sexta-feira, maio 30, 2008

Descuido divino


[2519]

Estas vergônteas semi-verdes são a excepção da regra árida e inóspita da paisagem da ilha de Santiago. Deus deve ter-se descuidado um bocadinho com as ilhas caboverdeanas, bonitas de morrer mas de tão maus acabamentos. Que só assim se entende o cenário brutal de montanhas que arranham os 1000 metros de altitude mas onde o verde não tem lugar, onde não se descortina uma folha, uma flor ou um fuste por frágil e amarelo que seja.

Esta montanha, na estrada entre a cidade da Praia e Assomada – Santa Catarina chama-se Cabeça do Marquês. Não é difícil perceber porquê, tal a semelhança com a cabeça do nosso Sebastião José, altaneiro e sisudo contemplando o rio do alto da estufa fria. Para além da semelhança fica o registo de, segundo me disseram, esta designação ter nascido já no período pós independência. Mesmo não parecendo, pode querer dizer muito quanto à essência dos elos que nos ligam a muitos dos povos africanos.

Bom fim de semana para todos.

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quinta-feira, maio 29, 2008

Mas as crianças, Senhor?


[2518]

A selecção nacional de futebol está em Viseu e toda a gente sabe. De Pacheco Pereira, que não lhe passa nada, até à Carlota, que se entrega periodicamente à auto flagelação, para poderem fazer, ambos, uns post sobre futebol.

Pela parte que me toca, que até gosto de futebol e sou bem comportadinho, ou não fosse lagarto, recordo com bonomia e tolerância aquele movimento mais ou menos espontâneo das bandeiras no Europeu de 2004. Foi assim uma mistura de orgulho nacional e “está bonita a festa, pá”, mas o principal é que me pareceu haver alguma espontaneidade nas diversas manifestações registadas, sobretudo a cena das bandeirinhas nos carros e nas janelas. Ao fim e ao cabo nada de muito diferente do que se faz por outras latitudes, com excepção dos suíços que aparentemente têm sítios próprios nas praças das cidades para as pessoas irem “dar vivas”, assim mais ou menos ao estilo de um urinol público. Perguntará um polícia: - Xixi ou viva Portugal? E da resposta de um cidadão resultara a apropriada indicação da autoridade.

Este ano, porém, a barbárie instalou-se. Para além dos directos sem fim onde as perguntas estúpidas proporcionam respostas ainda mais idiotas e das imagens de grupinhos, "inhos" mesmo, nada de muito grave, de criancinhas a cantar a Portuguesa, vi uma professora a cumprir a nobre missão de colocar as criancinhas a escrever no quadro frases sobre a selecção, nomes dos “craques” e a responder a perguntas de longo alcance como “qual o jogador de que gostas mais? As crianças respondem invariavelmente Cristiano Ronaldo e Nani, sorriem com embaraço e respondem siiiiim a 99% das perguntas idiotas que lhes fazem (siiiim é a resposta-tipo das crianças portuguesas a tudo o que se lhes pergunte, como sabemos).

Fico a aguardar que os estudiosos destes fenómenos sociais botem opinião sobre a transposição do futebol e da selecção nacional para o registo curricular das criancinhas da Beira Alta. Ou, pelo menos, duma manifestação de raiva da Carlota, de preferência com a foto de um qualquer gadget apropriado à "tragédia".

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89


[2517]

Faz hoje três anos que escrevi este post. A moto ainda existe mas a motoqueira está um pouco mais recatada. Mais caseira e menos palavrosa, assumiu alguma reserva inesperada nos gestos motores e mentais. Anda mais devagar, perdeu a pressa que sempre a caracterizou e escalonou o universo das suas prioridades, mas mantendo uma invejável lucidez e uma surpreendente calma.

Hoje, sem mota, vai rever filhos, netos e bisnetos. O seu mundo afinal. De caminho acrescentará mais um ao respeitável número de aniversários que já festejou ao longo da vida. Do meio mais cosmopolita ao cenário das selvas mais primitivas de outras latitudes, apesar de tudo sempre com a felicidade de ter os seus por perto. Por isso, ou principalmente por isso, foi sempre uma mulher feliz.
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quarta-feira, maio 28, 2008

Votar à esquerda e governar à direita


[2516]



"...Ou seja, com os partidos da direita a vegetarem, o PS recebe os «louros» de governar à direita..."


Esta frase, recolhida de um post do Tomás Vasques, na sua aparente simplicidade, encerra um mundo de perversidade. Perversidade intrínseca e perversidade circunstancial, pela inevitabilidade de que as coisas em Portugal são assim mesmo. Já nem se discute. Trocando por miúdos, de há muito que se convencionou que para ganhar eleições se faz campanha pela esquerda enquanto que a governação tem necessariamente de ser feita à direita. Quer porque a esquerda tenha o papel ingrato de papas e bolos quer porque, realmente, não consegue por si, resolver seja o que for. Daí que os tolos a quem se deu as papas e os bolos nas campanhas exijam depois que a governação se faça à direita. Fazem-no inconscientemente, mas fazem-no. Um pouco como os partidos progressistas da minoria branca da A. do Sul quando combatiam o apartheid mas rezavam para que o mesmo se prolongasse para o bem de todos, sobretudo do deles.

Mas as coisas não têm que ser sempre assim. Só um povo estúpido e visceralmente iletrado pode continuar a ter este tipo de comportamento. Ou bem que se quer e vota esquerda ou bem que se acaba de vez com as patetices da utopia e das especulações estéreis sobre a esquerda, os valores da esquerda e, sobretudo, aquela arte de se dizer as banalidades em que a esquerda é fértil, sem qualquer sustentação. A este propósito, vale a pena ler este artigo de opinião de Mário Soares, no DN. Não que ele escreva nada de novo ou talvez por isso mesmo, por nada escrever de novo é que o artigo é um exemplo acabado de um pensamento redondo, utópico e perfeitamente inócuo. E revelador de uma insuportável vaidade.

