domingo, março 03, 2013

Grandolar 4




[4866]

No Face Book, grândola-se imenso. De muitas e muitas dezenas de comentários pró manif não posso deixar de registar um que me tocou mais fundo. Dizia-se nesse comentário que a direita diz que o Terreiro do Paço não encheu porque a manifestação durou cerca de três horas. Daí que as pessoas iam chegando e indo embora… portanto nunca chegaram a estar todas juntas e daí as fotos do Terreiro do Paço estarem assim meio «ralas». Juro. Eu seja ceguinho, se não li isto.
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Grandolar 3

[4865]

Depois da manif e do futebol (uma arbitragem habitual de habilidade à xico-esperto marcando faltinhas de cada vez que um jogador do Sporting dava um pum…) pensei no mal que poderei ter feito a Deus para, pelo menos até aqui, ter levado a minha vida refém de um rancho de gente, mal formada uma, supinamente inteligente mas de má índole, outra. Em miúdo, circunstancialmente estudando em Coimbra, tive os meus primeiros contactos com a esquerda quando joguei râguebi na Académica. Havia, à altura, uma espécie de estudantes profissionais, entenda-se, não acabavam os cursos, chumbavam, mesmo percebendo-se que tinham capacidade e intelecto para os finalizar com uma perna às costas. A verdade é que chumbavam e iam eternizando a sua estadia na cidade universitária numa acção que só muito mais tarde entendi. Claramente, activistas. E lembro-me de uma vez um deles, a quem eu disse nos balneários do estádio, que um colega tinha ido à casa de banho, me ter dito que o cagar era um acto político. Perante a minha provável expressão de incompreensão, ele tratou de me explicar porque é que o cagar era um acto político, ao ponto de dez minutos depois de uma prelecção codiciosa eu achar que devíamos ir partir montras para a Ferreira Borges… e que nisso residia toda a lógica revolucionária do cagar como um acto político. Mais tarde, sofri as consequências de um grupo de gente, alguma bem-intencionada, romântica e cheia de fervor pelos amigos à esquina, gaivotas a voar e amanhãs canoros, outra claramente manipuladora, de má fé, ambiciosa ou patologicamente imbuída de ideologias que conduziram à morte de milhares de pessoas das colónias, e ao esbulho de muitos outros milhares. Pela minha parte, que fiquei do lado dos vivos, limitei-me a sentir obrigado a emigrar (nesta altura ainda não havia a SIC Notícias nem o Público para publicar imagens minhas a dizer que tinha acabado a licenciatura há três anos e que o Estado não me arranjava emprego. Dei corda aos sapatos e fui tratar da vida, enquanto Otelos, Rosas Coutinhos, Gonçalves e correlativos e derivados iam escaqueirando as colónias e o país, mesmo sabendo-se que a maioria das pessoas em Angola e Moçambique tinha consciência de que a independência era não só necessária, como desejável e justa. Passados todos estes anos, ainda tenho que aguentar firme os grandoleiros.

Não desarmam. Se os vampiros do venerado Zeca Afonso diziam que eles comem tudo e não deixam nada, esta rapaziada continua a grandolar porque ainda só comeu um bocadinho. E, não tenhamos ilusões, deixemo-los comer e depois vão ver se eles deixam alguma coisa. Vão por mim, que sei e que vi…
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Grandolar 2



[4864]

A nossa comunicação social é má. Batoteira e incompetente, de formação e cultura deficientes e habituou-nos a uma corrente informativa de acordo com estes pressupostos. Mas desta vez exagerou. Só lhes faltou cantar a Grândola também. Os enviados de serviço ao exterior pareciam atacados de histerismo e relatavam convulsivamente pormenores que eu me esforçava em ver, mas sem conseguir. Enquanto que das redacções emanava um cuidado extremo, tipo paternalista, que tratava de corrigir alguns erros cometidos pela «miudagem» (como a TSF quando disse que não cabiam duas agulhas no Terreiro do Paço, mesmo estando este a meio haste) ou reforçar algumas tiradas sobre o número de manifestantes, como no caso da SIC Notícias, que se tornou, definitivamente, um caso patético de deformação da verdade. Os manifestantes foram cerca de um milhão no Terreiro do Paço. Para um milhão e quinhentos mil no país, passando a um milhão e tal no país e muitos milhares no Terreiro do Paço. Não falando nos vinte de Atenas, setenta de Paris, quarenta de Londres e duas mesas de café em Bruxelas.

