domingo, fevereiro 28, 2010

Sporting 3 F. C. Porto 0


[3669]

Recebi uma chuva de telefonemas de lampiões. Ao intervalo bem que eu poderia apagar as luzes da sala, tal a “luz” que me entrou pelo telefone dentro. “Prontes”. O Carvalhal é o melhor do mundo e o Sporting é uma grande equipa.

Ah! A nota pateta tinha que vir de um comentador da Sport TV, um tal senhor Quim de sua graça que levou o jogo todo a dizer que o Sporting ganhou bem mas teve a felicidade do jogo. Levou o jogo todo a falar na felicidade do jogo e no comentário final insistiu e insistiu e insistiu. A felicidade do jogo esteve do lado do Sporting e o Porto não teve a felicidade do jogo. É uma rapaziada feliz ao jogo, esta equipa do Sporting. Farta-se de ter felicidade ao jogo.

Ah 2. Pois, falta agora ouvir o Pôncio e o Guilherme Aguiar amanhã.
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sábado, fevereiro 27, 2010

O Insurgente


[3668]

Cinco anos de irsungentologia.

Um abraço de parabéns de um leitor indefectível desde o primeiro dia e votos para que venham mais cinco. Pelo menos.

Tchin Tchin

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sexta-feira, fevereiro 26, 2010

A calema dos dias


[3667]

A calema bate forte na costa do Estoril. As ondas desencontram-se, tropeçam umas nas outras, encavalitam-se e muitas delas despenham-se com fragor e desordenadamente nas rochas e muralhas que bordejam o trajecto entre Cascais e a Cruz Quebrada. O resultado é uma imensa mancha de espuma, muito branca, de uma brancura extrema, que de tanto se agitar desprende enormes flocos que se deixam arrastar pelo vento e acabam por cair sobre o asfalto da marginal. Parecem neve, mas são demasiado grandes para isso. São flocos enormes de mar feito espuma, quiçá contendo segredos que o mar entendeu devolver aos seus donos, cansado de lhes ter servido de fiel depositário ou porque ele próprio contém os seus azedumes que resolve descartar.

A marginal ontem estava coberta desses segredos. Sobretudo entre S. Pedro e o Alto da Boa Viagem, os farrapos cobriam praticamente toda a faixa de rodagem e iam sendo estilhaçados, com indiferença, pelos milhares de carros que todos os dias a percorrem.

Veremos se a calema se mantém hoje. Talvez não. Talvez o mar tenha espumado e rejeitado muito do que não lhe agradava mas tenha decidido guardar um segredo ou outro nas suas profundezas. Feito confidente, feito cúmplice, feito mar.

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quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Pois...


[3666]

Sporting 3 Everton 0
Mas vocês viram-me bem aquilo????
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Mentiras sem vídeo


Henrique Monteiro, director do Expresso

[3665]


«José Sócrates terá pressionado o director do Expresso para que o jornal não publicasse a notícia sobre os atropelos do processo da sua licenciatura, revelou ontem Henrique Monteiro na Comissão Parlamentar de Ética. Na véspera da saída do artigo, o director recebeu "um telefonema de uma hora, bastante desagradável", do primeiro-ministro, em que este lhe pediu "por tudo para não publicar", mas nem sequer quis fazer um desmentido ou alguma correcção, salientou Henrique Monteiro».

Começa a ser para mim irrelevante a substância das trapalhadas de Sócrates. Porque chegámos a um ponto em que tropeçamos numa pedra e (rufos) aí está ele no seu esplendor, através de tios, filhos dos tios, boys, amigalhaços, sócios, ligado a episódios mais ou menos espúrios e que comprometem claramente a imagem que se exige preenchida pelos mínimos da decência, no caso de um primeiro-ministro de uma nação europeia.

A mim, o que verdadeiramente me impressiona é a contínua, contínua, repito, evidência, do carácter da criatura, quando sou confrontado com declarações deste género e que, como sabemos, não são desmentidas. As declarações são produzidas e depois, Pinto Monteiro this, Presidente do Supremo that, mais o bastonário que não só, juristas avulsos que também e tudo se plasma depois num limbo que tresanda a trapaça, por um lado, e a uma forma pouco recomendável de lidar com as exigências da vida e com o respeito aos cidadãos que o elegeram.

No caso da licenciatura, e em contraponto aos argumentos mais díspares com que os “abrantes” do costume infestaram a blogosfera, jornais e televisões, é preciso vincar bem que o que está em causa não é o facto de Sócrates ser ou não licenciado mas sim a forma como a obteve, que reflecte bem a noção que Sócrates tem de ética e, não menos importante, do respeito que lhe deveriam merecer aqueles que andaram quatro anos a obter uma licenciatura (cinco e mais um de estágio, no meu tempo…).

Sendo do domínio geral que a licenciatura de Sócrates inclui datas rasuradas, datas suspeitas, “fins-de-semana de trabalho” para assinar despachos, cartões de visita e, sobretudo, a desfaçatez com que Sócrates continua a tomar toda a gente por parvos nas entrevistas com que vai sendo obsequiado (a última foi a de Miguel Sousa Tavares que se não quiser ser tomado por Socrático deveria desde já apresentar uma declaração de interesse), gritando, insultando, tergiversando, achincalhando (adoro o seu “era o que mais faltava”…) e negando-se SEMPRE a responder cabalmente às perguntas que, apesar de tudo, lhe vão sendo colocadas.

Quando um director de um jornal como o Expresso produz as declarações acima e tudo parece ficar na mesma, conclui-se que Sócrates está realmente a mais. E comungo da opinião de alguns de que não há custos acrescidos, eleições antecipadas, agravamento da situação económica, dificuldades acrescidas para a já difícil vida dos portugueses, que justifiquem a manutenção em exercício de um homem que consabidamente mantém uma linha de rumo muito prejudicial para todos nós e que claramente nos envergonha. Digam os “Abrantes” o que disserem. Este episódio relatado pelo Público (que, de resto, já era conhecido) não requer provas, nem configura constituição de arguidos ou crime de quebra de segredo de justiça. Reflecte, tão só, uma lamentável falta da vergonha que Sócrates não tem.
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quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Entre mortos e feridos...

[3664]

O frenesi do momento é que Jardim oculta o número real de mortos. Dando de barato que eu não percebo bem em que é que a ocorrência de 37 ou 42 mortos pode afectar a imagem do Governo Regional, o que mais me pasma é o tom quase lúdico com que um considerável número de jornalistas se apressa a dizer que Jardim está a fazer batota.

