sábado, julho 15, 2017

Rir é o melhor remédio, dizia o "Reader's"... mas pode dar úlceras, também.




[6155]

A propósito do riso alarve com que somos brindados diariamente pelo nosso primeiro-min…isso. Projecto-me nesse riso, de patologia não inteiramente definida, muitas dezenas de vezes nos modestos posts que vou por aqui deixando.

Este post do Alberto Gonçalves (ainda não comprei o livro…) fala no riso com o engenho e a graça que são as suas marcas de água, pelo que passo a “linkar”. O que me dá também a satisfação de verificar que não sou o único a recear uma úlcera duodenal “à cause” do riso alarve da criatura que referi. Deixo uma pequena amostra, mas ler tudo, linha a linha, é essencial. No fim, só não acabamos a rir, porque muito provavelmente acabaremos a chorar. De raiva e desespero.

Nota: A coisa pega-se e torna-se uma imagem de marca. Uma tal Anabela Neves, habitualmente repórter da SicN na AR ainda ontem não resistiu a uma espécie de riso múltiplo quando, com o seu titubeio habitual, noticiava que o CDS pedia a demissão de dois ministros (e aqui solta-se-lhe o riso... mas solta mesmo), mas o primeiro-ministro (nova risada) só demitiu secretários de Estado.

 E então, vejamos:

«…É natural. Já Orwell falava no riso cruel dos ditadores. E um inglês muito antigo atribuía-lhes o “riso artificial”, uma “mistura de hipocrisia, maldade e prazer bárbaro”. Sempre que escorrega para o autoritarismo, ou que deriva do dito, o poder raramente evita a troça alarve. Há anos, por acaso ou delírio, ocupei um serão na companhia da televisão pública de Caracas. Acima da propaganda e da manipulação, o que saltava à vista era o vasto gozo dos indivíduos que mandavam a expensas dos indivíduos que oprimiam. Num “debate”, dois “chavistas” e o “moderador” entretinham-se a escarnecer dos representantes da oposição (evidentemente ausentes) – não porque estes não tivessem razão, mas porque não tinham voz. Por mim, nunca vira em directo tamanha exibição de desumanidade. E não penso que a natureza dos “chavistas” de cá, estimulada por sondagens e a geral irresponsabilidade do sistema, seja essencialmente distinta…»

Ler o artigo todo do Alberto Gonçalves aqui.


*
*

Etiquetas: ,

sábado, julho 08, 2017

A "trip" do Poder





[6150]

Já entrei na fase (sério...) de desligar a TV pela simples aparição da Catarina, da Mortágua, do Jerónimo e mais um para de fulanos do PC de que não me ocorre o nome (um deles, aquele que participou na "charanga" pró-Maduro que circulou aí pela baixa de Lisboa). Esta rapaziada que garante a maioria parlamentar do tosco Costa (aquele que passa por hábil político por via da amestrada comunicação social) perdeu completamente a vergonha e presta-se a um exercício frequente de críticas ao governo, apenas para "inglês ver".

Repito o que tenho dito há muito. Provaram do Poder e aquilo é um bocadinho como aqueles adesivos de morfina para tirar as dores do reumático, puseram os adesivos àquele pessoal e agora para os arrancar vai ser o cabo dos trabalhos. A questão é que se fosse só uma questão de vergonha na cara, ainda era como o outro, a coisa ficava aqui pela paróquia. O pior é que de cada intervenção das referidas criaturas releva mais um ponto na escala do desprestígio e carência de credulidade que mantemos e nutrimos internacionalmente.

Costa é o culpado de tudo. Porque deixou. Porque quis, porque se sente bem. Adulado e referido como perito hábil. Um indivíduo malcriado, chocarreiro e sem qualquer traquejo de governança que não sejam os coloridos malabarismos que compunham o trágico período Socrático, de que Costa foi um fiel, atento e venerador intérprete.


*
*

Etiquetas: , , , , ,

sexta-feira, junho 30, 2017

Incêndios grandes e roubos graves… dizem eles.



[6143]

Estamos gradualmente a atingir o grau zero. Da política, da segurança, da credibilidade, da economia. A conversa barata que nos impingem sobre as brisas favoráveis que nos afagam devia ser objecto de trabalhos sérios e objectivos por parte de quem tem a autoridade ética e científica para explicar aos portugueses que as auras favoráveis são o resultado de cortes brutais em sectores vitais para o funcionamento das instituições e para o bem-estar e segurança dos portugueses.

Não é por ter havido uma tragédia em Pedrógão ou por terem roubado uma assinalável quantidade de material de guerra, que vai inevitavelmente parar à mãos de terroristas que se entretêm a matar inocentes, que devíamos chegar a esta conclusão. As conclusões de há muito que estão identificadas e remetem, indubitavelmente, para a irresponsabilidade de um grupo de gente que usurpou o Poder e se entretém a dizer piadolas no Parlamento, à custa de um indivíduo pernicioso e sem carácter que se prestou e presta a “circunvoluções” de carácter para obter os seus fins à custa dos cidadãos, mesmo, ou sobretudo, daqueles que convictamente lhe deram o seu voto, sem que lhes passasse pela cabeça que o desenlace da situação fosse o que foi. Soubessem eles que Costa se iria aliar à extrema-esquerda e jamais, repito, jamais lhe dariam o seu voto.