Sinto um embaraço extremo na comunicação social que temos. A propósito, ler este post, também.
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Grandolar


[4863]

Não há como escapar a dizer qualquer coisa. A minha primeira reacção à «grandolice» de ontem foi esta sensação estranha de tentar perceber porque é que esta gente não grandolou quando estávamos na mão de um sicrano sem escrúpulos que chegou a primeiro-ministro por via do voto popular, apesar da névoa permanente em que ele se movimentou, «aparecendo» num número incontável, de memória, de negócios mais ou menos obscenos. Obscenidade que seria descartável, não estivesse em causa o nosso dinheiro. Para além da acção difusa em que aparecia em numerosos casos de justiça, havia ainda casos indesmentíveis de má fé, perseguição, mentira e uma indisfarçável impreparação cultural, mau grado a sua formação de engenheiro mais ou menos. Tudo isto no seio de uma patente caldeirada entre a justiça e o poder político de que pouca gente saiu limpa. Ainda agora a leitura recente de alguns posts do José, versando factos nunca desmentidos, mesmo até porque provavelmente não havia o que desmentir, me fez, uma vez mais reflectir nesta gente que à altura não se lembrava da Grândola. Agora que, pelo menos em matéria de seriedade e ausência de «casos» de justiça, temos um governo que, com mais ou menos competência, mais ou menos erros, tenta resolver a tragédia em que os socialistas nos meteram (pela terceira vez…) a esta gente apetece-lhe grandolar.

Os portugueses sempre se distinguiram por acções que pouca gente ou ninguém entende. Mas desta vez, estamos a exagerar no absurdo.
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domingo, setembro 23, 2012

Preocupado

[4772]

Não comungo da excitação que vai por aí com as manifestações em curso. Se a manifestação geral me pareceu genuína e transversal, ainda que injusta porque dirigida a um grupo de trabalho que poderá ser inexperiente ou inábil mas, pelo menos, não arrasta um rosário de suspeitas como acontecia com Sócrates e, genuinamente, tenta resolver o berbicacho que lhe caiu no regaço.

Foi pena que estes «indignados» de agora andassem distraídos na época das vacas gordas, engordadas com o dinheiro que agora temos de repor. Mais, numa época em que não só as vacas andavam gordas como muitos dos «cow-boys» engordavam também. Escandalosamente. As pessoas andavam distraídas, ou reparavam, mas ia-lhes sabendo bem. Hoje chegou a factura. E há que pagá-la. E as pessoas querem mais vacas. Gordas, se possível. Alguém deveria saber como explicar isto aos cidadãos, sem que lhes caiam em cima a acusá-los que estão a desculpar-se com o socialismo e com o passado. E explicar-lhes que não é desculpar «porra nenhuma» mas sim abordar os problemas pela sua configuração factual e que o problema não esteve nos portugueses gastarem acima das suas possibilidades. O problema foi os portugueses não se importarem que outros, ainda que portugueses também, mas que deviam respeito a todos os cidadãos, engordassem e hoje, sorridentes e cevados, se passeiem por diferentes areópagos.

Aceito, porém, que essa grande manifestação seja genuína e espontânea. Já a arruaça que por aí vai (a última foi aquela vergonha que se viu em Belém) de cada vez que um ministro vai à rua, me parece obscena e um insulto à grande maioria dos cidadãos que não vota na extrema-esquerda. Mais grave ainda é a frisa de engravatados (ou sem gravata, agora está na moda os comentadores aparecerem de fatinho, mas de colarinho aberto mostrando os pelos do peito, os que já os têm, nem com todos isso acontece…) que vêm depois para a televisão perorar sobre essas manifestações como se elas fossem tão genuínas como a outra. E não serem capazes de, nem ao de leve, referirem a batuta das mesmas. Na maioria dos casos, basta reparar na retórica dos insultos. E nas rimas.
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domingo, setembro 16, 2012

A manif


Esta foto já deve estar correndo o mundo. Uma mulher bonita e um polícia cool (ia a dizer bonito…) a mostrar como somos cíveis, atraentes e como as manifestações em Portugal valem a pena. Foto roubada de uma vizinha minha que muito prezo.

