quarta-feira, setembro 26, 2012

A «rive gauche» do Expresso


A polícia espanhola cercando os manifestantes e preparando-se para uma carga que havia de fazer descambar aquilo tudo...

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Ao longo da noite fui acompanhando o desenvolvimento das manifestações em Madrid. Hoje, a generalidade da comunicação social relata os acontecimentos com o recurso inevitável às cargas de polícia. Muitos também já falam em vigílias em vez de manifestações. Em resumo. O povo anda vigilante e não fosse as cargas da Polícia estava tudo na paz do Senhor. Os arremedos esquerdistas do Expresso, então, são delirantes. Há por ali reconhecidamente angústias existenciais que nem a manipulação da retórica (manifestações pacíficas – mesmo que se trate de um cerco ao congresso, de resto proibido por lei – que descambam em violência por causa das carga policiais) consegue sossegar.

Há tratamentos para isto. Um divãzinho e quaisquer €150/hora resolviam a questão, sem necessidade de exercícios catárticos como este.
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Portugal moderno

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Antigamente Salazar ilustrava os portugueses com velhinhas de preto e de buço a assar sardinhas, para publicitar Portugal. Hoje temos Josés Vítores, jornalistas modernaços que escrevem no Público e tudo e que não são velhinhas de preto e de buço. E que publicitam Portugal, também. Mas para fazer a figura que fazem, melhor seria que fossem.

Vale-nos a simplicidade de pensamento e de argumentação do João Caetano Dias para explicar algumas angústias dos Josés Vítores do nosso descontentamento.
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Deplorável (2)

[4778]

Quando escrevi este post, estava longe de imaginar a repercussão que a pretensa gaffe de Romney iria ter nas redes sociais. Admiti que a coisa se ficasse pela pressurosa e publica RTP. Quando muito, o voluntarioso Costa Ribas faria a sua habitual diatribe na SIC e a coisa ficava por ali. Tão flagrante me parecia a tentativa, desajeitada, de Romney fazer humor com o fumo na cabina do avião.

Enganei-me redondamente. As televisões espremeram a «gaffe» e martelaram-nos consecutivamente com o episódio, na nobre e pública missão de nos informarem que Romney era burrinho de pai e mãe e que todos os republicanos não lhe ficavam a dever nada. Acompanhavam a coisa extensas explicações técnicas que metiam milibares, temperaturas negativas e até cultura cinematográfica, não fossem os portugueses ser tão burros como Romney. As agências noticiosas acompanharam a coisa e inundaram-nos com a notícia do jantar da burrice.

Esqueci-me, também, do FBook. Ali, cada um escreve o que lhe apetecer e os que não são figuras públicas atingem o pináculo da glória comentando nos posts de figuras mais conhecidas. Assim um bocadinho à maneira do que acontece na caixa de comentários do Blasfémias, sobretudo aos posts da Helena Matos. E assim se inundou o FB com um rosário patético de comentários a malhar nos americanos a propósito da burrice de Romney, nós que, como se sabe, somos um primado de cultura e conhecimento.

Resulta que a comunicação social, em geral, deu mais um exemplo de indigência profissional, não acredito que no meio de tanta notícia não houvesse alguém que tivesse percebido, «desde logo», que aquilo era um toque de humor do candidato. E no FB, foi patético ver a chuva de comentários sobre a burrice dos americanos e sobre os perigos do mundo vir a ser comandado por uma criatura primária, como Romney, um fulano que nem sabia que abrir as janelas dos aviões em pleno voo era muito perigoso.

Duplamente deplorável. Entretanto o Público lá acabou por fazer um desmentido, de tão óbvio que era ter sido uma piada. E consolou-me saber que eu também não estava sozinho.
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terça-feira, setembro 25, 2012

Conviver com a liberdade



[4777]

Sabendo-se, sem hesitações mentais titubeantes, como a esquerda convive mal com a liberdade, não é novidade a conduta orgástica da esquerda em geral sobre a forma simples e democrática (lá nos botões dela) como se resolvem as crises políticas.

Mário Soares, Alegre, os comunistas, o Sr. Arménio e vários comentadores comentaristas pensadores politólogos sociólogos antropólogos psicólogos e até astrólogos do nosso palco mediático já se manifestaram, convictamente e sem se rirem, que este governo tem que sair. Não dizem bem como. Se à pedrada, ao estalo, se à la mode de Jorge Sampaio quando embirrou com as sestas de Santana Lopes e depois de Ferro Rodrigues estar convenientemente afastado, sabe-se e dizem é que tem de ser demitido. O facto de ser um governo legítimo, democrático e pela vontade expressa do povo soberano (como, de resto, reza a cartilha da esquerda) não interessa nada. Interessa apenas aquilo que estes preclaros «donos da bola» acham. E sabe-se que o que eles acham é partilhado por uma franja residual de eleitorado, mas isso para eles são outros quinhentos.

Agora são as duas cabeças do Bloco que acham que o Governo tem de ser demitido. Se João e Catarina fossem coerentes, deviam exigir a saída do governo e nomear já uma dupla de primeiros-ministros. Melhor… uma troika…hummmm… uma quadra…. Ou mesmo um quinteto… sei lá, qualquer coisa que para além de uma representação dúplice de género incluísse ainda primeiros-ministros com diferentes orientações sexuais, ciganos, negros, islamitas e ex-passageiros da TAP. Ou outros de que, entretanto, se lembrassem.

