terça-feira, junho 20, 2017

O Rio dos Medos de Ouro



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Poucos dias depois do 25 de Abril, nos meus verdes vinte e poucos anos e numa altura em que não dava para ir para a frente do ministério com uma tabuleta a reclamar pelo facto de o Governo ainda não me ter arranjado emprego depois de sair da faculdade, fui parar a Durban, como technical assistant duma empresa de produtos químicos para a agricultura e indústria.

Tive uma relativa facilidade em arranjar emprego porque já dominava o inglês, graças a uma prestimosa, linda e louríssima namorada de Sheffield, Yorkshire, UK (Hi, Janet!) razoavelmente mais velha do que eu e que me ensinou uma data de coisas e, de caminho, o inglês falado e escrito.

Entregaram-me o Northern Natal, uma vasta zona do Kwazulu Natal onde eu deveria visitar os mais importantes municípios, como Dundee, Vryheid, Newcastle, Ladysmith, Harrismith, Pietermaritzburg e vender o meu peixe, incluindo a utilização de produtos arbusticidas e de longa acção residual para controle total em refinarias, auto-estradas, etc. (que falta fazia o “macabro” RoundUp da “maléfica” Monsanto, que ainda não tinha sido inventado), para além de produtos de acção selectiva em relvados desportivos, jardins e onde houvesse relva em geral.

Nestas andanças conheci uma das mais fantásticas regiões naturais e hoje, reclamo-me um homem de sorte por isso. Conheci St Lucia, uma extensa zona do estuário do rio Tugela, em que as águas do mar e do rio se misturam, formando um caldo ecológico onde os crocodilos, os hipopótamos e os tubarões convivem (e respeitam-se), o mesmo não se podendo dizer em relação a muitos incautos que antigamente lá se banhavam e eram disputados à dentada entre um faminto crocodilo e um azougado tubarão, isto se não levasse uma patada dum  hipopótamo que ocasionalmente passasse.

St Lucia é um local paradisíaco, em que a beleza natural se funde com uma auréola de mistério e de lendas abundantes, naturalmente devidas às pessoas que pereceram a crocodilos que não tinham nada que andar ali e, igualmente, de tubarões que tinham um mar inteiro para andar e ai se alimentavam à babugem dos alimentos que o Tugela prodigamente lhes ofertava.

St Lucia começou por se chamar Rio dos Medos do Ouro, cuja alusão aos trágicos e frequentes acontecimentos de gente atacada se fundia à cor única, dourada, das suas dunas. Foram os portugueses (quem mais????) que lhe deram o nome, sobreviventes de um navio português naufragado e que dava pelo nome de S. Bento, em 1554. Mais tarde, em 1575, no dia de Santa Lucia, o nome de St Lucia foi outorgado à região completa, incluindo o estuário do Tugela e a zona marítima.

Fiquei a saber isto a primeira vez que lá fui, num “lodge” onde acabei por ficar algumas vezes nas minhas viagens de trabalho e onde me entretinha a ler a história e a origem de St. Lucia.

O meu filho, bem mais inteligente do que eu mas que gosta mais de ler sobre “bikes” do que sobre navegação do século XVI, passou aqui em trabalho há dias e mandou-me esta foto. Fiquei contente por me lembrar disto tim-tim por tim-tim. E, ainda, para calar a boca a alguns amigos que me acusam de só escrever sobre o sorridente Costa. Criatura que eu poderia mesmo convidar a tomar banho em St Lucia, tendo o cuidado, possivelmente, de retirar primeiro a tabuleta de aviso.


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quinta-feira, novembro 10, 2016

África, terra bruta, que até à papaia lhe chamam de fruta...




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Esta tromba de água aconteceu ontem em Joanesburgo. Para os que conhecerem a cidade, a foto mostra Hillbrow (bem visível a torre de Hillbrow) e a tromba de água atingiu principalmente o SE (south east) da cidade, nas áreas de Germiston e Boksburg. Aparentemente, o aeroporto O. Tambo foi também fustigado violentamente pela tempestade o que ocasionou atrasos de horas nos voos, porque os acessos (R24 - a caminho de Pretoria) e N 12 (auto-estrada para Whitbank) foram muito afectados. Parece que até os enormes e moderníssimos parques de estacionamento estiveram inoperacionais apesar de, como se sabe, o aeroporto ser muito moderno, amplo e funcional.

