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Abateu-se mais uma “calamidade natural” sobre Lisboa. Desta vez foi na zona de Sete Rios que, como se sabe, é uma micro-zona muito atreita a precipitação de chuva miudinha acima dos dez minutos consecutivos. Desta vez foram vinte, repito, vinte minutos de chuvinha miúda mas cínica como o raio que a parta, pois de tão enfezada ninguém suspeitaria dos estragos que causou.
A reportagem na TV foi farta em causas (leitos de cheia, construção não sei quê, sarjetas não sei quanto e, causa maior, um bueiro sacana que atira com as águas do Eixo Norte-Sul cá para baixo), em efeitos (os snaks e restaurantes, que nestas coisas há sempre muitos restaurantes de azulejos e grades de “mines”, com os respectivos proprietários a queixarem-se do costume e que quando interrogados sobre se tinham seguro, que sim, que tinham, mas o seguro não chega, aquilo é uma trabalheira) e em conclusões, quais sejam as de serem sempre as mesmas, apesar de ninguém saber exactamente quais e as dos responsáveis a perguntarem se sabemos “quantos milímetros de chuva caíram”. Pela minha parte, sei, conheço algumas causas, mas não me apetece dizer. Assim como assim, resolver esta questão terceiro-mundista de inundações com um metro de altura de água depois de vinte minutos de chuva acabaria por destoar no cenário nacional e desdourar as nossas virtudes, para além de me retirar uma das minhas cenas favoritas nos noticiários nacionais.
Inundações logo hoje… que tenho de ir almoçar a Lisboa.
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