domingo, setembro 27, 2015

Um país do absurdo


[5317]

De repente reparo em muita gente admirada pelo facto de Isabel do Carmo ter andado com explosivos. Presume-se que para matar gente e não gatos. A mim o que me surpreende é ver gente surpreendida. Eu lembro-me bem do reinado de Isabel de Carmo, uma terrorista encartada que sempre me causou repulsa, sobretudo aquando comecei a ver a sua imagem diluída em sucessivas entrevistas na TV e jornais, convertida em endocrinologista de mérito. Acabei por me habituar, ao fim e ao cabo Otelo também foi legalmente ressarcido dos seus crimes por Mário Soares e eu próprio conheci pessoalmente alguns membros das FP-25 entretidos alegremente a plantar ananases, numa localidade moçambicana, porque não podiam regressar a Portugal. Pela injusta razão que estavam envolvidos em crimes de sangue, imagine-se.

Neste estado de coisas e num pais como o nosso, em que o absurdo é um pouco como a Coca-Cola, entranha-se, já não se estranha, confesso que já nem pensava muito na tal Isabel  do Carmo. Ocorre-me agora um post do Porta da Loja (por qualquer razão um blogue com detalhada informação relevante sobre muitos dos figurões que hoje andam por aí, mas que pouca gente parece ler) escrito em 2013. Até aparecer agora a história dos gatos, que a «piquena» dinamitava porque detesta felinos.

Dela, confesso que não estranho a notícia, ainda que se deva salientar que os explosivos que ela normalmente transportava eram para matar gente e não gatos. Mas que, vejo agora, ela seja proeminente figura de um Partido que dá pelo magnânimo nome de Livre, onde navegam livremente figuras excelsas da nossa democracia como Daniel Oliveira, Ana Drago, Rui Tavares e mais uns quantos (onde milita ainda o filho de  Sampaio da Nóvoa, que eu não sei bem o que faz, mas é filho do outro…) é que já me causa engulhos. Mais engulhos ainda porque já ouvi A. Costa afirmar, por duas vezes, que um entendimento com o «Livre» não estaria fora das suas cogitações. Penso que A. Costa deveria ter o pudor suficiente para, sequer, proferir uma afirmação festas. Gente de esquerda, ainda tolero. Terroristas mata gatos, não.

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Truques e chicos-espertos


[5316]

Li o acórdão de Rui Rangel e Francisco Caramelo sobre o processo de Sócrates e arrepiei-me. Pela linguagem e pelo conteúdo. Mesmo ainda porque ouvi várias vezes Rui Rangel fazer de comentador na televisão e lembro-me do que disse sobre o assunto. Se na altura me repugnou o conteúdo e a forma do que dizia, agora essa repugnância passa a temor. E a incredulidade. Jamais pensei que entre instâncias judiciais houvesse lugar a este jogos florais, especialmente se estão em causa a defesa de um arguido e o interesse público de, neste caso, uns milhões de pessoas.

É evidente que não é crime ser imbecil ou parcial. Mas se se gera a suspeita de tais atributos relevarem de juízes, já a coisa muda de figura. E me faz pensar nos tempos abomináveis em que Sócrates era despudoradamente protegido, nos seus desmandos, pela justiça portuguesa. Chegou. É tempo de as coisas agora serem feitas como deve ser. E condenarem o homem, ou não, se o tribunal chegar à conclusão de que tudo o que ele é (ou vai ser, nem sei bem) acusado é uma pura invenção dos jornais. Mas ter de «apanhar» com estas pérolas desembargadas por desembargadores aparentemente uns gajos porreiros é que tem de acabar de uma vez por todas.

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Uns patetas, é o que é


[5315]

Estes suíços têm muito jeito para fazer relógios, chocolates, guardar os capitais do pessoal e falar baixinho nos eléctricos. Mas de justiça não percebem nada.

Que ideia é esta de «escarrapachar», com todas as letras, que Blatter pagou a Platini por serviços prestados? Não era muito mais curial dizer que Platini andava curto de massas e Blatter lhe emprestou uns trocos? Um par de milhões? Mas qual era a dificuldade? E Platini não tinha um tio, sei lá… em Interlaken, Lugano, Flims ou coisa assim, um primo qualquer a treinar Kung-Fu na China, uma ex-mulher no sul de França e uma quase em Zurich, uma entourage qualquer para afastar a suspeita de que tinha recebido um par de milhões por serviços prestados,mas sim porque precisava de desenrascar uns assuntos?

