Truques e chicos-espertos
Li o acórdão de Rui Rangel e Francisco Caramelo sobre o
processo de Sócrates e arrepiei-me. Pela linguagem e pelo conteúdo. Mesmo ainda
porque ouvi várias vezes Rui Rangel fazer de comentador na televisão e
lembro-me do que disse sobre o assunto. Se na altura me repugnou o conteúdo e a forma do que
dizia, agora essa repugnância passa a temor. E a incredulidade. Jamais pensei
que entre instâncias judiciais houvesse lugar a este jogos florais, especialmente
se estão em causa a defesa de um arguido e o interesse público de, neste caso,
uns milhões de pessoas.
É evidente que não é crime ser imbecil ou parcial. Mas se se
gera a suspeita de tais atributos relevarem de juízes, já a coisa muda de
figura. E me faz pensar nos tempos abomináveis em que Sócrates era despudoradamente
protegido, nos seus desmandos, pela justiça portuguesa. Chegou. É tempo de as
coisas agora serem feitas como deve ser. E condenarem o homem, ou não, se o
tribunal chegar à conclusão de que tudo o que ele é (ou vai ser, nem sei bem)
acusado é uma pura invenção dos jornais. Mas ter de «apanhar» com estas pérolas
desembargadas por desembargadores aparentemente uns gajos porreiros é que tem
de acabar de uma vez por todas.
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