarecer isso melhor?

Assim, ficámos a saber que os ingleses não mudam a ortografia… por uma questão cultural. Period!

.

Etiquetas:

sexta-feira, abril 04, 2008

Oração de sapiência - A educação em Portugal

[2432]

Já está disponível no You Tube a oração de sapiência do Professor Abreu, proferida no último Prós e Contras. Afinal é tudo simples. Basta ouvir o Professor Abreu e, eventualmente, ir ouvir um taxista a S. Paulo e tudo se torna fluido e clarividente. Ora "cliquem" e reparem.

NOTA: Às vezes penso que vivo num país de tolos. Depois recomponho-me e sigo em frente. Mas com orações de sapiência deste jaez, a coisa fica difícil... (este “fica difícil” foi um tique que apanhei em S. Paulo com um taxista).

.

Etiquetas: ,

terça-feira, abril 01, 2008

Estou na dúvida se os meus netinhos devam ser empresários de sucesso ou se devam ter um forte sentido de cidadania



[2424]

Ou a Fátima muda de lay-out ou o Prós e Contras começa a estar muito visto. Ainda assim, do programa de ontem, ficou-me:

1 - Afinal está tudo bem na educação. Alguns problemas aqui e ali de disciplina mas nada que duas ou três peças de legislação não resolvam;

2 - CAA foi a voz clarividente no meio daquilo tudo. Disse o que é claro e disse-o bem dito. O que prova que quando CAA deixa o FCP em casa, é capaz das melhores prestações. Infelizmente esteve muito sozinho, eu nem diria muito sozinho, esteve sozinho, ponto parágrafo. Foi o único participante que me pareceu ter uma ideia clara da gravidade do que se está a passar. Mas, repito, estava completamente só, mau grado a sua excelente prestação;

3 - Joana está um apetite, ataviada pelas benesses do consumismo que ela verbera e desdenha e de outras malfeitorias do capitalismo selvagem, que ela referiu como uma das principais causas do desastre da educação. Esqueceu-se, como bem lembrou o CAA do aquecimento global, mas fica para uma próxima. Falou muito (o Bloco tem sempre cunha nos tempos de antena) e abanava imenso a cabeça de cada vez que CAA falava. Falou muito mas disse nada, ou melhor, disse o costume que é o que se diz aos costumes nestas coisas. Discurso estereotipado, emoldurado por boa dicção e boa presença (os tais atavios do consumismo, destaque para aquelas pestanas irrepreensíveis e baton escarlate);

4 - Ao contrário, Paulo Guinote, autor de um blog de sucesso à custa da campanha anti-Milú, pareceu com ar de quem acabou de se levantar da cama. Vestido, claro. Nem a barba fez e o blusão parecia coçado, mas pode ter sido das luzes. De resto, pareceu deslocado. Falta-lhe o traquejo da Joana (e a Joana é mais gira, claro), não parece enquadrado nestas coisas da televisão o que não admira, pois julgo ser novato nestas coisas. Mas é capaz de lá ir. Nada de especial acrescentou ao problema para além de ter dito que o multiculturalismo (multiculturalidade, disse ele, mas, sendo ele o professor que eu não sou, é capaz de ter razão), ao contrário do que se pensa, poderia ser um excelente veículo na resolução dos problemas da disciplina e vontade de aprender. Também mostrou um irritante nervosismo, pois esforçou-se loucamente para trazer a ministra, a tal, a sinistra mentirosa, à liça e espetar-lhe mais umas farpas mas a Fátima encarregava-se de lhe cortar o pio. Actuação a rever quando e se Paulo Guinote tiver direito a um assessor de imagem;

5 - Finalmente, deslumbrei-me pela forma como um psiquiatra de meia-idade, cujo nome não fixei, resolveu tudo com uma penada, na questão do ensino público vs ensino privado. Disse ele, da cátedra da sua experiência, que o ensino privado se destinava aos pais que queriam que os seus filhos tivessem sucesso empresarial (sic e eu seja ceguinho). Infelizmente, muitos desses candidatos a empresários de sucesso acabavam às suas mão numa consulta de psiquiatria. Já os pais que queriam filhos com conceitos de cidadania, esses, adivinhe-se, punham os rebentos no ensino público. A isto chega o funcionamento sináptico de muita gente que mexe ou opina nas questões de ensino. Até eu, que já me habituei a não me espantar, abri a boca com esta tirada do psiquiatra.

