segunda-feira, janeiro 12, 2009

A pantomina do costume


Manifestação de ontem em Madrid

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Um dos méritos dos chamados blogues de referência é atraírem um batalhão de comentadores. Alguns deles acabam por se tornar mais ou menos conhecidos pelos comentários, mais do que pelos seus próprios blogues, sendo que muitos nem blogues têm.

A curiosidade está no verdadeiro fenómeno de variedade e natureza dos comentários produzidos. Muitos deles relevam mesmo de problemas aparentemente mal resolvidos, tornando-se verdadeiras peças de insulto e má fé. Este post da Helena Matos é disso um bom exemplo, certamente não o melhor, muitos posts há em que ela é insultada tout court. Mas este, particularmente, chamou-me a atenção porque no fundo, a substância de muitos dos comentários que lhe dedicam não é muito diferente deste pequeno discurso de Zapatero (ver vídeo). E isto é que faz pensar. Se um anónimo blogger diz o que lhe dá na veneta e dai não vem grande mal ao mundo, já o chefe de um governo como o espanhol tem responsabilidades que deveriam caber num módico de contenção, boa educação e, sobretudo, tolerância em relação ao pensamento de outrem. Mas Zapatero é socialista, ou acha que é, e isso basta-lhe para fazer discursos como este. Não cura de guardar o respeito devido aos grandes conflitos, muito menos da razoabilidade dos critérios que defende. Critérios que, no fundo, são verdadeiras doutrinas. Esta gente leu toda pela mesma cartilha e por muito que se prestem ao “aggiornamento” necessário e aconselhável á sua sobrevivência política, há os momentos que os conduzem aos picos inflamatórios das suas convicções. E nas suas convicções há sempre a irredutibilidade em relação ao pensamento dos outros. E se em Portugal quem se mete com o PS leva ou se promete partir às fuças á reacção, aqui ao lado Zapatero berra que não se admite que as pessoas não tenham ideias sobre o conflito israelo-árabe. As ideias dele , bem entendido. (*) Infelizmente, deixei de poder aceder ao vídeo da biliosa comunicação de Zapatero, imsurgindo-se contra o PP que não faz nada pela Palestina.


Nota: Vale a pena percorrer os links deste post da Helena Matos. Está lá tudo. Assassinos, terroristas, gente empunhando pistolas e expressões de fúria mal contida. Sobram ainda uns apedrejamentos da embaixada de Israel e outras raivas avulso, como é de bom tom entre pacifistas desta natureza. Triste, mas verdade.

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