domingo, setembro 27, 2015

Um país do absurdo


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De repente reparo em muita gente admirada pelo facto de Isabel do Carmo ter andado com explosivos. Presume-se que para matar gente e não gatos. A mim o que me surpreende é ver gente surpreendida. Eu lembro-me bem do reinado de Isabel de Carmo, uma terrorista encartada que sempre me causou repulsa, sobretudo aquando comecei a ver a sua imagem diluída em sucessivas entrevistas na TV e jornais, convertida em endocrinologista de mérito. Acabei por me habituar, ao fim e ao cabo Otelo também foi legalmente ressarcido dos seus crimes por Mário Soares e eu próprio conheci pessoalmente alguns membros das FP-25 entretidos alegremente a plantar ananases, numa localidade moçambicana, porque não podiam regressar a Portugal. Pela injusta razão que estavam envolvidos em crimes de sangue, imagine-se.

Neste estado de coisas e num pais como o nosso, em que o absurdo é um pouco como a Coca-Cola, entranha-se, já não se estranha, confesso que já nem pensava muito na tal Isabel  do Carmo. Ocorre-me agora um post do Porta da Loja (por qualquer razão um blogue com detalhada informação relevante sobre muitos dos figurões que hoje andam por aí, mas que pouca gente parece ler) escrito em 2013. Até aparecer agora a história dos gatos, que a «piquena» dinamitava porque detesta felinos.

Dela, confesso que não estranho a notícia, ainda que se deva salientar que os explosivos que ela normalmente transportava eram para matar gente e não gatos. Mas que, vejo agora, ela seja proeminente figura de um Partido que dá pelo magnânimo nome de Livre, onde navegam livremente figuras excelsas da nossa democracia como Daniel Oliveira, Ana Drago, Rui Tavares e mais uns quantos (onde milita ainda o filho de  Sampaio da Nóvoa, que eu não sei bem o que faz, mas é filho do outro…) é que já me causa engulhos. Mais engulhos ainda porque já ouvi A. Costa afirmar, por duas vezes, que um entendimento com o «Livre» não estaria fora das suas cogitações. Penso que A. Costa deveria ter o pudor suficiente para, sequer, proferir uma afirmação festas. Gente de esquerda, ainda tolero. Terroristas mata gatos, não.

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