Ah! Havia a inevitável Finlândia, claro. Por qualquer razão que me escapa, a Finlândia vem recorrentemente à baila. Não só na educação, mas na economia e outros campos da nossa vida. Logo os finlandeses… podiam ter escolhido os dinamarqueses, mais bonitos, mais latinos e com melhor clima.

Fim. Um dia destes há mais.

.

Etiquetas: ,

terça-feira, março 04, 2008

Fico a roer as unhas...



[2365]

No Prós e Contras de há oito dias a Fenprof afirmou que algumas decisões do tribunal já tinham transitado em julgado. Ontem à noite telefonaram à Fatinha a dizer que era mentira, que as decisões não tinham transitado em julgado coisa nenhuma. Minutos depois a Fenprof telefonou à Fatinha a dizer que era mentira, tinham transitado em julgado, sim senhora.

A Fatinha prometeu ir investigar. Fico a roer as unhas à espera…

.

Etiquetas: , ,

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Prós e Contras de ontem


[2349]

Não sou professor, não estou por dentro dos meandros do diferendo que opõe a ministra da educação a muitos (parece que a maioria) dos professores, mas tenho de confessar que a ministra:

- Me pareceu uma pessoa muito bem preparada para responder ao “tremendismo” de alguns professores (para usar um termo “vitaliniano”);

- Ao contrário da palavra difundida, parece ser uma pessoa educada, competente, voluntariosa e com um elevado espírito profissional;

- Tem um apurado sentido de humor (aquela observação á professora Viegas “a ministra não é loura, não serve”, foi de fina água).

Do grupo de “professores revoltados” e “de luto”, fixei um jovem professor do norte que afivelou uma expressão grave para dizer que estava contra o facilitismo. Não me lembro de muito mais que o jovem tenha dito. Ao lado estava uma professora da Ericeira que berrou (é o termo) uma série de lugares comuns (igualdade, fraternidade, democracia), se exaltou e a quem tiveram de desligar o microfone. Depois, o clone de Carvalho da Silva, mais novo e com um bigode aparado, Mário Nogueira de seu nome e representando a Fenprof, fez a afirmação espantosa de que o Estado vai ter de pagar as horas extraordinárias das aulas de substituição. Não percebi o sentido nem o interesse da coisa, mas percebi que uma organização sindical teria problemas muito mais apropriados para trazer a colação, para além do pagamento de horas extraordinárias. Finalmente, apreciei a intervenção de um tal professor Arsélio, de Aveiro que terá feito uma aproximação muito inteligente e adequada aos vários problemas, reais, que afligem a educação.

Sem embargo do respeito por muitos amigos e familiares que tenho ligados à educação, continuo sem perceber as malfeitorias da ministra. Mas pode ser que isso decorra do facto de não conhecer o problema em profundidade, como é natural. Ao contrário, pressinto que a militância de alguns professores, irmanados em formas e conteúdos datados de intervenção estejam a prestar um mau serviço à nobre e muito digna classe dos professores.

.

Etiquetas: , ,

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Prós ha ha ha e ha ha ha Contras ha ha ha ha



[2333]

Foi impressão minha ou as graves consequências de uma noite de chuva na capital (incluindo um morto e um desaparecido, para além de avultados prejuízos matérias) foi o mote para uma sessão de galhofa no Prós e Contras de ontem? A apresentadora estava imparável e a juntar à sua habitual mania e irresistível necessidade fisiológica de não deixar falar ninguém, juntou ao cardápio uma espécie de humor (discutível) com umas pinceladas daquilo que ela achou deveriam ser umas ácidas críticas à acção de autarcas, governantes, construtores e especuladores. Fátima Campos Ferreira indagava, comentava e, realmente, criticava com aspereza, e um sorriso nos lábios de quem "a sabe toda", todos aqueles que ela acha que são responsáveis pelas desgraças da desordem da capital, sempre que chove qualquer coisa.

