quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Desmentidos ( ? )


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"...The United Nations has reversed its stance on one of the most contentious and bloody incidents of the recent Israel Defense Forces operation in Gaza, saying that an IDF mortar strike that killed 43 people on January 6 did not hit one of the United Nations Relief and Works Agency schools after all..."

Como de costume, estas notícias aparecem na altura como labaredas gigantes, as pessoas impressionam-se muito, alguns blogues exercitam a sua prosa indignada e proeminentes figuras da esquerda nacional vão mesmo a Gaza tirar fotografias e comentar as atrocidades israelitas para rádios e televisões atentas (?) veneradoras e obrigadas, a bem da nação correcta, moralmente superior e constitucionalmente socialista. Mais tarde, quando um coordenador humanitário das nações Unidas, Maxwell Gaylord, faz um desmentido já requentado pelo tempo e discreto, dizendo “…that the IDF mortar shells fell in the street near the compound, and not on the compound itself. Gaylord said that the UN "would like to clarify that the shelling and all of the fatalities took place outside and not inside the school…" , a coisa passa discreta e toda a gente continua a pensar que os israelitas acordam de manhã e começam, ao pequeno almoço, a fazer contas quanto ao número de criancinhas de escola e doentes com baixa que vão matar nesse dia.

Também se passa um problema "menor" como o de o Hamas estar a interceptar cobertores e comida para as vítimas da tragédia de Gaza. Ninguém explica bem porquê, mas eu lembro-me do tempo (e vi) em que sacos de cereais com os dizeres NOT FOR SALE – AJUDA DO POVO AMERICANO eram objecto de venda livre nos mercados de vários países africanos. Não sei como é que funciona em Gaza, o Miguel Portas podia ajudar com uma das suas viagens à nossa cidade gémea, mas desconfio que ao preço a que estão os cobertores e a comidinha, muito provavelmente esses “goods” estarão a conhecer outros destinos que não os seus legítimos e infelizes destinatários. De certo modo, entende-se. Os heróicos lutadores do Hamas têm frio e fome e precisam de libertar os palestinianos. E frio e fome por frio e fome antes os civis que só atrapalham e cujo único préstimo visível é servirem para os camuflar em escolas e hospitais quando os israelitas atacam.

Via A Origem das Espécies.

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domingo, janeiro 18, 2009

Varrer cadáveres para debaixo do tapete


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Uma vez mais o Hamas voltou a descarregar morteiros em Israel depois do último cessar-fogo e de Israel ter declarado estar disposto a aceitar o plano de cessação de hostilidades de Mubarak.

Foi essa pelo menos a notícia que ouvi na RTP esta manhã e que confirmei na CNN e na TSF. A TSF deixa escapar, de pantufas, a ideia de que a violação do cessar-fogo se deve a ataques dos dois lados. Não resistiu. Era demasiado esforço de contenção para a emissora.

Enquanto isso no Arrastão, com a elegância e elevação do costume, vai-se escrevendo que enquanto o idiota se vai embora, é só esconder os cadáveres.

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Blá blá blá do costume

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Acabei de ler este post do JCD comentando as posições e a histeria de Daniel de Oliveira sobre o conflito palestiniano. Na verdade, o que acho é que se dá demasiada importância àquilo que Daniel de Oliveira escreve. Seja sobre palestinianos, seja sobre outra coisa qualquer. Pela simples razão que não reconheço nesta figura mais ou menos recalcitrante qualquer súmula ou substância no que afirma, que não seja uma atitude profundamente ressabiada contra tudo o que signifique a contraparte dos valores que a esquerda toma como seus, como propriedade privada. Não reconheço valor literário, histórico, documental, ou sequer uma linha de pensamento minimamente respeitável, ao contrário de muita gente de esquerda com conceitos ou ideias estimáveis sobre as várias questões políticas mundiais, num homem que se limita a despejar em blogues e jornais e televisões a verve biliosa das suas convicções (?).

