A cirandinha madeirense

Uma curta reflexão sobre os resultados das eleições na Madeira.
OS RESULTADOS
Não surpreendem a vitória do PSD nem a maioria ser mais escassa que a anterior. Há abundantes razões para uma e para a outra. E, se tal não bastasse, a pressurosa comunicação social compôs o ramalhete;
O PS
Viu o número de deputados bastante reduzido e ainda bem. Este Partido, na Madeira ou no todo nacional, é objectivamente responsável pelo descalabro que atravessamos pelo que quanto menos poder lhe derem, melhor. Os madeirenses tê-lo-ão entendido. Verdade que o líder socialista também não convence ninguém;
O CDS
Praticamente triplicou a votação e aumentou nove vezes o número de deputados. Portas fez uma campanha inteligente, atacando o PSD, mas não arranhando muito. O aumento de votos do CDS representa verdadeiramente o eleitorado de direita, já que a maioria de Jardim, na sua génese, estratifica a esquerda nacional que se rege mais ou menos por um conceito de «tudo feito» ou, numa versão mais comezinha, de cama, mesa, roupa lavada, uma reformazinha e poucas correntes de ar que a levem ao SNS gratuito num hospital perto de si e junto à escola pública onde a ambulância alugada aos bombeiros e o transporte escolar cheguem através de uma auto-estrada, dois viadutos, um túnel e várias rotundas;
O FOLCLORE
Reúne cerca de 15% dos votos da região. Penso que o fenómeno terá a ver com a nossa tendência para o circo. E se juntarmos ao circo ao discurso ecológico e correcto, tipo caldeirada de verdes e misses universo, temos a palhaçada ideal.
A ESQUERDA PURA E DURA
PCP e Bloco reduzidos ao valor residual que já atingiram noutras partes do Globo. O PCP baixou para os 3,8% e o Bloco nem aos 2% chegou. É bem feito por fazerem tanto barulho e chatearem tanto o pessoal.
A COMUNICAÇÃO SOCIAL
Igual a si própria. Acirrada contra Jardim, com uma conduta reactiva à la PS,
incompetente e semi-idiota, fez uma campanha obnóxia e em rigoroso acordo com a sua realidade existencial. Sobre Jardim disse tudo menos o que, eventualmente, interessava e deveria ter dito. Criticando os oito mil milhões de défice sem nunca estabelecerem um módico de dinâmica incontornável entre os procedimentos da Região e o destempero criminoso do anterior governo da República que desbaratou muitos milhares de milhões obtidos por via da banca portuguesa e que os filhos dos nossos netos muito provavelmente ainda terão de vir a pagar.
Etiquetas: a Madeira é um jardim, política