Isto é África na sua plenitude. Lembro-me de uma vez não podermos aterrar em Joanesburgo por causa duma tempestade eléctrica e termos de seguir para Boemfontein onde tivemos de aguardar quatro horas até podermos voar para Jhb

Depois acabo a pensar na nossa suave, moderada, fofa e mimenta chuvinha lisboeta que quando nos afaga cerca de meia hora ocasiona a maior confusão, porque as sarjetas não sei quê, as casas foram feitas em leitos de cheia não sei quantas e, claro, porque o Passos Coelho é que teve a culpa. E questiono-me se um dia cai uma coisa destas aqui na terra o que aconteceria.


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sábado, agosto 18, 2012

Papagaios

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Eu não sei bem (nem bem nem mal) quem é este Sérgio Lavos. Mas sei que quem titula um post sobre a matança de uns mineiros na África do Sul como «A barbárie capitalista» é porque não tem a mínima ideia do que está a dizer. Diria ainda que não tem a mínima ideia do que é África e a África do Sul. Sérgio fala por clichês e vai folheando a cartilha à medida que os acontecimentos se mostram de feição. Ou então… conhece e sabe e, nessa altura, o post dele é um exemplo pestilento de desonestidade.

Alguém que lhe explique, se for o primeiro caso.

Nota: Também tropecei, numa notícia do CM, segundo a qual teria havido um recontro entre a polícia e mineiros, a relembrar o massacre do Soweto, nos tempos do apartheid. Por acaso eu estava lá, foi em 1976. Nisto de massacres, é trágico andar a ver quem ganha a quem, mas convinha recordar ao jornalista do CM que o massacre do Soweto resultou na morte de quatro jovens atropelados por uma multidão de cerca de dez mil pessoas fugindo dos tiros da polícia. No caso dos mineiros, eram cerca de cem e mataram trinta e quatro. A tiro.
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sábado, agosto 11, 2012

Snow flakes keep falling on my head…

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O aquecimento global meteu férias. Na África do Sul é comum nevar no maciço de Drakensberg, Reino do Lesotho e no maciço rochoso entre Ceres e Capetown. Mas este ano, os nevões cobrem uma extensa área da República e chegam a áreas pouco habituais.


Esta foto, por exemplo, é de ontem e foi tirada na N3 (entre Johannesburg e Durban) a cerca de 1 km do turn off para Nottingham Road.

Já este leão, de pose soberba, no jardim zoológico de Johannesburg deve estar reflectindo sobre que diabo querem those stupid white flakes that he’s never seen before nas savanas do Kruger. E mesmo que tenha nascido já no zoo, na última vez que nevou em Johannesburg ele não deveria sequer ter nascido.


Este cenário não tem nada a ver com Aspen, Zermatt ou Iceland. É nas Maluti Mountains (também soletradas Maloti), vistas de KZN.


Aqui, uma foto das mesmas Maluti, no Golden Gate National Park, em pleno Verão.

Este post está um pouquinho piegas, eu sei. É que gosto (e conheço bem) deste país, a que devo muito.
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sábado, julho 23, 2011

The Hout Bay Project



Hout Bay - Um panorama magnífico, em foto tirada à beira da estrada entre Hout Bay e Strand/Gordon's Bay e Hermmanus



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Hout Bay é um local paradisíaco que eu conheço bem. Já em 2004 aqui deixei um breve registo. Há dias tive a grata surpresa de «tropeçar» neste vídeo. Nele, este Hout Bay Project oferece-nos uma mescla interessante de culturas e artes. Do violino ao ritmo e ao coral africanos, finalizando com o imortal Pata Pata da M. Makeba, os europeus de Maastricht tiveram uma generosa amostra do génio de um país como a África do Sul.
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domingo, outubro 03, 2010

Olha o passarinho


Jatinga Inn - White River. South Africa

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Hoje convidaram-me para ir fazer «bird watching» no próximo fim-de-semana. Afastada a imagem que me veio à ideia de quando «bird watching» significava mais ou menos ir ao «santo sacrifício da saída da missa», apreciar as donzelas de freguesias à volta de Coimbra, como S. Martinho do Bispo, Bencanta, Casais, Fala ou Taveiro, apinocadas nos seus atavios domingueiros, percebi que o convite era mesmo birds-birds, pássaros.