Começo a ter dificuldade em respirar…
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Deplorável

[4776]

O almoço nem me soube bem. A RTP, aquela do milhão de euros por dia, parte dos quais nos sai compulsivamente do bolso através da factura da luz, apresentou uma reportagem, pretensamente séria sobre o facto vergonhoso de Mitt Romney não saber porque é que as janelas dos aviões não podiam ser abertas em voo. E quando eu pensava que a notícia era um chiste, ainda que de gosto duvidoso, eis que surge o visado durante uma alocução num jantar de recolha de fundos em que, claramente e visivelmente, faz humor, dizendo que ainda não percebeu porque é que as janelas dos aviões não se abrem em voo, esboçando mesmo um sorriso a propósito.

Foi perfeitamente claro que o candidato pretendeu fazer humor com a cena, mas a RTP achou que não. Em definitivo, o homem é burro e vai daí, a nossa RTP explica elaboradamente porque é que as janelas não se podem abrir. Há a pressão atmosférica, coiso e tal e há até, para os mais distraídos como Romney, uma temperatura exterior que nos faria morrer de hipotermia. E explicou, com a ajuda de vídeos auxiliares com cenas de filmes em que as janelas de aviões se partem e é tudo sugado para o exterior.

A RTP, pela voz de uma Sónia qualquer coisa e num ar de quem percebe imenso de aviões, janelas, pressão atmosférica e temperaturas negativas, acha que Romney falou a sério, logo é burro, como a generalidade dos americanos que votam no Partido Republicano. E disse mesmo que esta notícia sobre a ignorância de Romney está já a correr mundo. E a RTP, cumprindo a sua nobre missão de serviço público achou que nos devia dar conta da burrice de Romney, a partir de um episódio humorístico em que toda a gente se riu, menos a RTP. Não porque seja demasiadamente burra, mas por ser execrável e deprimente.

Sónia perita em lições sobre janelas de aviões aproveitou os segundos finais para noticiar que Romney afirmou que ele só se preocupa com metade dos americanos, porque a outra metade vota Obama. Vejam bem o risco que corremos se aquele burróide sectário calha ser eleito.

Sinto-me deprimido com esta nossa insustentável maneira de ser…

Adenda: A «coisa» agrava-se. Agora é o Diário Digital. E assim se fabrica notícias. À la carte, está bem de ver.
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segunda-feira, setembro 24, 2012

Matriz

[4775]

O Benfica ontem não ganhou. Apanhou com duas grandes penalidades pela barba duma forma que tira a vontade e o ânimo ao mais pintado. O árbitro nem sequer soube ser aquilo que se espera de um árbitro nacional. Habilidoso q.b. para logo de início ir pondo fora de combate qualquer possível rival que faça sombra ao campeão anunciado. Pelo contrário, foi de um xicoespertismo pacóvio que nem o próprio FêQuêPê deve ter apreciado.

É interessante como as nossas imagens de marca se cruzam e confundem em diferentes campos de acção. No futebol, na política, nas empresas e, grave, no próprio funcionalismo público onde é flagrante o autoritarismo de muitos que só no seu mister encontram a oportunidade soberana de sentirem poder.

Um árbitro não é muito diferente de um político, um gerente, um chefe de recursos humanos, um militar lateiro, um taxista, fiscal de finanças ou um activista itinerante que corre o país a chamar gatuno a qualquer político que se movimente por aí. Parecemos cunhados à nascença para a volúpia de um momento de poder e glória ou para, sem escrúpulos, concorrer para o poder e glória de alguém a troco de umas moedas. Ou de um emprego. Ou mesmo fruta da época. O jogo de ontem foi um bom exemplo.

Declaração de interesses. Não sou simpatizante do Benfica, como sabem os que me conhecem.
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domingo, setembro 23, 2012

Renovação e esperança - O Outono, de novo

[4774]

Todos os anos me deixo envolver pelo romantismo e pela poesia e simbolismo das folhas que caem para dar lugar às folhas que nascem. E pela indubitável beleza das cores da estação. Para mim, não há outra mais bonita. E na renovação das folhas reside o desejo secreto que algo se renove em nós, também. Mesmo porque os sentimentos mais enraizados agradecem a bênção da renovação, para que permaneçam genuínos e robustos. Porque, ao contrário do corpo, os sentimentos e os afectos não envelhecem. Todos eles estão sujeitos aos Outonos da vida de cada um de nós, renovando-se e robustecendo-se todos os anos. E se por cada folha caída sentimos que outra vai nascer é porque acreditamos neles e só isso é um sinal inequívoco de que estão de boa saúde e se recomendam.

Viva o Outono e tudo o que ele encerra. De beleza, poesia, genuinidade, renovação e de esperança.
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Recuos




[4773]

A excitação generalizou-se. Passos Coelho recuou e os paineleiros, com cara de quem «avançou», iniciaram já uma série de medidas que Passos Coelho tem de tomar. O Gabinete do Conselho de Ministros parece ter saltado para os estúdios das televisões, onde se congemina já a agenda dos próximos «passos». Ainda ontem me perdi a ver Henrique Monteiro (agora de barba à la mode de chez nous) e um tal André Freire, que julgo ser professor no ISCTE e querer fundar (fundou?) um partido de esquerda radical, a falarem no recuo de Passos e desfiarem o seu menu de medidas imediatas. Isto pouco antes de ligar à pornografia, para ver a «Pluma Caprichosa» e comandita naquela extravaganza do «Eixo do Mal».

Ninguém pareceu reparar que a atitude de Passos, encurralado e cerceado por dificuldades, foi, no mínimo, nobre e humilde. Ao contrário da jactância do seu antecessor que nunca recuava na merda que fazia.

