domingo, outubro 31, 2010

O buraco da Clara


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… e quando Pedro Marques Lopes falou no enorme buracão das contas que o PS ainda não havia explicado, a «pluma caprichosa» deixou soltar um guincho, isto naquele programa erótico, satírico e fundamentalmente burlesco do Eixo do Mal: Buraco? Buraco? Insistia ela, a Clara, a «pluma», olhos frementes, dedos em riste e vasos capilares à beira de lhe estoirarem o pescoço… Então e o PSD? E o Cavaco? E o Dias Loureiro, hein? Ahhhh? E o Duarte Lima? Sim, sim… e o Duarte Lima?

É o que dá adormecer com o televisor ligado. Depois arriscamo-nos a acordar com os gritos da Clara Ferreira Alves. Esta mulher tem um ódio patológico ao PSD e a tudo o que cheire a Cavaco. E sofre duma patológica incontinência verbal. Não se contém. Dispara em todas as direcções e não são balas. É chumbo para pardais daquele que se espalha poucos metros depois do cano.

Esta pluma é um buraco tão grande como o de Teixeira dos Santos. Com menos compostura, é certo e muito mais decibéis. Mas, lá está… quem me manda a mim adormecer com a televisão ligada?

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Quotas para as "curitas". Já


Um bom exemplo do sentido prático dos americanos. Um popular «burger» com recheio do mais fino caviar, não esquecendo a equidade cromática alusiva a Barack Obama e a Sitting Bull. A. Lincoln está representado no guardanapo de papel.


[3950]

Fico com a ideia de que a f. acorda todas as manhãs angustiada com a causa a eleger apara a sua luta do dia. Porque tem de ser causa, tem de fracturar e tem de apontar o dedo às consciências pesadas. Como aquelas que desta vez acharam por bem criar um estereótipo injusto ao denominar a cor dos pensos rápidos como sendo cor de pele, sendo estes normalmente bege rosado ou mel (também há pensos transparentes, mas a f. esqueceu-se). A injustiça é flagrante porque, como se sabe, há negros na Terra e ninguém se lembrou de fazer «curitas» pretas, um despautério que reflecte bem a facilidade e superficialidade com que estes assuntos são tratados. Com desfaçatez e total alheamento dos direitos e liberdades das minorias. No fundo nada de muito diferente de expressões tipo, o futuro está muito negro, a ovelha negra da família, a coisa aqui está preta (no Brasil) e outras que não me ocorre agora, mas que são por demais conhecidas.

Tenho de admitir que as angústias da f. não são contas do meu rosário, cada um acorda com as suas e ninguém tem nada com isso. Mas que esta dos pensos rápidos não lembra ao careca é verdade. Penso mesmo que a f. deveria, já, promover um abaixo-assinado para o estabelecimento de quotas para a cor dos pensos rápidos. E que rapidamente se produza adequada legislação na AR. Por forma a que ninguém se sentisse constrangido se lhe venderem na farmácia um penso de uma cor de pele que notoriamente não seja a sua.

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sexta-feira, outubro 29, 2010

A machamba do Zé-que-faz-falta


Uma ideia para o o Zé-que-faz-falta - As papoilas de Campolide

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O talhão do Zé-que-faz-falta, ali a Sete Rios /Campolide, aguarda em pousio ou esqueceram-se dele. Depois do bruaá feito com o cultivo do girassol, o terreno mantém-se agora inóspito, com mato de meio metro, e da obra restam umas tabuletas meio penduradas na vedação dizendo: Visitas - telefone tal e tal.

Isto é como tudo, cá pela paróquia. Esta rapaziada da esquerda moderna gosta de levantar uma poeira dos diabos com iniciativas meio patéticas (patetas?) e depois o resultado é este. Uns hectares de mato com umas tabuletas penduradas, no meio de Lisboa. Tudo com um aspecto de quem acabou de comer e não levantou a mesa. Está-nos nas tripas.

O Zé-que-faz-falta também comeu e não se dignou levantar a mesa. Depois do escarcéu que fez com o girassol, bem que podia dizer que ia proceder já a uma lavoura a preceito para uma sementeira de cereal de pragana (guardando a definição de cereal de pragana para um notícia posterior, o nome tem um certo impacto). Assim, como está, é que aquilo não dá com nada, vereador Zé-que-faz-falta!

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O meu otorrino é melhor que o teu. E eu é que sei onde é que se come o melhor leitão na Mealhada


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Quem conhece um «otorrino» melhor que o nosso? Ou dentista? E o ortopedista, onde a avó foi quando fracturou o fémur, não é o melhor da península? Já a mãe foi operada às cataratas no melhor oftalmologista de Portugal. Formado em Lisboa, mestrado em Barcelona, doutorado em Philadelphia. E o carro anterior ao que temos agora que foi vendido com 400.000 km e nunca teve qualquer avaria? De resto as revisões eram sempre feitas num mecânico que era, naturalmente, o melhor mecânico da grande Lisboa, um especialista. Em restaurantes, a coisa fia mais fino. A Mealhada tem os dez melhores restaurantes de leitão em Portugal. Só pode, porque dez dos meus amigos conhecem o melhor restaurante da Mealhada, lá onde o leitão é o melhor. A loja onde vamos buscar o frango assado ao domingo é, também, a melhor. Juntamente com cinquenta outra lojas, já que cinquenta pessoas me disseram que a churrasqueira onde compram o frango é o melhor da zona. Não posso esquecer também o cliente do Pingo Doce que tem a certeza que a carne do Pingo Doce é a melhor de todas as grandes superfícies. Mas o cliente do Jumbo diz que não. Lá é que a carne é boa. Pelo menos até aparecer o cliente do Modelo Continente que afiança comprar lá a melhor carne do mercado. O português conduz também o melhor carro existente na praça. Não tem avarias, pegou sempre todas as manhãs e a única chatice que teve foi aquele toque que sofreu por causa da besta cavalar que o abalroou. Valeu-lhe ele ter o carro segurado na melhor companhia de seguros portuguesa, a mais dinâmica, a mais séria e a mais rápida. Nem o popular Fernando Mendes resiste ao anúncio em directo sobre a excelência de um tal Dr. Póvoas a emagrecer gordos como ele. Há cinco anos que o oiço, cada vez mais gordo, a cantar as excelências desse tal Dr. Póvoas a emagrecer gente. Um pouco como o nosso tio que garante que as termas de S. Pedro do Sul são, de longe, as mais eficazes. Tratam tudo. O fígado, a coluna, a pele, as artroses, a rinite alérgica e a caspa. As águas são tão boas, o efeito é tão benéfico que ele vai lá todos os anos, durante os últimos trinta anos, e cada vez se sente melhor. Claro que temos um amigo que diz que Caldelas é que é bom e que o Vimeiro… uau… um especialidade.