O resultado está bem à vista. De há muito que o funcionamento das instituições de serviço ao cidadão, como os transportes públicos, a saúde, a justiça e a educação (a educação, valha-me Deus) vogam ao sabor de humores caducos e cortes orçamentais em nome duma coisa que irritava imenso Jorge Sampaio e lhe servia para umas tiradas tonitruantes e que dava pelo nome do défice, aquela coisa que existia para aquém da vida. Costa sabe que cumprindo essas metas, sobretudo o défice, vai aguentando aquilo que eu chamaria, e glosando Pacheco Pereira, a masturbação do Poder. Porque tem consciência de que é a única coisa que ele sabe fazer – manigâncias espúrias para manter o Poder, mesmo que dando umas migalhas à extrema-esquerda, que vai experimentando igualmente a volúpia de mandar.

O roubo de Tancos envergonha-me. Não se trata de roubar um automóvel ou uma salva de prata da casa de um vizinho. Trata-se do assalto, presumo que fácil, a um quartel, uma instituição que não pode estar sujeita às mirabolâncias de Costa e dos seus sequazes. Igualmente não podemos continuar a sofrer estes vexames e putativas consequências destes actos e a sublinhá-los com vacuidades como Constança a dizer que o incêndio em Pedrógão foi muito grande e Azeredo a dizer que o roubo de Tancos foi muito grave.

Não sei como é que estas coisas se fazem para explicar aos portugueses que esta maralha tem de ir para a rua. Alguém deveria ter o engenho e a arte de explicar aos eleitores a trapaça em que estamos envolvidos, explicar convenientemente e sem medo de dizer coisas ou chatear individualidades. Ou mesmo de cometer erros, como os suicídios de Passos Coelho. Alguém que, de caminho, explique aos portugueses que, tão mau como a geringonça é este circo da comunicação social em função permanente, em que os palhaços são a colecção infinda de comentadores e especialistas que vão dando cobertura e aconchego a Costa e seus rapazes. Alguém que consiga explicar às pessoas que não temos condições para aguentar muito mais tempo esta situação, sob pena de qualquer dia nem país termos. Não sei quem, nem como. Mas alguém tem de ter a coragem e a força para acabar com isto. 

Quando andei na tropa, na altura de passarmos à disponibilidade tínhamos de fazer contas por CADA BALA, repito, por cada bala, que faltasse ao espólio, com excepção de arrolamentos feitos logo após acções de combate. Agora… roubam quartéis. E não há ninguém que veja. Que guarde. Que tome conta. Se calhar, não há. Não chega … não sei. Não deve haver dinheiro. Porque é preciso manter o défice e distribuir umas migalhas a funcionários e pensionistas. E reverter. Desfazer. E conduzir as coisas para o “quanto pior, melhor”, afinal ao grande motto da esquerda que sabe que esta é a única forma de se manter no Poder.


*
*

Etiquetas: , ,

terça-feira, janeiro 03, 2017

Le ministre qui rit




[5481]

Segue a sua marcha impante a dinâmica criada por especialistas do género de que a estabilidade desejada e os consensos não são possíveis pela crispação existente entre o governo e o maior Partido de oposição. E que essa crispação se deve (quem mais?) a Passos Coelho pela sua dificuldade em aceitar a derrota parlamentar apesar de ter ganho as eleições. Essa dinâmica é nutrida por gente que sabe que não é assim, gente que não percebe bem o que se passa mas que acha que deve ser assim e por gente (muita) que já acredita piamente na peregrina ideia de que a crispação se deve inteiramente ao PSD em geral e a Passos Coelho em particular.

Esta é uma ideia falsa como Judas (acho que mais falsa que Judas) e as pessoas têm obrigação de se lembrar que a tal crispação se deve inteirinha a António Costa, na sua desbragada corrida para o Poder, pelas repetidas acções que assumiu para abortar cerce qualquer possibilidade de consenso com o PSD, por saber que isso significaria que Passos Coelho seria, de novo, primeiro-ministro e ele não. Costa não só não suportou a ideia como cegou de fúria pela consecutiva maré de “poucochinhos” que ia coleccionando desde o afastamento de A. J. Seguro e que culminou com a, para ele, vergonhosa derrota nas urnas.

Os detalhes são longos e vários. Há certamente registo das continuadas atitudes de Costa nesse processo, onde ele misturava esperteza-saloia com mentira, chico-espertismo e inúmeras demonstrações de uma forma chocarreira, malcriada e pouco digna e desejável na figura institucional de um primeiro-ministro.

Quando vejo agora a institucionalização da crispação como sendo devida à casmurrice de Passos Coelho sinto um profundo mal-estar. Talvez não tanto pela referida crispação (isto um dia acaba mesmo e o próprio PS terá gente decente para tomar conta do barco socialista) mas mais como foi possível que tanta gente (Marcelo não escapa ao grupo), involuntária ou conscientemente, exprobe Passos Coelho por um comportamento de que ele não tem culpa nenhuma.


*
*

Etiquetas: , ,

sábado, dezembro 03, 2016

E a página que nunca mais se vira...

[5471]

Aquele Passos Coelho é tramado. Arranjou para aí uma trapalhada que obrigou os jovens a emigrar. O que valeu foi ter aparecido o Costa mai-la a sua geringonça, para virar a página. A tal página da austeridade.