Faz mal ver muita televisão. O meu televisor cada vez mais está sintonizado em rádio. De música. Já não há paciência para tanto «tudólogo».
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Preocupado

[4772]

Não comungo da excitação que vai por aí com as manifestações em curso. Se a manifestação geral me pareceu genuína e transversal, ainda que injusta porque dirigida a um grupo de trabalho que poderá ser inexperiente ou inábil mas, pelo menos, não arrasta um rosário de suspeitas como acontecia com Sócrates e, genuinamente, tenta resolver o berbicacho que lhe caiu no regaço.

Foi pena que estes «indignados» de agora andassem distraídos na época das vacas gordas, engordadas com o dinheiro que agora temos de repor. Mais, numa época em que não só as vacas andavam gordas como muitos dos «cow-boys» engordavam também. Escandalosamente. As pessoas andavam distraídas, ou reparavam, mas ia-lhes sabendo bem. Hoje chegou a factura. E há que pagá-la. E as pessoas querem mais vacas. Gordas, se possível. Alguém deveria saber como explicar isto aos cidadãos, sem que lhes caiam em cima a acusá-los que estão a desculpar-se com o socialismo e com o passado. E explicar-lhes que não é desculpar «porra nenhuma» mas sim abordar os problemas pela sua configuração factual e que o problema não esteve nos portugueses gastarem acima das suas possibilidades. O problema foi os portugueses não se importarem que outros, ainda que portugueses também, mas que deviam respeito a todos os cidadãos, engordassem e hoje, sorridentes e cevados, se passeiem por diferentes areópagos.

Aceito, porém, que essa grande manifestação seja genuína e espontânea. Já a arruaça que por aí vai (a última foi aquela vergonha que se viu em Belém) de cada vez que um ministro vai à rua, me parece obscena e um insulto à grande maioria dos cidadãos que não vota na extrema-esquerda. Mais grave ainda é a frisa de engravatados (ou sem gravata, agora está na moda os comentadores aparecerem de fatinho, mas de colarinho aberto mostrando os pelos do peito, os que já os têm, nem com todos isso acontece…) que vêm depois para a televisão perorar sobre essas manifestações como se elas fossem tão genuínas como a outra. E não serem capazes de, nem ao de leve, referirem a batuta das mesmas. Na maioria dos casos, basta reparar na retórica dos insultos. E nas rimas.
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Mais uma corrida, mais uma viagem?

[4771]


Por mim, o que mais me surpreende não é o facto de Sócrates estar envolvido na moscambilha e ter recebido luvas pelo negócio. Como, de resto, em muitos outros de que é suspeito. O que verdadeiramente me intriga é porque é que se deixou passar este tempo todo e, ainda por cima, a coisa estar entregue às mesmas pessoas que num passado recente geraram um círculo de desconfiança pela forma como, claramente, se tentou manter o então primeiro-ministro à margem das suspeitas, enquanto os piões de brega iam desenvolvendo a tese da cabala e se exercia diversas forma de pressão para calar magistrados e outros intervenientes no processo. Isso foi uma forte machadada no prestígio de homens e de instituições que mereciam melhor sorte que ser malbaratados assim por um punhado de salafrários.

Entretanto, o advogado de Sócrates, Proença de Carvalho, está escandalizado com o processo e já esperneou. Como de costume, aliás, esta estranha e conspícua figura colocou-se já de prevenção. Ou em exercícios de aquecimento, para o que der e vier.
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terça-feira, setembro 18, 2012

Pelas alminhas do purgatório...



[4770]

Acordei… a TV tinha ficado ligada… e a primeira visão do dia foi António José Seguro a dizer que o PS só será governo se os portugueses quiserem.

Pronto estou mais descansado. O homem contém-se e não participará em nenhum governo de salvação nem congemina nenhum golpe de estado. Mas depois, preocupei-me outra vez. E se os portugueses um dia destes querem mesmo que o PS volte a ser governo? É um desassossego, é o que é...
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Sevilha 1 R. Madrid 0. A tristeza epidémica

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Mourinho está triste.
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segunda-feira, setembro 17, 2012

Já cá faltava

[4768]

Santana Lopes chegou e fez um túnel no Marquês. Aqui d’El Rei. Caíram-lhe os socialistas em cima (e a nós) e tivemos mesmo um Zé faz falta que atrasou a obra e, por via disso, nos custou meia dúzia de milhões de euros que nós, bovinamente pagámos, como de resto vamos pagando as cretinices socialistas. Mas o túnel lá se fez e, até hoje de manhã, passar no Marquês, era um luxo. O trânsito fluía, célere, ordenado, eficiente.

Mas agora manda o socialista Costa. E sabe-se do que um socialista desocupado e egocêntrico é capaz de fazer. Este lembrou-se de fazer uma rotunda dentro da rotunda. A desculpa, meio esfarrapada, foi a poluição do ar e mais um par de botas, chegando ao ponto de colocar apenas uma via para automóveis e não esquecendo uma faixa para as bicicletas, uma coisa que eu, num dia de neura, ainda hei-de ir ver e contar quantas bicicletas ali passam numa hora, enquanto os carros, em pára arranca, triplicam as emissões de carbono. O resultado, a avaliar pela foto e pelo que já hoje me disseram, é catastrófico.

Já não direi que devíamos fazer como o rei de Espanha e perguntar a esta rapaziada socialista porque não se calam… que falem à vontade, mesmo porque, por norma, falam mas não dizem nada. Mas, pelo menos, alguém lhes devia dizer: parem quietos. Dê-se-lhes uma roca, um urso de peluche, um job no Mota Engil, uma bolsa de estudo na Sorbonne ou, plano B, um pontapé no traseiro. Mas eles que fiquem quietos, xiça.
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Momento de desporto

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Futebol – A minha equipa continua a ser uma espécie de «cavaleiro da triste figura». Quase tão triste como a de um tal Rui Santos que devia pagar por cima de cada minuto que lhe concedem na SIC Notícias. Desta vez foi com o Marítimo, empatámos 1-1 com o habitual golo concedido nos últimos minutos. Valha-nos a crescente má catadura de Sá Pinto que cada vez mais vai parecendo que quer bater em alguém, coisa que para ele é mais ou menos rotina. Se batesse haveria uma esperança que o Conselho de Disciplina o castigasse daqui a seis meses e pudéssemos ter outro treinador para a próxima época. Se não bater… logo se vê.

