sexta-feira, agosto 28, 2015

A desejada fossilização a prazo


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O poeta divide os socialistas entre os genuínos e os outros. E depois debita mais um rol de vulgaridades de onde releva o ferrete desta gente. Nascem no «reviralho», aderem à conveniência benfazeja do socialismo quando crescem, mesmo que para isso tenham de fazer uma série de condenáveis tropelias e usar um hediondo oportunismo, e envelhecem a berrar, na secreta esperança de terem um funeral na Basílica da Estrela com uma série de notáveis em arenga apropriada no velório, com muitas televisões a filmar. Quem sabe, até, ser levados para o Panteão.

Desde que comecei a entender minimamente a política e me concedi os meios para isso, eu concluí que a única forma de nos vermos livres destes puros (e então quando são poetas ou escritores, mais ainda) é que eles acabem por se extinguir, mais ou menos assim ao estilo do lince da Malcata. Serenamente, sem dor, dando lugar a estas gerações novas que, saudavelmente, andam já por aí e que encolhem os ombros com a indiferença que os Alegres e correlativos lhes merecem. Provavelmente extingo-me eu primeiro, mas guardo ciosamente esta esperança que estas criaturas atinjam com celeridade a fase de extinção. Mesmo que fique por aí um ou outro celacanto que, mais não seja, terá sempre a virtude de proporcionar uma ou outra prédica vagamente científica, do tipo «no tempo em havia socialistas».

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