Le ministre qui rit
Segue a sua marcha impante a dinâmica criada por especialistas
do género de que a estabilidade desejada e os consensos não são possíveis pela
crispação existente entre o governo e o maior Partido de oposição. E que essa crispação
se deve (quem mais?) a Passos Coelho pela sua dificuldade em aceitar a derrota
parlamentar apesar de ter ganho as eleições. Essa dinâmica é nutrida por gente
que sabe que não é assim, gente que não percebe bem o que se passa mas que acha
que deve ser assim e por gente (muita) que já acredita piamente na peregrina ideia
de que a crispação se deve inteiramente ao PSD em geral e a Passos Coelho em particular.
Esta é uma ideia falsa como Judas (acho que mais falsa que
Judas) e as pessoas têm obrigação de se lembrar que a tal crispação se deve
inteirinha a António Costa, na sua desbragada corrida para o Poder, pelas
repetidas acções que assumiu para abortar cerce qualquer possibilidade de
consenso com o PSD, por saber que isso significaria que Passos Coelho seria, de
novo, primeiro-ministro e ele não. Costa não só não suportou a ideia como cegou
de fúria pela consecutiva maré de “poucochinhos” que ia coleccionando desde o
afastamento de A. J. Seguro e que culminou com a, para ele, vergonhosa derrota nas
urnas.
Os detalhes são longos e vários. Há certamente registo das
continuadas atitudes de Costa nesse processo, onde ele misturava esperteza-saloia
com mentira, chico-espertismo e inúmeras demonstrações de uma forma chocarreira,
malcriada e pouco digna e desejável na figura institucional de um primeiro-ministro.
Quando vejo agora a institucionalização da crispação como sendo
devida à casmurrice de Passos Coelho sinto um profundo mal-estar. Talvez não
tanto pela referida crispação (isto um dia acaba mesmo e o próprio PS terá
gente decente para tomar conta do barco socialista) mas mais como foi possível
que tanta gente (Marcelo não escapa ao grupo), involuntária ou conscientemente,
exprobe Passos Coelho por um comportamento de que ele não tem culpa nenhuma.
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Etiquetas: Ai Portugal, crispação, neo-socialistas
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