Se governar à direita dá louros ( e parece que dá) chegado deveria estar o tempo em que as campanhas se deveriam fazer pela afirmação inequívoca dos valores da direita. E quem quiser empunhar o estandarte da esquerda que o faça e mantenha a coerência depois de ganhar as eleições. Sem que tenha de meter socialismos na gaveta que parece ser o destino de muitos valores da esquerda do nosso descontentamento. E isso de proclamar a esquerda para depois a meter na gaveta é batota. Batota pura e dura. Que é o que a esquerda tem feito e faz melhor. Batota. Passar a fazer campanha pela verdade, mesmo que isso represente perder eleições é um imperativo nacional e talvez a única forma de acabarmos de vez com o nosso atavismo e passarmos a viver descomplexadamente segundo os parâmetros que acharmos poderão proporcionar progresso, desenvolvimento e justiça social, sem paradigmas ou pensamentos doutrinários que nunca resolveram nada a ninguém mas que a intelectualidade mais ou menos frustre acha que daqui para a frente é que vai ser.

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terça-feira, maio 27, 2008

One of my favourites


[2515]

Morreu Sidney Pollack, com 73 anos.

A par da sua extensa obra como realizador e produtor, ele gostava de participar também nos seus filmes como actor, qualquer coisa que me cheirava mais a interacção do que propriamente representação. Aparentemente, isso dava-lhe um gozo tremendo.

Pessoalmente, dos fimes que vi, quase todos, fruí intensamente “Out of Africa”, “Three Days of the Condor”, “The Interpreter”, “Eyes wide Shut” e “Sabrina”. Se repararmos bem, filmes muito diferentes entre si e isso era uma das particularidades que me fascinavam em Pollack.

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segunda-feira, maio 26, 2008

Visita real


Clicar para ver em tamanho bom

[2514]


A rainha da Dinamarca é minha hóspede esta noite. Ancorou a “residência” ali mesmo à frente da estação e da marina de Cascais.

Os comboios iam regurgitando utentes (!!...) de seis em seis minutos, enquanto eu observava da varanda do “Villa”, e contrastavam com o magnífico iate ali a poucas dezenas de metros.

É a vida, como diria o republicano Guterres.

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Um, dois, três, vou trabalhar


[2513]

Há segundas-feiras mais segundas-feiras que outras. É um postulado a que ninguém escapa. Porque não pode, mesmo que queira.

Lidos os blogs do costume, assim um pouco em diagonal (o suficiente para perceber que se me tivesse cruzado, salvo seja, com a Carlota em 1998 tê-la-ia confundido com a Jennifer Aniston o que teria sido, no mínimo, tumultuoso) resta-me entrar no carro e fazer-me à marginal que ainda é alternativa à A5, apesar do congestionamento habitual no Alto da Boa Viagem.

Ontem á noitinha eu sentia uma catadupa de ideias de coisas que tinha de fazer hoje. Esta manhã a catadupa feneceu, o tempo está cinzento e convidativo a reflexões etéreas e já arranjei três desculpas para atrasar a ida para o chuveiro. Há qualquer coisa que não está bem…

Bom trabalho para todos.
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sábado, maio 24, 2008

Não há pachorra


[2512]

Nas minhas voltas por África sempre me causou alguma irritação o permanente acinte com que alguns africanos desculpavam as suas desgraças com os malefícios do colonialismo. Felizmente que este tipo de comiseração e miserabilismo se tem vindo ultimamente a diluir, o que é uma prova de inteligência, ao contrário do que acontece com algumas personagens cá da paróquia que mantêm, a propósito de tudo e de nada, uma permanente agressão a Lisboa e aos lisboetas.

A título de mero exercício, seria interessante confirmar quantos dos malefícios atribuídos a Lisboa são comandados por "lisboetas" de Cedofeita (*), da Foz ou da Boavista que decidiram por bem fazer vida pela capital, onde conseguiram lugares de relevo, nomeadamente elevados cargos da administração pública que lhes possibilita, mais tarde, tomar decisões em favor da capital e ao arrepio dos interesses da mui nobre e invicta cidade do Porto.

(*) Corrigido "da Cedofeita" para "de Cedofeita" com agradecimentos à JCD

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Dias tristes


[2511]

O passamento de uma boa amiga foi o acontecimento marcante de hoje. Experimentei um certo sentimento de morbidez pelo facto de a cerimónia fúnebre ter tido lugar na igreja em que eu próprio fui baptizado. Mas foi por breves momentos. Ao olhá-la, em despedida, desfilaram-me na memória alguns dos episódios marcantes do nosso convivo de quase trinta anos, desde fins de semana no mar até à primeira festa a que ela assistiu em Maputo, na Embaixada da Inglaterra, quando um “bife” de olhar guloso e já sem condições de soprar no balão me disse: “obrigado por teres convidado a tua amiga. Esta mulher é uma figura”. Olhei para ela e tive mentalmente de concordar, ao vê-la alta, muito loura, com um vestido estampado e muito bonita.

Hoje abracei com força o marido e os dois filhos, devastados, e incorporei-me no cortejo a pensar que devia ser proibido morrer aos 47 anos.

Repousa em paz minha boa amiga.

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Becagueine


Coming home
Clicar para ver em tamanho bom

[2510]


Regresso de uma viagem a Cabo Verde. O bafo morno e a aridez das paisagens deram lugar à brisa fresca e ao verde que este ano tem teimado em manter-se até tarde. Os arredores de Lisboa estão deliciosamente verdes e conseguem mesmo disfarçar uma das mais feias aproximações por via aérea a uma capital europeia.