[4766]


A manifestação de ontem foi um imenso logro e estabelece desde já muita matéria de reflexão. Muito girou à volta de uma poderosa campanha de desinformação da nossa indigente comunicação social, obediente a um conceito de engraçadismo do Bloco e de uma esquerda pressurosa onde interessa tudo o que possa contribuir para um folclore modernaço, sem que lhes passe pela cabeça aquilo que deveria ser a sua obrigação. Explicar bem os contornos da trágica situação que nos coube em sorte, por mor da acção de um grupo de salafrários e respectivos caudilhos e caninos seguidores que o povo colocou no poder durante um período que só acabou quando os sinos repicaram, anunciando que já não havia dinheiro para os salários, reformas e medicamentos para o mês seguinte. Uma comunicação social que, sem pudor, não reportou a manifestação, mas antes se manifestou em sintonia com os manifestantes (e aqui é de salientar a unanimidade das três estações de televisão) e que me fez lembrar aquela «boutade» socialista de um ministro de agricultura vir para a rua juntar-se à multidão que se manifestava contra ele próprio.

Sem embargo de se ter assistido ontem a uma manifestação genuína, ordeira, pacífica (mesmo que aqui e ali com alguns pontos de desordem na forma tentada pelos arruaceiros de serviço) e, por uma vez, sem uma orientação visível dos suspeitos do costume, é confrangedor perceber a ignorância da realidade em que vivemos, do facto de este governo, ou qualquer que ele seja, não ter escolha nem vias estratégicas de desenvolvimento enquanto não pagarmos as dívidas do buraco em que os socialistas nos meteram. E não vale dizer que em matéria de buracos «eles são todos iguais», porque não são. Basta não nos distrairmos muito e saber como se passaram as coisas para perceber que independentemente de casos pontuais e de polícia, o Partido Socialista tem-se entretido a escaqueirar aquilo que os outros vão fazendo, à custa de promessas irrealistas e de práticas condenáveis. E se Guterres concorreu bastante para este estado de coisas, faça-se-lhe a justiça de ser um homem sério e que continuou a fazer pela vida depois de abandonar o barco, enquanto que no último consulado socialista tivemos um suspeito crónico que quase todos os dias aparecia envolvido nas mais abomináveis patranhas que, por demais conhecidas, me abstenho de mencionar, apesar das descaradas manobras da justiça para disfarçar e manter o homem a boiar.

Parece que agora temos, de novo, um governo de gente séria. Talvez lhe falte os cabelos brancos de Mira Amaral, talvez careça de habilidade e engenho para fazer as coisas com mais ourelo e sabedoria. Mas os erros corrigem-se e uma coisa é certa. Não há como sair desta situação sem equilibrar as finanças e passar para o exterior a ideia de que vale a pena o investimento estrangeiro. Tudo o que saia deste carril contribui apenas para o descrédito, desinformação e prejuízo da nossa comunidade. E a comunicação social, de uma vez por todas, deveria aprender a lidar com estas situações. Pôr a mão na testa, deixar-se de florilégios bloquistas e outros engraçadismos e contribuir para o bem geral, fazendo bem aquilo que lhes é exigido. Informar. E se querem alinhar em claques, têm sempre partidos onde se filiar ou clubes de futebol onde pagar as quotas. E para fantasias de amanhãs que cantam já temos os patetas do costume.
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sábado, setembro 15, 2012

Se eu fosse à manifestação

[4765]

Estas seriam as rimas que eu ostentaria, em cacharolete, respigadas e roubadas de uma extensa lista do João Miranda e do JCD:

Assim a gente não se amanha, que pague a Alemanha

Não votamos nela, mas adoramos a Manela

Estamos em estado de necessidade, queremos investimento público de proximidade.

A taxa tira-nos o tesão, dêem-nos inflação.

Com a bicefalia, isto não falia.

Gaspar, tu vê lá se danças, queremos o António Sala nas Finanças

O Paulo Campos fez-me um coito, agora ando sozinho na A8.

Se não acabas com o imposto, o Luisão dá-te um encosto.

Tenham colhões, cortem antes nas Fundações

Passos bandido onde tens o dinheiro das PPP escondido?

A taxa é um entalanço, cortem antes no Betencourt Picanço.

Queremos público investimento, e política de crescimento.