Confesso que andava um pouco desfasado da circunstância de haver «bird-watchers» aqui pela paróquia, sempre associei a actividade aos ingleses. Porque achava que só os ingleses conseguiriam fazer de uma sessão de «bird-watching» um verdadeiro «happening» e uma coisa minimamente interessante, mas isso faz parte da ideia generalizada que eu já tinha dos súbditos de Sua Majestade. Na realidade (este «na realidade» é um relativo plágio, mas não vem agora a propósito) só um povo que acha que o «rice pudding» pode ser pomposamente considerado uma «delicious dessert», ou o «steak-and-kidney pie» um prodígio da alta cozinha, juntamente com o «Yorkshire pudding» e se lembra não só de comer carneiro com chutney, como ficar muito admirado se um cidadão se espantar com a ideia, só cidadãos deste quilate, dizia, se lembrariam de estabelecer um caríssimo e longo aparato para ir espreitar passarinhos no arvoredo.

Sei do que falo porque já um dia caí num «lodge» de uma pequena e aprazível cidade sul-africana, White River, e deparei com o mais inglês dos locais da República. O Jatinga Inn. Entre uma chegada verdadeiramente sui-generis, através da qual fui submetido a uma apresentação formal aos hóspedes que fumavam e bebiam no bar e com os quais tive de partilhar um drink entre conversa de circunstância, na qual não faltou uma tremenda surpresa por ali estar um casal português que vivia em Maputo e a quem não resistiram em fazer uma série de perguntas, desde se ainda havia «LM Prawns» (camarões de Lourenço Marques) e como era aquilo de um «territory» ser governado por black people.

No dia seguinte levantei-me cedo, a tempo de ver um numeroso grupo de «bird-watchers», com um dos mais completos equipamentos de que tenho memória para aquilo que eu julgava ser simples: Observar passarinhos. Tripés, máquinas fotográficas com poderosas teleobjectivas, máquinas de filmar, aparelhos de som (que eles se encarregaram de experimentar mesmo ali…), apitos, gravadores de som, sacos indiscriminados e cheios de qualquer coisa que não sei bem o que poderia ser. E eles cheios de roupa a propósito. Caquis, botas de caminheiro, blusões com milhões de bolsos assim à laia de jornalista em Kabul, chapéus de abas largas, varas, bordões e bengalas, caixas de primeiros socorros e todos eles com aquela expressão solene que só os ingleses conseguem afivelar para as grandes ocasiões.

Nesse dia, no regresso do «lodge» parei o carro num «café» de portugueses à beira da estrada para comprar cigarros. Nos degraus de entrada vi dois «xiricos», pássaros canoros muito frequentes naquela região, saltitando à minha frente, parecendo quererem dizer-me qualquer coisa. Possivelmente que cada um é para o que nasce… e que se algum dia me convidassem para ir «bird-watching», para não ir. É isso que vou fazer. Não vou.

P.S. Não tenho nada contra «bird watchers». Presumo até que deve ser um passatempo com algum fascínio. Que isso fique aqui bem claro.

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sábado, junho 12, 2010

Gaan na Bafana Bafana


O sortilégio da globalização ou o dilema dos "poras" (Clicar na foto)

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O inicio da «World Cup» traz-me um registo de memória mais ou menos dissimulado pelo tempo que vai inexoravelmente passando sobre nós.

Porque conheço profundamente a África do Sul, país que me acolheu quando a minha voluntariosa e ingénua juventude foi informada de que eu tinha perdido uma guerra que, em Angola, já ninguém dava por ela. Fui à vida e o acolhimento que tive foi logo uma primeira lição. Porque em vez de choradinho, caridade e solidariedade politicamente correcta aprendi que o melhor acolhimento que se pode dar a um necessitado é dar-lhe os meios para trabalhar, numa lógica de vantagem mútua. E foi assim que tive o privilégio de trabalhar e conhecer um país fantástico, onde aprendi o conceito de rigor, o respeito pela primado da competência e profissionalismo, a consciência pelo return on investment (sendo que o meu investment era o meu trabalho) e uma expressão que registei a partir de um anúncio de uma marca de cigarros: Best Value for Money.