Este blog foi maltratado nestes últimos dias, por absoluta impossibilidade. Espero retomar o ritmo habitual, com rapidez.

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terça-feira, maio 20, 2008

Falta de planificação


[2509]

Uma pessoa está dois ou três meses a ver as mulheres atafulhadas em roupa quente e apertada, casacos, botas e cachecóis, escondidas atrás de um vidro embaciado do automóvel ou caminhando encolhidas pelas ruas escorregadias pela humidade que nos não larga há três quinze dias e de repente, sem pré-aviso, começa a ver catadupas de decotes chinelos e saias curtas.

Há coisas que para quem caminha para a idade devem ser bem pesadas antes de a elas nos sujeitarmos. Temos que ser mais planificados e se sabemos que vamos a um país tropical, o mínimo planeamento que se exige é que estejamos dois dias seguidos a ver, sei lá, fotos, por exemplo, de mulheres decotadas, de chinelos e saiinha curta antes de nos depararmos com as duras realidades de um pobre trabalhador em viagem de trabalho aos trópicos. É assisado e preserva o grande simpático. Caso contrário, arriscamo-nos a precisar de duas horas (ou mais, ou mais…) a percebermos que viajámos por motivos profissionais e que temos um programa apertado a cumprir.

De qualquer forma, aqui fica o registo do choque a que este pobre escriba se sujeitou (sem querer, como é claro). Aconselho a que ninguém, mas ninguém, esteja mais de quinze dias sem ver um decote, pezinhos a andar em chinelos e saiinhas justas. Sob pena de nos esquecermos realmente do que é que vínhamos aqui fazer..

Sei que em Lisboa chove e faz frio. Aqui não. Hence (deixem passar este “anglosaxofonismo” que não há vocábulo português que verdadeiramente traduza o “hence”) a natureza deste post.

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domingo, maio 18, 2008

Juke box 59



[2508]

Ainda a maioria de nós não éramos nascidos e já Louis Prima era Rei dos Swingers e cantava assim.

Cortesia deste blog para o período de ausência.

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Volto já


[2507]

Por ausência do dono, este blog estará mudo ou, com algum optimismo, a tracejado. Espera-se uma retoma à normalidade a partir de sexta-feira 23 de Maio.

Nota: Ainda a digerir a satisfação dos dois secos à dragonagem, tenho que confessar que já me diverti com os comentários de ilustres portistas a posts de não menos ilustres dragões. Desde acharem que o estádio de Oeiras é feio e salazarento até aos roubos do Olegário, há de tudo. Só não há o golo injustamente anulado ao Sporting. É o que dá ganhar sem batota. Para quem não está habituado à falta dela, estranha e diz disparates. Ou insulta comentaristas.

Nota 2: Fiquei a saber pelo Jornal da Noite da SIC que o nosso primeiro já não fuma há cinco dias. Calcula! Extraordinário. Sócrates disse ainda que deixou de fumar porque o tabaco faz mal à saúde e ao bolso. Quem fume um maço por dia e deixe de fumar passa a poupar €91,50. Absolutamente fantástico. As coisas que eu aprendo com Sócrates e a tranquilidade que ele nos dá a propósito do seu estado de saúde!

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quinta-feira, maio 15, 2008

Leave the kids alone


[2506]

“Na escola desejável, alunos e professores encontram no seu quotidiano um fio condutor apelativo e comum, que é o de aprender e ensinar competências, num cenário estruturante e holístico onde ser pessoa é ser tolerante, flexível, crítico, e é, também, ser capaz de desempenhos ajustados à exigência de uma sociedade global multidiferenciada, que apela a saberes mobilizáveis, conhecimentos reais e instrumentais, muito para lá da simples informação trazida pelos conteúdos, em si mesmos redutores e simplistas.”

Miriam Rodrigues Aço, Professora Titular, no Público do dia 12, sem link

Se eu fosse professor e tivesse de avaliar esta professora Miriam, ficava um bocadinho de mãos atadas. Por que “isto” é um verdadeiro filme de terror. Se pensarmos que as nossas criancinhas esbarram com esta "escola desejável" deveríamos começar a pôr bolinha vermelha em cada frontespício.

JCD diz aqui que no tempo dele era mais simples, mas sabíamos a tabuada. Mas também não havia escolas desejáveis nem cenários estruturantes e holísticos que nos ensinassem a ser tolerantes, flexíveis, críticos e capazes de desempenhos ajustados.

Uma verdadeira muralha de aço esta professora titular Miriam Aço!

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Não há hortas em Cabo Verde


[2505]

Em Cabo Verde há muito espaço para varandas e quintais. Hortas é que nem por isso. Talvez porque o Professor Pureza nunca lá foi fazer uma douta palestra sobre o assunto. E também porque não chove e os recursos hídricos são diminutos e os solos são agrestes, "pedra pomes" em estado puro e tirando as escorrências das faldas montanhosas dos três dias em que chove, por ano e em Agosto, água só mesmo a do mar.

Felizmente que as empresas multinacionais têm aqueles departamentos chamados de R&D que vão gerando técnicas e produtos que permitem melhorar a situação de povos que não têm a graça de lhes chover em cima cerca de 1.500 mm por ano de chuva. E assim se vai beneficiando em Cabo Verde de alguma técnica e de mais um punhado de swine capitalists que lá vão monitorizar alguns programas de desenvolvimento, promover e vender alguns produtos. E com o lucro (blarghhhh) continuarão a alimentar o circuito de pesquisa, criação, desenvolvimento e venda de produtos que ajudam a dar de comer a muita gente. Provavelmente sem a poesia das hortas do Professor Pureza mas certamente com muito mais eficácia.