Resumindo. O português é um homem feliz. Conhece o melhor de qualquer ramo. Porque para o melhor, ele, existe sempre o melhor. Que ele descobriu, conhece e cultiva como a flor viçosa e perene da idiossincrasia nacional.

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segunda-feira, outubro 25, 2010

A esperteza e os espertos


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Detesto a esperteza dos espertos. Gosto mais da esperteza genuína, daqueles que, não sendo espertos, se esforçam genuinamente por sê-lo sem o auto-convencimento dos espertos inatos que acham viverem num caldo de cultura de pacóvios («chiça», já é a segunda vez que emprego hoje este vocábulo). Porque aqueles conseguem a vitória da vida deles sempre que resolvem um problema. Já estes vivem da esperteza e de um ego inflado pelos resultados que os tais pacóvios, os genuínos, lhes conferem. O que, admitamo-lo, não é muito nobre nem recomendável para um esperto que se preze, nem lhe deveria inflar o ego por aí além.

A explicação de Marcelo ontem na TVI sobre as razões que o levaram a anunciar o local, o dia e a hora em que Cavaco Silva iria anunciar a sua recandidatura são, no mínimo, pueris e casam bem com a alegria incontida no brilho daqueles olhitos espertos, pela polémica que o anúncio dele causou. Isto, no discurso cúmplice e aquiescente do entrevistador de serviço Júlio Magalhães.

Faz tempo que Marcelo não diz sim, não diz não e mesmo o talvez anda arredado do seu léxico de comentador. O que Marcelo vai dizendo assemelha-se mais a quatro linhas de pesca ao corrico embaraçadas por um wahoo que picou uma das rapalas do que a um comentário honesto sobre um facto ou uma personagem. Mas isso faz parte do patamar a que ele julga que se guindou. E é pena. Uma mente brilhante como a dele poderia ser naturalmente escorreita e intelectualmente honesta para conseguir contornar as tentações e as contas do mafarrico e que lhe tentam e violam a crescente vaidade. É pena.

Estou como a Joana. Cada vez gosto menos dos espertos.

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Flat seas na Venezuela


[3946]

O mar da Venezuela é mais chão que o nosso.

Vale a pena ler este post da Helena Matos. E ir acompanhando o desenrolar dos acontecimentos, porque com o socialismo a fazer negócios de swine capitalists nunca se sabe quando o flat sea se eriça com ventos de gale force e as velas se enrodilham. Vale a pena ver o que sai daqui.

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Harmony


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Nem sempre uma mulher e uma cidade têm de ser bonitas para se afirmarem num registo afectivo importante. Mas se a cidade e a mulher são bonitas então o registo passa de importante a especial. E a beleza de ambas harmoniza-se e funde-se no cenário glorioso de um dia feliz.

Foi o que me ocorreu quando tropecei nesta foto de uma mulher em traje minhoto posando com Viana do Castelo ao fundo. Podia viver sem ter postado esta foto? Podia… mas não era a mesma coisa!

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Tudo bons rapazes


[3944]

Os últimos dias têm mostrado Sócrates naquilo em que ele acha que é bom. Falar aos portugueses como se todos fossem um rancho de pacóvios. Ele grita, ele gesticula, seja para continuar a apregoar o orçamento como se fosse um bálsamo para as costas, seja para anunciar os negócios mais ou menos improváveis com Chávez, como um barco rejeitado pelo antigo cliente porque, aparentemente, não reunia as condições mínimas de segurança, mais uns milhares daquela brincadeira chamada Magalhães, hoje por hoje já quase inexistentes nas escolas e que custaram milhões ao erário público, umas postas de atum e parece que umas casas pré-fabricadas. Chávez não confirmou os detalhes mas assegurou que vinha dar as duas mãos a Portugal, que a União Soviética ainda lá está e referiu um herói colombiano, cujo nome me escapa e que, segundo Chávez, para ele era sempre à frente e nunca atrás. Não sei bem a que propósito vinha esta do sempre à frente e nunca atrás mas que Chávez o disse, disse. Eu até que já desconfiava depois de ter assistido a esta cena que, na altura, me impressionou bastante.

Estas cenas são depressivas. Ver Chávez chegar ao volante duma carrinha Mercedes a Viana do Castelo e a buzinar como um adolescente antes de desembrulhar as declarações acima e ter passado o fim der semana a ouvir Sócrates naquele tom de Vilar de Massada (o corrector dá erro, será Maçada?) a debitar vacuidades em tom de comício fazem sonhar com o dia em que nos veremos livres desta tralha saltitante que anda por aí em desmandos vai para um ror de anos. O problema é que parece que 35% do eleitorado não concorda comigo e quer mais do mesmo. Será, provavelmente a nossa sina. Um governo socialista e Pinto da Costa a ganhar campeonatos contra os Bines Ladens do futebol (última tirada do presidente dos dragões) poderão ser ainda, por muitos anos e bons, a nossa imagem de marca. Pelo menos enquanto o resto da Europa tiver paciência para nos aturar. E houver dinheiro (dos outros) para gastos.

