Cheerleaders
Eduardo Pitta desfia os horrores do PSD como se rezasse o terço. Conta a conta, enumera as malfeitorias do Partido ciosamente guardadas no seu rosário e avisa mesmo os incautos que “…o maior partido da oposição devia ter ideias claras e rostos visíveis a defender políticas alternativas às actuais. Estão guardadas para depois das férias? Pelos vistos, os crentes vão votar numa entidade mítica. Eu, se fosse aos eleitores do PSD, começava a exigir, e a insistir, no esclarecimento do básico. Mas o básico não interessa a ninguém, porque o pessoal está apenas interessado na mudança de dinastia, borrifando-se para que o tecto lhes caia na tola”.
Pitta, quanto mais não seja por uma questão de pudor tout court bem poderia ter o cuidado de evitar estas tiradas, sobretudo quando estamos em face de um partido, o PS, cuja notoriedade maior no pós 25 de Abril se pautou por uma inabilidade atroz na gestão dos assuntos correntes da Nação, para não falarmos nos assuntos em que foi objectivamente pernicioso ao bem estar e desenvolvimento, desbaratando um precioso capital (literalmente) que poderia ter feito milagres pelo país e pelos portugueses (e pelas portuguesas, como o PS gosta de dizer). De onde «passou» para um período, o de Sócrates, em que para além da continuidade de políticas desconexas e terceiro-mundistas se acrescentou capítulos que, verdade se diga, no tempo de Guterres e apesar de tudo, não existiam, quais sejam um módico de dignidade e de decência que Sócrates não hesitou em ferir, no seguimento de uma série de idiossincrasias – suas e do próprio Partido.
Perante isto, os socialistas deviam persignar-se e rezar um acto de contrição de cada vez que soltam nacos de prosa como os de Pitta e reflectir, pausadamente, nos tempos em que um Presidente de República socialista despediu um primeiro-ministro social-democrata, tanto quanto me lembro porque se irritou imenso no dia em que um ministro de Santana resolveu demitir-se.