Isto para dizer que este vosso modesto amigo vai até às terras de Santiago por uns dias. Poucos. Não vou muitas vezes a Cabo Verde (o mercado é pequeno e modesto) mas faço-o sempre com gosto. É gente de muita hospitalidade e de dedo raro para o tempero da cachupa. Ou para pegar as lagostas enormes que abundam por lá. Tudo coisas boas para o colesterol. E depois… não há betinhos. Nem caretas, nem cocós. Quer dizer…cocós há qualquer coisa, que o saneamento ainda não está como deve ser, mas com o tempo lá chegarão.

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Os morcões?


[2504]

Desgraçadamente, o que me irrita na figura de Pinto da Costa não é ele rebolar-se de gozo pela corte de murcões (morcões? Não sei se a grafia está correcta) que o seguem de olhos fechados, como ainda ontem aconteceu com o beija-mão de deputados na Assembleia da República. O que verdadeiramente bole comigo é ele estar genuinamente convencido que é um modelo de virtudes e, provavelmente, alvo de desígnios divinos na sua cruzada contra os mouros idiotas.

Nota: A cena dos cumprimentos de ontem na Assembleia da República é uma das mais degradantes cenas da vida nacional e reflecte bem o nível e a mentalidade de alguns dos nossos deputados. Pelo menos enquanto não me explicarem cabalmente o que é que a portista figura foi fazer a S. Bento.

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quarta-feira, maio 14, 2008

A face ( 2 )*


[2503]

Manuela Ferreira Leite está ali a ser entrevistada pela SIC-Notícias.

Pacheco Pereira deve ter feito vingar a sua teoria, pois a verdade é que o realizador da reportagem ainda não fez nenhum grande plano da face da senhora. Ou então é mesmo só para chatear o enfatuado guru da esquerda Baptista Bastos, com desordem, picuinha e confusão interior.

* A Face
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As grandes questões nacionais


[2502]

Três acontecimentos de vulto ocuparam hoje o momento nacional, a saber:

Elevação e bom trato – Pinto da Costa foi acareado com Carolina Salgado. Questionado sobre se o facto teria exercido algum efeito especial, Jorge Nuno (os nossos jornalistas têm a conhecida argúcia de perguntarem coisas estranhíssimas para fazerem descansar o rebanho) disse que foram apenas seis minutos, o tempo normalmente gasto para se ir ao quarto de banho.

Grandeza de carácter, força de vontade, liderança – Sócrates pediu desculpa aos portugueses. Estava distraído, não percebeu bem se estava a cometer um ilícito mas se estava, pediu desculpa. Depois, assestou aquele ar pedagógico de quem dá os ralhetes do costume e disse que ia deixar de fumar. Com aquele ar de “vá, então não sabem que fumar faz mal"? Ficámos todos muito mais descansados e, sobretudo, empolgados com a nobreza do nosso primeiro.

O Glorioso - Na segunda circular, Rui Costa foi formalmente investido como director de futebol e administrador da SAD do Benfica. A coisa esteve meio morna, não fora os nossos jornalistas desportivos que, como sabemos, devem fazer as mais estúpidas perguntas do mundo, terem animado a faena.

A paróquia está bem e recomenda-se.

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Ser tuga

[2501]

A cigarrada de Sócrates e Pinho num avião da TAP suscitou alguns comentários e um punhado de notícias mais ou menos discretas, já que Sócrates continua a gozar de uma benevolência de excepção por parte dos meios de comunicação social. Fosse a cigarrada de Santana Lopes ou Cavaco Silva e tenho a certeza que haveria uma chuva de blogues e comentaristas políticos a pedir eleições antecipadas e Jorge Sampaio já tinha dado três entrevistas. Enfim.

Mas no meio das reacções notei que muitas delas se desviavam do essencial e caíam no acessório. Eu cheguei a ouvir comentários quase apologéticos do tipo “...claro o sr primeiro ministro fez mal, mas são muitas horas sem fumar, hoje há muitas coisas para evitar o fumo como pastilhas e adesivos, etc...”. Eu acho absolutamente extraordinário que se vá por aqui. Acabar-se a falar de adesivos, pastilhas e dependência da nicotina. Afinal, a questão essencial é que é proibido fumar nos aviões, ponto parágrafo, e deveria ser esse o mote dos comentários e das notícias. José Sócrates fumou, não devia ter fumado e a sua atitude é um sinal inequívoco de uma ausência total de civismo e respeito por aqueles para quem ele faz leis. E uma delas é não fumar em lugares públicos e em aviões, para citar apenas estes dois casos. Se o avião é fretado ou deixa de ser é absolutamente irrelevante.

Como de costume, acabamos a fazer considerações sobre a dependência da nicotina. O que é, no mínimo, tão idiota e obsceno como a própria atitude de Sócrates. E isso é que é o elemento fundamental da questão.
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terça-feira, maio 13, 2008

Coisas que enervam


[2500]

«Agora que Israel já não está no Líbano, não há imagens de ambulâncias atacadas, de meninos trucidados, de famílias sob escombros. Meteram férias, os repórteres humanistas».


Filipe Nunes Vicente in Mar Salgado

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Amicum kitschere est pirosum maximum

[2499]

Ó minha querida amiga, eu fui pirosado antes, não reparaste?

Mas acredita que valorei (gostaste desta do valorar?) o teu sacrifício e, sobretudo, a condescendência.

Basicamente, consegui que, pelo menos, desses sinal de vida outra vez. E há coisa melhor que uma mulher dar sinal de vida aqui e ali?
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É do baril


[2498]

"Prontes", aí estão eles. As sumidades do intelecto a mostrar obra. Repare-se na subtileza de algumas definições que o Instituto da Droga e da Toxicodependência arranjou, num dicionário de calão para crianças com mais de 11 anos:

Betinhos: - "betinho", “cocó” ou “careta” é “aquele que não consome droga e, por isso, é considerado conservador, desprezível e desinteressante”.

