Os Carnavais "à portuguesa"
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Quando eu era miúdo, tinha algum fascínio pelas brincadeiras de carnaval. Havia bisnagas, estalinhos, umas tiras de uma espécie de fulminantes que se esfregavam nas paredes e estrepitavam, as garrafinhas de mau cheiro, as caraças e, no extremo, até os ovos eram utilizados em arremessos carnavalescos. Era Carnaval, não se levava a mal. Sem saber bem os porquês do carnaval e, confesso, não me pasmar nas fantasias carnavalescas que muitas das pobres criancinhas tinham de usar, passei um pouco mais tarde para a fase dos bailes. Eram os famosos “assaltos”. As pessoas apareciam em casa umas das outras, sem avisar e faziam uma festa. Também havia os bailes de fantasia. Festas de pijama, festas de branco, de preto, de pajem, bailes trapalhões, do lençol, uma data de festas privadas, e começaram a aumentar também os bailes públicos de carnaval em hotéis, casinos e restaurantes.
Hoje, tenho a ideia de que tudo isto foi substituído por uma manifestação grotesca e despersonalizada de umas quantas figuras transidas de frio a desfilarem por uma série de localidades, para “manter a tradição”, sem que se perceba que tradição portuguesa é esta de pôr umas dúzias de mulheres semi-nuas a saracotearem-se por entre alas de foliões (foliões, como diz a Joana, com a oportunidade que se lhe reconhece) encasacados, cheios de cachecóis, peles, samarras e crianças ao colo a soltarem meia dúzia de frases sem nexo sobre a alegria que nem a chuva consegue parar. Há excepções, eu sei. A Madeira tem o impagável Jardim e Torres Vedras parece que tem alguma tradição de crítica social. O resto, porém, é do mais confrangedor que se possa imaginar. Balizados por um punhado de animadores de animadores da nossa televisão, aí os temos, dançarinos e foliões a continuar a tradição da coisa.
Penso que estes dias, para além de proporcionarem uma boa leitura ou um par de DVD’s, nos metem casa dentro o país real que somos. Ou em que nos tornámos., Mal por mal, antes as bisnagas, os estalinhos e as garrafinhas de mau cheiro. Estas, apesar de tudo, cheiravam menos mal que a tradição e faziam a malta rir…
Quando eu era miúdo, tinha algum fascínio pelas brincadeiras de carnaval. Havia bisnagas, estalinhos, umas tiras de uma espécie de fulminantes que se esfregavam nas paredes e estrepitavam, as garrafinhas de mau cheiro, as caraças e, no extremo, até os ovos eram utilizados em arremessos carnavalescos. Era Carnaval, não se levava a mal. Sem saber bem os porquês do carnaval e, confesso, não me pasmar nas fantasias carnavalescas que muitas das pobres criancinhas tinham de usar, passei um pouco mais tarde para a fase dos bailes. Eram os famosos “assaltos”. As pessoas apareciam em casa umas das outras, sem avisar e faziam uma festa. Também havia os bailes de fantasia. Festas de pijama, festas de branco, de preto, de pajem, bailes trapalhões, do lençol, uma data de festas privadas, e começaram a aumentar também os bailes públicos de carnaval em hotéis, casinos e restaurantes.
Hoje, tenho a ideia de que tudo isto foi substituído por uma manifestação grotesca e despersonalizada de umas quantas figuras transidas de frio a desfilarem por uma série de localidades, para “manter a tradição”, sem que se perceba que tradição portuguesa é esta de pôr umas dúzias de mulheres semi-nuas a saracotearem-se por entre alas de foliões (foliões, como diz a Joana, com a oportunidade que se lhe reconhece) encasacados, cheios de cachecóis, peles, samarras e crianças ao colo a soltarem meia dúzia de frases sem nexo sobre a alegria que nem a chuva consegue parar. Há excepções, eu sei. A Madeira tem o impagável Jardim e Torres Vedras parece que tem alguma tradição de crítica social. O resto, porém, é do mais confrangedor que se possa imaginar. Balizados por um punhado de animadores de animadores da nossa televisão, aí os temos, dançarinos e foliões a continuar a tradição da coisa.
Penso que estes dias, para além de proporcionarem uma boa leitura ou um par de DVD’s, nos metem casa dentro o país real que somos. Ou em que nos tornámos., Mal por mal, antes as bisnagas, os estalinhos e as garrafinhas de mau cheiro. Estas, apesar de tudo, cheiravam menos mal que a tradição e faziam a malta rir…
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Etiquetas: carnaval
5 Comments:
eu lembro-me de fazer harmómios com as serpentinas
Não me ocorre nada mais deprimente do que o Carnaval em Portugal :):):)
É que detesto! :)
Atenção: eu detesto todo e qualquer Carnaval...não é só o português!
Nelson,
Quando chegares do teu Carnaval, pf, passa por lá...e dá-me a tua opinião!
Andas na folia?:):):)
Ana
As serpentinas e os "papelinhos" (confetti) foram um equecimento imperdoável. Também eu era um exímio a fazer harmónios com as serpentinas :(
papoila
Fartei-me de foliar, papoila :)
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