Foderam o túnel do Marão e o TêGêVê pró Poceirão

Não me lixem a posição, obriguem a Conceição, a pagar mais contribuição.

Não vou à manifestação, vou antes ao mexilhão.

Não me aumentem a taxa, tirem antes à Natacha

Chega de cravos, queremos o Sérgio Lavos.

Troika assassina, vota Catarina.

Chega de maçada, a troika está errada.

Fartos desta ditadura, ouçam o Boaventura.

A troika que se lixe, Soares é qu’era fixe.

Nem net posso pagar p’ra ler o jugular.

Nós não queremos confusões, só lemos o Corporações.

A RTP é nossa, tirem-na da fossa.

Paz, pão, povo e liberdade; queremos RTP, não queremos austeridade.

Queremos alimentação, saúde e televisão.

Gostas de estar na corda bamba? Tens que votar Galamba.

Protege o teu futuro, abstém-te com o Seguro.

Fartos de austeridade, escondam-me a verdade.

O povo não é demente, Sócrates a presidente.

Despedir é imoral, morte ao capital.

Casas para todos e dinheiro aos rodos.

BCE é nosso amigo, Draghi estamos contigo.

Não queremos uma bolha, não estudei p’ra ser trolha.

Defender a educação com 100% de aprovação.

Federação da Europa, damos Madeira à troca.

Leite só a Manuela, Nogueira p’ra Venezuela.

Do Douro à Beira Interior, paga as SCUTs faxfavor.

Tás farto de dizer Yes? Vota pela URSS.

Tenho fome, não é truque; já o disse no Facebook.

Temos é que protestar, ist’é pior qu’o Salazar.

Queremos revolução, abaixo o centrão.

Eu gasto o qu’eu quiser, quem paga é a chanceler.

Não há dinheiro onde? Perguntem ao Hollônde.

Dá dinheiro p’rá’qui, seu porco nazi.

A Europa é uma só, de burros a pão-de-ló.

Não q’remos submarinos, não somos assassinos.

A esperança é grande, votamos no Hollande.

Isto é conspiração, dos da circuncisão.

Não fechem o obstétrico, q’remos carrinho eléctrico.
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segunda-feira, julho 02, 2012

Uma galderice

[4683]

Cerca de trinta galdérios e galdérias foram para a galderice. Desfilaram entre o Camões e o Martim Moniz com protestos contra as violações, o machismo e a intolerância. Para além, claro, de reivindicarem o direito de cada um vestir o que lhe der na gana.

Por mim, fiquei esclarecido e prometo não chatear ninguém se vir alguém mal vestido. Ou roto. Ou por vestir. E tenho a certeza que depois da manifestação destes 30 galdérios as violações vão diminuir, vamos todos ser muito menos machistas e muito, mas muito, mais tolerantes.

Há, mesmo, um défice enorme de causas para esta juventude que, na verdade, tem tudo e pode mesmo fazer o que lhe der na gana. Resta-lhes ser galdérios. Nem que seja em grupos de trinta!
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domingo, novembro 21, 2010

Nem uma montra partida...


A multidão. Modestinha e bem comportadinha

[3969]

Uma montra partida, um carro a arder, imagens dumas bastonadas, um ou outro sobrolho rasgado… nada, nadica a fazer-me consolidar a opinião de que acertáramos o passo com a contemporaneidade dos países ricos, livres e civilizados onde a turba costuma praticar o caos e desacatos antes de regressarem a casa para o duche e para jantar, sempre que um punhado de chefes de estado se reúne. Ainda vi uns patuscos a despejarem um balde de uma coisa vermelha e viscosa pela cabeça abaixo a fazer de conta que era sangue e a berrar contra a guerra. Mas nem em directo foi… pelo que o impacto não foi lá essas coisas, para além de terem borrado o passeio todo. Também vi cerca de cinquenta manifestantes, aparentemente rodeados por uma centena de polícias, com uns dísticos quaisquer que fiquei na dúvida se eram contra a Nato ou contra o Benfica. Do Gualter… nem cheiro, devia estar a estudar desobediência civil para algum teste. Resumindo, foi uma cena pífia como pífio parece ser tudo aquilo que leve o selo nacional. Valha-nos o Anacleto Louçã a quem ainda ouvi umas barbaridades costumeiras que, por serem barbaridades e tão desgastadas, já me vão soando em «mode fading».