Vai-se a ver e ainda acaba acusado. E não me admira que depois não tenha um juiz bem intencionado que afirme que ele está a ser vítima de truques por parte do Ministério Público e de inconfessáveis interesses do juiz de instrução. Em acórdão, está bem de ver, que as verdades são para se dizer, oficialmente e sem direito a recurso. E um advogado de defesa marado para chamar nomes a toda a gente.

Estes suíços são uns ingénuos. Uns patetas de pai e mãe.

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sexta-feira, setembro 25, 2015

Desenhos pitorescos



Repare-se no ponto de exclamação à frente do PAF. Que PP, de resto, fez questão de salientar 

Foto do Paulo Pinto Mascarenhas

[5314]

Há umas quantas actividades que eu jamais poderia abraçar. De entre elas, árbitro de futebol e comentador político.

Penso e cultivo um forte de sentimento de solidariedade com Lobo Xavier, por exemplo. Como é que eu conseguiria ontem não agarrar num marcador e numa folha de papel e fazer um desenho que eu cá sei e dizer a Pacheco Pereira para o meter num sítio que eu também sei? E seria despedido na hora, claro, com justa causa.

Não há mesmo condições. Acho que o comentário político poderia até ser uma nobre e interessante actividade. Mas como lidar com gente ressabiada, de juízo obnubilado por carradas de ódio e frustração? Como é que eu conseguiria debater seja o que for com Ferreira Leite? Com que argumentos eu poderia dirimir um conceito ou opinião com o Pedro Marques Lopes, Adão e Silva ou Clara Ferreira Alves? Com Pacheco Pereira, haveria a vantagem de ele ser entendível, porque sempre usa um verbo escorreito e elevado. Já com os outros que referi, as dificuldades começavam logo no entendimento. Como perceber Ferreira Leite, se ela se expressa pior que o irmão a discutir futebol? E se desse um «desvairo» a Pedro Marques Lopes?

Bom, mas não sou nem nunca serei comentador político. Fico-me pela irritação de não conseguir, de todo, ignorar, de vez, estes comentadores/paineleiros. Porque às tantas só mesmo as magníficas séries americanas ou uma boa jogatana de futebol me prenderão à pantalha. E, que diabo, sempre gosto de saber o que vai por aí. Mesmo que já saiba o que muitos vão dizer.

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Lá, como cá


[5312]

Nisto os socialistas são inultrapassáveis. De olho vivo, não perdem a mínima oportunidade para achincalhar a direita da maneira que sabem fazer melhor. Chocarreira e inverdadeira. E sempre dirigida aos distraídos ou ignorantes.

Desta vez temos um candidato republicano a correr o mundo virtual colhendo likes e comentários quando afinal, bastava atentar num simples comentário, perdido entre milhares e que diz: -  the unfortunate meme that the Pope has an MS Chemistry should be corrected in the interests of accuracy. As stated on his official Vatican bio and elsewhere, he graduated from a technical high school with a certificate as a "chemical technician" and worked in that area briefly. He does have other advanced degrees in philosophy and theology ... but not chemistry.

Claro que a gente vai mesmo confirmar, vê a biografia do Santo Padre e rapidamente se apercebe da habilidadezinha. Shame on that fauna…

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quarta-feira, setembro 23, 2015

O Outono, de novo






Clicar na foto

[5311]

De todas as fotos que vi celebrando a entrada de mais um Outono, esta foi a que mais me sensibilizou. Não fosse o meu prezado amigo Paulo ser um notável fotógrafo. Por isso, sem lhe pedir licença, mas certo de que ele não se zangará, vou colocá-la no meu blogue. Porque todos os anos, sem excepção, escrevo umas linhas sobre o início da estação que mais gosto e sempre celebro. E assim, com a muleta do «memorando» que o FB me vai providenciando, escolhi este post de 23 de Setembro de 2012, faz hoje exactamente três anos, no intuito de fazer uma celebração razoavelmente preguiçosa. Texto escrito três anos atrás e foto roubada. Bom Outono para todos. E boas recordações, também *. E para a Ana, claro, que nunca me esqueço dela de cada vez que o calor vai bater a outras portas. E aqui fica o post.


