A manif
Esta foto já deve estar correndo o mundo. Uma mulher bonita e um polícia cool (ia a dizer bonito…) a mostrar como somos cíveis, atraentes e como as manifestações em Portugal valem a pena. Foto roubada de uma vizinha minha que muito prezo.
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A manifestação de ontem foi um imenso logro e estabelece desde já muita matéria de reflexão. Muito girou à volta de uma poderosa campanha de desinformação da nossa indigente comunicação social, obediente a um conceito de engraçadismo do Bloco e de uma esquerda pressurosa onde interessa tudo o que possa contribuir para um folclore modernaço, sem que lhes passe pela cabeça aquilo que deveria ser a sua obrigação. Explicar bem os contornos da trágica situação que nos coube em sorte, por mor da acção de um grupo de salafrários e respectivos caudilhos e caninos seguidores que o povo colocou no poder durante um período que só acabou quando os sinos repicaram, anunciando que já não havia dinheiro para os salários, reformas e medicamentos para o mês seguinte. Uma comunicação social que, sem pudor, não reportou a manifestação, mas antes se manifestou em sintonia com os manifestantes (e aqui é de salientar a unanimidade das três estações de televisão) e que me fez lembrar aquela «boutade» socialista de um ministro de agricultura vir para a rua juntar-se à multidão que se manifestava contra ele próprio.
Sem embargo de se ter assistido ontem a uma manifestação genuína, ordeira, pacífica (mesmo que aqui e ali com alguns pontos de desordem na forma tentada pelos arruaceiros de serviço) e, por uma vez, sem uma orientação visível dos suspeitos do costume, é confrangedor perceber a ignorância da realidade em que vivemos, do facto de este governo, ou qualquer que ele seja, não ter escolha nem vias estratégicas de desenvolvimento enquanto não pagarmos as dívidas do buraco em que os socialistas nos meteram. E não vale dizer que em matéria de buracos «eles são todos iguais», porque não são. Basta não nos distrairmos muito e saber como se passaram as coisas para perceber que independentemente de casos pontuais e de polícia, o Partido Socialista tem-se entretido a escaqueirar aquilo que os outros vão fazendo, à custa de promessas irrealistas e de práticas condenáveis. E se Guterres concorreu bastante para este estado de coisas, faça-se-lhe a justiça de ser um homem sério e que continuou a fazer pela vida depois de abandonar o barco, enquanto que no último consulado socialista tivemos um suspeito crónico que quase todos os dias aparecia envolvido nas mais abomináveis patranhas que, por demais conhecidas, me abstenho de mencionar, apesar das descaradas manobras da justiça para disfarçar e manter o homem a boiar.
Parece que agora temos, de novo, um governo de gente séria. Talvez lhe falte os cabelos brancos de Mira Amaral, talvez careça de habilidade e engenho para fazer as coisas com mais ourelo e sabedoria. Mas os erros corrigem-se e uma coisa é certa. Não há como sair desta situação sem equilibrar as finanças e passar para o exterior a ideia de que vale a pena o investimento estrangeiro. Tudo o que saia deste carril contribui apenas para o descrédito, desinformação e prejuízo da nossa comunidade. E a comunicação social, de uma vez por todas, deveria aprender a lidar com estas situações. Pôr a mão na testa, deixar-se de florilégios bloquistas e outros engraçadismos e contribuir para o bem geral, fazendo bem aquilo que lhes é exigido. Informar. E se querem alinhar em claques, têm sempre partidos onde se filiar ou clubes de futebol onde pagar as quotas. E para fantasias de amanhãs que cantam já temos os patetas do costume.
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Etiquetas: comunicação social, manifestação
1 Comments:
Muito bem!
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