Queimar: - "Queimar" é "aquecer com o isqueiro a heroína ou cocaína, até fazer a bolha brilhante, cativante e vaporosa cujo fumo será inalado com a ajuda de uma nota enrolada em tubo”. (hummmm, digo eu, se isto não me faz apetecer pegar já na colher, eu seja ceguinho, digo eu…)

A Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) ainda se expressou afirmando que “entende que a consulta deste dicionário por parte dos jovens “pode induzir a curiosidade por algumas experiências, em vez de ser preventora de comportamentos desviantes”, se for feita sem a intermediação de um adulto.” Mas em resposta, Patrícia Pissarra, a responsável pela página criada há um ano, justificou que o “Tu Alinhas?” tem de utilizar linguagem própria dos “miúdos”, sem esconder qualquer informação de forma a captar a atenção dos jovens: “Perdíamos credibilidade se as respostas não fossem claras e sem tabus”.

A verdade é que desde Janeiro a página
http://www.tu-alinhas.pt/ já recebeu mais de 20.000 visitas, um aumento de cerca de 70% em relação a 2007.

Porreiro, pá!

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O "Chora"



[2497]

O Chora faz quatro anos. Um blog que lemos como se visitássemos um amigo com quem não se faz cerimónia. Entramos pela casa dentro, sentamo-nos e tomamos uma bebida enquanto a dona não chega. Ainda por cima, gostamos da casa, da decoração, do ambiente, pelo que a dona pode até demorar que não faz mal, nós aguardamos e vamos olhando em redor, apesar de já conhecermos a casa em pormenor. E este tipo de visitas é gratificante. Pela sem-cerimónia, pela qualidade da casa e pela qualidade dos amigos.

Tem sido assim há quatro anos e tenho a certeza que vai continuar a ser por muitos mais, apesar do Chora ter já atingido uma provecta idade, que isto de andar quatro anos a escrever num blog é obra.

Um beijinho muito amigo para a Madalena, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida e

Tchin Tchin








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segunda-feira, maio 12, 2008

A fome e a vontade de comer


Campo de milho. Há poucos anos, o Zimbabwe era exportador de milho. Para além de produtor, foi precursor em África de milhos híbridos e de polinização aberta que fizeram saltar produções unitárias de 600 a 1.000 kg /ha para 12.000 a 15.000 kg/ha. Duas variedades (ainda hoje existentes) denominadas como SR 52 e R200 ocuparam durante alguns anos o topo de vendas de sementes híbridas nos países do SADCC.

[2496]

Entre hortas no quintal e, porque não?, na marquise e um diagnóstico estranhíssimo, o Professor Pureza, doutor com um impressionante currículo, analisa a crise alimentar mundial no Arrastão. A pedido de Daniel Oliveira que se pela por estas coisas.

O post é de tal maneira irresponsável e atabalhoado que me suscita apenas duas reflexões:

1 – José Manuel Pureza não faz a mínima ideia do que escreveu, tal como não faz a mínima ideia das razões pelas quais países do terceiro mundo eram auto-suficientes em produtos alimentares, mesmo assim gerando divisas nas chamadas cash crops e então deveria ser aconselhado a estudar a situação, como se espera de um professor com este currículo. Ou

2 – José Manuel Pureza percebe de agricultura e da situação mundial e não desconhece as razões pela quais países africanos e sul americanos (e mesmo o seu exemplo do Haiti) passaram de auto-suficientes em produtos alimentares para uma dependência total de ajuda internacional. E, neste caso, JMP é apenas mais um exemplo de obediência cega e inescrupulosa a preconceitos políticos que ele não hesita em fazer saltar para o terreno, prestando um mau serviço e mostrando a sua desonestidade intelectual.

Post no Arrastão VIA

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Serra da trovoada


Serra da Krocoteia ou Cucuteia (expressão macua para trovoada) em cujo sopé se encontra a vila do Mutuáli, pequena povoação não referida pela Patrícia e que se encontra entre Malema (50 km) e Cuamba (60 km). Foto daqui

[2495]

No Cores de Africa, um belíssimo desfile de muitas dezenas de fotos de Nampula, Cabo delgado, Niassa e Zambézia, pela Patrícia (via Digital no Índico). A maioria dos itinerários feitos por estrada, de chapa ou pelo que calhava. Um “must” para quem conhece Moçambique, uma viagem interessantíssima para quem não conhece.

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sábado, maio 10, 2008

Juke box 58


[2494]

If you were a sailboat – Katie Melua

Bom fim de semana a todos.
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O pessoal do sul


[2494]

Isto tem tudo "áber" com o pessoal do Sul – exclamava um adepto do Boavista, acabrunhado, quando instado por uma televisão a comentar o castigo acabado de aplicar ao Boavista, ao F.C. Porto e ao Leiria. Este adepto é muito jovem e acredito que estava a ser genuíno no que dizia. Para ele, todos estes castigos tinham a ver com o pessoal do sul que continua a atacar os clubes da região norte. Mas a culpa não é dele. Quando dirigentes procuram justificar toda a batota e actos corruptos com que pautaram a sua conduta e foram construindo mitos, no discurso permanente de que tudo é feito contra tudo e contra todos, não há como não perceber o jovem adepto boavisteiro que se sente injustamente atacado ao ver o seu clube descer de divisão.