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domingo, outubro 24, 2010

A avaliar pela montra…


[3943]

…avalio bem o que deve haver pelo armazém. E o armazém é um programa anunciado para logo à noite na SIC, «feito por crianças. Para sabermos o que as crianças pensam». E na apresentação do programa (assim uma espécie de letselucatdetreila à boa maneira do Laurodérmio), aparece uma repórter de voz melíflua e aparentemente acometida de tripanossomíase a fazer perguntinhas às criancinhas (deviam ter dito meninos, como agora se usa). E as perguntas são fantásticas. Uma delas queria saber o que é que o menino gostava de dizer ao engenheiro Sócrates e o menino dizia que gostava de dizer para não falarmos tanto da crise na televisão senão as pessoas ficam muito deprimidas e depois ainda é pior. Outra pergunta que me lembro de ter ouvido, eu seja ceguinho… foi porque é que o menino acha que há ricos e há pobres. O menino respondeu prontamente: - Não sei. Mudança de plano e o menino responde. Porque há uns senhores mais distraídos e quando ganham os dinheiros estão mais distraídos e depois os outros senhores se eles estão distraídos levam mais dinheiro do que aos outros que não estão distraídos.

Há mais pérolas do género, mas uma pergunta se perfila desde já; - Será que endoidámos de vez? E não varrem esta gente?

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quinta-feira, outubro 21, 2010

Levantai hoje de novo...

[3942]


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Da lógica da batata. Da batata social, bem entendido


[3941]

"...Há uns dias discutia-se um tema recorrente: os portugueses não poupam e têm que poupar mais..Percebe-se que não poupem, não se percebe é porque haveriam de poupar mais. Afinal vivemos num estado social. Tradicionalmente as pessoas poupavam para a velhice, para a doença, para o desemprego, para a educação dos filho, para comprar casa. Se o Estado Social garante reforma, saúde gratuita, subsídio de desemprego, educação gratuita e, em muitos casos, habitação gratuita, porque é que as pessoas haveriam de poupar?..."

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quarta-feira, outubro 20, 2010

Complicadex


[3940]

Se, olhando para uma manada de vacas, nos perguntam quantas vacas tem a manada, sabe-se bem que a nossa tendência é a de contar as patas e dividir por quatro. Não porque sejamos estúpidos, mas porque somos possuídos por uma estranha síndrome de «complicadorismo» idiota que nos advém eventualmente do pequeno manga-de-alpaca que há em nós. Porque um manga-de-alpaca é o exemplo acabado do cumpridor de tarefas, bem reguladas, bem enquadradas numa esmiuçada legislação (sempre a precisar duma revisão para se lhe adicionar uma alínea), logo isenta de grandes responsabilidades e, não menos importante, garante de uma remuneração certinha ao fim do mês e para a vida. Se no topo pudermos acrescentar uma pitada de «poder» aí estamos nós, então, realizados e felizes, usando-o de uma forma discricionária e, frequentemente, injusta. Mas tudo vale pelo prazer indizível de nos satisfazermos a nós próprios com o gozo que a pitada de «poder» nos dá. E complicar é o reflexo inegável do uso discricionário do «poder» por quem a ele não está habituado.

Isto explica muita coisa. Sobretudo o sistema «complicadex» que imprimimos a tudo em que nos metemos. Por muitos «simplexes» que inventemos, Por isso, esta notícia não admira ninguém. Sob o estimado pretexto de pensarmos na poupança, dispensando portageiros, “engendrámos” o mais complicado e caótico sistema de portagens que alguém possa imaginar.

Nada disto seria muito grave se não revelasse, para além da nossa idiossincrasia aplicada ao caso vertente, um profundo desrespeito pelas pessoas. Logo nós, que nos fartamos de pensar nas pessoas, como nos ensina a esquerda elegante.
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Os protestantes


[3939]

Uma vez andei na tropa. Descontadas algumas perplexidades da altura, consagrei a ideia que tinha que todos nós um dia juraríamos bandeira e defenderíamos a Pátria. Porque era assim. E porque era assim e porque sabíamos que aquele era um período específico, de esquadria bem definida, fiz o que muitos milhares de jovens como eu fizeram, obedeci aos meus superiores e fiz-me respeitar perante os meus subalternos. E na assunção lógica de que o exército não era uma democracia mas sim uma instituição que os cidadãos tinham o dever irrecusável de servir, cumpri o meu tempo, no fim do qual regressei à vida civil.


Os tempos mudaram, eu sei, mesmo na altura em que servi o exército já aparecia quem achasse que servir uma causa era mais nobre que servir o país, de resto os donos desses pensamentos palavras e obras acabam por ser emulados mais tarde. Mas hoje, confesso que quando vejo que existe uma Associação de praças (parece que também há de sargentos e de oficiais) cujo presidente, o senhor Luís Reis, acha que essa Associação deve marcar para o dia da greve geral, 24 de Novembro, um protesto contra a austeridade, cai-me o queixo. Poupo-me às considerações que me suscita haver uma associação de Praças que acham que devem protestar contra seja o que for, mas não consigo esconder a minha estupefacção por ver até onde consegue ir esta carga ideológica que parece ser uma imagem de marca do português contemporâneo. Fomos ensinados a brandir o estandarte dos nossos direitos, parece-me é que nunca ninguém se interessou em nos explicar os deveres e, muito menos, uma noção básica de cidadania, onde caiba a consciencialização de cada qual sobre o significado de servir e representar a instituição militar. Mesmo o facto de o serviço militar hoje ser feito em regime de voluntariado não deveria mudar uma vírgula ao conceito que subjaz à sua existência.