Num país de batota institucionalizada, a manipulação do número de mortes da Madeira seria apenas mais uma. Por mim, não vejo razões para contestar a explicação de AJJ, quando este diz, muito claramente, que mortos são as vítimas depositadas na morgue. E que houve a tendência inicial para se considerar mortos muitos desaparecidos. Desaparecidos que, entretanto, apareceram. Pelo menos alguns. Uma explicação perfeitamente plausível que só os nossos frenéticos repórteres insistem em tomar como uma manipulação de Jardim. E lambuzam-se na manipulação que, eles sim, pretendem efectuar junto da opinião pública. Tipo: Mentirosos, então há 42 e o Jardim diz que só há 37? Que grande défice democrático…

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terça-feira, fevereiro 23, 2010

Encore


[3663]

O que significa para o Tomás Vasques a entrevista ter corrido bem a José Sócrates? Se significa que ele fez um repositório de toda a retórica que tem vindo a usar para dispersar e diluir factos iniludíveis e incontornáveis, usando das facilidades que lhe confere a sua excelente oralidade e a apatia de um Miguel Sousa Tavares, mais preocupado em apontar a dedo aos malefícios da quebra do segredo de justiça, correu muito bem. Só que nada “daquilo” é novo. Nem o argumentário de Sócrates, nem um MST absolutamente moldado às circunstâncias, colaborante, titubeante e incapaz de agarrar num facto que fosse e submetê-lo, ali e no momento, a ser descascado sem ser da forma que Sócrates já fez com Judite de Sousa, no Parlamento, à porta de vários gabinetes, em comícios… quiçá na casa de banho, treinando para um espelho.

Se a isto se chama uma entrevista correr bem, então o Tomás Vasques pode estar descansado porque ela não correu bem – correu de forma excelente. Mesmo tendo ficado tudo na mesma e com o MST com cara de quem, com o seu novo programa, descobriu a cana para o foguete.

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segunda-feira, fevereiro 22, 2010

As duas metades




[3662]

Metade do país acorda de manhã pensando como é que há-de lançar mais campanhas negras sobre Sócrates. A outra metade esfrega os olhos, ainda estremunhada, e trata de gizar o plano do dia para lixar o Futebol Clube de Porto. Cada uma das metades é apontada a dedo pelos chefes, mentores e responsáveis, os injustiçados, os calimeros da estação, com a expressão do Joãozinho que levou umas reguadas da professora por causa da plasticina que o Zequinha roubou.

Nem Sócrates tem o pudor de olhar para dentro e perceber que estava na altura de parar de prejudicar gravemente o país, mantendo esta crispação em desfavor dos interesses superiores dos portugueses, trabalhando para o retirar da situação crítica em que se encontra, nem o Fóculporto (*) se liberta de uma vez por todas desta mentalidadezinha que o leva a estabelecer o primado da prevaricação e do conluio, como ainda agora se verificou com a emulação de alguns dos seus jogadores, castigados por terem andado a distribuir uns murros e umas caneladas no túnel do estádio da Luz.

Poucas vezes terá havido uma fotografia tão nítida deste portugalzinho pires, pífio, manhoso e chico-esperto em forma tentada.

(*) Expressão com a devida vénia ao FNV
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domingo, fevereiro 21, 2010

Ai que saudades, ai, ai


clicar na foto para ver melhor

[3661]



Havia um jornalista desportivo, designação um pouco redutora já que Carlos Pinhão também escreveu livros para crianças, que assinava uma rubrica no jornal A Bola titulada “Ai que saudades, ai, ai". Eu era ainda muito jovem e não era grande consumidor de jornais desportivos, mas gostava particularmente do Carlos Pinhão. Tinha uma escrita simples, escorreita e elegante e as crónicas do “Ai que saudades, ai, ai” ficaram-me gravadas na memória. Nelas, ele recordava momentos de futebol, de futebolistas, de episódios com colegas ou viagens que fazia a acompanhar o seu clube de sempre, que eu não digo qual é porque Carlos Pinhão tinha de ter um defeito qualquer, não é?

Ao ver esta foto aérea de Maputo, lembrei-me do Carlos Pinhão. Tal como as suas crónicas recordavam coisas boas, descartando as más, também eu, ao olhar para esta foto, fui invadido por uma sensação reconfortante de coisas boas que me aconteceram nesta cidade, Uma das cidades mais bonitas de África, diria eu, que conheço bastantes. E ao procurar uma foto da embaixada de Portugal acabadinha de ser pintada de cor de rosa, encontrei esta vista aérea da parte alta da cidade, da zona residencial. Não se vê a Baixa, mas o ângulo da foto é muito feliz, reconhece-se as Torres Vermelhas e, logo abaixo, os mais atentos poderão reconhecer o Hotel Cardoso com a sua piscina mesmo debruçada sobre a escola Náutica. Já do lado direito é também bem visível o Clube Naval e o maciço verde da vegetação que envolve o “Caracol” até lá cima à Friedrich Engels. Bem visível, também o troço da Marginal que liga o Clube Naval à Escola Náutica.

Este post é muito simples, Não tem mensagem, não tem conteúdo especial, não tem nada que não seja a evocação do tal título do Carlos Pinhão. Ai que saudades, ai, ai…
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Pintei de rosa, senhor


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[3660]


Para quem não conhece Maputo, a Embaixada de Portugal situa-se na Julyus Nyerere, no entroncamento com a longa Eduardo Mondlane e oposta à Embaixada da África do Sul.

Acabei de saber que foi pintada de cor de rosa. Sinal dos tempos? Ou alguém “encornou” o embaixador, situação que anda agora muito em voga, já que os primeiros responsáveis parecem não saber de nada do que se passa e queixam-se de ser os últimos a saber, e achou que a embaixada em rosa ficava linda de morrer e que o Grande Líder, longe em Portugal, merecia uma atençãozinha?

Nota: A Julyus Nyerere é uma longa avenida, muto bonita, na zona nobre da cidade, bordejada de acácias e com placa central, também povoada de acácias e, salvo erro, casuarinas. É uma avenida de prédios muito altos e maioritariamente brancos. Agora tem um prédio muito alto (vinte andares, salvo erro…) todo rosa. Eu, se fosse o presidente do Conselho Executivo da cidade, armava um pequeno «milando», um pequenino incidente diplomático, so to speak…
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Jornalismo de borbulhas no rosto


[3659]

Há alturas em que manter a compostura só porque se é presidente da república deve ser muito difícil. Ontem, por exemplo, eu teria sentido extrema dificuldade em me manter sereno perante algumas perguntas imbecis de alguns jornalistas, sobre a catástrofe da Madeira. Desde questionar se Jardim não andará a fazer obras à pato-bravo até equacionar se o actual clima de crispação entre o presidente e o governo não poderiam prejudicar as acções de ajuda, houve um pouco de tudo.