Não sei onde é que ele molhou o dedo para virar a página, mas o facto é que mais uma filha abalou. Fartou-se do sol e dos vestidos frufru




e aí vai ela para a neve e temperaturas subzero.




Ainda lhe disse para dar tempo ao tempo, deixar o Costa fazer o trabalho e virar a página toda, mas as trapalhadas com que ela (a filha) passou a ter de lutar todos os dias, incluindo corte de remunerações que lhe eram devidas pela custódia de uma filha pequena e a opinião mais ou menos segredada de uma funcionária que lhe disse que estas situações são provocadas e que as pessoas têm de esperar meses até se “desenrolarem”, por absoluta falta de verbas, ou cativações, como se diz agora, fez com que a referida filha resolvesse não esperar pelas sacanices (desculpem o plebeísmo do termo, mas trata-se de sacanices, mesmo…) da geringonça e foi à vida. Trocou o tal sol e a imperial pelo fim de tarde com os amigos, pela neve e um bife de rena (blharrrgggg!...) ao jantar.

Boa sorte, filha, o pai (na circunstância, eu) cá fica, que já lhe doem os ossos de tanta emigração, embora mantenha um estado potencialmente apopléctico de cada vez que vejo na TV o sorriso alarve daquela criatura que continua a virar a página… vai dando notícias, que ainda cá tens uma irmã. Quem sabe lhe salta a tampa também, que aquele Passos Coelho é danado.


*
*

Etiquetas: , , , ,

sábado, julho 16, 2016

United idiotic will always be patriotic





[5419]

Acordei, vim ao laptop e choquei com a defesa encarniçada do assassino que se entreteve a matar gente em Nice com o camião. Do que li, a «técnica» era apurada e em estrita concordância com os ditames da animalidade islâmica que quer acabar com os infiéis que vieram ao mundo para chatear o profeta.

A defesa vem da esquerda superior (isto da estrutura moral é um bocadinho como o futebol antigo, peão, superior e bancada, o peão para a Direita bronca e reaccionária, a superior para a Esquerda diligente que escreve em blogues e a bancada para a Esquerda no poder) que se permite até comparar a acção de Mohamed (sim, parece que o camionista se chamava Mohamed) com torcionários da direita extrema. O que é uma comparação que faz todo o sentido. Porque Mohamed precisava de ajuda, coitado. E não a obteve. Ao que parece, tinha família, emprego e vivia num país onde podia fazer o que lhe apetecia. Mas o homem tinha “issues”. Batia na mulher, tinha uns quantos probleminhas com a polícia e ninguém se lhe veio ao caminho oara o auxiliar.

Cá para mim a culpa é da Europa, do Bush, Barroso, Aznar, da chuva ácida, do deboche capitalista, do Goldman Sachs e da guetazição destes infelizes que se cansam das moscas de África e vêm para o fresquinho asseado europeu. Ah! E do Passos Coelho, Cavaco e Relvas, já me ia passando. As louras decotadas também podem ter a sua culpa. Mas culpa a sério tiveram aqueles que não se aperceberam que o homem precisava era de apoio psicológico. Vejam lá que ele até batia na mulher o que é um claro indício de que precisava de ser ajudado. Quem sabe a mulher até merecia uns estalos aqui e ali. E mais. Não era como aquele bandidote de extrema direita, o Breivik... O que vale é que o Papa anda muito calado, um dia destes sua Santidade vem pôr os pontos nos ii.

E, entretanto, a Esquerda superior vai-se confortando e ocupando o tempo à procura de criminosos de estrema direita para provar que este é um caso bem diferente, o que devia, indubitavelmente, envergonhar os europeus. Que se esquecem que há assassinos maus e assassinos bons.


*
*

Etiquetas: , ,

domingo, junho 05, 2016

Ai Portugal




[5408]

«...Não é por nada, mas os valentes portugueses que despejam indignações em cima do Henrique ou do sr. Cid parecem-me, assim por alto, os mesmos que toleram, quando não aplaudem, tudo o que de facto importa. São os mesmos portugueses que acham normal, ou desejável, o PS costurar uma tramóia "constitucional" para tomar o poder e subordiná-lo a estalinistas ou aparentados. São os mesmos portugueses que acham razoável, ou, a acreditar nas sondagens, espectacular, que o governo recupere o prodigioso legado económico de José Sócrates, agora sob orientação sindical e com adornos "fracturantes". São os mesmos portugueses que acham adequado, ou louvável, que um balão sorridente disfarçado de primeiro-ministro brinque com as organizações internacionais que, em última e penúltima instâncias, nos têm aguentado uns furos acima da Roménia...»

