quinta-feira, março 10, 2016

Os patetas e os sonsos



[5379]

A forma como os socialistas se apressam a assenhorear-se do conteúdo do discurso do novo Presidente da República diz bem da indigência cultural e má consciência socialistas. Tudo o que se relaciona com feridas para sarar, consensos, paz, solidariedade, pontes, alargamento de opiniões é cirurgicamente aproveitado para uma colagem descarada a um conjunto de fenómenos que não só são alheios à génese socialista como, pelo contrário, são estrategicamente utilizados.

É confrangedor verificar como os socialistas brandem aquelas bandeiras e se arvoram em vítimas dos neoliberais (um palavrão que muitos deles conhecem apenas de ouvir falar) que nunca se prestaram ao consenso, Ainda ontem uma conceituada pivô da SIC, Clara de Sousa de sua graça, perguntava, convicta e segura, a José Matos Correia se não achava que quando Marcelo falava em sarar feridas, consensos e beijinhos não estaria a fazer uma crítica velada ao PSD e ao CDS. Matos Correia, com paciência e bonomia explicou-lhe, polidamente, que não, pelo contrário, era bom que as pessoas soubessem que nunca o PS, no Poder, se prestou a qualquer tipo de consenso ou a sarar feridas. De resto, feridas que eles próprios se empenham em provocar e infectar. Já na oposição, retomava a ladainha. E o que é grave é que ladainha convence as Claras de Sousa e correlativos. Ou não… e passamos a estar perante um bando de sonsos.

Em qualquer dos casos é lamentável esta patética demonstração de «marcelismo» que vai combater aquilo que os socialistas, eles próprios, diligente e irresponsavelmente provocaram.


*
*

Etiquetas: , ,

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Calma, que se vai contar tudo outra vez


[4071]

De repente parece que a trafulhice/incompetência/laxismo/you name it que conduziram à triste figura deste governo ter contribuído para que umas centenas de milhar de cidadãos não pudessem exercer o seu elementar direito de voto, deu lugar a um frémito suave, assim a resvalar para uma erecção matinal serôdia, percorrendo a blogosfera a propósito de uma possível recontagem de votos das presidenciais.

Há quem se excite com uma ainda possível derrota de Cavaco Silva, há um mundo de hipóteses em aberto, há mesmo, como este meu bem estimado e apreciado confrade, quem ache que em Cacilhas roubaram votos a Manuel Alegre. Manuel Alegre que, ao que parece, está «missing in action».
.

Etiquetas: ,

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Esmiuçar


[4039]

Ricardo Araújo Pereira não sabe, ou não percebe, mas é claramente um humorista do regime. Daí que paute o que diz, a sério ou a brincar, pelos superiores interesses do mesmo. Está há uns quantos minutos a dizer (Governo Sombra na TSF), desta vez a rir porque o riso é supostamente o mundo dele, que está preocupado com o que vai acontecer a este povo, porque Cavaco foi eleito com o menor número de votos de sempre. Entre uma galeria de argumentos de que nem Catilina ousaria lembrar-se e que não vale a pena repetir. Esta parte do menor número de votos de sempre não foi bem a rir, Ricardo diz isto a sério e convencido do que está a dizer.

Também disse que votou em Alegre. Porquê? Porque, olhando para os candidatos, Alegre era o democrata. E, por isso, Ricardo votou no democrata. Julgo que RAP nasceu já depois de umas quantas tropelias democráticas que Alegre levou a efeito, mas isso não conta. RAP acha que Alegre é um democrata e pronto. Mesmo que seja por ouvir dizer. Ou porque leu uns poemas. Ou uns livros. E isso para ele, chega. Quanto às tropelias democráticas de Alegre, eu poderia «esmiuçar» aqui a RAP algumas delas. Mas não me apetece. Ele que leia mais. Que esmiúce.

.

Etiquetas: ,

O verniz


[4038]

Dum comentário que deixei num confrade muito estimado e que por se ajustar a alguns outros confrades que me privilegiam com a sua amizade e leitura, resolvi transformar em post.

- Até ver e salvo «alteração aos estatutos», em democracia ganha quem tiver mais votos. De resto, por um voto se ganha. O exercício recorrente que se faz sobre reacções subconscientes do eleitorado, seja em votos nulos, de protesto ou mera abstenção é perfeitamente inócuo na essência do conceito.