E assim acabou a cimeira onde parece que o maior impacto andou à volta de um beijo que Obama pespegou numa gentil senhora à saída do AF1, que mais tarde se veio a saber ser a filha de Luís Amado, já que a mulher (esposa, Márcia, esposa, desculpa…) estava com um enxaqueca em casa. Passo por cima de algumas declarações que me pareceram realmente importantes mas só a ideia de que o nosso inefável Sócrates se anda a apropriar da paternidade de tais decisões me faz arrepiar caminho. Quase tanto como me arrepia só de falar nele, tanto quanto me eriça esta fase de aparente lavagem de imagem de Pinto de Sousa, eu que julgava que as suas nódoas nem com benzina saíam.

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quinta-feira, setembro 30, 2010

A luta continua...


[3915]

O manifestante/protestante cumpriu a sua obrigação. Marchou, berrou, chamou mentiroso a Sócrates e regressou ao autocarro de luxo que esperava por ele na 24 de Julho, estacionado em filas de mais de duas centenas de autocarros que reduziam a circulação a uma faixa para os pobres automobilistas que não se manifestaram nem protestaram e queriam apenas seguir o seu caminho.

O manifestante/protestante, em magotes de várias dezenas, presume-se que cada magote correspondia a um autocarro, ria desabridamente enquanto numa mão segurava um estandarte e na outra fazia prodígios de equilíbrio com uma «sandxe e uma mine». As mulheres, essas, ostentavam gelados de pauzinho. Caído sem querer no caos, observei a cena e gerei sérias dúvidas que o manifestante/protestante tivesse uma páilida ideia do que estava ali a fazer. Disciplinadamente, o manifestante/protestante berrou, cantou e chamou mentiroso a Sócrates. Por entre «abaixos» ao capital e aos poderosos. Agora regressava a casa e tenho a certeza que logo que os autocarros iniciassem a marcha de regresso, puxaria do telemóvel e avisaria a família e os amigos para os verem logo na «telvisão».

De um ponto de vista meramente filosófico e correndo o risco de presunção, achei aquele cenário estranho e inquietante. Estranho porque estas manifestações fazem cada vez menos sentido, e inquietante porque os mentores destes estados de alma, (sucessivos governos venais, populistas e reconhecidamente incompetentes e sindicalistas vitalícios da paróquia) colaboraram decidida e objectivamente para o caos e para os desmandos do rebanho, inculcando-lhe também uma visão distorcida dos direitos e dos deveres de cada qual no mundo do trabalho enquanto o país atravessa uma das suas maiores crises de sempre, com mais de 600.000 desempregados.

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segunda-feira, agosto 30, 2010

A ópera bufa


[3880]

Bufa, bufa não terá sido o caso, pelo menos no conceito da designação que os italianos dão às óperas cómicas. Mas bufa foi, no sentido de que há gente que não resiste ao apelo do longo e conhecido historial dos portugueses, tendencialmente mesquinhos, consabidamente bufos. Daí que Fernanda Câncio faz aqui uma resenha aprimorada e bufa, bufa imenso sobre as 200 a 300 pessoas (ela o diz) que se juntaram no Camões para se manifestarem contra a hedionda lapidação de uma mulher iraniana, acusada de ser adúltera. E Fernanda bufa aos costumes sobre os que foram, os que não foram e deviam ter ido, chama-lhes nomes e lucubra sobre os porquês da ausência da criatura nacional às manifestações sobre as grandes causas, mesmo quando estas são aproveitadas para manipular as gentes e pô-las a manifestarem-se sobre coisas que não têm nada a ver com o objectivo inicial e se espraiam por outras “abrangências” à medida do pensamento colectivo superior que um dia há-de moldar o homem novo. Se Deus Nosso Senhor permitir.