Alguém devia explicar a esta rapaziada recém-licenciada as diferenças entre o desejável azougue requerido pela profissão que escolheram e a noção do ridículo em que caem de cada vez que se armam em chicos-espertos.
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sexta-feira, fevereiro 19, 2010

É caquilo dá votos pra caraças...

[3658]

Aquele membro do governo que diz que as Fundações são uma merda mas que valem imensos votos e dão muitos subsídios de desemprego ainda não foi demitido? Lembro-me de um ministro que foi para a rua por contar uma anedota de alentejanos…
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Pesadelo


[3657]

José Sócrates Pinto de Sousa, primeiro-ministro, mandou chamar os portugueses aos televisores para lhes dizer que somos uma colecção de rumorejantes, insultantes, mentirosos e delirantes. Um pouco antes tratou de lançar uns quantos esbirros fazer uma pré-comunicação, com o tortuoso José Lello à cabeça e onde não faltou a cinzenta eminência do presidente do PS, através de declarações avulsas à comunicação social, em que o tom e o conteúdo das mesmas estavam em rigoroso acordo com a comunicação que viria a seguir.

Sócrates, de pose e telegenia cuidadosamente estudadas, foi lendo a série de, esses sim, insultos aos portugueses que têm um cérebro um pouco maior que uma ervilha e sensivelmente de anatomia mais estética que uma marquise por cima de uma garagem de algumas casas da Beira Alta.

Sócrates perdeu, definitivamente, o respeito pelos seus cidadãos, socorre-se de falácias que seriam risíveis se não fossem trágicas e faz-me pensar, eu que não sou do governo, não sou economista e respeito muito a opinião daqueles que acham que se tem de manter Sócrates no governo por causa da crise económica, financeira, agências de rating e assim, começo a pensar que a insustentabilidade deste bad dream, que o povo votou e ele não soube merecer, só pode ser resolvida com a sua saída. As consequências podem ser gravosas, os juros podem subir, o desemprego pode aumentar, mas nada será pior que ter de sustentar uma situação por tempo indeterminado deste homem no poder. Porque os resultados serão, na mesma, desastrosos, quiçá mais difíceis de reparar. Além de que estou farto de ser insultado pela criatura e seus sequazes. Chega. Portugal ainda não é um qualquer Banana Futebol Clube de Vilar de Maçada(s).
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quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Cada vez mais difícil


[3656]

É um pouco frustrante sentarmo-nos ao computador para escrever um post, dar uma volta pelos blogues e perceber que todos ou quase todos os temas da actualidade estão já devidamente escalpelizados. Pegar num deles deixa o sabor incómodo do plágio, se não na forma, pelo menos na substância. É o reconhecimento indesmentível de que a blogoesfera faz uma cobertura abrangente dos acontecimentos. Cabe então pegar nesses temas e abordá-los de uma forma diferente, quiçá mais interessante. Para satisfação própria e para que os leitores não passem ao blogue seguinte, pela sensação de «já li isto em qualquer lado».

O número elevado de jornalistas a escrever em blogues tem agravado esta situação. Têm registos, têm arquivos, têm o treino e a sagacidade próprios de quem vive exactamente de e para a notícia. Além disso, têm uma notável capacidade de síntese.

A parte boa é que esta situação obriga os restantes bloggers a aguçarem o engenho e procurar tornar os seus posts mais interessantes, apesar de. Mas que nem sempre é fácil, não é. Um exemplo claro. Eu lembrava-se bem da tirada de Fernando Nobre da AMI sobre a anatomia de Durão Barroso. Não tinha referências nem links, mas lembrava-me bem do episódio, afinal não foi assim há tanto tempo. Pois esta manhã esbarrei com o tema no Blasfémias, pela indispensável e brilhante Helena Matos. Portanto, fica dito. Por ela. Pela parte que me toca resta o reconhecimento de que este continua a ser o país em que o primado da hipocrisia e da estupidez continua a fazer escola e que a grei gosta. E os que não gostam… vão ficando quietos, por falta de pachorra para os Fernandos Nobres do nosso descontentamento.
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quarta-feira, fevereiro 17, 2010

"Leftovers" dos nossos carnavais


[3655]

Interpelada por uma repórter, uma «foliona» de lenço e chapéu de palha disse que tinha ali um verso, puxou de uma folha de papel e leu. Com dificuldade, mas leu:



Ao senhor primeiro-ministro
Para não andar a fazer coligações à direita
E é bem feita !


- Mas bem feita porquê? Perguntou a repórter.
- Porque ele tem é de fazer coligações à esquerda.
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Não há coincidências?


Inhaca - Entrada para o Saco de Stª Maria

[3654]


Num período de algumas coincidências na minha vida, hoje o dia amanheceu cheio de sol. Notável. Sobretudo porque eu estava a sonhar com água, que eu pensava ser de chuva. Mas vim à janela e percebi que, no sonho, a água era apenas espuma, uma espuma muito branca, quase de prata, porque reflectindo o sol radioso por entre a água do mar circulando num cenário tropical, de morros bordejados por vegetação mesmo até perto da linha de água. Tudo muito azul, muito turquesa, muito dourado de sol e muita prata da espuma da água.

Esfreguei os olhos e acabei de acordar. Fui para o duche e agora vou trabalhar. Mas que está sol, está. E porque é que isto me pareceu uma coincidência, ainda estou por descobrir, Mas que foi uma coincidência, foi.
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Alguns são só patetas... *


[3654]

Sócrates inicia hoje o seu contra-ataque. Em termos futebolísticos, pelo menos à moda da paróquia, o contra-ataque de Sócrates deve ser pelo flanco esquerdo, depois bascula para a direita, esquerda outra vez, vai pisando o terreno, umas caneladas, aqui e ali atira-se para o chão com as mãos no ar a pedir ao árbitro que marque falta e mostre o amarelo e vai piscando o olho para a bancada, confiante que a Liga, Federação, árbitros, todos terão feito o trabalho (sujo) de casa para que chegue ao golo. Se não chegar ao golo, procurará pelo menos armar sururu. Discussão, uns empurrões, impropérios e, no extremo, uma cena de insulto e chapada no túnel. Tudo o que possa contribuir para a confusão.