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segunda-feira, outubro 18, 2010

Terrorismo verbal, impunidade



Neste terrível "Falling Down" (um Dia de Fúria), de que este vídeo mostra a inesquecível cena do restaurante de "fast food", Michael Douglas acaba mal. Mas também, não tinha a comunicação social a fazer claque

[3938]

Já hoje ouvi Louçã vezes sem conta. Por qualquer razão que me escapa o homem tem microfone e câmara a toda a hora, mesmo que seja para proferir uma série de dislates acompanhados de uma verborreia própria de um terrorista, que hoje estaria a fazer bem melhor figura nas ruas de Paris a partir umas montras do que a exibir o seu aspecto engomado a chamar assaltantes aos banqueiros, a falar de roubalheiras e a fazer umas contas à maneira dele, segundo as quais os bancos meteram ao bolso milhares de milhões de Euros. Sem embargo da verdade que possa subjazer nestas afirmações, eu gostaria de conhecer os limites, se os há, de um deputado em fazer afirmações deste jaez. Porque se eu for à rádio ou à televisão acusar alguém de ser assaltante ou afirmar que alguém cometeu uma roubalheira, pode muito bem acontecer eu ser processado e não preciso sequer que se me dilatem as pupilas ou as veias do pescoço.

Este homem tem o condão de nos conseguir partidarizar a favor do que ou de quem esteja contra os seus cânones de julgamento. Tal o paroxismo que o invade e possui de cada vez que lhe metem um microfone à frente. Quanto à comunicação social, reconheço o factor não despiciendo de muitos dos seus jovens licenciados se terem formado num adequado caldo de cultura aos extremismos do Anacleto Louçã (um excelente professor de Economia, é dito com frequência, como se pretendesse justificar o seus desmandos) ou a convicção ideológica (por muito anquilosada que eu a julgue, mas quem sou eu para julgar jornalistas…) dos jornalistas menos jovens. Mas alguém lhes deveria ensinar alguma coisa e dar-lhes um curso intensivo de sentido da proporcionalidade. Para que não se esquecessem que o Bloco tem uma percentagem mínima de eleitores, muito, mas muito longe da importância que a comunicação social lhe concede.
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Venha de lá esse orçamento


[3937]

Pois que seja. Que se aprove o «mata-dores» do orçamento. Que outra coisa não me parece que seja, já que panaceia não será, qualquer coisa que curasse todos os males decorrentes da nossa estranhíssima estrutura mental e, consequentemente, comportamental. Parece que se o orçamento não passar a coisa se torna mesmo complicada, não temos onde ir buscar o dinheiro e entramos em incumprimento. Pois que se aprove. Passos Coelho pede desculpa outra vez, toma um «konpensan» e «aquilo» passa. Mas nada o impede de ir à tribuna da AR (ou mande Miguel Macedo que tem mais voz para estas coisas) e denuncie cabalmente as culpas do Partido do Governo, desde o «Vangélico» Guterres anunciando as «scuts» com as trombetas imbecis da não desertificação do interior, até à inenarrável criatura que as circunstâncias levaram ao poder no presente, reunidas que foram as condições desejadas e que culminaram com o lacrimejante Sampaio que, após uma epifania de madrugada que lhe anunciou «as pessoas» e o «há vida para além do défice», despediu o pobre Santana Lopes, vítima indefesa de uma incontrolável sesta e de um ministro meio amuado que resolveu demitir-se.

Que se aprove o tal orçamento. E enquanto o «pau vai», que descansemos as costas e uma qualquer luz se acenda e nos ilumine e ensine como correr com esta tralha socialista que nos come a carne, nos rói os ossos e nos envergonha e engorda à conta do festim que soube organizar, manter e tenta agora perpetuar. E isto antes que o indefectível Rui Oliveira e Costa ponha a Eurosondagem a funcionar com a costumada e reconhecida eficiência.

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quinta-feira, outubro 14, 2010

Read his lips ( 2 )


[3936]

Começam a ser secundárias as «tecnicalidades» deste governo (?) socialista. Interessa reter apenas dois aspectos principais:

- O nosso primeiro-ministro é consabidamente um rematado mentiroso;
- É cada vez mais evidente que esta gente não tem a mínima noção do que anda a fazer.

O vídeo acima reproduzido é coligido pelo
31 da Armada e, com a devida vénia, difundido neste modesto sítio. Quanto mais não seja, a título de serviço público.

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Read his lips


[3935]

O Pedro Correia coligiu aqui uma série de afirmações do nosso inenarr
ável primeiro-ministro. Não fosse a situação trágica e elas seriam hilariantes. Pena que os vídeos não acompanhem o texto para que se visse bem aquela expressão arrogante que Sócrates afivela sempre que enuncia enormidades destas.

Cheap liar… mas há quem goste!

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Paleio transparente, mentes translúcidas, procedimentos opacos


[3934]

Esta é uma sequência típica da tralha socialista. Um notável escarcéu sempre que rende o uso da retórica bombástica, em que o termo transparente ganha lugar de relevo. Segue-se a translucidez das razões que geram um meio definitivamente opaco, sempre que se trata de escamotear as malfeitorias próprias à opinião pública – a mesma que foi invocada na fase 1, entenda-se a fase da transparência.


Neste enunciado cabe a presente impossibilidade de acesso ao portal (http://www.base.gov.pt), um sítio da Internet do Governo onde obrigatoriamente são divulgados todos os contratos públicos realizados no país pelos diversos graus da administração. E, antes da impossibilidade, o notado desaparecimento (up in smoke?) de alguns contratos de uma transparente falta de vergonha. Apesar da maioria deles ser do conhecimento geral e já referidos e amplamente discutidos na blogosfera.