Que para além dos simples, dos genuínos adeptos de clubes, haja gente esclarecida que não consegue disfarçar a azia que estes castigos lhe provocaram é que é realmente espantoso. Uns preferem enaltecer a proa e vaidade do responsável pelo conselho de disciplina da Liga e que fez a leitura das condenações, outros, trazendo a recordação de actos passados em que clubes do sul, concretamente o Benfica, estiveram envolvidos. Só faltou mesmo falar de Calabote outra vez. Para uns e outros não interessam os factos, a batota e a coacção e a matéria factual encontrada. Importa a vaidade de como as coisas são feitas e importa o que os outros já fizeram.

No mais, o costume. A voz trovejante de Valentim Loureiro à beira de perder a paciência com Manuela Moura Guedes e o ar angelical de Pinto da Costa, vestindo aquele fato de decência e verticalidade que ele costuma guardar para estas ocasiões, deram o toque final ao apito final.

Nota:

1 - Pressinto que o próximo campeonato vai ter um início complicado. Não acredito que os recursos estejam julgados e resolvidos antes de começar a nova época;

2 – Rui Moreira teve a decência de afirmar que o FCP tinha a obrigação de recorrer dos seis pontos perdidos, na defesa da honra do clube. Aparentemente, Pinto da Costa não vai por aí. Prefere perder já os pontos e acabar o campeonato com 15 ou 16 pontos de avanço em vez de 20 ou 21.

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sexta-feira, maio 09, 2008

Lá está...


[2493]

Está explicado porque é que não vamos ganhar o campeonato da Europa. Falta-nos um líder. Isso e porque Scolari ignorou o Vítor Baía, lá dizia um atento participante do Forum!

ADENDA:
Ricardo Carvalho é um grande jogador, cheio de carácter, cheio de carisma, cheio de atitude, voluntarioso, cheio de técnica, cheio de generosidade, cheio de experiência, mas não é um líder nato (ouvido de passagem no Forum, parece que foi o Gabriel Alves, ou o...juro que se me escapa o nome, aquele que é agricultor e foi candidato à Câmara de Palmela).
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He told us so...


[2493]

Al Gore bem que nos avisou. Agora, a propósito da catástrofe de Myanmar, recorda que
"we're seeing consequences that scientists have long predicted might be associated with continued global warming" . Já o facto de "the rising death toll is due in part to an incompetent, isolationist and authoritarian government that allows most of its people to live in shanty towns of tin and bamboo" não parece merecer a Gore qualquer reparo, o que revela uma absoluta insensibilidade à tragédia de populações cuja única culpa parece ser o simples facto de existirem no local errado.

No dia em que os Gores do nosso descontentamento passarem a ter um pouco mais de respeito pelas tragédias globais em vez de as aproveitarem para os seus próprios interesses, o mundo poderá ser um pouco melhor.

Já agora, e a nível doméstico, se os blogs que se empanturraram de bater em Bush a propósito de New Orleans e agora se quedam mudos sobre a tragédia da Birmânia pagassem imposto, Sócrates bem poderia baixar o IRS que o défice não sofreria qualquer agravamento.

Link da notícia VIA

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quinta-feira, maio 08, 2008

Às vezes acontece


[2492]

Amsterdam - Vi casualmente esta foto e fez-me saudades.
Um bom dia de trabalho a todos.

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A actividade de cariz social


[2491]

A ministra da saúde Ana Jorge lamentou (expressão dela) que o hospital da Luz tenha sido entregue à ADSE. Segundo ela, a decisão foi do ministro das finanças e seria, assim, a ele que se deveria pedir explicações. E se fosse ela, enfatizou, a decisão teria sido diferente e o Hospital da Luz poderia desenvolver uma actividade mais social.

Eu que não sou técnico de saúde nem gestor de hospitais leio isto e reflicto sobre a quantidade de ilações a tirar das afirmações de Ana Jorge no parlamento e a forma vaga como se usa e abusa da expressão actividade social, a maneira como se usa o floreado para se cair bem nas camadas sociais (lá está…) e ainda o lamentável exercício de continuidade que se dá a uma guerra surda de conceitos, privado e estatal, sem cuidar de se explicar bem aos incautos os porquês de certas afirmações. Ana Jorge deixa no ar a ideia de que:

- O sector privado é tentacular e vai onde pode e onde o deixam ir;

- Há promiscuidades entre a vida pública e privada a que nem os socialistas se podem furtar, mesmo que ela não explique, como devia, porquê;

- Que o ministro Teixeira dos Santos é uma de várias coisas: venal, estouvado ou vítima indefesa dos tentáculos do capitalismo;

- Que ela, Ana Jorge, não teria embarcado nesta aventura e teria entregue o hospital a uma actividade social, provando que no Governo ainda há gente honesta, bem intencionada e imune às malfeitorias do sector privado.

Por mais que me digam, uma ou todas estas asserções serão válidas para a atitude da ministra e, naturalmente, ela deveria ser instada a explicar bem porque é que afirmou o que afirmou. Porque isto de atirar bombinhas para o ar é mais para o Carnaval. Além de que vai sendo tempo de começarmos a ser governados por gente liberta de conceitos gerados por cartilhas datadas e não coadunáveis com os interesses e desenvolvimento das populações. A tal actividade social, como diz Ana Jorge.

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Abrupto


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Glosa de Vasco de Graça Moura ao acordo ortográfico em poema inédito de felicitações ao Abrupto pelo seu 6º ( ! ) aniversário:


"...se do p ficar enxuto,
vão-se a força e a coragem
abruptamente da imagem:
não pode ficar "abruto"!..."