Espero bem que a estratégia não resulte e se perceba de uma vez por todas que não é possível fugir ao essencial. Sócrates joga mau futebol, manhoso e rasca, e nada o salvará que não seja o papel concertado dos basbaques que continuam a cumprir a sua presumível obrigação de acolitar os seus desmandos. Nos jornais, nas televisões, nos blogues. A bem do espectáculo. A bem de todos nós. E, já agora, a bem da Nação.

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segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Os Carnavais "à portuguesa"


[3653]

Quando eu era miúdo, tinha algum fascínio pelas brincadeiras de carnaval. Havia bisnagas, estalinhos, umas tiras de uma espécie de fulminantes que se esfregavam nas paredes e estrepitavam, as garrafinhas de mau cheiro, as caraças e, no extremo, até os ovos eram utilizados em arremessos carnavalescos. Era Carnaval, não se levava a mal. Sem saber bem os porquês do carnaval e, confesso, não me pasmar nas fantasias carnavalescas que muitas das pobres criancinhas tinham de usar, passei um pouco mais tarde para a fase dos bailes. Eram os famosos “assaltos”. As pessoas apareciam em casa umas das outras, sem avisar e faziam uma festa. Também havia os bailes de fantasia. Festas de pijama, festas de branco, de preto, de pajem, bailes trapalhões, do lençol, uma data de festas privadas, e começaram a aumentar também os bailes públicos de carnaval em hotéis, casinos e restaurantes.

Hoje, tenho a ideia de que tudo isto foi substituído por uma manifestação grotesca e despersonalizada de umas quantas figuras transidas de frio a desfilarem por uma série de localidades, para “manter a tradição”, sem que se perceba que tradição portuguesa é esta de pôr umas dúzias de mulheres semi-nuas a saracotearem-se por entre alas de foliões (foliões, como diz a Joana, com a oportunidade que se lhe reconhece) encasacados, cheios de cachecóis, peles, samarras e crianças ao colo a soltarem meia dúzia de frases sem nexo sobre a alegria que nem a chuva consegue parar. Há excepções, eu sei. A Madeira tem o impagável Jardim e Torres Vedras parece que tem alguma tradição de crítica social. O resto, porém, é do mais confrangedor que se possa imaginar. Balizados por um punhado de animadores de animadores da nossa televisão, aí os temos, dançarinos e foliões a continuar a tradição da coisa.

Penso que estes dias, para além de proporcionarem uma boa leitura ou um par de DVD’s, nos metem casa dentro o país real que somos. Ou em que nos tornámos., Mal por mal, antes as bisnagas, os estalinhos e as garrafinhas de mau cheiro. Estas, apesar de tudo, cheiravam menos mal que a tradição e faziam a malta rir…
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domingo, fevereiro 14, 2010

A vergonha geral


[3652]

«...Consta que lhe chamam agora "mentiroso" na Assembleia da República, eufemística ou directamente. António Capucho sugeriu que o próprio PS o substituísse por uma criatura mais previsível e cordata. E até socialistas com alguma influência se afastam dele. Não há dúvida de que, no estado em que está (e de que não tem maneira de sair), Sócrates já não pode ser primeiro-ministro. E só continua porque o Presidente e a direita o aguentam, em nome de uma responsabilidade espúria e de uma discutível conveniência partidária. Entretanto, Portugal vai ao fundo e Sócrates, metido num bunker, anda em guerra com os seus fantasmas. Perdeu a confiança do cidadão comum e, naturalmente, arrastou o Governo com ele. É uma presença perigosa. Pior ainda: é uma presença nociva...»

Vasco Pulido Valente, Público
Ler a crónica toda, aqui
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Dia dos Namorados


[3651]

Mas quem sou eu para discordar da Cristina? E eu diria mais. Se se fartarem ou amuarem, que nos virem as costas e nos mandem f… a nós!

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Postais de BXL

[3650]

O Postais de BXL fez anos no dia quatro passado. Ando tão absorto com um grupo de idiotas que se entretêm a fazer a cabeça em água aos portugueses que, mesmo avisado, não registei a efeméride.

Tratando-se a Sinapse e o Postais de BXL de duas das mais frescas, inteligentes e amigas peças da blogosfera, aqui seguem de Lisboa para NY os meus parabéns, E desta vez, por razões óbvias, we celebrate with dry and olive, rather than cheap espumante!


Tchin Tchin
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E não se riem...

[3649]

Para além das incompetências e demais insuficiências normalmente atribuídas aos nossos políticos, frequentemente com aquela expressão mais ou menos apologética de que são todos a mesma coisa, independentemente do Partido a que pertencem, não há como escamotear que este PS actualmente no governo mostra uma gritante falta de seriedade e uma total ausência de vergonha na cara.

De entre uma lista interminável de episódios que poderiam ilustrar esta asserção, atente-se nestes três exemplos que a Helena Matos registou. Dão-me uma particular vontade de rir as declarações de Jorge Coelho, do tempo em que ele cantava o Only you e dizia hadem, antes de, mais escovado, passar a ir à Quadratura do Círculo e se tornar uma estrela fulgurante do empresariado português.
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sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Todos pela liberdade


[3648]

Fui a S. Bento. Porque tenho um blogue, porque assinei a petição e porque me sinto cada vez mais embaraçado por ter o primeiro-ministro que tenho, com todos os episódios adjacentes, mantidos e adubados por boys a ganharem €2,5 M/ano. Fui.

Sabia que não veria massas vociferantes nem carradas de manifestantes frenéticos, camisas do Che, bandeiras vermelhas, nem punhos erguidos. Mas esperava, isso esperava, ver “rapaziada” da minha idade. Tinha mesmo lido, algures que o João Gonçalves, um rapaz da minha idade, lá estaria. Não estava. E é assim que me vejo submerso por uma onda de juventude, de fato, sim, e com ar de quem tinha um cliente para visitar às 15:00, mas com ar escovado, de conversa interessante, num cenário reconfortante de jovens determinados. Aquela que amanhã irá tomar conta dos destinos deste país cansado de relíquias de Abril. Poetas, pensadores, lutadores da liberdade, exilados, honoráveis desertores, internacionalistas, intervencionistas, amigos das esquinas, igualitários, distribuidores da riqueza (dos ricos, pois, que se saiba, não se produziu muita mais para além da que já havia), intelectuais, artistas, gente, enfim, cheia de reserva moral e intelectual mas que, tudo junto e somado, não ajudou muito a que Portugal enveredasse pela via da convergência em relação aos seus parceiros europeus. Porque nos últimos cerca de 30 anos, os nossos líderes pensaram muito, lutaram pela liberdade, acabaram com a tropa e já não precisam de desertar, internacionalizaram a revolução, intervencionaram, nacionalizaram, foram encontrando os amigos das esquinas, igualizaram e distribuíram riqueza enquanto houve alguma, perderam-se em supremas tertúlias intelectuais e artísticas mas, lá está, tudo junto e somado, conduziram-nos a uma divergência profunda em relação aos índices de desenvolvimento e progresso da Europa a que pertencemos.