«Todos os anos me deixo envolver pelo romantismo e pela poesia e simbolismo das folhas que caem para dar lugar às folhas que nascem. E pela indubitável beleza das cores da estação. Para mim, não há outra mais bonita. E na renovação das folhas reside o desejo secreto que algo se renove em nós, também. Mesmo porque os sentimentos mais enraizados agradecem a bênção da renovação, para que permaneçam genuínos e robustos. Porque, ao contrário do corpo, os sentimentos e os afectos não envelhecem. Todos eles estão sujeitos aos Outonos da vida de cada um de nós, renovando-se e robustecendo-se todos os anos. E se por cada folha caída sentimos que outra vai nascer é porque acreditamos neles e só isso é um sinal inequívoco de que estão de boa saúde e se recomendam.

Viva o Outono e tudo o que ele encerra. De beleza, poesia, genuinidade, renovação e de esperança.»


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Podemos estar descansados


[5310]

Depois de ler a tirada daquele que já é mais ou menos tido como o sucessor de Costa, no caso de este perder as eleições, não resisti e fui ver quem era este promissor jovem, já vice-presidente do GP do PS e membro da Comissão Permanente da Assembleia da República. E pasmei com o lastro do indivíduo. Pasme-se que aos 38 anos já foi Presidente da Assembleia de Freguesia de São João da Madeira, Deputado Municipal em São João da Madeira e Presidente da Federação de Aveiro da Juventude Socialista. Como se vê é um indivíduo que deve perceber imenso de défices e de contas do Estado. E estará certamente à altura para encarar de caras a pesada herança que a Coligação vai deixar.

Não sei se ria se chore. Ah! Já me ia passando outro pormenor. A criatura também foi Presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Dr. Serafim Leite e ainda Presidente da mesa da Reunião Geral de Alunos do ISEG.

Estamos garantidos para aliviar a pesada herança da Coligação. Que nisto de «aliviar» a riqueza nacional o PS é especialista. E com curricula deste jaez é tiro e queda.

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terça-feira, setembro 22, 2015

Ler, mas só com epidural




[5309]

 Isto está a tornar-se trágico.

«…Na capa, um bando de pombos de corrida. Esvoaçam dali para fora, escapulindo à justa de serem engaiolados na narrativa ventral. Haja alguém sensato no meio desta porcaria toda. Em Teu Ventre sai em Outubro, de cesariana. E consta que é menino. Ecografia disponível no site do artista, aqui…»

No Malomil.

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segunda-feira, setembro 21, 2015

Camaleonismo



[5308]

Não entendo bem porquê, mas vai por aí uma excitação grande pela vitória de Tsipras e do Syriza 2, como já lhe chamam. E é bem feito para o Varoufakis que ficou estilhaçado nos seus 3% de votos. Esta é a corrente actual dos nossos habituais comentadores e comunicação social em geral. Mais alguns bloguistas e adeptos do FB afinam pelo mesmo diapasão. De euforia.

Não percebo esta euforia. Tsipras é crescidinho e não creio que tenho mudado de cor por mor de uma epifania qualquer que tenha tido numa madrugada de insónia. Tsipras pensou e pensa no desenho de uma série de medidas que, em última análise se destinavam a destruir o establishment europeu e por isso e em nome disso se desdobrou em declarações, em actos e medidas, das quais nem uma visita a Putin faltou.

Perante a evidência e apesar da imensa paciência e bonomia dos seus interlocutores, resolveu mudar. Assim um pouco como o Mário Soares, quando achou que devia meter o socialismo na gaveta à espera de melhor oportunidade.

Não confio nesta gente que muda de ideias overnight. Mudar de pele só as cobras, quando estão velhas ou os camaleões quando precisam de atacar ou defender-se. Neste caso, Tsipras achou que era um jovem e houve por bem ajustar-se à realidade vestindo uma fatiota mais consentânea com a realidade. Está aqui, está de gravata. E quando a mudanças, nem cobras nem camaleões me inspiram confiança por aí além.


Mal por mal, antes Varoufakis. É um torcionário de ideias mas manteve-se fiel ao seu receituário. Perdeu votos, mas achou que um dia salvará o mundo. Fica-lhe bem e nós sabemos com o que podemos contar.

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domingo, setembro 20, 2015

Porque é nosso dever recordar


[5307]

A Helena Matos continua com o saudável hábito de escrever, bem, sobre temas candentes. No caso sobre uma das maiores tragédias que se abateram sobre os portugueses, com a particularidade de não terem sido provocadas por nenhum tsunami, terramoto ou guerra mundial. Foi provocada por gente sem escrúpulos, de má índole e sem qualquer respeito pela vida de pessoas.

