segunda-feira, outubro 25, 2010

A esperteza e os espertos


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Detesto a esperteza dos espertos. Gosto mais da esperteza genuína, daqueles que, não sendo espertos, se esforçam genuinamente por sê-lo sem o auto-convencimento dos espertos inatos que acham viverem num caldo de cultura de pacóvios («chiça», já é a segunda vez que emprego hoje este vocábulo). Porque aqueles conseguem a vitória da vida deles sempre que resolvem um problema. Já estes vivem da esperteza e de um ego inflado pelos resultados que os tais pacóvios, os genuínos, lhes conferem. O que, admitamo-lo, não é muito nobre nem recomendável para um esperto que se preze, nem lhe deveria inflar o ego por aí além.

A explicação de Marcelo ontem na TVI sobre as razões que o levaram a anunciar o local, o dia e a hora em que Cavaco Silva iria anunciar a sua recandidatura são, no mínimo, pueris e casam bem com a alegria incontida no brilho daqueles olhitos espertos, pela polémica que o anúncio dele causou. Isto, no discurso cúmplice e aquiescente do entrevistador de serviço Júlio Magalhães.

Faz tempo que Marcelo não diz sim, não diz não e mesmo o talvez anda arredado do seu léxico de comentador. O que Marcelo vai dizendo assemelha-se mais a quatro linhas de pesca ao corrico embaraçadas por um wahoo que picou uma das rapalas do que a um comentário honesto sobre um facto ou uma personagem. Mas isso faz parte do patamar a que ele julga que se guindou. E é pena. Uma mente brilhante como a dele poderia ser naturalmente escorreita e intelectualmente honesta para conseguir contornar as tentações e as contas do mafarrico e que lhe tentam e violam a crescente vaidade. É pena.

Estou como a Joana. Cada vez gosto menos dos espertos.

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quinta-feira, setembro 10, 2009

Os cevados mentais


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Este homem é um exemplo acabado do homem (que se quer) novo. Embusteiro, demagogo, fala do que sabe e do que não sabe. Inventa, mente, desacredita, intriga, emaranha e espuma de raiva em face dos valores instituídos. Ou, pelo menos, de alguns. Não espumou quando lhe ocorreu cobrar € 2000 por entrevista. Salvo erro esta ideia brilhante aflorou-lhe às meninges depois do «Capitalism. A love story», onde considera o capitalismo de Wall Street um crime.

Moore sucks. Mas há quem goste. E pague por cima.

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