Hóquei em patins – Portugal era campeão europeu a seis segundos de terminar o encontro com a Espanha. Altura quem que um espanhol marcou um golo de nos desfez as ilusões. Mas não foi mau. As equipas, como de costume, equivaleram-se. Excepto na animalidade e má criação em que, desta vez, a Espanha levou a melhor, através de um jogador que no fim do jogo quis que todos se lembrassem que ele era o imbecil de serviço.

Trânsito no Marquês – António Costa, curiosamente sem «Zé faz falta», está neste momento no Gabinete de Observação de trânsito da Cidade de Lisboa para observar aquilo que, no fim, vai resultar numa conclusão de que todos ficamos a ganhar com as rotundas do Marquês. Costa vai dizer que poluímos menos, ainda que um automobilista, avisado, já tenha dito que duvida, pois que com o pára/arranca que se avizinha, a emissão de gases vai ser consideravelmente superior. Não sei se este automobilista é um reformado como o outro que disse que algum engenheiro distraído se tinha esquecido do escoamento das águas da chuva (observação mitigada por uma engenheira Helena Bicho que confirmou haver algumas falhas…), mas tendo a concordar com ele. Costa continua imparável. E o «Zé faz falta» deve andar já a preparara a cultura de cereais de inverno ali a Sete Rios. E agora, inspirado em Paulo Portas, deixem-me dizer que se me perguntam se me foi comunicado tudo isto, eu digo que não. Se me perguntam se eu concordo, eu digo que não. Se me perguntam se eu bloquearia este tipo de iniciativas, eu digo que não, em nome da estabilidade camarária. Mas se me perguntam se esta Câmara me parece uma chachada, eu digo que sim
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domingo, setembro 16, 2012

A manif


Esta foto já deve estar correndo o mundo. Uma mulher bonita e um polícia cool (ia a dizer bonito…) a mostrar como somos cíveis, atraentes e como as manifestações em Portugal valem a pena. Foto roubada de uma vizinha minha que muito prezo.

[4766]


A manifestação de ontem foi um imenso logro e estabelece desde já muita matéria de reflexão. Muito girou à volta de uma poderosa campanha de desinformação da nossa indigente comunicação social, obediente a um conceito de engraçadismo do Bloco e de uma esquerda pressurosa onde interessa tudo o que possa contribuir para um folclore modernaço, sem que lhes passe pela cabeça aquilo que deveria ser a sua obrigação. Explicar bem os contornos da trágica situação que nos coube em sorte, por mor da acção de um grupo de salafrários e respectivos caudilhos e caninos seguidores que o povo colocou no poder durante um período que só acabou quando os sinos repicaram, anunciando que já não havia dinheiro para os salários, reformas e medicamentos para o mês seguinte. Uma comunicação social que, sem pudor, não reportou a manifestação, mas antes se manifestou em sintonia com os manifestantes (e aqui é de salientar a unanimidade das três estações de televisão) e que me fez lembrar aquela «boutade» socialista de um ministro de agricultura vir para a rua juntar-se à multidão que se manifestava contra ele próprio.

Sem embargo de se ter assistido ontem a uma manifestação genuína, ordeira, pacífica (mesmo que aqui e ali com alguns pontos de desordem na forma tentada pelos arruaceiros de serviço) e, por uma vez, sem uma orientação visível dos suspeitos do costume, é confrangedor perceber a ignorância da realidade em que vivemos, do facto de este governo, ou qualquer que ele seja, não ter escolha nem vias estratégicas de desenvolvimento enquanto não pagarmos as dívidas do buraco em que os socialistas nos meteram. E não vale dizer que em matéria de buracos «eles são todos iguais», porque não são. Basta não nos distrairmos muito e saber como se passaram as coisas para perceber que independentemente de casos pontuais e de polícia, o Partido Socialista tem-se entretido a escaqueirar aquilo que os outros vão fazendo, à custa de promessas irrealistas e de práticas condenáveis. E se Guterres concorreu bastante para este estado de coisas, faça-se-lhe a justiça de ser um homem sério e que continuou a fazer pela vida depois de abandonar o barco, enquanto que no último consulado socialista tivemos um suspeito crónico que quase todos os dias aparecia envolvido nas mais abomináveis patranhas que, por demais conhecidas, me abstenho de mencionar, apesar das descaradas manobras da justiça para disfarçar e manter o homem a boiar.

Parece que agora temos, de novo, um governo de gente séria. Talvez lhe falte os cabelos brancos de Mira Amaral, talvez careça de habilidade e engenho para fazer as coisas com mais ourelo e sabedoria. Mas os erros corrigem-se e uma coisa é certa. Não há como sair desta situação sem equilibrar as finanças e passar para o exterior a ideia de que vale a pena o investimento estrangeiro. Tudo o que saia deste carril contribui apenas para o descrédito, desinformação e prejuízo da nossa comunidade. E a comunicação social, de uma vez por todas, deveria aprender a lidar com estas situações. Pôr a mão na testa, deixar-se de florilégios bloquistas e outros engraçadismos e contribuir para o bem geral, fazendo bem aquilo que lhes é exigido. Informar. E se querem alinhar em claques, têm sempre partidos onde se filiar ou clubes de futebol onde pagar as quotas. E para fantasias de amanhãs que cantam já temos os patetas do costume.
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sábado, setembro 15, 2012

Se eu fosse à manifestação

[4765]

Estas seriam as rimas que eu ostentaria, em cacharolete, respigadas e roubadas de uma extensa lista do João Miranda e do JCD:

Assim a gente não se amanha, que pague a Alemanha

Não votamos nela, mas adoramos a Manela

Estamos em estado de necessidade, queremos investimento público de proximidade.