Conheci o país de Norte a Sul, seja de Potchefstrom a Cape Point e de Leste a Oeste, ou seja do Transkei a Walvis Bay, na altura ainda parte da SWA. Por estrada e por avião. Numa primeira estadia no Natal, percorri, em trabalho, cidades como Dundee, Vryheid, Newcastle e Pongola. Conheci Umhlanga Rocks (onde assaltaram os gregos e pronuncia-se Humshlanga)…), Elangeni, Thousand Hills, Pietermaritzburg (para quem não sabe, a capital do Natal e não Durban), a Zululand. Passeei de barco em Midmar Dam e subi ao topo do Drakensberg por Sani Pass, chegando mesmo a conhecer Maseru, capital do Lesotho. Viajei vezes sem conta entre Durban e Johannesburg, extasiado pela paisagem e pela qualidade das auto-estradas, passando por Escourt (terra do bacon), Mooi River, Ladysmith, Harrysmith, Bethelem (já no Free State) e, no Reef, conheci as «pedras da calçada» desde o Lion Park a Kyalami (onde assisti à primeira corrida do Rubinho Barricelo e que me foi apresentado por uma amiga comum), Halfwayhouse (restaurante com maior número de pratos do dia do mundo), Hartbeespoortdam (onde vi asa delta pela primeira vez), os jacarandás de Pretoria, o cenário característico das minas de ouro esgotadas e devidamente enquadradas paisagisticamente com «capim Guatemala». Johannesburg itself, com o espantoso Carlton Centre, Hillbrow, os northern Suburbs de Sandton, Randburg, Rosebank e Marlboro, a opulência de Houghton e townships como Alexandra, Tembisa e Soweto, locais que a propaganda actual diz que eram vedados a brancos…) e, já agora, até uma filha me nasceu em Kempton Park. Fui a Suncity primeiro e Lost City mais tarde (passando por Krugersdorp e pelo actual quartel-general dos nossos futebolistas em Magaliesberg), percorri o antigo Western Transvaal e a paisagem idílica de Neslspruit a White River, Barberton, Hazyview, Sabie, o inevitável Kruger Park e fiz algumas vezes o trajecto Johannesburg/Capetown de carro. Ceres (terra dos sumos), deserto do Karoo, Beaufort West, Paarl (vinhas, vinhas e mais vinhas…), Somerset West e Stellenbosch (universidade), Hermanus, Strand, Gordon´s Bay (fabulosa), Hout Bay (igualmente fabulosa e os seus fabulosos fish platters e, de caminho, contemplando as focas nadando por ali…), Mossel Bay e, seguindo depois a Garden Route até Durban, passando Knysna, Port Elizabeth e East London ao longo de, quiçá, uma das mais belas estradas do mundo, são nomes de locais que conheci bem e que registei com emoção.

Podia escrever três vezes mais linhas falando deste país, de pessoas, de assistência média, do «apartheid», dos problemas sociais, do clima, da orografia, um pouco de História e da guerra, da gastronomia, da cultura, mas isto chega para dar o enquadramento à emoção que hoje sinto em rever locais que a televisão me mostra a propósito da World Cup. Toda aquela gente, os carros, os locais onde estão implantados os estádios, o sotaque, os braais e até os assaltos aos hotéis fazem parte de um fenómeno muito próprio, propício a uma análise epistemológica e muito familiar. E por tudo o que disse no princípio do post e pela proximidade gerada por este campeonato do mundo aqui deixo um genuíno


Gaan na Bafana Bafana, toon die "buggers" hoe eg sokker gespeel word. Leer hulle'n les wat hulle nooit sal vergeet nie

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segunda-feira, março 30, 2009

Africa adeus...


Ellis Park - Johannesburg. Foto de 2008

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Não vamos a Johannesburg. Tinha planos para me sentar no Ellis Park, com um filho, com uma castle na mão e um pedaço de boer-wors na outra. Mas Carlos Queirós não deixa. Inventou uma barba, “meteu” mais um par de programas no computador para saber quantos pulos dá cada jogador, quantos quilómetros correram, quantas cargas de ombro sofreram e quantas vezes se “amandaram” para o chão, mas esqueceu-se da rubrica golos. Deixou-a vazia e os jogadores, cordatos, não metem golos nenhuns, para não lhe desequilibrarem o software.

Não marcamos golos. Não fazemos. Só falamos. Discutimos e, pior, recentemente zangamo-nos. Porque Queirós é muito científico mas não é líder, não conduz. Amua e, limpa a porcaria da Federação, tal como ele pedira há uns anos, vem ele e traz a porcaria toda outra vez. E a jogar toma opções que até eu, que percebo tanto de futebol como de gaitas escocesas, me arrepio só de ver. Uma salganhada de equipa onde ninguém se entende, apesar da excelência dos executantes.