A excelência do Alberto Gonçalves tornada leitura obrigatória sobretudo numa altura em que (vá-se lá saber porquê), o país quase inteiro parece uma turma de jacobinos a exaltar a estonteante vitória de António Costa (palavrão usado ontem pela "Pluma Caprichosa" no Eixo do Mal) pelo simples facto de ter resistido, sem cair. Ou seja, chegámos a uma altura em que os méritos de um governo (no caso a geringonça) se medem pelos meses que aguente sem cair. Tudo o mais, os vergonhosos índices de desenvolvimento e o conceito em que a Europa passou a ter de nós não interessam. Muito menos pensar-se em que investidor, no seu juízo perfeito vem aplicar uns cobres num país onde os méritos e a eficácia de um governo se continuam a contar pelo número das "reversões". Compreende-se, melhor, porque é que os números de investimento se passaram a contar pela utilização dos fundos estruturais…

Esta crónica do Alberto Gonçalves merece ser lida na íntegra, sim, e ao menos que tire o sono ao grupelho responsável pela bandalheira em uso nesta repartição e que por motivos quiçá semelhantes aos que fritam Cid e Raposo por terem dito mal de transmontanos e alentejanos, mas tudo o mais lhes passa ao lado, irremediavelmente nos lançará para o montureira dos idiotas. Por muitos meses que o sorridente Costa e o afectuoso Marcelo vão aguentando a paródia e continuem a merecer o gáudio e o reconhecimento das massas.


*
*

Etiquetas: , ,

quarta-feira, maio 25, 2016

Pois...

´

[5403]

Vem-se agora a saber que o ministro da educação beneficiou de bolsas de estudo que lhe permitiram o acesso a universidades dos EEUU, Reino Unido e, salvo erro, até em Espanha.

As pessoas admiram-se, primeiro, e indignam-se depois com a desfaçatez e hipocrisia com que ele se comporta agora perante o modelo de educação que preconiza, promove e patrocina no seu consulado ministerial. Não vejo bem porquê. Este Tiago Rodrigues é um exemplo acabado do miúdo mimado, de ascendência progressista e correcta que acha ser predestinado para monitorizar o homem novo no tempo novo que temos de ser e a que temos de pertencer.

É uma situação frequente no Portugal de hoje, daí os grupelhos folclóricos que, sem saber bem como, se alcandoraram ao poder e se dedicaram à série de diatribes a que temos assistido e que nos levará, de novo, a uma situação económica insustentável e a uma acelerada erosão do prestígio que recuperámos em tempos recentes.

Também aleija verificar que com tantos doutorandos no exterior, às nossas custas, continuamos a ostentar aquela matriz parola e pesporrente que, ao que parece, nos acompanha, fez ontem 873 anos.


*
*

Etiquetas: , , ,

terça-feira, maio 03, 2016

É hoje. Vem aí o pandemónio das obras no Eixo Central




[5395]

Os lisboetas não têm por que se queixar. Foram eles que puseram Costa na Câmara. O homem subiu na vida e apanhámos com Medina. Tudo legal, tudo legítimo. Que Costa seja reconhecidamente labrego e inescrupulosamente ambicioso e Medina seja filho de um resistente do Estado Novo (não sei bem quem, mas não interessa, está no currículo do homem e essas coisas hoje enriquecem muito o currículo de cada qual) são um factor semelhante ao goal average do futebol. Os portugueses urbanos gostam destas coisas e continuam a ter uma pulsão clara pelo vocábulo socialismo. Cheira-lhes a justiça e a protecção parental e, assim sendo, votam em tudo o que cheira a socialista.

O resultado, entre vários resultados, está aí. Desta vez tem vindo ao de cima a clara ideia que esta gente tem do automóvel. Coisa de rico, coisa poluente, artefacto capitalista. Daí a mexerem com tudo o que possa complicar a vida aos carros, mesmo que nas capitais europeias o sentimento seja o oposto, vai um salto pequeno. Com a vantagem que as pessoas (lá está) gostam, mesmo que tenham de se apinhar cada vez mais nos meios de transporte e mesmo que aqueles que têm de usar as suas viaturas se espremam em filas compactas de trânsito.

É a vida, como dizia Guterres, é a vida como diz Costa. E, sendo a vida, vêm aí, de novo, o caos, a confusão, a trapalhada e uma possibilidade mais para este jovem socialista aumentar o seu grau de notoriedade, já que não sabem fazer mais nada que bulir com a paciência das pessoas, em nome das pessoas. Vamos ter mais espaço para as pessoas, mais árvores e menos espaço para estacionarmos e menos metros para circular. Mas, repito, a culpa é nossa. E se acaso nos indispusermos sempre que circulemos na Fontes Pereira de Melo, via Saldanha, lembremo-nos do paternal e profundamente estúpido conselho de Costa de que temos de nos habituar a andar de transporte público. Quando aprenderemos a eleger os nossos mandatários e convencê-los que somos nós que os sustentamos?


*
*

Etiquetas: , ,

quinta-feira, novembro 19, 2015

Costa, já. Rapidamente e em força.


[5339]

Pessoalmente, prefiro que um governo de A. Costa seja rapidamente indigitado pelo PR. Não que eu considere A. Costa um estadista confiável ou que venha a chefiar um governo competente, pelo contrário, penso que iremos esbracejar na maior confusão, que venhamos a ter consideráveis dificuldades internacionalmente, que o nosso prestígio e respeitabilidade voltem a ir «down the drain», mas acho que tudo isso será absolutamente necessário, porque terapêutico, e quiçá de grande vantagem para avaliação por parte do eleitorado num futuro próximo. Talvez que um governo de Costa ajude as pessoas, finalmente, a perceber a monstruosidade do carácter, competência e seriedade do governo que vem aí. Assusta-me ainda o acrescido protagonismo da CGTP (uma Central Sindical que continua a merecer os favores da Comunicação Social, não entendo bem porquê, ainda ontem ouvi repetidas vezes que devíamos agradecer à CGTP (ipsis verbis) um elevado sentido de Estado por se oporem à violência, qualquer coisa que, para mim, soa mais ou menos como alguém dizer de mim que sou um tipo cool e mereço muito respeito porque nunca matei ninguém) mas até isso pode funcionar a favor de alguma moralização do regime, porque não acredito que a uma CGTP em roda livre não acabe por lhe saltar um carreto qualquer e/ou provocar graves dificuldades às «posições conjuntas» dos Partidos que nos vão governar.