Essas pessoas tinham e têm nome e a Helena tem a virtude  de os dar à estampa para que não nos esqueçamos da trupe vil e oportunista que se aproveitou de um movimento reivindicativo corporativo para levar a cabo uma das mais tenebrosas acções da nossa história. A memória descritiva da Helena dá um bom exemplo de como as coisas eram tratadas durante o processo de descolonização, a índole criminosa de muitos os seus fautores, uns por que eram loucos e criminosos de pai e mãe, como Rosa Coutinho, outros porque totalmente desprovidos do conhecimento mínimo que se exigia para tão delicada e importante missão, como a pataratice malévola e ignorante de um Mário Soares patético que jamais tinha posto um pé em África, salvo no seu exílio de S. Tomé e outros ainda, como Almeida Santos com um conhecimento perfeito das colónias que lhe permitia tirar partido e dividendos da situação. Não hesitaram em actuar da forma como a Helena descreve, ainda que resumidamente, mas com notável eficiência, sobretudo do ponto de vista da forma.

Frequentemente penso que este esquerdismo radical, cujo recrudescimento se tem vindo a notar recentemente, tem a seu favor o factor tempo. Várias gerações de portugueses têm já uma visão diluída do que foi o processo de descolonização e o abominável PREC. Por outro lado, por qualquer razão que me escapa (frequentemente por fluxo hereditário), a elite intelectual tem-se desdobrado na emulação do pensamento esquerdista, provavelmente assente em vários escândalos de corrupção durante estes 40anos de democracia, sem cuidar de perceber que a maior parte desses casos são feitos por gente iniludivelmente ligada ou em nome da esquerda, como Sócrates, Vara e outros de calibre semelhante. E isso ajuda ao aparecimento de políticos mais ou menos oportunistas e sem escrúpulos que vão formando Partidos mais ou menos messiânicos como o Syriza, o Podemos e, ainda recentemente, um inenarrável J. Corbyn no Labour do RU.

Finalmente, o tristemente exemplo de sermos um país com um atraso atávico em relação aos restantes países que convida e nutre uma fatia importante de eleitorado, onde medra ainda um musculado espírito comunista.

Uma brevíssima alusão ao facto de eu próprio, mesmo que bastante jovem mas já com bebés temporões ter passado por várias situações descritas pela Helena e, por isso mesmo, me sentir confortado sempre que se traz este tema a colação (nunca me esquecerei do conhecimento directo que tive de portugueses entregues pelas nossa FA aos movimentos de libertação para interrogatório …!!!... uma atitude que me ajudou muito à compreensão da tremenda fraude e do crime e traição que se estavam a desenrolar aos meus olhos), sobretudo quando estamos na iminência de entregar, de novo, o poder a um grupo de gente onde ainda se movimenta uma considerável parte dela, sem escrúpulos, de má índole ou, simplesmente, ingénuos. E que têm uma difícil relação com a liberdade, tal como no-lo lembrou um sindicalista há dias, reiterando a ameaça de Jorge Coelho há uns tempos de que quem se mete com o PS leva. É que leva mesmo

Obrigado Helena pelo seu excelente artigo. E que apareça alguém a desmentir o que diz.

Ler o artigo da Helena aqui. Todo, porque interessa até ao fim.

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sábado, setembro 19, 2015

Afirmação extraordinária





[5306]

É oficial. Galamba não é o tiranete estereótipo do PS, como lhe chamou VPV numa recente crónica, mas tão-somente um rematado idiota, possesso de um ressabiamento claro a aconselhar ajuda profissional. Por ele viemos a saber que a recente subida de Portugal no rating da Standard & Poors foi, deixa cá ver se não me engano no que ele disse, tão esmiuçada é a coisa, «uma desautorização a Passos Coelho e uma mensagem de confiança sobre um futuro Governo do PS». Qualquer coisa como isto.

É preciso realmente ter as sinapses a necessitar de rodagem, como as válvulas antigas dos motores antigos para proferir tamanha imbecilidade. Em linguagem mas clara, o que Galamba quis dizer é que a S&P subiu Portugal no rating não porque o actual governo tenha feito alguma coisa que o fizesse merecer mas porque confia que o PS vai ganhar as eleições.

Há uma afirmação corrente generalizada de que o povo não é estúpido. Pena que muitos de nós continuemos apostados em fazer dele estúpido. Galamba é um bom exemplo, com tal denodo que acaba por demonstrar ser mais estúpido do que aqueles que ele almeja que o sejam.