A taxa tira-nos o tesão, dêem-nos inflação.

Com a bicefalia, isto não falia.

Gaspar, tu vê lá se danças, queremos o António Sala nas Finanças

O Paulo Campos fez-me um coito, agora ando sozinho na A8.

Se não acabas com o imposto, o Luisão dá-te um encosto.

Tenham colhões, cortem antes nas Fundações

Passos bandido onde tens o dinheiro das PPP escondido?

A taxa é um entalanço, cortem antes no Betencourt Picanço.

Queremos público investimento, e política de crescimento.

Foderam o túnel do Marão e o TêGêVê pró Poceirão

Não me lixem a posição, obriguem a Conceição, a pagar mais contribuição.

Não vou à manifestação, vou antes ao mexilhão.

Não me aumentem a taxa, tirem antes à Natacha

Chega de cravos, queremos o Sérgio Lavos.

Troika assassina, vota Catarina.

Chega de maçada, a troika está errada.

Fartos desta ditadura, ouçam o Boaventura.

A troika que se lixe, Soares é qu’era fixe.

Nem net posso pagar p’ra ler o jugular.

Nós não queremos confusões, só lemos o Corporações.

A RTP é nossa, tirem-na da fossa.

Paz, pão, povo e liberdade; queremos RTP, não queremos austeridade.

Queremos alimentação, saúde e televisão.

Gostas de estar na corda bamba? Tens que votar Galamba.

Protege o teu futuro, abstém-te com o Seguro.

Fartos de austeridade, escondam-me a verdade.

O povo não é demente, Sócrates a presidente.

Despedir é imoral, morte ao capital.

Casas para todos e dinheiro aos rodos.

BCE é nosso amigo, Draghi estamos contigo.

Não queremos uma bolha, não estudei p’ra ser trolha.

Defender a educação com 100% de aprovação.

Federação da Europa, damos Madeira à troca.

Leite só a Manuela, Nogueira p’ra Venezuela.

Do Douro à Beira Interior, paga as SCUTs faxfavor.

Tás farto de dizer Yes? Vota pela URSS.

Tenho fome, não é truque; já o disse no Facebook.

Temos é que protestar, ist’é pior qu’o Salazar.

Queremos revolução, abaixo o centrão.

Eu gasto o qu’eu quiser, quem paga é a chanceler.

Não há dinheiro onde? Perguntem ao Hollônde.

Dá dinheiro p’rá’qui, seu porco nazi.

A Europa é uma só, de burros a pão-de-ló.

Não q’remos submarinos, não somos assassinos.

A esperança é grande, votamos no Hollande.

Isto é conspiração, dos da circuncisão.

Não fechem o obstétrico, q’remos carrinho eléctrico.
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Provavelmente

[4764]

Há uma cerveja que é, provavelmente, a melhor cerveja do mundo. E o slogan acima ilustrado é, provavelmente, o mais idiota do mundo. Provavelmente, um dos mais usados nas manifestações mais logo. Provavelmente, pouco ficará das nossas vidas para nos lembramos dele. Provavelmente, um dos slogans mais profusamente disseminados nas redes sociais. Provavelmente, isto está mesmo sem remédio…
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Cuidado com a DHL. Porquê?


Malaposta - No tempo em que entregar uma encomenda era uma questão de honra

[4763]

Porque tem gente descuidada. Incompetente. Malcriada. Ignorante. Trapalhona. E com tanto descuido, incompetência, macriação, ignorância e trapalhice as coisas às vezes dão para o torto. Eu explico, sucintamente, para não chatear muito.

Há um surto de gafanhoto em Cabo Verde, com a chegada das chuvas (atrasadas) de Setembro. Cumpridos os preliminares e aconselhamentos, e dada a urgência da situação, providenciei o envio de um determinado produto (muito caro, por ser ecológico e muito eficiente contra o gafanhoto) a partir da África do Sul. Porque o produto não está registado na Europa, parece que não há (ainda…) gafanhoto, e é produzido por uma multinacional com presença na África do Sul.

Dada a urgência do assunto, ordenei o envio por via aérea. E aqui entra a DHL. Mesmo havendo vários voos regulares entre Joanesburgo e Sal, optou-se pela DHL, por se admitir que seria mais rápido que a via aérea normal. Então a encomenda é entregue na DHL na sexta-feira dia 7 de Setembro às 19:00, em Durban. Hoje, a encomenda leva no activo um passeio turístico entre Johannesburg, Heathrow, East Midlands, Madrid, Londres, outra vez, ainda Madrid, East Midlands… vai a Heathrow… e lá vai ela para Las Palmas. Em Las Palmas entra em fase de desalfandegamento (!!!!), o que não aconteceu porque a pessoa que o ia desalfandegar estava... em Cabo Verde. Não houve problema, uma notinha no percurso da encomenda para irmos acompanhando pela net e lá vai ela para Londres, outra vez. Tudo isto no meio de um milhão de mails e telefonemas. Em Londres, um qualquer funcionário zeloso resolve (é o termo) enviar a encomenda para… Leipzig. Dando pelo erro (devidamente registado na net – “sent by mistake”) lá vai a encomenda de escantilhão para Londres de novo. Era confusão a mais… o melhor era mandar aquilo para Madrid outra vez. Não, não estava correcto. Londres, outra vez. E hoje, domingo, 16 de Setembro, onde está a encomenda, onde???? Leipzig. Aguarda-se novos desenvolvimentos.