De outro lado, teríamos um governo de gestão de Passos Coelho que lhe produziria um grande desgaste e que acabaria por capitalizar os méritos (???) das «posições conjunturais» de Costa. Por isso acho, mesmo arrostando com toda a desgraça que vem por aí, que um Governo de Costa serve melhor os interesses gerais dos portugueses. Porque tenho a certeza que a «geringonça» vai dar uma grande baralhada e confusão, as «posições conjuntas» vão-se desconjuntar e vamos todos para o bueiro outra vez. Isto só não aconteceria se Costa fosse realmente um estadista a sério e conseguisse frear as excitações dos seus parceiros de posição conjunta. Mas sabemos que Costa não é. Limita-se a ser um indivíduo complicado, zangado com a vida e inebriado com a perspectiva de, na sua folha do FB (como alguém já disse por ai), poder pôr a sua condição de ex-primeiro-ministro.

Depois, é apanhar os destroços, refazer tudo outra vez (de resto tem sido sempre assim, o PS a partir loiça e o PSD a apanhar os cacos) e aguardar, esperançosamente que os portugueses se apercebam do logro em que caíram, quando virem o voto que deram ao Partido Socialista ter sido endossado a um grupo de aventureiros (e aventureiras, como se diz agora).


*
*

Etiquetas: ,

terça-feira, outubro 20, 2015

A truculência como ideologia


[5326]

Este homem é malcriado. É possuído de uma truculência permanente que se junta a uma petulância, raiva, despeito, ódio e intolerância. A tempestade perfeita, pois, naquilo que se não deseja num homem decente e se receia possa tornar num ser furioso. Que morda, bata, denuncie ou, se vir que lida com alguém mais forte, pelo menos mostre os dentes e rosne.

Esta é uma imagem de marca de uma esquerda anquilosada e que se esperaria já ultrapassada e sublimada numa atmosfera de gente civilizada, cordata e tolerante. Voltando a Alfredo Barroso, talvez seja já demasiado idoso para mudar. Já se notava nele muitos tiques de presença iracunda na TV e agora confirma-se nesta linguagem trauliteira, única forma de se fazer ouvir – chamar cães raivosos, ladrando, mesmo que entre aspas, não se percebendo bem porquê.

Às vezes penso que a esquerda mudou um pouco. Já não oiço chamar cães às pessoas, ainda que Jerónimo e aquela criatura de nome Aurélio e que gere a CGTP se esforcem por manter o registo, mas hei-de reconhecer que a linguagem sofreu um desejável aggiornamento. Só que, caídos os cães, surgem novas formas de petulância, como as que diariamente se registam de cada vez oiço as lideranças do Bloco e aquela forma insolente e insuportável de dizerem o mesmo que Alfredo Barroso diz, mas com verbo renovado. Não há cães, mas há retrógrados, bafientos e uma tonalidade de um severo mestre-escola em tudo o que dizem, como quando Catarina um dia destes avisou que o governo da Coligação tinha acabado.

É a ideologia substituída por um sentimento insuportável de petulância, ódio e pesporrência, próprio de quem não tem nada de responsável para dizer ou de quem se está literalmente «nas tintas» para o interesse do país e mais não saiba fazer que adoptar este tipo de atitude manipulativa. Com a agravante que os media gostam imenso, acham graça e crescem de excitação pela modernidade da coisa.

Se Alfredo Barroso está velho e os seus cães raivosos vão perdendo audiência, já as Catarinas, Marisas e Mortáguas têm a vida inteira à frente para continuarem a complicar o desejo comum de um povo simples, possuído ainda por uma lamentável iliteracia e que merecia melhor sorte que continuar à mercê desta rapaziada sem escrúpulos e bem mais retrógrada que o retrocesso de Marcelo. Para usar o léxico daquela senhora que fala pelo Bloco. Como ela disse que falava.

*
*

Etiquetas: ,

quarta-feira, setembro 23, 2015

Podemos estar descansados


[5310]

Depois de ler a tirada daquele que já é mais ou menos tido como o sucessor de Costa, no caso de este perder as eleições, não resisti e fui ver quem era este promissor jovem, já vice-presidente do GP do PS e membro da Comissão Permanente da Assembleia da República. E pasmei com o lastro do indivíduo. Pasme-se que aos 38 anos já foi Presidente da Assembleia de Freguesia de São João da Madeira, Deputado Municipal em São João da Madeira e Presidente da Federação de Aveiro da Juventude Socialista. Como se vê é um indivíduo que deve perceber imenso de défices e de contas do Estado. E estará certamente à altura para encarar de caras a pesada herança que a Coligação vai deixar.

Não sei se ria se chore. Ah! Já me ia passando outro pormenor. A criatura também foi Presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Dr. Serafim Leite e ainda Presidente da mesa da Reunião Geral de Alunos do ISEG.