Foi… chato. Primeiro porque Fátima não tem graça nenhuma, apesar de que cada vez que ela dizia uma gracinha, a assistência ria imenso e ela não proibia as palmas, como costuma fazer. Depois porque não me pareceu (confesso que não vi tudo) que alguém tenha tocado nas verdadeiras razões pelas quais de cada vez que chovem uns pingos Lisboa se torna caótica. Ainda por cima estava lá o senhor Ferreira, aquele senhor careca da Quercus que todos os dias me diz na televisão para desligar o aquecimento e pôr uma mantinha, que a coisa melhor que lhe ocorreu foi dizer que a nova ponte vai trazer mais carros e isso não pode ser, este homenzinho quer toda a gente a andar a pé e de autocarro. Por causa das partículas, do efeito de estufa, da energia e mais não sei quê. Esta gente adormecerá a pensar nestas coisas?

Tudo junto e somado, sinto já um certo embaraço com este espectáculo, cada vez que chove por umas horas em Lisboa (porque é disto que se trata). Em muitas capitais europeias chega a chover semanas seguidas e nada disto acontece. Porque será?

.

Etiquetas: ,

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Os "ah ah ah" "clap clap clap" men


Com a devida vénia à simpática e sorridente vaquinha

[2318]

É extraordinário como há gente que ri e gente que aplaude sempre que isso lhes traz alguma visibilidade. É uma visibilidade quase nula, convenhamos, já que tanto palmas como risadas resultam num efeito sonoro, raramente mostrando quem as produz. Mas a verdade é que rir de uma piada ou de uma gesto de alguém com visibilidade pública confere aos ridentes um protagonismo simbiótico e isso já é o suficiente para lhes confortar a alma e activar o sistema hormonal.

A propósito desta reflexão, ocorre-me o gesto de desdém (autêntico desdém) de um dos participantes no Prós e Contras de ontem sobre a justiça (uma injustiça…), o professor Hespanha, que quando ouviu falar no nome de Marcelo Rebelo de Sousa, já nem sei bem a propósito de quê, abanou a mão assim ao jeito de quem acabou de se assoar a jogar futebol. Remédio santo. A "gente que ri" lançou-se numa fervorosa gargalhada. Nunca se fica a saber bem o porquê da risada. As pessoas riem em função do fenómeno da simpatia que tanto pode funcionar no riso como no rebentamento duma granada, aprendi isso na tropa. A tragédia é que os próprios que riem também não sabem. Eles riem porque alguém se referiu a uma figura pública em termos desdenhosos. Provavelmente rir-se-iam se amanhã Marcelo abanasse a mão em relação a Hespanha. É preciso é rir. E demonstrar que estão com a personalidade do momento contra alguém ou contra alguma coisa. Na maior parte das vezes não têm opinião formada ou, sequer, têm a mínima ideia do que se está a tratar. Mas riem. Riem. Nós, que somos conhecidos como um povo fatalista e macambúzio, rimo-nos sempre nestas ocasiões. Talvez por isso a melhor receita para se pôr gente a rir ou a bater palmas é falar mal de alguém. Salvo casos como este, em que estou há três minutos a escrever mal de nós próprios e tenho a certeza de que ainda ninguém se riu. Mas, claro, eu não vou à televisão nem ninguém me conhece.
.

Etiquetas: ,

terça-feira, outubro 23, 2007

Prós e Prós




[2106]

Ontem recusei-me a ver o Prós e Contras. Passei de relance e, num minuto, apercebi-me exactamente que este era um dos tais programas em que toda a gente ia estar de acordo, saldando-se por mais uma sessão de propaganda. Coincidentemente, ou não, a Fátima falava… e falava. E eu passei. Desta vez passei mesmo. Aparentemente,
eu tinha razão.

Eu não disse lá em cima que tinha razão?
.

Etiquetas: ,