A Fernanda não consegue entender (ou consegue, mas não lhe dá jeito...) que há gente que pelo facto de não alinhar no folclore e na pornografia da esquerda elegante não significa que se identifique com as barbaridades de costumes bárbaros de culturas bárbaras, coisas com que, de resto, a "gauche caviar" (termo feliz da Helena Matos) não poucas vezes tolera quando lhe dá jeito. Sobretudo há gente que sabe que nessas manifestações há muitas ”Fernandas” de caderninho de apontamentos em riste para tomar nota de quem vai, quem não vai e quem devia ter ido. É uma coisa que cheira declaradamente a licença de isqueiro, ao cinzento dos uniformes dos contínuos das faculdades e à presença intolerável (é que não há mesmo pachorra…) desta gente iluminada que acha que toda a gente deve pensar como ela. O chamado “pensar como deve ser”. Além de que, depois, ter de aturar esta gente a bufar é, acima do mais, um espectáculo que carece evidentemente de uma sempre desejável componente estética.

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segunda-feira, maio 25, 2009

Abajo las toradas. Arriba las niñas desnudas e protestativas (espanhol técnico aprendido recentemente com o Grande Líder)


[3152]

É uma questão de se ignorar o sangue e uma ou outra cena de decúbitos mais ou menos inverosímeis. Após o que concluímos que uma manifestaçãozinha ou outra contra as touradas até pode ser o refrigério para muitas das nossas travessias do deserto. Ora experimentem. É só clicar aqui


http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1243518

e ver o vídeo.
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sábado, março 14, 2009

De um lado chove e do outro faz vento



[3019]


Nesta coisa de manifestações, o normal seria estar do lado dos manifestantes contra o governo, ou do lado do governo contra os manifestantes. Mas este país deve ser realmente muito peculiar. É que, vendo bem as coisas, dou comigo a sentir que não posso estar com este governo porque acho que está a efectuar uma gestão danosa do interesse dos portugueses, através de uma equipa de gente incompetente e com uma atroz falta de “densidade” (para usar um termo que considero feliz e muito apropriado do João Gonçalves), e que usa de uma arrogância provinciana e a raiar o insuportável de cada vez que se dirige aos seus cidadãos. Por outro lado esbarro com uma amostra populacional de gente que continua adormecida e padronizada no "estado providência" que tudo tem de fazer pela sua felicidade, sem que lhes ocorra alguma coisa que possam fazer pelo seu próprio país. É a rapaziada dos "nove às cinco", mais atilada e vivaça que conseguiu emprego para a vida e, com isso, considera ter almejado o seu grande objectivo na vida, e a maioria de gente mal informada e conceitos distorcidos por uma contínua maça de propaganda que lhes martelou uma cartilha redentora das injustiças do mundo. E era vê-los ontem, que a cada pergunta dos repórteres sobre a razão da manifestação balbuciavam que era pela perda dos direitos, pela carreira e porque Sócrates era mentiroso. Não consegui ouvir um argumento sério ou válido que fosse, tudo recaindo nesta ladainha pestilenta que a esquerda retrógrada e persistente foi usando para enformar os simples.

Triste é um país, assim, em que não conseguimos estar de bem com pelo menos uma das partes em conflito. Pela minha parte, começo a pensar que quem está mal sou eu. E nestas coisas, o velho ditado diz, com sabedoria, que quem está mal muda-se.

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sábado, janeiro 10, 2009

Devo "de" andar distraído

[2874]

Diabos me levem que ainda não consegui ler nenhuma reportagem sobre a grandiosa manifestação do dia 8. Alguém me dá uma pista?
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quinta-feira, março 06, 2008

Assim se vê...


[2369]

No próximo Sábado a Câmara Municipal de Beja disponibiliza o seu autocarro, a título gratuito, para quem queira deslocar-se a Lisboa.Isto é, a CMB considera que a deslocação dos professores (e respectivos acompanhantes e familiares) à marcha da indignação é um serviço público que deve ser suportado por todos os contribuíntes.Isto só deve admirar quem não conhece quem está à frente da CMB e os interesses que persegue. São os interesses partidários (PCP) a sobreporem-se ao bom senso.

Adenda: O vereador Caixinha diz que a autarquia também isenta de pagamento o uso do autocarro por grupos corais da região


Como A Fenprof emitiu um comunicado afirmando que não ia permitir aproveitamento político da manif, espero que Mário Nogueira já tenha contactado a CMBeja a declinar a oferta.

Entretanto o Jorge Ferreira (por via de quem, aliás, cheguei a esta notícia) interroga-se se também dará a direito a uma bucha para o caminho. Tem toda a razão, que a viagem é desgastante, exigente, stressante e injustamente valorizada no panorama rodoviário nacional.

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