Reserva nos Montes Hermínios
Este que vês, pastor já foi de gado
Viriato sabemos que se chama
Destro na lança mais que no cajado
Injuriada tem de Roma a fama
Vencedor invencibil afamado
Não tem co’ele nem ter puderam
O primor que com Pirro já tiveram
Os Lusíadas, VIII, estância 6
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Achar que a queda demográfica se deve ao desemprego e à
crise ou crises do capitalismo ou, ainda, à venalidade e incompetência de
sucessivos governos é, no mínimo, redutor e relevante de uma rematada tolice.
Sem embargo da contribuição objectiva dos factores acima
mencionados, acho que a principal razão deste estado de coisas reside em duas
premissas distintas. Uma espartilhada política de emprego, donde resulta uma
praticamente impossibilidade de despedimentos, abrindo espaço ao garantismo e
consequente incompetência e improdutividade de longa duração, com a natural
retracção do investidor, e uma refinada (literalmente) política de matriz
correcta e a um discurso aparvalhado que durante décadas incensou a emigração
por via de um generalizado sentimento de contrição, através do qual um dia
destes teremos de pedir desculpa por termos nascido europeus e pela pratica
excessiva de benesses, muitas delas nem sequer estando disponíveis aos nativos.
Isto poderá parecer um ponto de vista excessivo, quiçá
demasiadamente simplista e até enfeitado com laivos de racismo e xenofobia, mas
não é. Deus e os meus amigos sabem como tenho fortes amizades com indivíduos de
extracção diversa. Mas quando leio que dentro de muito pouco tempo a população portuguesa poderá não ultrapassar os seis milhões de autóctones, a não estancar
esta tendência, com mais um par de décadas em cima seremos uma comunidade
residual provavelmente instalada nos arrabaldes de Viseu e constituindo um
atracção turística para os portugueses de então que pouco ou nada terão a ver
com as nossas raízes culturais. Boas ou más, mas que fomos nós que as fizemos e
sublimámos.
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Etiquetas: Ai Portugal, demografia
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