Ainda que matematicamente possível, não vamos a Johannesburg. É espantoso como sempre que conseguimos fazer alguma coisa de jeito nos encarregamos de deitar tudo abaixo, num curto espaço de tempo…

E.T. Nem de propósito, acabei de ouvir Carlos Queirós, a partir de Lausanne. Diz ele que se sente capaz de levar a selecção à África do Sul. Para isso é preciso que a equipa jogue um jogo de cada vez. Está bem. Ficamos assim.
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segunda-feira, março 02, 2009

Guiné Bissau


Nino Vieira ao lado de Amílcar Cabral

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Nino Vieira parece ter sido morto, embora a notícia careça de informação. Entretanto a sua residência oficial vai sendo saqueada. O costume, nestas coisas.

Preparava-me para visitar este país, o único de expressão portuguesa que eu ainda não conhecia. Terá de ficar para outra altura.

ADENDA: A TSF acaba de confirmar a morte de Nino Vieira.

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domingo, novembro 23, 2008

Há dias assim...


Clicar no bife para apetecer mais

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Ontem não vi o Sporting mas ganhei um novo poiso aqui pelas minhas bandas. Acredite-se ou não, há nove anos que existe um restaurante sul-africano em Cascais e eu não sabia. Chama-se A Carvoaria e oferece-nos alguma da genuína south african cuisine, embora algo escassa. Mesmo assim, não faltam a tradicional mealie pap and boerwors e uma panóplia de steaks que são o forte da casa. Boa carne, bom corte e boa assadura, com competentes sauces, acompanhada pelos inevitáveis chips e onion rings.

Indesculpável a falta do sul-africaníssimo monkey gland steak e dos internacionais porterhouse e T-Bone. Tal como aliás não se perdoa não haver kinglip ou Cape salmon. Mas em matéria de steaks, várias versões de rump, sirloin e fillet de claimmed to be genuine charolais estão lá, com aquela apresentação de quem sabe que os olhos também comem e de qualidade e gosto insuperáveis. Há vinhos nacionais mas também os há sul-africanos (ocorre-me um Chardonnay e um Sauvignon brancos e um Pinotage tinto, tal como um ou dois sparkling cujo nome não me recordo) e, para os mais saudosistas e indefectíveis da cerveja, uma Castle lager à maneira. De sobremesas não há muito a dizer para além do velho cheese cake.

E pronto. Antes que o Expresso me contrate e ponha o José Quitério na rua, aqui fica a sugestão para serem atendidos por uma casal simpático e fruírem um steak à maneira. Aqueles que sabem do que falo poderão lá ir á confiança. Aqueles que não souberem, vão lá à mesma e não se arrependerão.

A Carvoaria fica na Rua João Luís de Moura, 24 e o telefone é o 21 4830106.

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sexta-feira, setembro 26, 2008

Post Zulu


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“Pegando” no nevão de Domingo no Kwazulu Natal, e para aqueles que conhecem bem a região, deixo aqui um pequeno apontamento (incompleto) do nome actual de algumas das principais cidades da província.

Ladysmith – Uthukela
Port Shepstone – Ugu
Pietermaritzburg (capital provincial) – Umgungundlove
Dundee – Umzinyathi
Newcastle – Amajuba
Município metropolitano que inclui Durban e cidades limítrofes – Ethekwini

Algumas cidades mantêm os nomes anteriores como Vryheid, Tongat, Empangeni e Umhlanga Rocks.

O clima e a Golden Mile de Durban, de que aqui deixo uma imagem, mantiveram-se inalteráveis.

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quinta-feira, setembro 25, 2008

Nevão no Kwazulu Natal






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Acabadas de chegar, fresquinhas, estas fotos ilustram um forte nevão ocorrido no passado Domingo na região Kwazulu Natal. Elas são dirigidas sobretudo àqueles que tenham um conhecimento mínimo da geografia da África do Sul e/ou que por lá tenham andado, na certeza de que acharão curioso este nevão. Para mais, numa altura em que a Primavera acabou de se instalar. Para os que não conhecerem o Pais, elas serão meras fotos de um nevão.