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quarta-feira, outubro 13, 2010

Ser humano


[3933]

Não há como nem porque ignorar a profunda emoção que tenho sentido no decurso da operação de salvamento dos trinta três mineiros encurralados a cerca de setecentos metros de profundidade. Emoção pelo regresso daqueles homens à vida e uma sensação muito gratificante pelo reconhecimento do engenho admirável do homem, quando submetido a situações especiais de exigência e que lhe fazem vir ao de cima as suas extraordinárias capacidades e as suas virtudes inatas de solidariedade, espírito de sobrevivência, inteligência, vontade, coragem e bravura. Só o conjunto destas virtudes poderia possibilitar o rigor e a eficácia com que a operação se tem vindo a efectuar, ao lado de, repito, uma enorme coragem (não é pêra doce uma pessoa «entalar-se» numa cápsula de meio metro de diâmetro e pouco mais alta do que ela para transpor cerca de setecentos metros de rocha em cerca de vinte minutos).

Uma lição de humanismo, uma lição de engenho, uma lição de coragem. Provando que o homem, quando quer e precisa é um ser extraordinário de inesgotáveis virtudes, de entre elas a sua capacidade intelectual para se adaptar às exigências e vicissitudes em que a vida, aqui e ali, nos faz tropeçar.

Vídeo com o aparecimento à superfície do primeiro mineiro. Ver aqui.

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terça-feira, outubro 12, 2010

Culpa minha, o tanas


[3932]

Que descaramento é este o desta rapaziada socialista em poder dizer que somos todos culpados pelo descalabro das nossas finanças, porque vivemos acima das nossas possibilidades? Mas afinal a culpa é de quem compra (e paga) ou de quem promove a disponibilidade de crédito e bens de consumo? Que patranha é esta de se querer agora distribuir responsabilidades pelos cidadãos consumidores e deixar a ideia de que devemos TODOS compartilhar a tripa forra a que os socialistas alegre e irresponsavelmente se entregaram? Que culpa tenho eu de que o Figo goste de vir a Lisboa «matabichar» com Sócrates e que alguém vá lá convidá-lo de «jatinho» e esse alguém ganhe dois milhões de euros por ano e seja do Futebol Clube do Porto desde pequenino? Que culpa tenho eu de que o meu primeiro ministro tenha passado praticamente uma legislatura afogado em escândalos, nunca cabalmente esclarecidos e estrategicamente escamoteados à justiça através de uma das mais descaradas protecções de que tenho memória? Que culpa tenho eu de que se forme e pague milhares de fundações, institutos e outras organizações serventuárias do regime, que ninguém sabe bem para que servem e que custam milhares de milhões e dão emprego a milhares que se lhes tiram essas instituições nada mais sabem fazer na vida? Que culpa tenho eu de ter vindo sistematicamente a ser «gerido» por amadores que a única experiência que têm de trabalho cabe num cadinho de poesia avulsa, máximas de grande impacto político, rasto curricular assente em meia dúzia de tiradas para «português ver» ou uma passagem pelos calabouços (masmorras, masmorras) da PIDE? Que culpa é que eu tenho que um grupo de sábios iluminados se tenha auto-convencido da sua indispensabilidade no processo de governação de um punhado de gente inculta e meio grunha, no seu douto convencimento, a que se vai dizendo umas patranhas e, sempre que julgado necessário, se responsabiliza e chama a atenção no sentido de que os grunhos têm de sofrer como o governo? Que culpa tenho eu, realmente, de que um grupo de gente promíscua e espertalhona submeta este país a tratos de polé e se embrulhe em teias pegajosas de robalos, documentos perdidos, juízes exprobrados quando se limitam a cumprir a nobre missão que lhes foi confiada, caciques de verbo incendiário, parolos, esses, sim, genuinamente grunhos a quem se entregou uma autarquia ou um clube de futebol, chico-espertos que se assoam à gravata e, enfim, a um rol interminável de patranhas, conluios, amiguismos, negócios escuros, de dinheiros sujos ou de cueca (mesmo que lavada…)?

Que culpa é que eu tenho, afinal, para que me queiram agora meter no mesmo saco e dizer que a culpa é de todos nós? O tanas, ou, para usar uma expressão que o Almirante Azevedo celebrizou… essa. Essa mesmo. E que lhes faça bom proveito. Ou que sigam o conselho de um dos contemporâneos e vão (finalmente) trabalhar.

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O «ataque feroz» dos mercados


[3931]

Alguém me consegue realmente convencer que as «agências de rating» (bbbbrrrrrrrrrrr) estão mesmo preocupadas sobre se o orçamento passa ou não passa? Não estarão elas apenas preocupadas em estabelecer uma opinião sólida e racionalmente alicerçada sobre se Portugal consegue ou não pagar o que deve e o que quer continuar a dever?

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A crise medida em submarinos

[3930]

Santos Silva irá desmentir nas próximas horas a afirmação de PPC em Rio Maior segundo as quais os socialistas nos empenharam à razão de quatro submarinos por ano durante vinte e cinco anos? Sim, submarinos, daqueles que Sócrates sem pudor e Teixeira dos Santos sem vergonha trouxeram a lume na Assembleia da República como uma das razões para as «dificuldades de tesouraria» do momento?
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Porque é que Santana Lopes foi despedido, lembram-se?

[3929]

Alguém é capaz de, hoje e em consciência, me fazer um desenho sobre as razões que levaram Sampaio a despedir Santana Lopes? O mesmo que hoje apela, sem riso nem pigarro de embaraço, a continuação de Sócrates e dos seus rapazes à frente dos destinos do país? Como ontem fez…

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Parar a democracia por um bocadinho?

