Deplorável (2)
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Quando escrevi este post, estava longe de imaginar a repercussão que a pretensa gaffe de Romney iria ter nas redes sociais. Admiti que a coisa se ficasse pela pressurosa e publica RTP. Quando muito, o voluntarioso Costa Ribas faria a sua habitual diatribe na SIC e a coisa ficava por ali. Tão flagrante me parecia a tentativa, desajeitada, de Romney fazer humor com o fumo na cabina do avião.
Enganei-me redondamente. As televisões espremeram a «gaffe» e martelaram-nos consecutivamente com o episódio, na nobre e pública missão de nos informarem que Romney era burrinho de pai e mãe e que todos os republicanos não lhe ficavam a dever nada. Acompanhavam a coisa extensas explicações técnicas que metiam milibares, temperaturas negativas e até cultura cinematográfica, não fossem os portugueses ser tão burros como Romney. As agências noticiosas acompanharam a coisa e inundaram-nos com a notícia do jantar da burrice.
Esqueci-me, também, do FBook. Ali, cada um escreve o que lhe apetecer e os que não são figuras públicas atingem o pináculo da glória comentando nos posts de figuras mais conhecidas. Assim um bocadinho à maneira do que acontece na caixa de comentários do Blasfémias, sobretudo aos posts da Helena Matos. E assim se inundou o FB com um rosário patético de comentários a malhar nos americanos a propósito da burrice de Romney, nós que, como se sabe, somos um primado de cultura e conhecimento.
Resulta que a comunicação social, em geral, deu mais um exemplo de indigência profissional, não acredito que no meio de tanta notícia não houvesse alguém que tivesse percebido, «desde logo», que aquilo era um toque de humor do candidato. E no FB, foi patético ver a chuva de comentários sobre a burrice dos americanos e sobre os perigos do mundo vir a ser comandado por uma criatura primária, como Romney, um fulano que nem sabia que abrir as janelas dos aviões em pleno voo era muito perigoso.
Duplamente deplorável. Entretanto o Público lá acabou por fazer um desmentido, de tão óbvio que era ter sido uma piada. E consolou-me saber que eu também não estava sozinho.
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Etiquetas: comunicação social, orgasmos múltiplos socialistas
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