Em Cabo Verde tenho um cliente à beira de um ataque de nervos, o Ministério de Agricultura diz que não consegue entender tanta incompetência (eu também não…) e os gafanhotos engordam, numa achada algures daquela ilha, devorando o verde que todos os anos, em Setembro, brota daquela terra árida de que os gafanhotos parecem gostar tanto.

Só falta dizer que a carta de porte está correctamente preenchida, o pagamento à DHL é feito antecipado, está bem de ver, e custou uma pequena fortuna. Que nem menciono por uma questão de pudor, não vá aparecer aí o Sr. Francisco Ferreira da Quercus fazendo uma crónica sobre aquilo que dantes se chamava agroquímicos, ou pesticidas e a que agora chamam… pois… agro-tóxicos.
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quinta-feira, setembro 13, 2012

Será que fomos operados?

[4762]

A esquerda mimética agarra-se agora a Manuela Ferreira Leite. Depois de Medina Carreira, a «velha», termo carinhoso com que os socialistas a apodavam quando ela era rançosa e esclerótica, empolga agora as virtualidades desta esquerda frenética que aproveita qualquer Constança para ir a qualquer festança. E ela aí está agora, glosando a entrevista da «velha» até à exaustão.

País extraordinário, este. Não sei bem onde «isto» vai parar. O que sei é que a nossa democracia continua a ser sui generis. Até o seu pregoeiro mor acha que um governo legítimo tem de ir abaixo, senão é uma catástrofe.  Provavelmente uma catástrofe quase tão grande como aquela que ele próprio, Soares, nos causou no primado da sua governação e depois nas sequelas socialistas, tipo guterristas e socráticas, que nos couberam em sorte.


Nós somos um bocadinho como a selecção nacional. De vem em quando mostramos arreganho, construímos umas jogadas boas, «fazemos bem», mas depois vêm uns pontas de lança trapalhões e irresponsáveis e estragam tudo. Bolas fora, à barra, perdidas, falhadas e, no fim, zangamo-nos todos uns com os outros e achamos que há uma data de gente que teve culpa das nossas asneiras. Em política é a mesma coisa. Vamos encaminhando a coisa mais ou menos, depois embirramos com algumas criaturas e colaboramos na festança socialista, preparada para lixar isto tudo outra vez. E no Sábado lá vamos nós todos para uma manifestação não sei das quantas, com a comunicação social histérica a dar conta da indignação de gente esclarecida que ultimamente tem vindo a ser entrevistada. Até Vasco Lourenço botou faladura. Um homem que, como se sabe, entende imenso de finanças, macroeconomia e democracia. E nas redes sociais multiplicam-se posts obnóxios e patetas e causas para aderência. Um deles, que me ocorre, diz: «Não precisamos da troika para nada». «Prontes». Como se a troika um dia tivesse acordado e, de livre iniciativa tivesse decidido: - Vamos ali à Tugaland chatear aqueles gajos.

Nós somos assim. Não sei se já nascemos assim ou se fomos operados. Mas que somos, somos. Numa altura em que a insatisfação é consensual, convinha deixarmos de ser assim e procurar vias legítimas e genuinamente construtivas para corrigirmos rumos e disparates e procurarmos os meios mais adequados para levarmos a bom termo estas medidas austeras e difíceis mas que só existem porque andámos eufóricos a votar sistematicamente num grupelho de irresponsáveis. É isso que queremos de novo?
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quarta-feira, setembro 12, 2012

A camaleónica leveza de saber ser



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Não há pachorra para esta rapaziada socialista. No tempo de Sócrates todos achavam que Medina Carreira estava velho, serôdio e era um catastrofista. Hoje é vê-los achando o professor uma autorizada voz, uma oração de sapiência com pernas e a linkarem-no, profusa e quase libidinosamente, no FB e nos blogues, mesmo não reparando que muitas das malfeitorias apontadas pelo professor são da competência exclusiva do anterior governo. O que é absolutamente extraordinário!
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terça-feira, setembro 11, 2012

Socialismo sem estação fluvial

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Desta vez, à la mode de chez nous. Enquanto em todo o lado se procura melhorar as condições de trânsito nas grandes capitais, por aqui continuamos na senda das boas práticas, nem que para isso seja preciso gastar €700.000 numas «reviangas» ali ao Marquês com o único objectivo, repito, único objectivo, que eu ouvi bem o socialista António Costa, de reduzir o trânsito na cidade de Lisboa.

E manhã cedo já eu estava, entre dois golos de café e o «Bom dia Portugal», tentando perceber o alcance do «arranjo» de tráfego no Marquês, mas não era necessário, porque o nosso preclaro presidente tratou de no-lo explicar. Reduzir o trânsito. Tout court. Estimo e venero a ideia de que António Costa tenha ido de metro até ao Marquês para fazer a reportagem.

E continuamos a ser paladinos da idiotia retrógrada deste socialismo estranho que além de nos pôr de tanga tem ainda de dispor de Zés que fazem uma falta imensa e de Antónios Costas que acham que andar de carro é feio e polui muito – coisa de ricos.

