domingo, abril 18, 2010

Vanity... e um embaraço permanente

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Soares é um embaraço. Não colhe a ideia de que está velho e senil. Velho está, certamente, mas de senil não me parece ter nada. Continua a ser uma raposa astuta. E tão cínica, como a outra que disse que não queria o cacho de uvas por estarem verdes.

Soares terá as sua razões para gostar de se projectar periodicamente na ribalta que lhe oferecem, submissa e saloia, para se explanar na lascívia das suas elucubrações, dizendo o que lhe vem à cabeça, da forma que entende e com a ideia antecipada de que lhe vão achar muita graça.

Desta vez falou de Cabo Verde… e da vantagem que Cabo Verde teria tido em se manter ligado a Portugal. Isto é de uma atroz deselegância e de quem acha que pode dizer o que lhe apetecer. Mas fora a elegância, eu gostaria de pensar no que Soares diria, se há cerca de trinta anos atrás alguém dissesse o que ele diz agora. Enquanto se dedicava com afinco à sua obra de descolonização exemplar, tarefa que ninguém lhe outorgou, mas que ele tomou como sua, apoderando-se dos meios de legitimidade necessárias para o fazer, sem respeito pela pessoa humana (portugueses e africanos) e com o mesmo sentido de Estado com que uma vez, iracundo e imbecil, pisoteou uma bandeira nacional.

Nota: Eu também acho que, na altura, Cabo Verde teria ganho com a integração. Mas hoje, quando Cabo Verde provou ser um país que soube seguir uma via racional e com elevado sentido de desenvolvimento e melhoria de vida para os seus cidadãos, ao contrário de outras colónias (Guiné- Bissau, por exemplo), as afirmações de Soares soam deslocadas, patéticas e ofensivas.

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