[3928]

Se mal pergunto, e passe o tique brasileiro, muitos dos que hoje acham que o PSD tem o dever cívico de aprovar o orçamento são os mesmos que crucificaram Manuela Ferreira Leite quando a senhora, aka «velha» ou «bruxa» conforme a disposição, disse que se deveria suspender a democracia por um tempinho até arrumar a casa. E afinal o que é isto de toda a gente, agora, concordar que o governo se consubstancia num grupo de irresponsáveis que nos engavetou neste sarilho mas que os devemos lá deixar ficar para não levantar muitas ondas e não nos cortarem a ração? Se isto não é parar um bocadinho a democracia é o quê?
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segunda-feira, outubro 11, 2010

O costume


[3927]


Outra coisa curiosa de observar é um português vestido de poder, na circunstância, um blusão com um emblema da Protecção Civil.

Nas recentes inundações em Sacavém, um comerciante dizia que ia falar com o presidente da Câmara (suponho que de Loures) e pedir responsabilidades pelas inundações. O agente de Protecção Civil vociferou:

- Oiça lá, pedir responsabilidades de quê? Aqui a responsabilidade é da chuva, tá a ouvir? Há inundações porque choveu.

O comerciante calou-se e daqueles dois nenhum realmente percebeu de quem era a culpa. Da Câmara porque autoriza o caos urbanístico que se conhece e que leva a que com meia dúzia de pingos toda a gente se ponha a varrer e escoar as águas das chuvas. Do comerciante, porque frequentemente abre lojas em locais perigosos e, quem sabe, de forma clandestina. E do agente de protecção civil porque é malcriado e, como muitos portugueses pequeninos, se sente grande quando se vêem outorgados de um bocadinho de poder. Mesmo que pequenino.

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Atenção aos comboios


[3926]

Há coisas difíceis de explicar sobre os portugueses. Uma delas é perceber que forças ocultas levarão um indivíduo a conduzir a sua viatura, deparar com uma passagem de nível com as cancelas fechadas, uma enorme e brilhante luz vermelha, a piscar, uma estridente campainha a tocar e, mesmo assim, ele “acha” que pode e deve passar contornando as cancelas. De vez em quando morrem e toda a gente fica muito admirada e os mais sábios acusam o governo, a Refer e, quiçá, a sogra, os ciganos ou um vizinho de que não gostam.

Há coisas em que somos realmente inultrapassáveis.

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A cena do orçamento


[3925]

Parecia pairar ontem uma sólida expectativa à volta da magna opinião de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a magna questão de o PSD dever aprovar ou não o orçamento do PS.

Causa-me uma certa estranheza esta forma de se aguardar a palavra de Marcelo como um católico aguarda e guarda «a palavra do Senhor». Afinal não me consta que Marcelo perceba de Economia, mau grado a sua aparente e reconhecida capacidade como professor de direito. Mas somos assim, somos um povo meio estranho acometidos de um patológico sebastianismo e nos deixa pendurados de uma figura desejada ou de uma palavra hipoteticamente sábia. A verdade é que Marcelo ontem limitou-se a emitir uma opinião enformada num comentário político. Se tivermos em conta que os comentários do Professor Marcelo assentam hoje mais numa forma habilidosa e competente de se manter na crista da popularidade do que numa argumentação substancial sobre os diversos assuntos da nossa vida pública, temos todas as razões para não o levarmos muito a sério. Independentemente da bondade dos seus comentários.

Foi assim que não consegui descortinar razões suficientemente fortes para a teoria de Marcelo ou, melhor, que as razões que ele aduziu estejam mais assentes na realidade política e económica do que nas suas assunções pessoais. Assim continuarei a aguardar que me expliquem porque é que o chumbo de um orçamento, que todos dizem ser mau, gerado por um Partido que todos dizem ter fortíssimas responsabilidades no descalabro económico e social que nos assola, Partido liderado por um homem sem preparação, mentiroso e desde sempre envolto na neblina de suspeição de muitos casos de venalidade e dolo e comprovadamente submerso em situações de ética reprovável e danosa dos nosso interesses, porque é que esse chumbo, perguntava eu, deve comprometer o nosso futuro como nação, como país integrante do concerto europeu e, no extremo, da zona Euro. Quando, afinal, o que me parece curial é que os socialistas (pelo menos estes, em palco) e o seu chefe de banda sejam, rapidamente afastados, mesmo com todos os custos que daí possam resultar. Está por saber, e os técnicos que se manifestem, quais os danos maiores. Passar por um período complicado ou manter este bando no poder.

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Porque sim

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Nisto de blogues, há interregnos porque não podemos escrever, outros porque não queremos e outros porque sim. Estes últimos são talvez os que têm mais força e desresponsabilizados, até por definição.

Nestas alturas, e quando menos esperamos, somos acometidos por esta vontade de contornos mal definidos em continuar a postar. Porque queremos, porque podemos ou, simplesmente, porque sim.

Continuemos, pois.