E.T. Um cidadão presente ao evento, fez algumas considerações sobre a certeza de que a rotunda iria precisar de uma estação fluvial, porque era claro que da maneira que aquilo foi feito iria haver inundações, sem dúvida nenhuma. António Costa remeteu o cidadão para uma engenheira Helena Bicho que disse que, pois… havia dificuldades inesperadas… aquilo era provisório… mas também… pois… é ver o vídeo.
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segunda-feira, setembro 10, 2012

: )))) LOL :(((( dasse xxxxx (._.) e gggrrr!!!g&$§§§/// ehehehehe xxxx e abreijos

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As chamadas redes sociais terão méritos que eu não discuto. Concretamente, o denominado Facebook parece ter provado a sua eficiência em múltiplos aspectos sociais, comerciais, políticos e até culturais. Sem embargo da sua faceta de vulgar «engatatódromo» ou via de disseminação de notícias de impacto, algures entre a queda do primeiro dentinho da cria lá de casa até à sogra que tem mau hálito.

Outrossim me renderia a esta modernice se instituições sérias como um gabinete de um primeiro-ministro ou a própria presidência da República usassem o Facebook com a desejável parcimónia e distanciamento, para irem dando conta à grei do que se vai passando pela paróquia. Mas quando esse desiderato se reveste de uma interactividade onde cabe um insuportável paternalismo do Pedro ou do Aníbal com a alma lusitana é inevitável que a coisa resvale para uma expectável ausência de ética e a nossa proverbial má-criação venha à superfície como a nata do leite. Sermos malcriados e dar nas vistas faz parte do nosso ADN pois isso nos permite ir ao café pedirmos uma bica e dizermos que acabámos de chamar gatuno ao primeiro-ministro ou filho da puta a um ministro qualquer. Paneleiro e cabrão também servem o propósito e o caso recente da paternalista comunicacão do Pedro, magoado por ter tido de anunciar desgraças aos portugueses, deu no que deu. Milhares de comentários no seu mural, com insultos para todos os gostos.

Por enquanto, parece-me ser de preservar a dignidade das instituições do Estado, independentemente das pessoas que os ocupam. Daí que me torne sensível a esta tendência modernaça de criar páginas de Facebook (murais, para usar o léxico adequado) a propósito de coisas sérias. Por muito que eu não goste de um primeiro-ministro ou de um presidente da república em exercício, confesso um genuíno constrangimento se e quando oiço chamarem-lhes filhos da puta em público.

O FB é um fenómeno de massas e como fenómeno de massas tem de ser entendido. Mais uma razão para que os nossos políticos usem de um módico de sensibilidade que lhes evite fazer figuras tristes. A menos que eles o não entendam…
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domingo, setembro 09, 2012

E pronto, é isto. Mas será que é preciso fazer um desenho?

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Decorridos quase 40 anos de gestão irresponsável e perdulária de sucessivos governos, a começar no do camarada Vasco e a acabar no do camarada Sócrates, em que se fizeram nacionalizações criminosas, investimentos ruinosos quando não mesmo inúteis, se concederam direitos insustentáveis, se subsidiou o parasitismo e o amiguismo, se fomentou o clientelismo e a corrupção, se destruiu a indústria e a agricultura nacionais, se lançou, enfim, o País para a pior bancarrota de que há memória, fico espantado com as reacções às novas medidas de austeridade que o Governo acabou de fazer.

Estavam à espera de quê? Acaso pensaram que o circo dos rendimentos mínimos, dos estádios do euro, dos aeroportos de Beja, das auto-estradas SCUT, das mordomias dos ex-Presidentes, das fundações fantoche, dos popós e cartões de crédito dos dirigentes públicos, dos submarinos de doca seca, e por aí fora, não seria um dia pago, e com altíssimos juros? Esperavam que fossem os contribuintes do Norte da Europa a sustentar a incompetência e o despesismo cá do Sul? Julgam-se especiais? Não, meus Senhores, pagaremos com suor e lágrimas pelos erros que permitimos que fossem cometidos até ao passado recente.

O Governo faz o que pode: honestamente, e como forma de contrabalançar o chumbo do Tribunal Constitucional ao corte dos subsídios de férias e Natal, aperta ainda mais o cinto da classe média, que é a única cujo contributo pode continuar a fazer inverter o que ainda em Abril do ano passado se estava na iminência de assegurar: o simples pagamento de salários da função pública e das pensões de reforma.

Espero bem que os passos já dados no controlo da despesa tenham adequada sequência: o tão propalado corte nas rendas excessivas, quase eliminação de subsídios para fundações privadas, extinção da totalidade das fundações públicas, forte controlo das prestações não contributivas, combate sem quartel ao enriquecimento ilícito, à corrupção e às baixas fraudulentas, proibição de compra de novos carros de representação, eliminação efectiva de todos os cartões de crédito no universo Estado, extinção de empresas públicas municipais, entre muitas outras.

A situação é dura? Claro que sim, mas mentirá quem disser que é fácil e não será de todo com os amanhãs que cantam, a prometer dinheiro que não existe, que alguma vez Portugal sairá da crise em que se encontra, bem pelo contrário.

Neste quadro, é simplesmente nojento ouvir esses socialistas que nos atiraram para a actual situação zorrar sobre a existência de uma “alternativa”. A alternativa deles, dessa esquerda sem vergonha que tem em Soares o mais descarado e senil expoente, foi a que nos conduziu ao descalabro de 2011.

Recuar agora, desistir, é simplesmente negar a realidade, é abrir a porta ao abismo que evitámos há um ano. E isso, não duvido, é, infelizmente, o que a esquerda todos os dias deseja que aconteça, pois que o desespero popular e a miséria social são o seu natural mercado eleitoral. Só nos cabe ser duros, perseverantes, e desconfiar dos slogans fáceis e do canto das sereias da sinistra...