Estamos garantidos para aliviar a pesada herança da Coligação. Que nisto de «aliviar» a riqueza nacional o PS é especialista. E com curricula deste jaez é tiro e queda.

*
*

Etiquetas: ,

domingo, junho 28, 2015

Dever de cidadania


[5258]

Considero um dever de cidadania contribuir para que as vacuidades e a irresponsabilidade de A. Costa não prossigam a sua habitual prerrogativa de ziguezaguear por entre os pingos de chuva, sem se molharem. Mesmo que ajudadas pela cumplicidade ou abulia de uma comunicação social prestamista, sempre disponível para omitir ou branquear os dislates de um homem que muito possivelmente poderá a vir a ser primeiro-ministro.

Recordar as inanidades de Costa não tem, mas não tem mesmo, a ver com qualquer posicionamento partidário, mas tão só com o dever de as expormos para que não nos submetamos a um destino trágico como o da Grécia. Os portugueses deviam estar cansados dos consulados socialistas que ciclicamente nos conduzem a resgates, pobreza acrescida e a uma deplorável atmosfera de nepotismo e de gordas trafulhices que acabamos todos por pagar, ao mesmo tempo que somos literalmente agredidos por um tratamento em que somos inapelavelmente tomados por parvos.

Não é possível que voltemos a dar o poder a um homem  que afirma, alto e bom som, que «…a vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha…». Ou Costa não tem a mínima noção da realidade, ou está inapelavelmente obnubilado pelas névoas do alvor das manhãs que cantam que nunca mais chegam e não consegue raciocinar como as pessoas ou, ainda, peado por uma floresta de interesses e pressões de que não consegue libertar-se. Seja pela razão que for, eu tenho medo deste homem como primeiro-ministro. E por isso quero deixar aqui o meu testemunho. E a comunicação social devia cumprir igualmente as suas funções e atribuições e deixar de uma vez por todas de trazer o PS ao «colinho», para usar uma expressão futebolística.

Ainda assim, resta-me alguma confiança de que tirando o grupinho de comentadores e pivôs da Sic, a apopléctica Constança e um bem definido grupo de utilizadores do FB, o resto dos portugueses está razoavelmente informado sobre o tremendo embuste que se tem vindo  a esboçar para as eleições legislativas que se avizinham.


*
*

Etiquetas: , ,

sábado, maio 02, 2015

Degradação da nossa vida pública


[5246]

É, realmente, o pináculo da degradação política deste país. Uma manipulação torpe dos cidadãos e o convencimento dos socialistas que podem e, mais grave, devem fazer aquilo que entendem sobre a opinião nacional, E já agora, sobre o seu comportamento. Vai daí, tiram coelhos da cartola como se estivessem num número de magia, representando para uma imensa plateia de papalvos. É, realmente, degradante.

Ler, a este propósito VPV:

«...Tacticamente tudo se percebe. Do ponto de vista da baixa táctica política até a coisa parece habilidosa.
Desde 2011 que nenhuma sondagem dá maioria absoluta ao Partido Socialista. Donde se segue que para aguentar um governo minoritário – principalmente um que se pretende reformista – é preciso um Presidente cúmplice, muito mais cúmplice do que foi Cavaco com o CDS e o PSD. Mas para ser elegível esse Presidente não pode ter a mais leve animosidade do PC, do Bloco e da poeira dos pequenos grupos da extrema-esquerda. Ora, como ao fim de 40 anos não há gente dessa, a franja radical do PS acabou por inventar uma não-pessoa, um saco vazio onde venha donde vier qualquer militante ou simples simpatizante não se importará de meter o seu voto: no caso o sr. Sampaio da Nóvoa.
Meia dúzia de homens de músculo político agarraram na criatura e resolveram enfiar a dita sem grande cerimónia pela goela aberta de um povo miserável e de uma “classe dirigente” sem destino ou vergonha. Claro que os socialistas nunca na vida mostraram o menor escrúpulo em organizar esta espécie de operação. Basta lembrar que o dr. António Costa tomou o partido de assalto com uma grande dose de brutalidade e demagogia, perante a equanimidade e o deleite dos seus queridíssimos camaradas. Agora, a ideia é fazer o mesmo com o país: a tradição ajuda. Soares como Sampaio estão ali para o trabalho sujo. Sampaio com o vácuo de uma cabeça onde nunca entrou nada; Soares com ar rusé, que de quem continua a puxar os fios da intriga. E Manuel Alegre com a sua insofrível jactância e pretensão moral.
O candidato, esse, não conta. Cita Sophia de Mello Breyner, “Zeca” Afonso e Sérgio Godinho, e com esta mistura de um lirismo torpe faz declarações sem propósito ou consequência. Promete (imaginem só) não se “resignar” à “destruição do Estado Social”, à pobreza, ao desemprego, à “exclusão” ou à mais leve força que “ponha em causa a dignidade humana”. Como tenciona fazer isto, não confessa. Promete “agir” com “integridade e honradez”, coisa que deve tranquilizar a populaça já com muito pouco para espremer. E promete, para nossa perplexidade e espanto, não assistir “impávido” à “degradação da nossa vida pública”. Não percebe ele que a sua própria candidatura, fabricada por meia dúzia de maiorais do PS, à revelia dos portugueses (que nem o conhecem), é o mais grave e humilhante sinal da “degradação da nossa vida pública”...»?