Foto 1
: A contradição. Se a "Associação Recreativa e Cultural dos Amigos das Alterações Climáticas" descobrem a foto de um cacto nevado fazem já 8 artigos de opinião, 2 documentários subsidiados e mandam um convite a Al Gore para vir a Lisboa dissertar sobre este cacto zulu;

Fotos seguintes
: Nottingham Road
e a última em Draks Gate.
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quarta-feira, dezembro 19, 2007

Virar à esquerda e fé em deus. E um duche, já agora.


[2216]

De Jacob Zuma, vencedor do congresso do ANC e provável sucessor de Mbeki na presidência da África do Sul, sei que é zulu, que teve um caso de alegada corrupção de que saiu ilibado e um caso de violação de uma mulher seropositiva, de que saiu incólume porque, segundo ele próprio, tomou um retemperador e terapêutico duche após a cópula.

Também há indicações seguras de que as políticas sofrerão uma viragem à esquerda, já que Zuma acusa Mbeki de uma política liberal, causa de 40% da população viver com rendimento inferior a trinta dólares americanos por mês. O suficiente para arrastar consigo uma imensa fatia do eleitorado sul-africano onde é fácil relacionar o baixo rendimento das famílias com o domínio do homem branco até um passado recente.

Nada mais sei de Zuma e os jornalistas e analistas que se debrucem agora sobre as perspectivas políticas económicas e sociais deste fabuloso país e perorem nas suas tribunas habituais. Mas o que sei é suficiente para me deixar preocupado e recear pelo assinalável sucesso de práticas relevantes da sabedoria de Mandela e do pragmatismo de Mbeki. Aguardemos pelo desenvolvimento da situação com esperança no futuro do mais portentoso país africano.


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sábado, outubro 20, 2007

Segundas Pátrias. Existem?



[2102]

Se é verdade que existem, a minha é a África do Sul. De há muito tempo a esta parte. Por isso, agora que os Springboks começaram uma final mundial com a Inglaterra, a minha força vai toda para eles.

(...)

Sounds the call to come together,
And united we shall stand,
Let us live and strive for freedom,
In South Africa our land.

Acaba assim o hino da África do Sul. Força Springboks, dêem lá uma lição aos "pommies", que eu faço daqui uma forcinha!

Moer hulle, bokke!
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sábado, setembro 22, 2007

Porque hoje é Sábado. África do Sul - Tantos países num só ( 4 )

[2031]




Johannesburg - Fordsburg, saída para sul e Noroeste.



N1, uma das três auto-estradas que ligam Johannesburg a Pretoria.



Soweto, emblema da luta e conspiração contra o apartheid, cidade com mais de um milhão de habitantes e localizada na N1 South em direcção a Bloemfontein, pouco depois do grande SouthGate.



Sandton, cidade nova que "resultou" da turbulência gerada no período de transição pós apartheid, fenómeno que provocou o abandono de grandes espaços de imobiliário em Johannesburg-central, pela transferência dos escritórios de milhares de empresas para os subúrbios do Norte. Isso provocou um autêntico boom em equipamentos acessórios, restaurantes, hotéis, centros cmerciais, etc..



Sandton (Bryanston) - residential.



Durban, Natal - vista aérea. Visível, ao fundo Wilson's Wharf (antiga estação de tratamento de baleias), o Natal Royal Yacht Club em Victoria Embankment e Addington, onde se situa a escola (e um hospital) do mesmo nome, onde andou Teresa Kerry e duas criancinhas deste vosso criado.



Pietermaritzburg, muito perto de Durban, cerca de 100 km, e realmente a capital do Natal, e não Durban como muita gente imagina. É a mais inglesa das cidades sul-africanas, sendo mesmo considerada o último bastião do Império Britânico, tanto por admiradores como pelos seus detractores. É uma cidade lindíssima, maioritariamete construída a tijolo vermelho em estilo Victoriano, sendo de realçar um interessante monumento ao Mahatma Ghandi no local exacto onde ele foi preso por se ter instalado numa carruagem de comboio destinada a brancos.

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sábado, setembro 15, 2007

Porque hoje é Sábado. África do Sul - Tantos países num só ( 3 )


Cape Agulhas - Vista a partir da colina dominante . Note-se, ao fundo, o margo geodésico que assinala o ponto exacto do "southernest point" of the african continent!