Com a devida vénia ao Rui Crull Tabosa e um agradecimento por ter dito aquilo que eu passo a vida a dizer. Só que ele o fez melhor e mais sucintamente. Negrito da minha responsabilidade.
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sexta-feira, setembro 07, 2012

Sonhos mais esquisitos…


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Atirou-se resolutamente ao rio. Nunca nadara nem sabia sequer o verdadeiro significado de nadar. Mas já o vira fazer a outras espécies e concluiu que atirar-se ao rio e nadar seria a única forma de chegar ao navio ancorado a poucas centenas de metros do cais. Trapalhão, conseguiu chegar à corrente da âncora e aí, já sem qualquer dificuldade, dada a sua símia condição, trepou a corrente, ágil e lampeiro. Chegou ao convés e hesitou por não estar exactamente certo do destino do navio. Mas uma voz cava, vinda sem ele perceber donde, lhe disse, num linguajar que ele surpreendentemente entendeu, que aquele era o navio certo.

Durante dez dias percebeu que o navio se fizera ao mar e durante esses dias, escondeu-se a um canto do porão para dormir e alimentava-se durante o dia de castanhas e bacalhau, acamado em fardos, certamente mercadorias de exportação para o destino e que, providencialmente, lhe mitigaram a fome. De algumas torneiras do porão do navio, também jorrava água que ele percebera ser para lavagens e pôde derrotar a sede.

À chegada ao destino, escapuliu-se do navio sem dificuldade e desta vez nem precisou de nadar, tão acostado estava o navio ao cais. Dissimulando-se o mais possível entre veículos e pessoas indiferentes à sua presença, o macaco (pois de um macaco se tratava) cruzou o porto, os armazéns e fez-se à estrada. Percebeu, com agrado, o calor do ar que respirava, o que lhe parecia fazer sentido com a sua condição natural de espécie dos trópicos e caminhou ao longo dela, indiferente ao tráfego confuso mas que lhe dedicava a mesma indiferença. Durante alguns dias, vagueou por estradas, auto-estradas, pontes, viadutos, até decidir a embrenhar-se na vegetação que se lhe deparava e com a qual ele não contava. Cruzou rios, ribeiros e regatos e ia comendo frutos, sobretudo amoras que, talvez fosse o tempo delas, se lhe ofereciam nas frondosas e verdejantes árvores à sua passagem e que ele ia transpondo, ramo a ramo, galho a galho, copa a copa até deparar com um grupo de pessoas que, divertidas, pareciam comemorar qualquer coisa, já que comiam e bebiam e riam e cirandavam por uma espécie de pequena mata que lhe parecia um pequeno parque. Aí reparou na existência de uns macaquinhos irrequietos, pequeninas criaturas saltitando e assustando as avezinhas que esvoaçavam entre eles, sem se dar ao trabalho de ter medo e fugirem-lhes. Curiosamente, pareceu que podia entender os macaquinhos, muito mais pequenos que ele, mas falando uma língua igualmente símia, ainda que com uma entoação diferente a que ele, sem perceber bem porquê, achou graça. Mas ele sabia que rir estava destinado apenas aos humanos e, por isso, limitou-se a introverter o divertimento que lhe causava o estranho linguajar daquelas minúsculas e macacóides criaturas.

Sentou-se num galho, observando os pássaros, os macaquinhos, as borboletas e as avezinhas e, no chão, as tais pessoas. Reparou numa delas e, sem saber porquê, fixou-se mais nela. Não entendia o porquê, apenas sentia uma força estranha que o mantinha fixo olhando para essa pessoa até que, espantado, incrédulo e algo perturbado, reparou que essa pessoa tão depressa era pessoa como gansa. E, quando gansa, lhe sorria. Ágil, garbosa e envergando um lenço ao pescoço, só Deus sabendo o porquê. Gripe? Amigdalite? Ou simplesmente o ar garboso de ser? Coisa estranha, porque gansos, tal como macacos, não sorriem. Qualquer coisa lhe dizia que ela, essa pessoa e gansa, era a única que o conseguia ver, já que todos os outros relanceavam a vista pelas árvores do parque e não davam nota, sequer, de reparar nele. O tempo passou e o macaco, o grande, o da viagem, manteve-se calmo, sereno e confortado, olhando a palmípede humana que não se cansava de olhar para ele discretamente e sorrir. Sem perceber bem o que se estava a passar, e meio aturdido mas com uma sensação indizível de bem-estar e fruição, recostou-se um pouco melhor no galho e manteve-se olhando sempre para a gansa sorridente e que continuava a sorrir-lhe e, num momento muito breve, chegou mesmo a acenar-lhe e a murmurar qualquer coisa que ele não conseguiu entender.


Ele não percebeu quando, mas achou que devia ter adormecido. Porque acordou algum tempo depois no seu habitat original. Olhou em redor e não viu macaquinhos, nem borboletas, nem aves e nem amoras para comer. Muito menos a gansa, bem direita e de lenço ao pescoço. Via apenas, confuso e estremunhado, uma porção de mar em frente, batido pelo sol do fim de tarde e ouvia as vozes de passeantes de fim-de-semana e percebeu então que adormecera olhando o mar. Mais, olhou para o corpo e não viu quaisquer vestígios do macaco que sentira ter sido durante aquilo que, naturalmente, só poderia ter sido um sonho. Um sonho estranho e não mais que um sonho. Era agora um homem como os outros que passavam por ele.

E foi para casa, pensando no mistério do que nos irá pelo subconsciente para termos sonhos esquisitos como aquele. Já perto de casa, cruzou-se com uma pessoa conhecida que lhe disse boa tarde. Ele correspondeu mas…em vez de falar, grasnou. Assustado, correu para casa e foi tomar um duche.

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