*
*

Etiquetas: , ,

sábado, agosto 03, 2013

E ninguém bate, ao de leve, no provedor?


[4956]

Eu não sei bem de quem é a encomenda ao senhor Mascarenhas. Que o comitente não sou eu, isso eu sei. Mas tendo aberta a caça a um grupo de personalidades do governo pela esquerda, com especial relevância do PS, não me parece difícil definir uns quantos comitentes.

Infelizmente, para os portugueses em geral, esses galgos de pacotilha fazem a única coisa que parece saberem fazer bem. Berrar, orquestrar campanhas, insultar, nos intervalos dos tempos em que se entretêm a escaqueirar a nossa economia e a legislar sobre necessárias fracturas de uma sociedade moderna e progressista como a nossa e, sobretudo, lançar a confusão. Como, por exemplo, utilizar consciências de elevada superioridade moral para escreverem patetices como esta. Que aqui e ali vão bem com a gravata de muita gente. Sobretudo se alinhavadas numa linguagem rebuscada e com uma ou outra citação que reflicta estofo cultural. Aliado ao estofo moral, o que resulta é que fiquemos bem… estofados (não era bem isto que eu queria dizer, nas ainda não são dez da noite...).
.

Etiquetas: , ,

domingo, fevereiro 17, 2013

Sapientia ducit at astra


[4859]

E queixava-me eu que ainda não tinha ouvido D. Januário sobre a resignação do Papa. Eis que Sua Eminência solta a sua sabedoria e encaminha-a ao firmamento através de umas quantas directrizes e considerações pertinazes, não vão os cardeais esquecerem-se ou malbaratar os interesses da Igreja Católica. Assim (e cito):

- De certeza que o Papa não abdicou por acaso. Escolheu o tempo próprio;
- O Papa foi apanhado de surpresa;
- Perdeu a confiança na Cúria Romana;
- O novo Papa deve estar aberto ao mundo e não representar interesses;
- Não deve pertencer a «lobis»;
- Deve rejeitar o centrismo.

«Prontes»! D. Januário disse. E ai do Vaticano que desvalorize a sua sapiência. De caminho dá para reflectirmos o que leva este bispo a manter-se numa igreja que já não inspira confiança aos Papas, parece ter Papas que representam interesses e «lobis» e é assim tão dada ao centrismo.

Não haverá comprimidos para «isto»?
.

Etiquetas: ,

quinta-feira, janeiro 31, 2013

Eles lá sabem


[4845]

Nada como seguir os bons exemplos. Mesmo que o socialismo do Rato não ande tão científico como o da insigne figura da gravura, que se deve ter lembrado daquela entre uma cuba libre e um «puro». Vai daí o nosso paroquial PS achou que seguir o exemplo do Bloco é que estava a dar. Duas cabeças pensam melhor que uma, mesmo que nenhuma delas pense nada por aí além. Mas é de bom tom e usa-se. Só faltou a igualdade de género. Poderiam, quiçá, ter convidado a Ana Gomes, mas parece que ela andava ocupada num folclore politicamente correcto, abanando as ancas lá pelos corredores de Bruxelas,  numa jornada de luta contra a violência doméstica. Mas a bicefalia está lá. E aquela cinzenta figura que se quer a si própria simbolizar o «costismo» passará agora a ter voto na matéria.

Antes assim que pior. Olha se Sócrates paga o empréstimo e resolve voltar para a Braamcamp e os socialistas que por cá ficaram desatam a seguir-lhe os exemplos...
.

Etiquetas:

sábado, janeiro 12, 2013

Seguramente lixados


[4837]
Por mim, não acredito numa só palavra de Seguro referida neste artigo. Ainda quero pensar que ele tem a noção não só da trágica situação em que nos encontramos, como também da responsabilidade histórica do seu Partido em geral e de Guterres e Sócrates em particular.
Se Seguro, por uma vez, reconhecesse a necessidade de parar com os florilégios a propósito do chamado «programa do FMI» e adoptasse uma conduta responsável, cívica e com verdadeiro sentido de Estado e fosse ao Rato explicar à patética colecção de «neo-socialistas» (já agora, porque é que só há-de haver neo-liberais?) que não há outra forma de sairmos do atoleiro senão colaborando com o Governo, por muito impopular que isso seja e muitos votos que custe, daria a todo o país um sinal de que poderíamos contar com ele como primeiro-ministro se e quando o PS ganhar as eleições.
Mas Seguro não o faz. As vozes correntes dizem que ele tem medo dos soaristas, dos socratistas, da maçonaria, das correntes de ar e da comida com muito sal. E que tem de se esgueirar por entre eles procurando não se molhar. Mas ainda não percebeu que se por acaso não se molhar e conseguir, um dia, chegar ao poder pelo derrube deste governo, estará contribuindo decisivamente para um desfecho que não consigo sequer vislumbrar qual seja. Em vez disso, vai dizendo que o governo se meteu numa trapalhada, da qual quer sair com um apelo ao PS, que o governo se lembrou de cortar quatro mil milhões do orçamento e que não contem com ele para isso, que contem com ele apenas para a modernização do estado (acho esta delirante…), para dizer não ao desmantelamento do estado social e que sim, existe um caminho alternativo, porque «água mole em pedra dura, tanto dá até que fura».
E assim, com este verbo e este tipo de argumentação, Seguro continua a achar que «vai lá».