[2012]

Cape Agulhas. – Na realidade o ponto mais a sul do continente africano, contrariamente à noção generalizada de que é o Cabo da Boa Esperança que detém esse título.

O Cabo Agulhas (nome dado pelos portugueses devido aos múltiplos recifes e rochedos que abundam naquela zona) situa-se a 34º49’ S e 020º00’E e marca realmente a divisão entre os Oceanos Índico e o Atlântico. É uma região de ventos fortíssimos e onde as águas frias da corrente circumpolar antárctica confluem com as águas mais quentes da corrente agulhas, oriunda do Canal de Moçambique, provocando tempestades frequentes e ondas gigantescas que segundo a crença popular podem atingir os trinta metros.

Cape Agulhas é uma pequena vila maioritariamente formada por pescadores. Apenas 6% da população é negra e imigrada dos territórios bantus mais a norte.

Cape Agulhas é ponto obrigatório de passagem para os privilegiados que fizeram ou farão ainda a célebre Garden Route, uma das estradas mais bonitas do mundo e que parte de CapeTown para Somerset West, Strand, Gordon’s Bay, Hermanus, Mossel Bay, Knysna, até à Wild (ou Skeleton) Coast.




Quem não desejou já ter uma casa na árvore como nas histórias de escuteiros?
Mala-Mala game reserve, bungalow.


Existem algumas dezenas de reservas privadas no Kruger Park, aquele pedaço de paraíso entre a África do Sul e Moçambique.

Conheci algumas e de todas a que mais gostei foi a de Mshlabanyhati mas, infelizmente, não encontrei qualquer registo na net.

De qualquer forma, Mala-Mala é talvez a maior e mais conhecida. Estende-se por 16.000 hectares e acompanha o Sand River por alguns quilómetros. Tem early morning e dusk safari em jipes abertos e guias experimentados. É uma região muito rica em carnívoros, sendo relativamente fácil assistir à caçada de um javali ou grande antílope por leões.

A uma hora de voo de Johannesburg e a meia hora de voo de Maputo e a preços razoáveis, Mala-Mala bem poderia competir com as Puntacanas do nosso descontentamento

Nota: Clicar em ambas as fotos para ver melhor

ADENDA: De Brisbane chega-me uma correcção. Uma amiga que conhece a RSA tão bem ou melhor do que eu chamou-me a atenção para o facto de a Skeleton Coast se situar no Atlântico e não no Índico. E eu, careca de saber mas cada vez mais descuidado na forma como descrevo coisas, agarrei na Wild Coast e na Skeleton Coast e meti tudo no mesmo saco. Um beijinho para a D e obrigado pelo cuidado.
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sábado, setembro 08, 2007

Porque hoje é Sábado – África do Sul. Tantos países num só ( 2 )



[2003]

Pilgrim’s Rest, Mpumalanga (antigo Eastern Transvaal).

Vila-museu que deve o seu nome ao facto de muitos exploradores de ouro de aluvião ali se terem fixado, após muitos anos de desilusão e depois de Alec Patterson ter descoberto o desejado metal pela primera vez em 1873. No fim desse ano haveria já mais de 1500 exploradores a fazerem extracção.


Cape Town, Cape province

Muitos estudiosos se dividem entre o Rio de Janeiro e Cape Town na atribuição do título de mais bela cidade do mundo.
Na foto, a Water Front em primeiro plano, onde foi instalado um excelente centro comercial há cerca de 12 anos e, ao fundo, a imponente Table Mountain


Clicar em ambas as fotos para ver melhor.

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sábado, setembro 01, 2007

Porque hoje é Sábado - África do Sul. Tantos países num só ( 1 )

[1984]

E quando a chuva se esquece que o Karoo é um deserto e resolve deixar-se cair?


Deserto do Karoo, África do Sul. Outubro, 2006

E quando a neve do Inverno das montanhas do Drakensberg se derrete, vira as costas ao Reino do Lesotho e procura caminho para o rio Tugela?


Cordilheira do Drakensberg

Natal, África do Sul
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sexta-feira, março 09, 2007

Às vezes dá-me a saudade...








[1605]

… e lembro-me de algumas viagens que fiz de carro de Johannesburg até Capetown. Leva muito mais tempo que o avião, mas gozamos incomparavelmente mais.

Nota: O deserto florido é só entre Novembro e Dezembro. As montanhas e o leão estão lá todo o ano!...


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