Neste momento, uma clique de novos-ricos da política ignoram os meios, saltam por cima da ética (à “vara” se preciso for), afastam os pruridos, perdem-se em conluios, tramam, entrelaçam cumplicidades e conspiram para manter um status que lhes garanta a subsistência (a maior parte deles não sabe fazer mais nada e tem muito pouco mundo…). Nessa óptica, “atiraram-se” à comunicação social, que pretenderam controlar, fazendo tábua rasa de quaisquer valores éticos e mesmo sem respeito pelo dinheiro de todos nós, usando-o em episódios tão imorais como o aluguer de jatinhos expressos para “ir a Madrid e já venho “, assinar um contrato para pôr” um gajo na rua”.

Voltando a S. Bento, foi essa onda de juventude que vi. De fato para cliente das 3:00, como disse a Felipa (não desmerecendo das calças dela que não deslustrariam numa reunião de conselho de administração, so to speak…) mas senti que há ali substrato para dar a volta a “isto”. Depois de extirpadas as relíquias do regime, como é óbvio. E dos oportunistas de percurso, como é o caso flagrante do nosso primeiro-ministro em exercício. E olhar aquela juventude alegre e determinada fez-me bem. Mesmo que um pouco nostálgico e desesperadamente procurando o João Gonçalves que ia, mas não foi, como faixa etária de inserção.

Portugal ainda “cumprirá o seu ideal”, lá dizia o Chico Buarque. Mesmo que o ideal cantado pelo Chico não tenha nada a ver com o que a realidade de hoje exige.

P.S. Aconteceu-me uma aparição profusa na SIC Notícias, uma entrevista que veio três ou quatro vezes para o ar. Se algum dos meus confrades conseguir o link, antecipadamente agradeço que mo envie para a caixa de comentários ou por mail.

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Esgotou!


[3647]

Todos os quiosques do Porto contactados pelos directos de televisões anunciaram que o Sol esgotou antes das oito e meia da manhã.

A eficácia de um azougado administrador da PT como promotor de vendas e de um juiz algures num tribunal de Lisboa está bem patente neste grande sucesso de vendas de um semanário.

Entretanto, Sócrates deve ir pensando que isto é um país de campanhas negras, psicóticos e “problemas a precisar de ser resolvidos” e que não o merece. Eu discordo. Acho que o país o merece, ou não tivesse a maioria do eleitorado votado nele, apesar da abundância de indícios preocupantes que emolduravam o seu carácter e procedimentos e pelo frenesi dos seus apaniguados em lhe promover a imagem. De resto, ainda ontem andou por aí mais uma sondagem a anunciar freneticamente que o PS continua a ganhar em toda a linha. Curioso que a sondagem inclui até os índices de popularidade de Noronha de Nascimento e Pinto Monteiro. A subirem, claro!
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quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Laracha de chacha


[3644]

“Algo de muito grave se passa quando o País suspira pela liberdade de imprensa dos tempos de Cavaco Silva.



”Ricardo Araújo Pereira, Visão"

JCD no Blasfémias explica alguns pormenores a Ricardo Araújo Pereira sobre esta matéria.

Às vezes não basta ter graça. É preciso saber tê-la. E quando não há a preocupação, mínima que seja, em se obter informação pertinente sobre a laracha que se vai fazer, a laracha sai chacha, sem graça, torna-se graxa e a paciência para estas pós-modernices racha. E, a menos que RAP tenha dito isto a sério, ele tem mesmo que se informar convenientemente antes de fazer humor. Se foi a sério, então há, pelo menos, que se fazer o trabalho de casa antes. Senão, quem fede não é o gato, fede o humor.

Via Blasfémias.
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quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Leão envergonhado


[3643]

Um clube que permite os constantes desmandos dos seus jogadores como, ontem, o de João Pereira, se mantém permissivo perante os maus humores do seus jogadores, tem nos seus quadros um treinador gajo-porreiro que parece incapaz de travar as florestrias dos seus subordinados, alimenta claques semi-primitivas e tem dirigentes que não acertam uma e se permitem vir, como no fim do jogo de ontem, desculpar uma humilhante derrota com um árbitro que veio a Alvalade propositadamente prejudicar o Sporting, na linha, de resto, do que parece ter vindo a aprender com a sua incompreensível lua-de-mel com o F.C. Porto, não merece estar mais acima do lugar que ocupa.

Precisa de alguém que vire a mesa, reforme os três comentadores televisivos que se salivam no permanente clímax pelo incompreensível conluio com os portistas no ataque ao Benfica, contrate um treinador que se saiba fazer respeitar e eleja, ou designe, nem sei bem como é que isso funciona, dirigentes suficientemente abalizados para carrilar de novo o Sporting na via a que tem direito. Pelo seu passado glorioso, pelas qualidades éticas que sempre lhe foram associadas e pela qualidade futebolística da sua equipa. Assim, como está, não.
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Aprendiz de feiticeiro


[3642]

Não há muitos anos atrás, Portugal era reconhecido pelos anúncios de turismo, em que éramos retratados como uma espécie de paróquia regida por um cura asceta e povoada por um grupo de paroquianos caracterizados por homens de camisas aos quadrados, sobraçando um pão casqueiro e uma paiola da serra e mulheres vestidas de preto e de buços compridos e espessos, assando sardinhas. Eram o embaraço dos portugueses que não vestiam camisas da Nazaré nem tinham velhinhas de preto e de buço na família.

Os tempos mudaram, o país encheu-se de auto-estradas, McDonald's, shoppings imensos e telemóveis. Passaram a usar roupa e sapatos de marca e a tomar banhinho todos os dias. Mas o embaraço ficou. Porque por muito Armani que seja o fato, por muitas funções que tenham os celulares ou por muitos quilómetros de auto-estradas que percorramos em Bmw’s e Mercedes reluzentes, mantivemos intacto um gene travesso e, aparentemente, difícil, de extirpar. O gene do chico-esperto, o gene que nos mantém os níveis de grunhisse intelectual, caldeada numa aflitiva ausência de ética que nos envergonha cá dentro e nos faz ser conhecidos lá fora pelos piores motivos.