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quinta-feira, setembro 17, 2015

Pufff...


[5305]

Do que me apercebo é que Costa não percebe patavina desta chatice dos algarismos e muito menos de governação. Foi governante enquanto as coisas se escoravam na eminência de um carismático sociopata, o que lhe facilitava a acção e relevava a inoperância. Agora que as coisas fiam mais fino, acontece disto. O homem perde-se no debate e vai a correr fazer queixinhas a uma das luminárias do grupo de economistas (grupo de políticos, como disse Medina Carreira). E são eles que o aconselham a ir para as redes sociais dizer o que deveria ter dito no debate. Mesmo que isso soasse a uma fastidiosa retórica carente de substância. E ele, obediente qual sombra de Grey, foi.

Hoje dei algum alento ao meu tímido optimismo, relativamente às legislativas. Será preciso uma grande dose de tolice e um profundo espírito de claque para dar as rédeas do poder a A. Costa, um moribundo subproduto do socialismo que temos.

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quarta-feira, setembro 16, 2015

Vou acender uma velinha


[5304]

É oficial. Estou com medo que o PS ganhe as eleições. A contínua (e de longa data) campanha de intoxicação pública levada a cabo pela comunicação social atingiu hoje o absurdo, quando dou comigo a ouvir os noticiários das 13 a abrirem as hostilidades com um ruído enorme sobre a carta de Passos a Sócrates. A RR chegou ao ponto de, no sumário, fazer a pergunta: - Afinal quem é que chamou a Troika?

Isto é de uma desonestidade atroz, duma falta de contenção e de um total desrespeito pela opinião pública. Percebe-se e admite-se que qualquer órgão de comunicação social tem o direito de perfilhar a ideologia que entender e de preferir o Partido que lhe der na gana. Mas isso não lhe confere a prerrogativa de distorcer as coisas e manipular as pessoas, por via do poder de que dispõem. Para além de reflectir a suspeita, nítida, de que há interesses vários em toda esta história de favorecerem descaradamente o PS.

A questão da carta é tão cristalina, tão entendível, que custa a crer como é possível tanta demagogia e mentira manipulativa. Este episódio da carta, sendo de somenos, definitivamente chegou para que eu, finalmente, percebesse que tenho medo. Medo que este PS venha por aí outra vez.




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A carta


[5303]

Ainda há dias falei em qualquer coisa que me levou a apelidar o Público de jornal indecoroso. Hoje tenho de reciclar a opinião e acrescentar que além de indecoroso me parece fundamentalmente estúpido. Porque depois de ver o título (ribombante) da capa da edição de hoje e depois ler a carta, percebemos que:

-  Em 2011 o País não tinha dinheiro nem para salários e pensões (já se sabia, mas as pessoas andam distraídas);

- Ao contrário das raivas incontidas do PS (como, recentemente, aconteceu quando Costa prometia que se a TAP fosse privatizada ele depois desfazia o acordo), o PSD revela um elevado sentido de Estado, civismo e razoabilidade ao oferecer todo o suporte e colaboração se o pedido de ajuda externa fosse a decisão do Governo.

Mas o Público é assim. Tem tantas raivinhas como o próprio PS. Tantas que lhe toldam o discernimento. Acabou de prestar um notável serviço à Coligação. Ler a carta, abaixo.


Confidencial
Gabinete do presidente
Senhor primeiro ministro
Recebi hoje informação, da parte do senhor Governador do Banco de Portugal, de que o nosso sistema financeiro não se encontra, por si só, em condições de garantir o apoio necessário para que o Estado português assegure as suas responsabilidades externas em matéria de pagamentos durante os meses mais imediatos. Ainda esta manhã o senhor Presidente da Associação Portuguesa de Bancos transmitiu-me idêntica informação.
Estes factos não podem deixar de motivar a minha profunda preocupação.
Não desconheço que o Governo tem repetidamente afirmado que Portugal não necessitará de recorrer a qualquer mecanismo de ajuda externa e é certo que a competência pela gestão das responsabilidades financeiras do país cabe por inteiro ao Governo.