Um exemplo próximo é o Expresso de ontem, onde D. de Oliveira diz coisas espantosas. Socorre-se, por exemplo, de séries televisivas como “24” onde ele acha que se verte uma certa justificação da tortura no combate ao terrorismo. Por outras palavras, ele acha que a série foi feita para explicar, metaforicamente, o recurso à tortura e à degradação moral a que assistimos no reinado de George Bush. É claro que há, pelo menos, uma dúzia de séries da televisão americana que poderiam ser citadas como espelho de uma sociedade onde o primado da liberdade e o respeito pelos direitos humanos são valores acima dos de mil outras latitudes onde isso não tem qualquer sentido. E já que estamos a falar do Expresso, mais adiante, D. de Oliveira diz a seguinte enormidade “… que nos EUA a tortura nada tem de novo. Assim como não têm as violações aos direitos cívicos, a ocupação de outros países, os assassínios de líderes políticos no estrangeiro, as prisões ilegais…”. Diz ainda “… o que é novo é a legitimação ideológica…” “…tortura, assassínio, inimigo, guerra ou prisioneiro, ganharam novos sentidos, como se viu em Guantánamo…”

A série de dislates continua e chega-se ao fim da crónica sem que se vislumbre um sentido ou uma linha de raciocínio. Existe apenas este matraquear incessante de lugares-comuns. A coisa torna-se trágica quando estas críticas vêm de um europeu, cuja folha curricular já registava muitas destas "benfeitorias" muito antes dos Estados Unidos sequer existirem. Pior, onde muitas destas manobras continuaram já depois dos Estados Unidos existirem e com a agravante de, de vez em quando, desembocarem, em conflitos para cuja resolução tivemos de contar com a acção prestimosa dos americanos para sobrevivermos em dignidade.

Para mim, o que verdadeiramente me surpreende é a audiência que Daniel de Oliveira e correlativos conseguem junto da comunicação social. Porque uma coisa é a pluralidade de ideias, através da qual a colaboração de gente de vários quadrantes é sempre bem acolhida. Outra, bem diferente, é esta espécie de versão política da imprensa cor-de-rosa, em que um punhado de gente supostamente de esquerda enxameia os órgãos de comunicação social com as diatribes do costume. E não são tantos como isso. Se repararmos bem são capazes de caber nos dedos de duas mãos. A tragédia é que a maior parte de todos continua a lê-los. Mesmo sabendo que invariavelmente nos irritamos imenso e as suas crónicas desaguam em nada.
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quarta-feira, janeiro 14, 2009

O Maradona é heterossexual e não tem um ataque de asma há vinte anos

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Tudo muito bem explicadinho como se o Arrastão fosse muito burro.

Nota: Vale a pena ler os posts todos.
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terça-feira, janeiro 13, 2009

A (boa) forma ligeira de se abordar coisas sérias


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É por estas e por outras que eu gosto da Luna. Reparem:

"...Se é um David e Golias, é, claro que é. Mas com um David chato como o caraças que não larga a porra da fisga, esquecendo-se que Golias tem catapultas. E há muito perdeu o medo de as usar..."

Luna, in Crónicas das Horas Perdidas

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domingo, janeiro 04, 2009

Indecoroso

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Ir a esta manifestação significa o quê? Ser-se justo? Ser de esquerda? Ser o quê? O que move Daniel Oliveira a encetar este tipo de acções?

Não há nada nem é em nome de coisa alguma que se pode manter uma atitude acrítica a este tipo de incitamento. Ainda que as convicções de Daniel de Oliveira decorram de uma matriz ideológica, a relação factual de ocorrências por parte de um gang como o Hamas deveria ser suficiente para não se pactuar com manifestações deste tipo. Quanto mais não seja por uma questão de pudor e respeito pela verdade. Pegar nos mortos de Gaza e na falta de pão e electricidade na cidade por força das acções punitivas de Israel é, para além de uma tolice do tamanho do mundo, uma forma desonesta de se estar.

Daniel de Oliveira deveria saber um pouco mais da realidade do conflito. Ou, provavelmente, sabe e a desonestidade é, assim, maior.

Palavra de honra que este tipo de coisas me chega a causar embaraço…

Nota: No vídeo (via Blasfémias), "...membros do Hamas chacinam os líderes da Administração da Fatha (OLP) em Gaza, após tomarem o poder pela força em Junho de 2007..."

É a favor e em nome desta rapaziada que Daniel de Oliveira incita os europeus a manifestar-se, já que a Europa não faz nada. Merda!

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