As declarações recentes de gente de grande proeminência na nossa sociedade, como o Procurador-Geral da República e a torrente absolutamente indigesta de retórica apologética com que estamos a ser bombardeados sobre as trampolinices de Sócrates e sus muchachos são disso prova inelutável. Não faltou mesmo a iminência sombria de Soares que do pedestal onde decidiu, impunemente, sobre a via de muitos milhões de portugueses, se resolveu balbuciar as vulgaridades do costume. Desta vez comparando os ataques de que diz ter sido alvo quando era primeiro-ministro com os ataques a Sócrates. Donde se concluiu que as campanhas negras já vêm de longe e que Sócrates é um mero aprendiz de feiticeiro.

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terça-feira, fevereiro 09, 2010

Uma questão de higiene


[3641]

O manifesto.

A petição.


Referências à petição no Expresso; no i; no Público .
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Encanitadelas

[3640]
Quando a gente lê o Pitta
E vê como ele se encanita
Então, sim, acredita
Que nesta terra bendita,
Por muito que ele faça fita,
Há sempre quem nele acredita.
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segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Como disse?


[3639]

Acabei de ouvir Pôncio Monteiro, aquela seráfica e incontornável figura do FêQuêPê, dizer que o grande problema do futebol português é que os adeptos não acreditam na seriedade dos dirigentes dos clubes.

Pôncio disse isto sem se rir, no “Prolongamento” da TVI24 e em mode sermão aos peixes do Padre António Vieira.
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Bottom line - uma colecção de venais



[3638]


«Esta operação era para tomar conta da TVI e limpar o gajo».

Se alguma vez neste país eu voltar a ouvir críticas a Chávez, Morales, Castro, Mugabe ou o Kim Il Coiso, digo um palavrão em três dimensões.
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domingo, fevereiro 07, 2010

A tragédia


[3637]

Começa a ser patético o espectáculo burlesco de um comentador político, recentemente caído dos céus para a ribalta portuguesa, a afirmar, incomodadíssimo, que a grande tragédia portuguesa é não termos oposição (SIC). Por outras palavras, a responsabilidade do lodaçal em que estamos atolados não é do Partido do Governo, mas claramente da trágica ausência da oposição.

Este comentador é um senhor assim para o forte, com o toque modernaço da camisa aberta e faz uma admirável segunda voz com a pluma caprichosa no inenarrável Eixo do Mal, um programa aberrante que, com tiques de masoquismo, muita gente continua a ver. Incluindo eu próprio. Ah! E chama-se Pedro Marques Lopes e diz que é do PSD.
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Não perder o comboio




[3636]

Ouvir estes dois cavalheiros no “Expresso da Meia-Noite”, borboleteando por entre as últimas trapalhadas da criatura que ocupa o lugar de primeiro-ministro, foi um espectáculo grotesco, absurdo e delirante. Quem ouviu Delgado durante meses (anos?) a fio a enfeitar as manigâncias de Sócrates ou, ainda, quem se recordar da participação activa de Marcelino na urdidura efectuada a Cavaco, Público e J.M. Fernandes e os ouviu ontem a meter os pés pelas mãos e a explanar uma sintaxe redonda e ininteligível sobre as responsabilidades de Sócrates, não pode evitar abrir a boca de espanto. Ou não, que chegámos um ponto que já nada espanta. Mesmo assim, poderia haver ainda um pouco de vergonha, de decoro, ou já nem isso?
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Desequilibrado e perigoso?

[3635]

"Nem o Jornal de Sexta, nem o PÚBLICO tinham o poder de pôr em risco o Governo ou sequer de afectar significativamente o prestígio e o estatuto de Sócrates. Se alguém tinha esse poder era o próprio José Sócrates, para não falar no grupo obscuro e anónimo, que, segundo se depreende dos documentos que o Sol revelou, o serviu zelosamente no terreno. Não vale a pena insistir na ilegalidade e, sobretudo, na profunda imoralidade da operação, se por acaso existiu como a descreveram. Em qualquer sítio para lá de Badajoz, nenhum político sobreviveria um instante a essa grosseira tentativa de suprimir com dinheiro público o livre exame e a livre crítica, que a Constituição e os costumes claramente garantem. Mas não deixa de surpreender (e merecer comentário) que um primeiro-ministro de um partido que se gaba das suas tradições democráticas, declare por sua iniciativa, e sem razão suficiente, guerra aberta à generalidade dos media, que não o aprovam, defendem e bajulam. Não há precedentes na história deste regime de um ódio tão obsessivo à discordância, por pequena que seja, ou a qualquer oposição activa, de princípio ou de facto. O autoritarismo natural de Sócrates não basta para explicar essa aberração na essência inteiramente inexplicável. Tanto mais que ela o prejudica e dá dele a imagem de um homem inseguro e fraco. Pior ainda: de um homem desequilibrado e perigoso. A única hipótese plausível é a de que o primeiro-ministro vive doentiamente no mundo imaginário da propaganda. Ou melhor, de que, para ele, a propaganda substituiu a vida: Sócrates já não partilha ou nunca partilhou connosco, cidadãos comuns, a mesma percepção de Portugal. Do "Simplex" que nada simplifica ao estranho melodrama sobre as finanças da Madeira que nada pesam, aumenta dia a dia a distância entre o que país vê e compreende e o que o primeiro-ministro afirma enfaticamente que é. Está perto o ponto em que só haverá uma solução: ou desaparece ele ou desaparecemos nós."

Negritos meus.

Vasco Pulido Valente,
Público

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Rapidinhas


[3634]

O Governo brasileiro vai mandar distribuir 55.000.000 de preservativos no Carnaval.

Contas por alto, hum… deixa cá ver Alfredo… hummm… mesmo rapidinhas… hummm… deixa cá ver Alfredo… 55.000.000 x 3 minutos = >1.145 dias, fora os tempos de tira, destira e cigarrinho… hummm… a dividir pelo número de foliões… hummm… eu sei que pareço o Guterres a dizer que é uma questão de fazer as contas. Mas que são números que não deixam os créditos brasileiros por mãos alheias, lá isso são.
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Lá estão estes gajos a falar mal de nós...

[3633]

Prontes! Lá estão estes gajos a falar mal de nós. É que não se calam um bocadinho. Como é que vamos ter tempo para discutir as finanças regionais? E o regionalismo e casamento dos homossexuais? E ir preparando uma colectânea de poemas de Alegre para as presidenciais que vêm aí?