Não disponho de informação sobre as acções e diligências que o Executivo estará a desenvolver para assegurar o cumprimento dessas obrigações. Porém, é do conhecimento público a situação do mercado que a República vem defrontando, desde há vários meses a esta parte, bem como o facto de o sistema bancário se encontrar sem acesso ao mercado desde há mais de um ano.
Atenta a especial sensibilidade desta matéria e as gravíssimas consequências que decorriam para o nosso país de qualquer eventual risco de incumprimento, é essencial que o Governo garanta, com toda a segurança e atempadamente, adopção das medidas indispensáveis para evitar tal risco.
Nestas circunstâncias, entendo ser meu dever levar ao seu conhecimento que, se essa vier a ser a decisão do Governo, o Partido Social Democrata não deixará de apoiar o recurso aos mecanismos financeiros externos, nomeadamente em matéria de facilidade de crédito para apoio à balança de pagamentos.
Considerando a extrema relevância desta matéria, informo ainda que darei conhecimento desta carta confidencial ao senhor Presidente da República.
Com os cumprimentos,
[assinatura]
Pedro Passos Coelho

Lisboa, 31 de Março de 2011

Sublinhados meus

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terça-feira, setembro 15, 2015

As papas e os bolos


[5302]

Desde que Guterres declarou que não se recandidataria a Alto-Comissário para os Refugiados, aparece nas nossas televisões à cadência de uma torneira de lavatório pingando por defeito da válvula.

O homem fala a todo o momento. É fluente em português, inglês e francês. E diz sempre mal das decisões e atitude da União Europeia. Ou seja, diz o que convém, ele sabe bem o que a casa gasta, só precisa de abrir o menu e o impacto está criado para a candidatura à nossa PR, que ele deve andar com saudades do cozido.

E eu já não sei o que me irrita mais. Se ouvi-lo ou se exprobar mentalmente a atitude da nossa comunicação social. Como sempre, actua por impulsos e ao gosto do freguês.


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Já fede


[5301]

Provavelmente poderá parecer herético ter dúvidas sobre se os «Gato» têm graça ou acham que são engraçados. Não é de agora, de há muito que acho que os membros do grupo, com particular destaque de RAP, antes de serem humoristas são, sobretudo activistas. Fica na dúvida se são porque são, se são porque acham que vende ou se são porque sim.

Isto a propósito do novo programa (pomposamente, mas com uma conveniente falsa modéstia, comparado ao «Daily Show») dos GF na TVI, a que assisti por curiosidade, especialmente para ver se havia ali algo de novo. Não havia. Uma espécie de rábula do costume sobre a idiossincrasia nacional, a exploração do episódio da pizza de Sócrates e uma permanente atitude chocarreira sobre a nega de Passos Coelho, foi tudo quanto consegui lobrigar.

É o que acontece quando algumas personagens se auto classificam na categoria de «vacas sagradas», uma estirpe que medrou em Portugal com o aplauso generalizado da grei. E aqui cabem humoristas, jornalistas, comentaristas e outras figuras similares. Ao ponto de, no caso dos humoristas, basta dizer mal de um governo geralmente tido como de direita, porque se sabe que o povo gosta. E ri.

Já vi alguns episódios do RAP genuinamente divertidos e inteligentes. Acho, porém, que foi chão que deu uvas. O homem tem-se eclipsado gradualmente e até os indefectíveis parecem ser cada vez menos. Costumo dizer que todos os perus têm o seu Natal. Mesmo os grandes humoristas, como foi o caso do Herman, hoje por hoje, na minha opinião, o nosso maior humorista de sempre. Mas o Herman, pelo menos, perdido o chão firme da televisão, continua a encher salas de espectáculo por esse país fora. Toca viola, piano, canta e produz piadas sem usar da muleta, batoteira, das personagens que para renderem juros, basta que se diga mal delas. Duvido que o RAP consiga fazer o mesmo. A menos que ele ache que, numa qualquer manhã que cante por aí, lhe apareça um dos amigos de cada esquina e lhe ofereça um job a preceito.

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segunda-feira, setembro 14, 2015

Disparates avulso


[5300]

Quando oiço ali na TV (sim, trabalho com a TV em ruído de fundo) Marinho e Pinto a disparar em vários sentidos, nem sequer me impressiono muito, é tempo de campanha e esta gente excita-se imenso e acaba por dizer disparates. E Marinho e Pinto proferiu uma série deles, ainda que alguns deles tão inócuos como o Partido que ele fundou.

Mas eis que ele acaba a sua intervenção afirmando, preto no branco que esta Europa é tal e qual o que era a União Soviética. Marinho e Pinto, um homem mais ou menos pela minha idade, tinha obrigação de saber o que era a União Soviética e não deveria permitir-se dislates deste jaez. Eu poderia desfiar aqui uma série de diferenças entre a União Soviética e a Europa, mas nem sequer me apetece perder tempo com isso. Direi apenas que na antiga União Soviética, se Marinho e Pinto fizesse uma afirmação «ofensiva» como esta que acabou de fazer, ele já não saía do estúdio sozinho. E provavelmente não voltaríamos a ouvir falar dele.