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quarta-feira, outubro 06, 2010

Antes que arrefeça


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Antes que arrefeça e, por força das celebrações de ontem e do aparente idílio entre as nossas principais figuras de Estado, nos deixemos embalar na onda doce do esquecimento e dos brandos costumes, apanágio do povo comodista que somos, é preciso não esquecer que continuamos a ter este homem como primeiro-ministro (artigo de VPV no Público, sem link)

«Fora a gente sem nome que fez do PS um modo de vida, não há ninguém na política ou no jornalismo que se atreva a justificar o primeiro-ministro, José Sócrates. Não me lembro - excepto em ditadura - de nenhum homem público tão profundamente execrado. O desprezo e a hostilidade variam de tom e pretexto, mas Sócrates conseguiu unir Portugal inteiro contra ele. E não só por causa do PECIII, que infalivelmente nos levará à miséria (embora isso também conte). O que o cidadão comum detesta é a pessoa: a pessoa que ele exibe no Parlamento e no país. E que, se ainda não recebeu ordem de despejo, é porque o PSD e o dr. Cavaco não querem agravar a crise com um vácuo de poder na cena doméstica. Nesta extravagante situação, é curioso relembrar como apareceu (e cresceu) a criatura que nos levou à ruína. Sócrates veio da província com a ambição de fazer carreira. Como educação formal, não foi além de um vaguíssimo diploma de engenheiro, extraído à complacência de uma universidade privada. E, como profissional, não se lhe conhece um currículo respeitável. E, no entanto, "subiu". "Subiu" sob a protecção de António Guterres, que fez dele deputado, secretário de Estado e, depois, ministro (do Ambiente). Não se percebe o que Guterres viu na criatura. Obediência? Dedicação ao trabalho? Algum jeito para a intriga partidária? Não se sabe. O certo é que Sócrates com certeza o serviu fielmente. E, quando Guterres um belo dia se escapou, Sócrates, que não valia nada, emergiu de repente como um candidato plausível a secretário-geral do PS. Porquê? Por causa da RTP, que o resolveu escolher para um debate semanal com Pedro Santana Lopes. Sócrates "passa" bem na televisão (como é obrigatório num político moderno) e essa presença constante em casa de cada um acabou por o tornar numa espécie de encarnação do PS. O resto correu segundo as normas. Durante a campanha contra Manuel Alegre e João Soares, peritos de publicidade arranjaram maneira de ele não se comprometer com coisa nenhuma (uma técnica também obrigatória) e de mentir no caso de um aperto (sobre impostos, claro). Sócrates ganhou; e ganhou, a seguir, a maioria absoluta. Na noite da vitória não agradeceu ao país, com que nunca no fundo se importou. Agradeceu ao PS, a que devia tudo. E, assim, Portugal recebeu do céu (na verdade, do Largo do Rato) um primeiro-ministro, obscuro e vácuo, que não lhe merecia, em princípio, a menor confiança. Mas, tendo votado nesse grosseiro produto do PS, agora não se deve queixar.»

Vasco Pulido Valente - Público

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terça-feira, outubro 05, 2010

O penalti do Villas-Boas


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Anda meio mundo à procura do penalti do Villas-Boas. O moço já me irritava, com aquela barbinha pretensiosa muito em uso na paróquia e aquela voz de quem parece que acabou de se levantar e faz apetecer dizer-lhe: Ó homem, tussa, pela graça de Deus!

A verdade é que enquanto o rapaz andou pela Briosa passava mais ou menos despercebido. Era até, tolerável. Mas foi para o FêQuêPê e o caldo entornou-se. De resto, acontece a quem vai parar ao clube. De imediato ele absorveu os tiques e o jeito que devem ser o ethos genético da colectividade. A sobranceria bacoca, o mau perder e, pior, o mau ganhar. O rapaz só tem dito asneiras, agravadas pela sua juventude, não só da idade, mas na matéria. Ele bem tenta enquadrar-se na filosofia de quem lhe paga mas aquilo sai pífio, meio pateta e o rapaz estraga-se. A menos que continue a ganhar até ao fim.

A cena do jogo de ontem foi do mais patético que já presenciei. Parecido só a triste figura de Guilherme Aguiar no “Dia seguinte” da SIC-Notícias, a falar de seriedade e a recusar comentar as escutas do Apito Dourado. Só visto. Passada a cena do pretenso penalti do Villas-Boas, só lhe resta agora vir agora, como prometeu, retratar-se aos monitores nacionais.

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domingo, outubro 03, 2010

Olha o passarinho


Jatinga Inn - White River. South Africa

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Hoje convidaram-me para ir fazer «bird watching» no próximo fim-de-semana. Afastada a imagem que me veio à ideia de quando «bird watching» significava mais ou menos ir ao «santo sacrifício da saída da missa», apreciar as donzelas de freguesias à volta de Coimbra, como S. Martinho do Bispo, Bencanta, Casais, Fala ou Taveiro, apinocadas nos seus atavios domingueiros, percebi que o convite era mesmo birds-birds, pássaros.

Confesso que andava um pouco desfasado da circunstância de haver «bird-watchers» aqui pela paróquia, sempre associei a actividade aos ingleses. Porque achava que só os ingleses conseguiriam fazer de uma sessão de «bird-watching» um verdadeiro «happening» e uma coisa minimamente interessante, mas isso faz parte da ideia generalizada que eu já tinha dos súbditos de Sua Majestade. Na realidade (este «na realidade» é um relativo plágio, mas não vem agora a propósito) só um povo que acha que o «rice pudding» pode ser pomposamente considerado uma «delicious dessert», ou o «steak-and-kidney pie» um prodígio da alta cozinha, juntamente com o «Yorkshire pudding» e se lembra não só de comer carneiro com chutney, como ficar muito admirado se um cidadão se espantar com a ideia, só cidadãos deste quilate, dizia, se lembrariam de estabelecer um caríssimo e longo aparato para ir espreitar passarinhos no arvoredo.

Sei do que falo porque já um dia caí num «lodge» de uma pequena e aprazível cidade sul-africana, White River, e deparei com o mais inglês dos locais da República. O Jatinga Inn. Entre uma chegada verdadeiramente sui-generis, através da qual fui submetido a uma apresentação formal aos hóspedes que fumavam e bebiam no bar e com os quais tive de partilhar um drink entre conversa de circunstância, na qual não faltou uma tremenda surpresa por ali estar um casal português que vivia em Maputo e a quem não resistiram em fazer uma série de perguntas, desde se ainda havia «LM Prawns» (camarões de Lourenço Marques) e como era aquilo de um «territory» ser governado por black people.