Parabéns a JPP e Tchin Tchin

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quarta-feira, maio 07, 2008

Eu verbo, tu verbas, ele verba


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Está ali uma senhora no “quem quer ser milionário” que não sabe bem (e ri-se…) se a palavra verbo é um substantivo ou um advérbio. Vai daí pede a ajuda do público que, lesto, dividiu a opinião entre um substantivo, um adjectivo, um advérbio e um verbo (eu verbo, tu verbas, eles verbam que se farta…). Mas sabe que o Henrique Iglésias teve uma namorada russa chamada Ana Kornicova e Justin Timberlake namorou não sei com quem e teve um filho com não sei das quantas e que o namorado da Britney Spears foi…já não ouvi.
Vou emigrar!

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Todos os Maios


Union Building - Jacaranda City. Pretoria

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Já tenho os meus jacarandás floridos, a deitar goma para cima do carro, frondosos e lilases como só eles (ainda não vi nenhum post da Ana a propósito…).

Enfim, é a nota romântica de todos os Maios, ser acordado com o restolhar daquelas campânulas lilases a besuntarem-me as vidraças da janela do quarto, coisa que leva a minha ucraniana serviçal ao desespero e me consome toneladas de “limpa-vidros”. Mas lá que é bonito, é…

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Agora é que é


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Agora é que é. À terceira é de vez. Após três anos já vamos em três directores da Polícia Judiciária na actual legislatura, a caminhar para o quarto. O primeiro usava risco ao meio, o segundo achava que a polícia era muito precipitada e arguía suspeitos por dá cá aquela palha e nomeava chefias para o Porto muito conotadas com o FêQuêPê. Ultimamente achou que a tutela da PJ deveria ser o Ministério da Administração Interna e não o da Justiça. Alberto Costa afinou, teve ciúmes (esta dos ciúmes não é minha, foi uma expressão usada extensivamente aí pelos media) e a coisa não azedou mais porque ele e Alípio Ribeiro eram muito amigos. Assim, ficou-se tudo pela demissão, a pedido, de Alípio Ribeiro que afinal era o que ele queria porque gostava muito de Gaia, tinha lá a família e isto de vir à Mouraria todos os dias é uma trabalheira.

Assim vão o estilo e a forma de probleminhas tão inócuos como a chefia da nossa polícia criminal. O que nos vale é que o presente director nacional é de Coimbra, advogado, vem da polícia, tem 49 anos e já apanhou o espanhol assaltante dos bancos e conduziu a investigação do serial-killer de Stª Comba. Comunicação social dixit (à exaustão), pelo que ficamos bem servidos com certeza.

É extraordinário como o PS consegue fazer de um acontecimento mais ou menos de rotina, apesar de reflectir a instabilidade anterior, uma história ao nível da gesta heróica dos portugueses quando dobraram o Bojador ou lançaram ferro em Mossel Bay que, como o próprio nome indica tinha muitos mexilhões que serviam para amainar a fome dos nossos marinheiros descobridores.

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Direito de opinião


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O António de Almeida está de parabéns pelo primeiro aniversário do Direito de Opinião, um blog que nos habituou a comentários ponderados, assertivos e muito atento à actualidade.
Aqui fica o registo e as felicitações de um leitor diário.

Tchin Tchin

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terça-feira, maio 06, 2008

Prós e prós


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Vou dando razão àqueles que se admiram pelo facto de eu ainda conseguir ver o Prós e Prós. Porque já não consigo. Distraio-me, faço zapping e nem o trovejar da Fatinha me tira do sério. Ontem, nos raros momentos em que "passava pelo programa", dei-me conta de algumas intervenções e tudo junto e somado desaguava na foz do costume. A culpa da escassez alimentar é do capitalismo, do sistema, da especulação, do funcionamento do mercado e, naturalmente, dos especuladores. Também reparei que os representantes dos agricultores continuam a achar quer a agricultura não deve servir para ganhar dinheiro e, muito menos, gerar lucros, mas para garantir subsídios. Resumindo: mais do mesmo, sempre do mesmo. Interrogo-me se teremos sido sempre assim ou se fomos operados em pequeninos.

Nota:
Houve tempo em que, por exigência profissional, voei muitas horas sobre terras férteis, espumando de matéria orgânica acumulada de séculos, sob horas de sol intenso à espera de casar com clorofila e sujeitas a chuvas intensas que quando faltam, são compensadas por cursos de água. Centenas de milhares de hectares à espera de ser cultivados. Hectares que podem atingir facilmente, cada um, claro, dez toneladas de milho, cinco de arroz, trinta toneladas de batata e milhares de toneladas de pasto tenro e farto à espera de ser cortado e fenado ou ensilado. Faz confusão, eu sei. Sobretudo quando pensamos que a imensidão destas terras se encontram em países e territórios onde se morre (literalmente) de fome. E que poderiam, sem dificuldade, ser cultivadas. Mas o capitalismo, o mercado, o sistema e os especuladores de Chicago não deixam.

NOTA 2: Sobre este tema, vale a pena ler este pequeno trecho do João Miranda.


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segunda-feira, maio 05, 2008

A Náusea...


[2484]

António Guterres de vez em quando ajeita a melena e vem a Portugal dizer coisas importantíssimas, como estas, a propósito da já chamada “crise alimentar”.


"o fosso entre ricos e pobres é um dos problemas mais dramáticos da globalização"

Alto-comissário preocupado com subida do preço dos alimentos

António Guterres quer olhar atento da comunidade internacional sobre as situações de crise global

[a subida do preço dos alimentos]"que se faz sentir sobretudo nos mais pobres" e as alterações climáticas. Tudo isto a par de conflitos "no Afeganistão, Iraque, Palestina, Sudão". "E esperemos que não no Líbano"

"Pela maneira como estamos, como a comunidade internacional está a olhar para o mundo, não iremos longe"

"o fosso entre ricos e pobres é um dos problemas mais dramáticos da globalização"

"As recordações da primeira infância são as que nos marcam para a vida toda e eu ainda muito pequeno pude sentir o que era a injustiça". "Eu vinha de uma família privilegiada, não éramos ricos mas vivíamos bem, e muitos dos meus amigos andavam de pé descalço, não comiam carne todos os dias nem tiveram acesso à educação. Isso marcou-me para o resto da vida"

bold Espumante.