Marinho e Pinto tem a obrigação de saber isto e rebole-se de conforto por viver numa Europa livre onde pode dizer o que lhe apetecer. Eu acho que ele sabe. Porque se não souber então é porque, de duas, uma. Ou é basicamente ignorante ou despudoradamente desonesto.

E.T. E de repente, o Papa Francisco acaba por admitir que vivemos num sistema socioeconómico mau (SIC), mas que há perigos de infiltração terrorista. Descobriu a cana para o foguete, digo eu.

Ai que Mário Soares zanga-se com ele…

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domingo, setembro 13, 2015

Quem tem filhas, tem coisas boas


[5299]

… e arrisca-se a receber prendas originais. E daí que eu tenha feito anos em Julho e elas me tenham dado uma prenda que só se materializou ontem, porque estive em lista de espera todos este tempo.

A prenda foi deliciosa. Porque (lá vêm as filhas outra vez…)...




... elas acham que eu fui um excelente piloto de velocidade (cof, cof, cof), mesmo que isso tenha acontecido numa altura em que a mais nova não era nascida e a outra andava de fraldas. E ofereceram-me então duas voltas de condução livre no Autódromo do Estoril num Porche Cayman S, um «brinquedo» que atinge os 283 Km/h e leva 5 míseros segundos para atingir os 100 km/h, à conta de 325 cv debaixo do capô do motor.

Fica a «reportagem». Não ultrapassei os 220 km/h e durante dois escassos segundos, que a curva «apareceu» logo ali. Percebi que se tivesse saído da parabólica mais rápido para atacar a recta da meta, poderia ter alcançado um pouco mais. Mas foi melhor assim.

Fica a confissão de que nunca tinha conduzido um Porche. Muito menos um Cayman S. É uma sensação gostosa. Para quem gosta de automóveis. E para quem não gosta, também.

Obrigado, filhotas. Um beijo. Fica a reportagem possível.




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O grilo falante da moda


[5298]

Palavra de honra que até acho graça à mocinha. Palminho de cara, expressão fácil e rápido raciocínio. Tem lá a cartilha encastoada, seja pela UCI do ISCTE seja pela herança genética, se bem que em nenhum dos casos se lhe deva assacar responsabilidades. Ninguém escolhe os pais e fica por explicar quem decidiu matriculá-la e escolher-lhe a carreira.

Mas a irritação não me vem propriamente dela. Vem do facto (e desmintam-me…) de que cada vez que chove, faz sol, arrefece à noite ou a coligação faz qualquer coisa que a CS acha risível e condenável, o que acontece mais ou menos de meia em meia hora, tenham de ir perguntar a Mariana o que é que ela acha. E a Mariana acha imenso. Arguta como é, já percebeu as forças dela e as fraquezas desta plêiade de repórteres da desgraça que nos consomem o quotidiano.

Hoje de manhã o tema era o PNR que, à semelhança do que aconteceu em várias capitais europeias, resolveu manifestar-se em Lisboa contra a entrada dos refugiados. Depois de vários comentários de escárnio sobre a manifestação dos fassistas, xenófobos, racistas e toda aquela gente de mau hálito que pertence ao PNR, a quem é que a comunicação social ia pedir opinião? Quem? Bingo. Ela, A Mariana. Que debitou os chavões do costume e sossegou as nossas consciências.

Declaração de interesses: Não sou do PNR e é-me rigorosamente indiferente o que pensam ou dizem. Reajo apenas a esta espécie de grilo falante da consciência nacional a que a Mariana, para o bem ou para o mal foi alcandorada.

Vou fazer um café, para me tirar o mau gosto da boca.

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Basta querer


[5297]

Uma das primeiras notícias do bloco matinal da RTP. Este vídeo que se não prima pela originalidade da coisa, prima pela quantidade. Circular em Luanda é complicado. Viver em Luanda é pior ainda. É do conhecimento geral que o país atravessa graves dificuldades financeiras que estão a reflectir-se em vários sectores da economia. Neste caso, parece que cerca de mil toneladas de lixo por dia ficam por recolher, por falta de verbas.

