O giro de nestas coisa haver sempre uma relação de tio e sobrinho
[2901]
Não é fácil apartarmos o nosso dia a dia das “grandes questões nacionais". Mas a verdade é que, por muito que as achemos proporcionais à nossa pequenez e mesquinho decúbito perante os grandes desígnios das sociedade portuguesa, a verdade, dizia, é que há momentos em que questionamos com severidade as causas de uma série de acontecimentos que continuam a caracterizar o nosso colectivo (esta do nosso colectivo não é expressão que aprecie por aí além mas aqui vai bem).
Ainda há pouco acordei com o capítulo 2 da novela Freeport. Ele é o tio, o senhor Charles, o sobrinho que era ministro do governo do engenheiro Guterres, ele é o senhor Júlio e o senhor Charles, o ambiente e os estuários, as reuniões e os despachos com carimbos de urgente, mais um milhão de euros de luvas, mais Sócrates que se lembra da reunião mas não se lembra de ter sido o tio a pedi-la, ele é um enredo tão pelintra que nos faz olhar com bonomia para as alegadas corrupções de alguns países africanos onde, pelo menos e aparentemente, as coisas se fazem com um certo recato e, sobretudo, sem esta pincelada provinciana que não conseguimos contornar. Logo a seguir ao Freeport oiço Pinto da Costa a justificar uma derrota qualquer do Porto num jogo de basquetebol com o Benfica. Pinto da costa, dizia a apresentadora circunspecta, nunca mencionou o nome do Benfica (pormenor importante) mas falou em apitos encarnados (a subtileza nacional…). E então oiço Pinto da Costa ao vivo a dizer qualquer coisa (e cito de cor) como o F. C. Porto era o último resistente do Norte contra os senhores do Sul e mesmo contra os senhores do Norte que tinham escolhido o Sul. Tudo isto dito com uma expressão rígida e apropriada aos grandes momentos, não fosse algum senhor do Norte estar ali, naquela reunião, a pensar em mudar-se para o Sul.
É difícil imaginar cenário mentalmente mais pelintra, provinciano e bacoco. Sobretudo pouco recomendável para um cidadão acordar e apanhar, de chofre e supetão, duas histórias seguidas (seguidas, valha-me Deus…) deste jaez. Sócrates e Pinto da Costa, por si, já seriam dose que chegasse para atirar com o comando ao televisor, mudar de posição e dormir mais um pouco. Adornar estas duas criaturas com uma história de corrupção brega e um brado de "às armas, às armas, contra o Sul marchar, marchar" faz recear o pior para o equilíbrio psíquico de uma criatura que tem o péssimo descuido de adormecer com a televisão ligada.
Nota: Já depois deste episódio, anuncia-se com pompa e uma circunstância inusitada uma conferência de imprensa de José Sócrates para o meio-dia, no Porto. Onde ele dirá aquilo quem presumo, já disse. A única diferença poderá ser ele entretanto lembrar-se de o tio lhe ter pedido a reunião. A tal que houve mas ele não se lembra se foi o tio que pediu…
Não é fácil apartarmos o nosso dia a dia das “grandes questões nacionais". Mas a verdade é que, por muito que as achemos proporcionais à nossa pequenez e mesquinho decúbito perante os grandes desígnios das sociedade portuguesa, a verdade, dizia, é que há momentos em que questionamos com severidade as causas de uma série de acontecimentos que continuam a caracterizar o nosso colectivo (esta do nosso colectivo não é expressão que aprecie por aí além mas aqui vai bem).
Ainda há pouco acordei com o capítulo 2 da novela Freeport. Ele é o tio, o senhor Charles, o sobrinho que era ministro do governo do engenheiro Guterres, ele é o senhor Júlio e o senhor Charles, o ambiente e os estuários, as reuniões e os despachos com carimbos de urgente, mais um milhão de euros de luvas, mais Sócrates que se lembra da reunião mas não se lembra de ter sido o tio a pedi-la, ele é um enredo tão pelintra que nos faz olhar com bonomia para as alegadas corrupções de alguns países africanos onde, pelo menos e aparentemente, as coisas se fazem com um certo recato e, sobretudo, sem esta pincelada provinciana que não conseguimos contornar. Logo a seguir ao Freeport oiço Pinto da Costa a justificar uma derrota qualquer do Porto num jogo de basquetebol com o Benfica. Pinto da costa, dizia a apresentadora circunspecta, nunca mencionou o nome do Benfica (pormenor importante) mas falou em apitos encarnados (a subtileza nacional…). E então oiço Pinto da Costa ao vivo a dizer qualquer coisa (e cito de cor) como o F. C. Porto era o último resistente do Norte contra os senhores do Sul e mesmo contra os senhores do Norte que tinham escolhido o Sul. Tudo isto dito com uma expressão rígida e apropriada aos grandes momentos, não fosse algum senhor do Norte estar ali, naquela reunião, a pensar em mudar-se para o Sul.
É difícil imaginar cenário mentalmente mais pelintra, provinciano e bacoco. Sobretudo pouco recomendável para um cidadão acordar e apanhar, de chofre e supetão, duas histórias seguidas (seguidas, valha-me Deus…) deste jaez. Sócrates e Pinto da Costa, por si, já seriam dose que chegasse para atirar com o comando ao televisor, mudar de posição e dormir mais um pouco. Adornar estas duas criaturas com uma história de corrupção brega e um brado de "às armas, às armas, contra o Sul marchar, marchar" faz recear o pior para o equilíbrio psíquico de uma criatura que tem o péssimo descuido de adormecer com a televisão ligada.
Nota: Já depois deste episódio, anuncia-se com pompa e uma circunstância inusitada uma conferência de imprensa de José Sócrates para o meio-dia, no Porto. Onde ele dirá aquilo quem presumo, já disse. A única diferença poderá ser ele entretanto lembrar-se de o tio lhe ter pedido a reunião. A tal que houve mas ele não se lembra se foi o tio que pediu…
.
Etiquetas: pronúncia do Norte, tios e sobrinhos
2 Comments:
Ainda não se lembra, mas admite que se venha a lembrar...
Teófilo M.
Três dias depois ainda não se lembrou...
:)
Enviar um comentário
<< Home