No dia seguinte levantei-me cedo, a tempo de ver um numeroso grupo de «bird-watchers», com um dos mais completos equipamentos de que tenho memória para aquilo que eu julgava ser simples: Observar passarinhos. Tripés, máquinas fotográficas com poderosas teleobjectivas, máquinas de filmar, aparelhos de som (que eles se encarregaram de experimentar mesmo ali…), apitos, gravadores de som, sacos indiscriminados e cheios de qualquer coisa que não sei bem o que poderia ser. E eles cheios de roupa a propósito. Caquis, botas de caminheiro, blusões com milhões de bolsos assim à laia de jornalista em Kabul, chapéus de abas largas, varas, bordões e bengalas, caixas de primeiros socorros e todos eles com aquela expressão solene que só os ingleses conseguem afivelar para as grandes ocasiões.

Nesse dia, no regresso do «lodge» parei o carro num «café» de portugueses à beira da estrada para comprar cigarros. Nos degraus de entrada vi dois «xiricos», pássaros canoros muito frequentes naquela região, saltitando à minha frente, parecendo quererem dizer-me qualquer coisa. Possivelmente que cada um é para o que nasce… e que se algum dia me convidassem para ir «bird-watching», para não ir. É isso que vou fazer. Não vou.

P.S. Não tenho nada contra «bird watchers». Presumo até que deve ser um passatempo com algum fascínio. Que isso fique aqui bem claro.

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sábado, outubro 02, 2010

Ó Maria vais presa?


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Os socialistas no governo, em geral e salvo honrosas excepções, são malcriados. Salta-lhes o pé para a chinela com uma facilidade impressionante, sobretudo quando se sentem a ir ao tapete. Ultimamente sucedem-se os episódios de raiva. É irrelevante saber se são malcriados de berço ou por acção congénita do Partido de que se que servem, animados daquele sentimento que eles consideram como que um legado político de conduzirem pedagogicamente o rebanho, como pastores eleitos quiçá pelo republicanismo que se comemora por estes dias.

Agora é António Costa que resolveu chamar publicamente parasitas a uns senhorios que recebem €600 por quatro pisos de 1260 m2 onde alojam um hotel na zona nobre de Lisboa, e onde se paga por uma noite acima dos €100. Parece que os senhorios não querem ou não podem pagar as obras do hotel (pelo que escrevi acima, vá-se lá perceber porquê) e vai daí, António Costa parece que quer avançar com as obras, como se aquilo fosse dele. Entretanto chama parasitas aos senhorios.

Ainda tentei ler a notícia toda, mas o emaranhado é tal que desisti dos pormenores, O que me ficou foi o registo do que os senhorios ganham, as tarifas do hotel e o à-vontade com que uma figura grada do Estado se permite pôr a mão na anca, tipo varina de Alfama que não ia presa por dizer palavrões, mas sim porque ia dormir com o chefe da esquadra.

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Febras com letras


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Um almoço a sós comigo a um Sábado recordou-me um prazer mais ou menos esquecido. Eu sei que é feio, quiçá pouco higiénico, mas ir comendo com o jornal dobrado ao lado esquerdo, tendo inclusivamente o cuidado de «calçar» as pontas das folhas debaixo da borda do prato ou com um talher avulso, tem o dúplice gozo de condimentar a leitura com os sabores do prato e quebrar a monotonia mastigante com as notícias frescas do dia.

Hoje, circunstancialmente, as «mininas» minhas filhas estavam ocupadas. Uma com tarefas domésticas inadiáveis resultantes, ao que parece, de uma semana inusitadamente agitada e a outra debandada para Lisboa para o Festival de Cinema de terror Motel X, a decorrer no S. Jorge. Foi isso que suscitou o almoço a sós comigo. Durante a semana mantém-se a rotina dos almoços com os colegas de trabalho, em que se fala de tudo e de nada, às vezes até se fala, saudavelmente, mal de alguém e os fins de semana são normalmente preenchidos com refeições com as filhas ou amigos. Hoje calhou almoçar sozinho, «hence» (que jeito que dá esta palavra inglesa…) o prazer inesperado de comer lendo o jornal, ou ler o jornal comendo, é uma questão de pontos de vista.

É curiosa a redescoberta de prazeres escondidos. Para além do prazer intrínseco há toda uma associação de factos ou circunstâncias da vida que, com o passar dos anos se vão alterando e, de repente, nos caem literalmente no prato da sopa.

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sexta-feira, outubro 01, 2010

O mimetismo com penas



[3918]

Ele há gansos para tudo. Mas por muito que mudem a vestimenta, fica-lhes a verdade do estilo, o ar e aqueles desajeitados bicadores de «farroupilhas». Só os mais distraídos não reparam.



Já uma arara tem um poder mimético bem mais sofisticado. Não fora aquela popa arrebitada na nuca (certamente por esquecimento de a ter convenientemente «apanhado») e aquele baton plúmbeo e ninguém diria que ali entre as gansas há um «corpo» estranho. O gineceu sempre teve muito mais jeito para a camuflagem!
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Mal me quer, bem me quer, muito, pouco, nada


[3917]

Demito-me... não me demito... demito-me

Sócrates agora diz outra vez que se demite… Ó homem, demita-se de vez. Esqueça a cena do orçamento. A sua presença de há muito que se tornou indecorosa. Agora está a ficar patética. E, ao contrário do que lhe disseram ontem na Assembleia da República, eu não acho que o senhor seja politicamente inimputável. Pelo contrário, acho-o totalmente imputável (assim como o leão de Rio Maior que, segundo o saudoso Pessa, era totalmente quadrúpede), dai que eu concordo com a sua última posição, para que não o imputemos de vez. Impute-se a si próprio e desimpute-se da frente… isto está ficar demasiadamente imputado.

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