Quem conhece o país sabe bem como o Verão que se aproxima, quente e chuvoso, irá agravar substancialmente o problema. Que chova pouco. Que o petróleo suba. Ou que os angolanos percebam os perigos da dependência de uma economia assente no petróleo.



Há madeiras ricas no Maiombe e Moxico, há abundância de peixe trazido pela corrente fria de Benguela, há ferro em Cassinga, diamantes nas Lundas, café no Uíge, Quanza-Sul, Ganda e Chicuma, algodão em Malange, Catete e Sumbe, óleo de palma no Massabi, Gabela, Denda e Porto Amboim, arroz na Quibala, Malange, Cunhinga e Kunge, frutas de todo o género em Benguela e na Huíla, hortícolas na generalidade do território, turismo potencial num dos mais belos e diversificados territórios africanos que oferece a floresta equatorial, a selva tropical, a anhara planáltica, o deserto do Namibe, a montanha na Leba e no Wako, as praias em Luanda, Benguela e Namibe, a fauna específica como a palanca negra e a pacaça e um povo alegre e hospitaleiro, há um somatório de recursos que poderão fazer de Angola uma das principais potências económicas do continente africano. Que isso se materialize num futuro próximo. Basta querer.



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sábado, setembro 12, 2015

Abram alas







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Da mesma forma que a comunicação social «fritou» Seguro em lume brando, até deitar o unto fora com o pobre lá dentro, tenta agora fazer o mesmo com Passos Coelho. Não será, provavelmente, com a mesma facilidade, mas inegavelmente o tenta. As razões porque o faz é que, pelo menos para mim, não são bem claras. Não acredito que todos os jornalistas se perfilem laboriosa e freneticamente à condição menor de boy, o que me preocupa ainda mais. Porque remete para a consolidação da ideia de que uma considerável parte dos jornalistas são mesmo estúpidos ou, numa versão mais benévola, estão a enlouquecer aos bocadinhos. Porque queimar Passos para emular Costa, um indivíduo claramente limitado do ponto de vista técnico, intelectual e ético, cuja única virtude parece ser o seguimento canino das estratégias e idiossincrasias do seu antigo chefe, não pode ser considerado uma atitude inteligente e, muito menos, moral. 

Ainda hoje as notícias do Público (um jornal já reconhecidamente indecoroso) sobre as «Legislativas 2015» eram de que Passos não pediu desculpa nem mostrou números, Passos e Portas travados por lesados do BES e professores, Costa diz que a Troika só vai embora quando este governo acabar (sem link, parece que esgotei os artigos a que tenho direito sem assinatura), assim como parece ter-se tornado verdade que foi o PSD que chamou a Troika, e não o PS no dia 6 de Abril de 2011, depois de Teixeira dos Santos ter percebido que para esse mês (ou para o seguinte) já não havia dinheiro para salários nem pensões, uma situação aviltante que permanecerá na minha memória. Hoje, muitos portugueses acreditam genuinamente que a culpa de tudo isto foi do PSD e não do PS e das loucuras e actos venais de Sócrates.

Espero, genuinamente, que o PAF ganhe as eleições. Não porque tenha uma particular simpatia quer por Passos quer por Portas, mas porque hei de reconhecer que ambos protagonizaram uma legislatura de excepcional dificuldade, incluindo um declarado antagonismo da CS e de um grupelho de descontentes, como Ferreira Leite, Pacheco, Júdice, Capucho e, até, o astuto Marcelo, de um grupo mais ou menos psitacídeo como Ana Lourenço, Adão e Silva, Costa Pinto, Adão e Silva, Pedro Marques Lopes, Clara Ferreira Alves, Constança Cunha e Sá e mais uns quantos, tendo ainda assim conseguido reverter um situação caótica que nos foi legada por um aventureiro perigoso, suspeito mesmo que um sociopata provinciano que, alegadamente, delapidou, a riqueza nacional em seu proveito. E relançado a economia e a boa imagem internacional, coisas que só podem tornar-me satisfeito.

A tragédia é que, ao que parece, a pantomina continua e se ouve os aplausos de muita gente. Pelo que, se o PS ganhar as eleições, não temos que nos queixar senão de nós próprios. E os que não batem palmas à passagem da procissão de orates que por aí vai, aqueles que conseguem manter-se cingidos aos factos incontornáveis à frente do nariz, seremos apelidados de fassistas ou, numa versão benévola, de idiotas mais ou menos mal informados e com a pobreza de espírito própria dos incultos e dos obscuros.

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