Esta retórica redonda, estéril e politicamente correcta já leva à náusea, mesmo num país como o nosso, campeão nesta modalidade idiota de disparar uns petardos em troca dumas palmas, na colocação de uma placa toponímica como, aliás, foi o caso em Donas. É que nem as “alterações climáticas” escaparam.

Chocante, ainda, é a forma despudorada com que Guterres e outros como ele usam a atacar o “sistema” e a “globalização” quando ele é um dos principais beneficiados do sistema e da globalização que vitupera. É de uma aflitiva falta de verticalidade e profundamente desonesto.

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Selo e parecê-lo


[2483]

Não gosto de correntes. Mas gosto que a Carlota goste de mim. E em obediência à amizade, cumprirei escrupulosamente o comando da Carlota para enviar o selo à Azulinha, à Madalena, à Laura, à Sinapse e à Ti. Peço desculpa a tantos outros de quem gosto, mas a Carlota só autoriza cinco selos
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Desacordo ortográfico


[2482]


Já assinei. E congratulo-me com a velocidade a que sobe o número de assinaturas. Quem quiser fazê-lo, é aqui.

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Inglesa, rica, aristocrata, rebelde, modelo, bonita e cansada da confusão...


[2481]

Não era pobre nem francesa, sequer. De origem aristocrática e após bolandas várias por muitos colégios ingleses foi parar a Paris, onde foi apanhada pelo Maio. No ajuntamento de rua, cansada, aceitou uma boleia aos ombros de um companheiro que lhe pediu para segurar uma bandeira do Vietname, país que, provavelmente, lhe era tão estranho como longínquo, apesar de Caroline ter andado pelo “Estates”, também, e ter uma vaga ideia do conflito que envolvia os americanos. Mas a utopia da época ordenava que segurar uma bandeira do Vietname era um sinónimo de liberdade. Carolina não sabia porquê, mas segurou na bandeira e transformou-se, sem querer, nem reparar (só mais tarde teve consciência disso através da imprensa), num dos mais emblemáticos registos iconográficos da época. Hoje, envelhecida e rendida à burguesia, apesar de pobretana, sorri de como tudo aconteceu.

Muita gente viveu, como Caroline, a utopia do Maio de 68 em Paris. Não viria daí muito mal ao mundo se tudo se tivesse tornado num registo meramente histórico. A questão é que muitos “soixantehuitardes” cultivaram os filhos à sua imagem e semelhança, obrigando-os a macaquear as suas próprias idiossincrasias. O resultado traduziu-se na utopia dentro da utopia, as coisas hoje não fazem o sentido que fizeram à época e os filhos das "Carolines" parisienses entremearam-se nas múltiplas vertentes da sociedade actual. Uns sentiram-se párias políticos, outros mantêm a militância herdada, sem saberem bem porquê ou apenas porque isso lhes conforta o ego caldeado por ódios e despeitos que nem eles próprios conseguem entender.

Nota: Já depois deste pequeno post, descobri, via Miss Pearls, este excelente texto do Pedro Mexia no Público. Estive quase para anular o post por força da qualidade do texto do Pedro, mas acabei por deixar ficar. Afinal, eu não sou o Pedro.

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Agradecimento

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Quero deixar aqui um registo de reconhecimento pelos inúmeros “e-mail” e telefonemas recebidos a propósito do post anterior, bem assim como dos comentários nele apostos.

A todos um grande abraço.

NR
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quinta-feira, maio 01, 2008

Luto


[2480]

Se Deus existe, Ele lá saberá dos porquês e dos tempos, sempre que decide chamar alguém à Sua companhia no mistério do Infinito.

Este blog ficará inactivo por uns dias, no respeito pela dor profunda dos meus filhos Pedro e Marta pela perda brutal que hoje sofreram.

NR
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Legenda abrupta


[2479]

Manela, estou aqui.

A legenda "abrupta" do Bernardo Pires de Lima no Atlântico. Não há prémios para estas coisas na blogosfera?

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Porta do Vento


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A Ana V.
escreve um dos blogues que presentemente mais aprecio. E, segundo reza a crónica, completou um aninho de existência.

Aqui fica uma saudação amiga (e vizinha) de um indefectível.

Tchin Tchin

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Levem-lhe o salário a casa...


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Esta história é fascinante. Em traços largos, o Zé, o tal que nos fazia uma falta desgraçada, é objectivamente responsável pelo pagamento de 17,8 milhões de Euros por força de uma condenação do tribunal arbitral, porque o Zé achou que o túnel do Marquês não era seguro. Uns meses e quase 18 milhões de euros depois o túnel lá está, ainda ninguém chocou com o metro nem morreu ninguém. Por outro lado, noticia-se que o presidente da câmara decidiu multar a Tâmega em 3,7 milhões de Euros por atrasos na entrega da obra. A notícia é omissa sobre se esta quantia deriva de clausulado próprio do caderno de encargos do concurso que, presumo, terá existido, ou se António Costa achou que podia liquidar uma dívida de 5,2 milhões só tendo três e vai daí, multa.

Resumindo: até informação contrária, tenho de pensar que António Costa multa como quer, o que quer e quando lhe apetece. E que o Zé, Sá Fernandes de apelido, anda divertidíssimo a brincar às providências cautelares como um miúdo de arco e balão. Neste último caso, sairia bem mais barato manter o Zé em casa e levar-lhe um salário todos os meses. Desde que o proibissem de fazer fosse o que fosse.

Via

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