sexta-feira, junho 20, 2014

Aquilo azedou. Definitivamente.


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Se bem me lembro, a Quadratura do Círculo de ontem começou com uma questão muito concreta, qual seja a afirmação de António Costa sobre o aumento de riqueza preconizado pelo edil. O comentário dado a Pacheco Pereira, em poucos segundos, repito, segundos, passou para mais uma violenta tareia no governo e no PSD e não mais se falou na patética afirmação de Costa, por via da qual ele acha que resolve os nossos problemas produzindo riqueza. Depois de cerca de 14 minutos (!!!!!) de tareia no governo, o comentário passou para Lobo Xavier. Este, bem intencionado, tentou trazer à liça a célebre carta do Governo à «troika», pedra angular de uma série de diatribes de Costa e Pacheco no último programa. E digo tentou, porque…não foi capaz. Pacheco Pereira interrompia a cada cinco segundos (nervoso por se ver ali denunciado) e «encavalitou-se» mesmo em Lobo Xavier, num estilo e num modo que só os socialistas empedernidos conseguem adoptar. A partir daí o tema foi a carta e não mais se falou na alquimia de António Costa, como constava da agenda. Pelo meio ouvi os mais díspares disparates e a mais preconceituosa moderação de Carlos Andrade.

Há já algum tempo que deixei pura e simplesmente de ouvir os «desvairos» de Marques Lopes, Daniel Oliveira, Clara Ferreira Alves e a retórica titubeante e apologética do Luís Pedro Nunes, quanto mais não fosse por uma questão de higiene. Mas tenho continuado a assistir à Quadratura. Pouco tempo faltará, porém, para a descontinuar dos meus momentos televisivos. É pena porque sempre achei que tanto Pacheco Pereira como Lobo Xavier (não direi o mesmo de António Costa por, claramente, destoar do restante painel) têm uma envergadura cultural e política que nenhum dos comentadores «axiais» tem. Mas tornou-se óbvio que Pacheco Pereira espuma, agora, de raiva, ele não contém o ódio e a amargura e a sua hemoglobina transformou-se numa forma acabada de «mãe do vinagre». Costa não deslustra da sua habitual irrelevância e Lobo Xavier vê-se em palpos de aranha para aguentar aquilo tudo, enquanto a Carlos Andrade só lhe faltam as asas para ser o serafim de serviço.

É demais. Chega de Quadratura.

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quarta-feira, outubro 20, 2010

Os protestantes


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Uma vez andei na tropa. Descontadas algumas perplexidades da altura, consagrei a ideia que tinha que todos nós um dia juraríamos bandeira e defenderíamos a Pátria. Porque era assim. E porque era assim e porque sabíamos que aquele era um período específico, de esquadria bem definida, fiz o que muitos milhares de jovens como eu fizeram, obedeci aos meus superiores e fiz-me respeitar perante os meus subalternos. E na assunção lógica de que o exército não era uma democracia mas sim uma instituição que os cidadãos tinham o dever irrecusável de servir, cumpri o meu tempo, no fim do qual regressei à vida civil.


Os tempos mudaram, eu sei, mesmo na altura em que servi o exército já aparecia quem achasse que servir uma causa era mais nobre que servir o país, de resto os donos desses pensamentos palavras e obras acabam por ser emulados mais tarde. Mas hoje, confesso que quando vejo que existe uma Associação de praças (parece que também há de sargentos e de oficiais) cujo presidente, o senhor Luís Reis, acha que essa Associação deve marcar para o dia da greve geral, 24 de Novembro, um protesto contra a austeridade, cai-me o queixo. Poupo-me às considerações que me suscita haver uma associação de Praças que acham que devem protestar contra seja o que for, mas não consigo esconder a minha estupefacção por ver até onde consegue ir esta carga ideológica que parece ser uma imagem de marca do português contemporâneo. Fomos ensinados a brandir o estandarte dos nossos direitos, parece-me é que nunca ninguém se interessou em nos explicar os deveres e, muito menos, uma noção básica de cidadania, onde caiba a consciencialização de cada qual sobre o significado de servir e representar a instituição militar. Mesmo o facto de o serviço militar hoje ser feito em regime de voluntariado não deveria mudar uma vírgula ao conceito que subjaz à sua existência.

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sexta-feira, junho 20, 2008

Onde pára a militância?




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Tenho andado com uma certa curiosidade em ouvir os professores sobre o alegado “facilitismo” dos exames que estão a decorrer. Afinal, quando eu julgava que a sua militância poderia e deveria ser utilizada no tratamento de questões tão sensíveis e importantes como esta, parece que ela, a militância, se esgotou na defesa dos direitos adquiridos, das conquistas e na prossecução de programas políticos, milimétrica e religiosamente observados. E todavia seriam exactamente os professores as pessoas mais indicadas para se pronunciarem sobre aquilo que à primeira vista parece ser uma autêntica fraude a nível nacional, com resultados de assustadora imprevisibilidade. Mas não. Parece que tudo se resolveu depois das cedências do ministério. O "resto" parece já não incomodar muito.

Ler este post do Jorge Ferreira com detalhes, sobre o assunto.

E ainda Avaliar no Hole Horror


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