As coisas estão a tornar-se definitivamente negras. Os portugueses sabem que as medidas enunciadas pelo FMI de há muito se impunham, apesar da tagarelice em curso pelas televisões, rádios, jornais e blogues, e que decorrem de uma governação… ia a dizer criminosa como o Bloco diz na Assembleia, mas isso é dar-lhe demasiada importância…irresponsável, pela qual o Partido Socialista é objectivamente responsável. Ao menos que dêem tempo aos outros para a reparação de danos, antes de escaqueirarem tudo outra vez. Como de costume, aliás.
.

Etiquetas:

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

O Land Lord, barbas boas e barbas más e as T-Shirts que aí vêm



[2336]

É indisfarçável a excitação com que alguns dos nossos “neo-socialistas” aguardam o passamento do ditador cubano para espraiarem mais uma furiosa campanha contra os americanos. Isso mesmo se notava ontem num programa do Rádio Clube Português onde Ana de Sousa Dias, com o seu ar asséptico, incolor e inodoro juntou um grupo de nomes de que só consegui reter o de Nuno Ramos de Almeida para se pronunciarem sobre a renúncia de Fidel e sobre o futuro da nação cubana. O programa chama-se “janela aberta” e é um mostruário de temas apropriados a uma janela aberta que se preze, como a ecologia, a homossexualidade, o aborto, a adopção de crianças por duas pessoas do mesmo sexo, o sexo, a violência doméstica e outros temas que poderiam constituir temas de genuíno interesse para um programa de rádio mas se transformam em veículos de uma pretensa intelectualidade de um grupo de iluminados que vai desfilando pelo programa, sob a batuta de Ana Sousa Dias.

Pois ontem, o tema era o futuro de Cuba e a renúncia de Fidel e, como era expectável, o programa tornou-se num furioso libelo contra os americanos. Termos como influência na América latina, morticínios, Chile, imperialismo, golpes de estado sucessivos na América do Sul por generais barbudos (também em matéria de barbas há barbas boas, as do Comandante e más como as dos coronéis e generais golpistas), Guantanamo e o desrespeito pelos direitos humanos, a estrondosa derrota americana na baía dos Porcos, o ditador Fulgêncio, as quadrilhas de Miami, a colaboração económica da URSS até 1991 e a sobrevivência de Cuba ao bloqueio americano, enfim, tudo isto serviu para o mote de base que era Castro era um ditador, mas. Ou seja, ao fim e ao cabo Castro tinha muitas e boas razões para ser um ditador. Houve mesmo quem afirmasse, salvo erro Nuno Ramos de Almeida, que a América do Sul podia agradecer às políticas de Castro o facto de os americanos estarem agora mais ou menos em sentido e desfrutarem de mais liberdades. As palavras são minhas, mas o sentido era este.

É evidente que este grupo de jornalistas, radialistas intelectuais, bloguistas, apresentadores de rádio e iluminados correlativos não faz a mínima ideia do que estavam para ali a dizer. Provavelmente nenhum deles conheceu cubanos para além de um par de viagens a Havana num programa de férias da Abreu, digo eu, porque se tivessem tido um contacto mínimo com cubanos jovens a trabalhar fora do país em missão "internacionalista" tendo como única vantagem a acumulação de pontos (tipo pontos Galp) para poderem adquirir um frigorífico e a honra de contribuírem para o engrandecimento da grande pátria cubana através do pagamento em dólares dos seus salários directamente para o partido, este grupo de idealistas, dizia eu, poderia eventualmente moderar a sua linguagem, perceberiam que a tragédia cubana não terá sido apenas a prisão e desaparecimento de dissidentes políticos, a indigência material em que a maioria do povo viveu durante estes últimos cinquenta anos mas também, talvez sobretudo, a criação de sucessivas gerações enformadas por lavagens ao cérebro que as fazia acreditar não só viverem num país de eleitos como até gerarem um sentimento de solidariedade pelos desgraçados dos outros povos dominados pelo sistema capitalista que, ao contrário do que se passava com eles, andavam por África a ganhar chorudos ordenados em moeda convertível. Este sentimento patético, verdadeiramente trágico, é real e foi por mim constatado, era eu um jovem técnico de uma multinacional em Moçambique, em longas conversas com alguns generosos representantes da juventude cubana, pilotos agrícolas, técnicos de saúde, agrónomos, etc.

Isto da conversa é como as cerejas. O post tinha a ver com Sousa Dias e o seu séquito. Acabei nas longínquas paragens do Limpopo a conversar com colegas cubanos que olhavam com displicência e solidariedade aqueles que, como eu, ganhávamos em dólares, imagine-se a nossa desgraça. Trinta anos mais tarde, aguarda-se, com sofreguidão a morte do comandante. Vai ser uma correria às rádios e aos jornais para se falar de Guantanamo, das barbas de coronéis golpistas (as barbas más) e, vistas bem as coisas, da sorte do povo cubano em particular e dos povos da América latina em geral que hoje, graças às políticas do comandante, respiram melhor.

E entretanto morre mais um ditador. Faltam poucos.

.

Etiquetas: , , ,