Já não nos bastava a velha, a bruxa, agora são estes gajos em Bruxelas, uns chatos. E sem sentido de solidariedade. Então agora não acham que deve ser o FMI a resolver os nossos problemas? Isto resolvia-se tudo era com os bancos a pagar mais impostos e o Estado a fazer obras e fundações, muitas fundações, para dar emprego ao pessoal. E os ricos a repartirem o caroço, claro!
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A murro


[3632]

Scolari (ai que saudades, ai, ai…) foi crucificado em praça pública, onde não faltou a alusão às suas origens sul-americanas, terceiro-mundistas e correlativos, por ter empurrado e tentado agredir um jogador de futebol. Não só. Foi castigado e, com civismo, retratou-se e cumpriu o castigo. Foi, na minha opinião, um senhor, com dimensão humana e profissional.

Ontem, Carlos Queirós andou ao estalo com um jornalista que, ao que parece, também é delegado da UEFA. Para além desta recente tendência para os portugueses resolverem as coisas à chapada, impressionou-me o branqueamento que, desde a Federação até aos jornais desportivos, se está a fazer ao acontecimento.

Eu acho que C. Queirós devia ser castigado. Tout court. Mesmo que isso signifique mudança de seleccionador. Mesmo que isso nos conduza a ser eliminados à primeira na África do Sul. É que não percebo o bruááá (e os castigos duros) que foi por aí com as agressões de Sá Pinto, de João Pinto e de Scolari e os paninhos quentes usados agora com Queirós. De resto, a não acontecer nada, eu quero ver como Queirós e a Federação vão reagir se de hoje para amanhã dois jogadores da selecção desatarem ao murro…

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Um país aleijado

[3631]

Há uma tendência para se levar a triste e complicada situação em que todos nós nos encontramos à conta de uma vulgar chicana política, no benevolente pressuposto que a chicana política é parte integrante e rotina do fenómeno político. Não só nacional como internacional.

Infelizmente, porém, a situação deste país parece estar bem para além desta noção. Meia dúzia de casos pontilham a ideia e senão, vejamos:

- As manigâncias de Sócrates e seus apaniguados, cujos pajens tentam classificar como o resultado de “calhandrice” de um país coscuvilheiro, ultrapassam todos os limites do admissível. Por várias vezes aqui desabafei que os malabarismos de Sócrates, mentirosos, manhosos e em total desrespeito pelos parâmetros mínimos de civilidade que se estima e deseja para um país civilizado, me causavam vergonha. Para além do prejuízo directo em matéria de economia e progresso, abre-se lugar ao verdadeiro embaraço na manutenção de um primeiro-ministro que, claramente, não tem dimensão ética nem intelectual para nos representar, enquanto primeiro-ministro. A catadupa de informação que desabou sobre os portugueses acerca das suas actividades e da “entourage” que o protege e beneficia ultrapassa todos os limites da decência. Já nem sequer me importa da legalidade ou não da publicação dos despachos dos juízes, vindos a público no semanário Sol. Interessa-me ver o grau zero a que tudo “isto” chegou e à visão absolutamente solipsista de um homem claramente desajustado para o desempenho de funções representativas onde, para além de competência, se exige uma conduta ética irrepreensível.

- A noção de que a coisa pública está entregue a um grupo de indivíduos, frequentemente rapazolas ladinos e introduzidos no mundo das jotas por via de estirpes partidárias, ganhando fortunas (no Sol há notícia de um destes exemplos, com um contrato de €2,5 M, apenas porque foi considerado um elemento de confiança de Sócrates) e trilhando as tortuosas veredas do amiguismo, oportunismo e de todas as medidas necessárias à perpetuação do status quo;

- Perceber que para alem do que refiro no parágrafo anterior, os modos, a educação, o berço, a noção de respeito e polimento, o civismo e a elegância são valores que já não constam sequer de memória desta gente. A forma como Manuela Ferreira Leite e Cavaco Silva é referida nas escutas é disso um exemplo claro.

- Perceber, enfim, que esta rapaziada que nos governa e alegremente nos conduz para uma situação de não retorno não faz a mínima ideia das regras do jogo político e económico por que se rege o actual concerto internacional. Credibilidade, estabilidade, racionalidade e estatura política são corpos estranhos a Sócrates e comandita, que lidam com o país assim a modos de quem leva um projecto de uma garagem para aprovação de uma autarquia obscura, dependente de uma "assinatura do responsável" e, quem sabe, uma caixa de enchidos da região, ou mesmo uma caixa de robalos fresquinhos acabados de trazer da lota.
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sexta-feira, fevereiro 05, 2010

De velas enfunadas, cruz de Cristo e vento de feição


[3630]

Antigamente as naus portuguesas levavam a carne salgada, os barris de água, os limões para o escorbuto e um punhado de gente para carregar as riquezas do Brasil. Hoje há mais sofisticação de meios, mas nem por isso quero deixar de, simbolicamente, enviar uma embarcação apropriada, de velas enfunadas também, para levar um beijinho de parabéns à Dulce que, muito justamente, vai hoje conceder uma entrevista à Globo, por força do assinalável êxito do seu livro Sabor de Maboque.

Parabéns!
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Os preservativos


[3629]

Há que preservar o homem. Preservar o arreganho com que é preciso morder as canelas da reacção. Preservar a sempiterna caminhada a caminho do homem novo, moderno e progressista. Preservar também os empregos, que isto está mau e há sempre nichos de emprego que importa… preservar. Preservar, sobretudo, a forma e a eficácia de manter o maior número de gente na condição de idiotas pasmados e plasmados na suposta superioridade intelectual desta clique que se movimenta pelos blogues, jornais, televisões e, nos intervalos, vai publicando uns livros ou atendendo umas palestras convenientes, mesmo que idiotas. Preservar o carrossel de massas que vai garantindo os votos de manutenção do status quo, as burricadas de feira que gostam da cenoura à frente dos olhos e do cajado no lombo.

É preciso, afinal, preservar. São os preservativos de serviço. Uns, idiotas úteis de genuína militância. Outros, só porque sim. Outros, ainda, porque, preservando, preservam-se a si próprios e aos seus inconfessáveis interesses.
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Mais campanhas negras


[3629]

Agora é o Sol. Mais um "problema para resolver" pelo nosso Grande Líder. Lendo-se o texto, fica o rebanho com aquela sensação de mau gosto na boca, magicando como é possível gente responsável como o PGR e o presidente do STJ achar que está tudo bem, que "no pasa nada".

