Ver a insídia do labéu aqui, com vídeo e tudo.
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O futebol tem destas merdas - e perdoe-se-me a pobreza de linguagem, mas não encontrei expressão mais adequada. Traz ao de cima a espuma de um provincianismo bacoco como acontece na fervura do leite e daí resultam peças de retórica como esta - alinhar o Benfica (um clube de um bairro lisboeta…) pelos desvarios de Ceausescu, afirmar que os benfiquistas do Porto, em pequeninos, mal ousavam sair dos armários, fenómeno já de si revelador dos futuros Guardas Abel que viriam por ali ou que a predilecção por um clube fora da esfera do paroquial FêquêPê é contra-natura, porque se refere e simboliza o pior de Portugal, centralismo, macrocefalia economia, esforço da ditadura em obrar (SIC) um clube tornado nacional, insulto, insídia, preconceito paroquialmente centralista e afirmar quão arrepiante e deslocada é a sua escolha futebolística são expressões que dizem bem do estofo de quem as produz.
Palavra de honra que, ao princípio, pensei que o CAA tinha acordado com ganas de escrever uma peça de humor. Mas depois, vi que não. “Aquilo” é a sério e o homem está esganado de fúria, possesso e espuma os rancores e uma lamentável patologia cujas vertentes não me atrevo a analisar por absoluta falta de autoridade na matéria de um leigo como eu.
O homem passou-se. Porquê? Porque um grupo de patuscos colocou um painel na rotunda da Boavista. Nele se “reserbaba” este espaço aos benfiquistas e isso, para o CAA, constitui um labéu que lhes é oferecido pelos adeptos sulistas. Por mim, o labéu até tem graça e não ofende ninguém, sobretudo quando são os próprios portuenses a orgulharem-se do seu sotaque, que inclui a desarmante troca de letras sempre que se dão ao travalho de reserbar qualquer coisa. Mas, que diabo, a peça até tem graça e não deveria ofender ninguém. Certamente muito menos que a, à altura, companheira de Jorge Pinto da Costa a qual, no intervalo entre uma audiência com o Papa e escrever um livro a contar umas verdades, resolveu desfilar em direcção ao estádio da Luz conduzindo uma orquestra afinada de adeptos, dos bons, puros, nobres e inbictos, a berrarem “filhos da puta, filhos da puta, filhos da puta….”
Malhas que o futebol tece…
Declaração de interesses: Sou sulista, elitista (versão menesiana), centralizado, economicamente macrocéfalo (ainda que de uma aflitiva microcefalia financeira), mais ou menos indiferente ao facto de obrar clubes nacionais e um lagarto de gema, apesar de Bettencourt, o presidente em uso corrente naquela repartição.
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