domingo, fevereiro 07, 2010

Um país aleijado

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Há uma tendência para se levar a triste e complicada situação em que todos nós nos encontramos à conta de uma vulgar chicana política, no benevolente pressuposto que a chicana política é parte integrante e rotina do fenómeno político. Não só nacional como internacional.

Infelizmente, porém, a situação deste país parece estar bem para além desta noção. Meia dúzia de casos pontilham a ideia e senão, vejamos:

- As manigâncias de Sócrates e seus apaniguados, cujos pajens tentam classificar como o resultado de “calhandrice” de um país coscuvilheiro, ultrapassam todos os limites do admissível. Por várias vezes aqui desabafei que os malabarismos de Sócrates, mentirosos, manhosos e em total desrespeito pelos parâmetros mínimos de civilidade que se estima e deseja para um país civilizado, me causavam vergonha. Para além do prejuízo directo em matéria de economia e progresso, abre-se lugar ao verdadeiro embaraço na manutenção de um primeiro-ministro que, claramente, não tem dimensão ética nem intelectual para nos representar, enquanto primeiro-ministro. A catadupa de informação que desabou sobre os portugueses acerca das suas actividades e da “entourage” que o protege e beneficia ultrapassa todos os limites da decência. Já nem sequer me importa da legalidade ou não da publicação dos despachos dos juízes, vindos a público no semanário Sol. Interessa-me ver o grau zero a que tudo “isto” chegou e à visão absolutamente solipsista de um homem claramente desajustado para o desempenho de funções representativas onde, para além de competência, se exige uma conduta ética irrepreensível.

- A noção de que a coisa pública está entregue a um grupo de indivíduos, frequentemente rapazolas ladinos e introduzidos no mundo das jotas por via de estirpes partidárias, ganhando fortunas (no Sol há notícia de um destes exemplos, com um contrato de €2,5 M, apenas porque foi considerado um elemento de confiança de Sócrates) e trilhando as tortuosas veredas do amiguismo, oportunismo e de todas as medidas necessárias à perpetuação do status quo;

- Perceber que para alem do que refiro no parágrafo anterior, os modos, a educação, o berço, a noção de respeito e polimento, o civismo e a elegância são valores que já não constam sequer de memória desta gente. A forma como Manuela Ferreira Leite e Cavaco Silva é referida nas escutas é disso um exemplo claro.

- Perceber, enfim, que esta rapaziada que nos governa e alegremente nos conduz para uma situação de não retorno não faz a mínima ideia das regras do jogo político e económico por que se rege o actual concerto internacional. Credibilidade, estabilidade, racionalidade e estatura política são corpos estranhos a Sócrates e comandita, que lidam com o país assim a modos de quem leva um projecto de uma garagem para aprovação de uma autarquia obscura, dependente de uma "assinatura do responsável" e, quem sabe, uma caixa de enchidos da região, ou mesmo uma caixa de robalos fresquinhos acabados de trazer da lota.
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