Vamos continuando a fazer méééé, tilintando os chocalhos e entrando em mais uma fase de proselitismo afiado e bacoco (alguns jornais, algumas televisões e blogues avulso) a defender o indefensável, a preservar um homem que inescrupulosamente continua a desafiar todas as regras de decência, racionalidade e sensatez e, sobretudo, fazendo de todos nós parvos.

Chiça!
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quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Arde um bocadinho, mas passa depressa


[3628]

Nem sempre entendo a realidade política nacional. Mas afinal, habituados como estamos a votar naqueles que nos “pantanizam” e saltam fora quando o barco se está a afundar, não seria esta uma óptima oportunidade para nos livrarmos de Sócrates? Vistas bem, as coisas quem é que está verdadeiramente interessado em que este senhor continue a representar o país e a constituir o seu maior problema, ao invés de os resolver? Sai caro, abre uma crise nacional, dizem muitos. E…? So what?

Quando eu era miúdo e me esfolava nos joelhos e tinha de colocar um penso, o meu pai ensinava-me que a melhor forma de doer menos era arrancar o penso de supetão, em ver de o retirar aos bocadinhos. Porque não arrancar o penso Pinto de Sousa num gesto brusco? Ou, já que o penso ameaça cair por si, porque não deixá-lo levar o caminho que merece? Nada que uma lavagem com água oxigenada a seguir não resolva. Arde um bocadinho mas passa depressa.
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quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Calhandrices e manigâncias


[3627]

A informação é torrencial e pouco haverá mais a dizer sobre mais uma cena em que o nosso Grande Líder se irou (este homem ira-se, mas não "pira-se"…) e desatou a distribuir metralha.

As coisas estão a compor-se no sentido de que deu a “travadinha” a Mário Crespo, que se dedicou a auto-infligir-se uma dose de esquizofrenia em estado puro, um “calhandreiro” dado a manigâncias e o recrudescimento das campanhas negras, hibernadas mas que resolveram sair, de novo, do covil. Ou, mais grave ainda, Crespo quer publicitar o seu livro.

Sócrates está a exagerar. Está em permanente convulsão de iras e faz jus à apreciação que Maria Filomena Mónica dele fez no i. Um rapaz da província que começou a fazer uma casas na Guarda e que, etc., etc.

De tudo isto resta uma reflexão óbvia. Perante informação tão assertiva como a que Mário Crespo fez (incluindo, de resto, a figura de Medina Carreira e indicando nomes, como Nuno Santos e Bárbara Guimarães) parece curial que bastaria ao primeiro-ministro apresentar uma queixa. Não o fazer e reiniciar a cantilena das campanhas negras e impelindo os seus acólitos a chamaram nomes a Crespo (José Lello já disse que Crespo era psicótico e o próprio Sócrates terá dito que ele era um débil mental) é batota. E esticar a corda em relação à reserva de paciência para com a sua (dele, Sócrates) figura. Porque embaraça, irrita e, claramente, se tornou num problema grave para todos nós. Se Santana Lopes foi sumariamente despedido porque um ministro se demitiu, não se percebe porque não se demite este governo e não vamos para eleições. É caro? É. Mas Sócrates está a sair-nos muito mais caro (e, insisto, embaraçoso) do que muitas eleições seguidas.
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Incompreensível


Rui Oliveira e Costa. A politologia em estado puro aplicada ao pontapé na bola

[3626]


Estou profundamente acabrunhado com o percurso do Sporting este ano. Arrastamo-nos pelos relvados, perdemo-nos em tricas e sopapos, declarações infelizes, orações de sapiência dos responsáveis e, ainda por cima, assiste-se a uma colagem absolutamente incrível ao F. C Porto, justificando o injustificável, branqueando procedimentos inaceitáveis e formando uma aliança improvável contra o Benfica, deixando no ar a sugestão de que os lampiões compraram a Liga, os árbitros, as empresas de segurança e correlativos para serem levados ao colo até ao fim do campeonato. Sobretudo, confrange a triste figura que Eduardo Barroso e o estratosférico Rui de Oliveira Costa (o auto denominado politólogo, o das sondagens, esse…) vão desfilando às Segundas-Feiras nas televisões. Dias Ferreira é suportável mas como ele tem uma clara dificuldade em se exprimir e fazer-se entender, o resultado é um triste espectáculo em que o Sporting aparece mancomunado com o Porto nesta “guerra santa”.

O Porto agradeceu e ontem espetou-nos com uns amáveis cinco golos. Iria mesmo mais longe, se dissesse que o resultado foi enganador e lisonjeiro. Porque não merecíamos. Se em vez de cinco tivéssemos levado sete ou oito não escandalizaria.

Uma última observação à posição do Zé Diogo Quintela, aparentemente o único sportinguista que, com visibilidade, se insurge contra esta incongruência em curso, seja o alinhamento com posições indefensáveis do F.C. Porto e este acinte incompreensível contra o Benfica, a equipa que este ano melhor futebol joga em Portugal.
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Os idiotas do costume

[3625]

Hoje há um programa de choque na RTP. Chama-se… não me ocorre agora, e trata de duas mulheres lésbicas que, exactamente porque o são, não se podem casar, não têm emprego, não têm casa e passam fome.

Eu acho que o enunciado do programa é dramático, infeliz e de gosto grosseiro, porque associam a desgraça ao facto de as moças serem lésbicas. Por duas razões. A primeira, porque sei de muita gente sem emprego sem casa e com fome e, em alguns casos, também não podem casar, por razões económicas e que não são lésbicas nem gay. Depois, porque acho imoral e profundamente imbecil que se associe, “tout court” o lesbianismo às dificuldades de inserção social de muita gente e, "en passant" se associe o fenómeno ao estrépito qjue um programa destes pode eventualmente provocar, apenas porque se acha que o drama de duas lésbicas sem-abrigo vai tocar fundo no coração das audiências e cumpre o ritual de focar o “politicamente correcto” numa religião e a homossexualidade numa virtude teologal.
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Prémios


[3624]

De vez em quando, assim a modos que como a emigração das aves, surge uma revoada de prémios entre bloggers. Com direito a “selo” e tudo. Outras vezes, o elogio surge espontâneo, sincero, genuíno. Como este. Que o único selo que tem é exactamente a genuinidade. Não quero, não posso deixar isso em claro, sobretudo por me ver alinhado com tão aristocrática companhia.

Dito isto, resta continuar a ler a Sinapse, aquela blogger que vive com um pé em terra e outro nos aviões, mas que tem crónicas saborosíssimas e fotos excelentes. Mesmo quando ela tem a mania que vai acabar com o blogue.
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