domingo, junho 05, 2016

Ai Portugal




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«...Não é por nada, mas os valentes portugueses que despejam indignações em cima do Henrique ou do sr. Cid parecem-me, assim por alto, os mesmos que toleram, quando não aplaudem, tudo o que de facto importa. São os mesmos portugueses que acham normal, ou desejável, o PS costurar uma tramóia "constitucional" para tomar o poder e subordiná-lo a estalinistas ou aparentados. São os mesmos portugueses que acham razoável, ou, a acreditar nas sondagens, espectacular, que o governo recupere o prodigioso legado económico de José Sócrates, agora sob orientação sindical e com adornos "fracturantes". São os mesmos portugueses que acham adequado, ou louvável, que um balão sorridente disfarçado de primeiro-ministro brinque com as organizações internacionais que, em última e penúltima instâncias, nos têm aguentado uns furos acima da Roménia...»

A excelência do Alberto Gonçalves tornada leitura obrigatória sobretudo numa altura em que (vá-se lá saber porquê), o país quase inteiro parece uma turma de jacobinos a exaltar a estonteante vitória de António Costa (palavrão usado ontem pela "Pluma Caprichosa" no Eixo do Mal) pelo simples facto de ter resistido, sem cair. Ou seja, chegámos a uma altura em que os méritos de um governo (no caso a geringonça) se medem pelos meses que aguente sem cair. Tudo o mais, os vergonhosos índices de desenvolvimento e o conceito em que a Europa passou a ter de nós não interessam. Muito menos pensar-se em que investidor, no seu juízo perfeito vem aplicar uns cobres num país onde os méritos e a eficácia de um governo se continuam a contar pelo número das "reversões". Compreende-se, melhor, porque é que os números de investimento se passaram a contar pela utilização dos fundos estruturais…

Esta crónica do Alberto Gonçalves merece ser lida na íntegra, sim, e ao menos que tire o sono ao grupelho responsável pela bandalheira em uso nesta repartição e que por motivos quiçá semelhantes aos que fritam Cid e Raposo por terem dito mal de transmontanos e alentejanos, mas tudo o mais lhes passa ao lado, irremediavelmente nos lançará para o montureira dos idiotas. Por muitos meses que o sorridente Costa e o afectuoso Marcelo vão aguentando a paródia e continuem a merecer o gáudio e o reconhecimento das massas.


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