sexta-feira, agosto 14, 2015

Reserva nos Montes Hermínios


Este que vês, pastor já foi de gado
Viriato sabemos que se chama
Destro na lança mais que no cajado
Injuriada tem de Roma a fama
Vencedor invencibil afamado
Não tem co’ele nem ter puderam
O primor que com Pirro já tiveram


Os Lusíadas, VIII, estância 6

[5280]

Achar que a queda demográfica se deve ao desemprego e à crise ou crises do capitalismo ou, ainda, à venalidade e incompetência de sucessivos governos é, no mínimo, redutor e relevante de uma rematada tolice.

Sem embargo da contribuição objectiva dos factores acima mencionados, acho que a principal razão deste estado de coisas reside em duas premissas distintas. Uma espartilhada política de emprego, donde resulta uma praticamente impossibilidade de despedimentos, abrindo espaço ao garantismo e consequente incompetência e improdutividade de longa duração, com a natural retracção do investidor, e uma refinada (literalmente) política de matriz correcta e a um discurso aparvalhado que durante décadas incensou a emigração por via de um generalizado sentimento de contrição, através do qual um dia destes teremos de pedir desculpa por termos nascido europeus e pela pratica excessiva de benesses, muitas delas nem sequer estando disponíveis aos nativos.

Isto poderá parecer um ponto de vista excessivo, quiçá demasiadamente simplista e até enfeitado com laivos de racismo e xenofobia, mas não é. Deus e os meus amigos sabem como tenho fortes amizades com indivíduos de extracção diversa. Mas quando leio que dentro de muito pouco tempo a população portuguesa poderá não ultrapassar os seis milhões de autóctones, a não estancar esta tendência, com mais um par de décadas em cima seremos uma comunidade residual provavelmente instalada nos arrabaldes de Viseu e constituindo um atracção turística para os portugueses de então que pouco ou nada terão a ver com as nossas raízes culturais. Boas ou más, mas que fomos nós que as fizemos e sublimámos.



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