Acresce que na maioria dos casos este exercício se ancora na necessidade (por vezes difícil de entender porque provinda de gente escovada) de se justificar resultados que não são exactamente aqueles que gostaríamos tivessem acontecido, ainda que eu admita que não seja o caso vertente. Cavaco Silva é um caso gritante de como a maioria de um povo vota nele e de como o verniz intelectual acha que esse povo foi uma grandessíssima besta, o que é um manifesto exagero, que nem a morte de Mark Twain. Mas a democracia é assim. E o verniz, também. A democracia tem-se aguentado. O verniz... de vez em quando estala.

.

Etiquetas: ,

Não há muito mais a dizer...


[4037]

Não vou perder muito tempo com o resultado das eleições. Apenas desfio umas quantas reflexões:

1 – Cavaco Silva ganhou bem. Porque teve a maioria dos votos e, tanto quanto julgo saber, ainda é assim que se ganha as eleições;

2 – Cavaco Silva fez uma campanha limpa, educada e elegante, mau grado não ser reconhecidamente um tribuno para inflamar as hostes como as hostes gostam de ser inflamadas. Ignorou as diatribes dos outros cinco candidatos, «marretas» de serviço ao guião, com a honrosa excepção ao candidato comunista que, seguindo embora as linhas programáticas, pelo menos não perdeu a compostura e mostrou ser uma pessoa educada;

3 – Cavaco Silva deixou-se empolar no discurso da vitória e não resistiu em reagir à vileza da campanha. Poderá ter sido um pouco excessivo, reconheço, mas se ele falou na vileza é porque não há como ignorar que a campanha foi vil - e há alturas na vida em que é preciso chamar os bois pelos nomes;

4 – O folclore da negação da vitória de Cavaco Silva começou segundos depois de se conhecer a projecção dos resultados. Foram tantos os «paineleiros» que de imediato sonegaram o mérito do vencedor para falar em abstenção, problemas de carácter não explicados e o facto repetido à exaustão de que um candidato presidente ganha sempre, que às tantas parecia que Cavaco tinha perdido. Ricardo Costa na SIC Notícias cumpriu bem o seu papel, com aqueles olhitos de esquilo travesso do Central Park e babando-se de vaidade. Também me ficou na retina Miguel de Sousa Tavares, com aquele ar de úlcera péptica e que perorou sobre o ar de «vendetta» de Cavaco. Ficamos assim. E entre a galeria dos preclaros críticos, não posso ainda deixar de referir D. Januário Torgal Ferreira. Na graça do Senhor, na doçura e esperança da Salve Rainha, Mãe de Misericórdia e com a expressão dos degredados filhos de Eva, bolsou uns quantos disparates coléricos sobre a figura do chefe – na circunstância, Cavaco Silva, que é Comandante Supremo das Forças Armadas, onde Torgal Ferreira presta serviço como Bispo;

5 – Dos líderes partidários saliento o discurso inteligente de Sócrates, quando frisou bem que o povo português escolheu a continuidade. Esperemos que o povo seja um bocadinho mais inteligente e que no caso dele não queira a continuidade;

6 – Francisco Louçã tem, necessariamente, que ir ao médico. As veias do pescoço incham, os olhos querem saltar das órbitas, a face ruboriza-se e o homem está claramente à beira de uma crise apoplética um destes dias. Não há que perder muito tempo com semelhante defunto;

7 – Os jornalistas foram iguais a si próprios. A parte cómica foi o homem da SIC, de moto, gritando, com a voz entaramelada pelo frio, que ia tentar que Cavaco baixasse o vidro e dissesse qualquer coisa, 24 de Julho a abaixo. Não sei bem o quê, estava tudo dito. Cavaco não baixou o vidro e o carro acelerou. Uns ingratos, estes presidentes da república;

8 – No país dos «Magalhães» e do Simplex a coisa tinha de dar bota por força da nossa tendência para complicar o que é fácil. Isto nas mesas de voto. Fica por perceber se «a coisa» se ficou a dever à nossa proverbial incúria ou se fez parte de um programa bem mais sofisticado para aumentar a abstenção. Mas também já pouco interessa. De incúrias, estamos esclarecidos e de como os socialistas «salivam» para se meter nestes planos, estamos elucidados.

9 – Eu acho que tanto Carlos César como Santos Silva deveriam demitir-se. Isto se tivessem um pingo de saliva na boca. Terão?

10 – Não é fácil ser prior nesta freguesia. Que não falte a Cavaco Silva o engenho e a saúde para estes cinco anos complicados que aí vêm.

.

Etiquetas: ,

sábado, janeiro 22, 2011

Dia de reflexão


O Pensador . Versão Tuga

[4035]

Deixa-me cá reflectir. Mas reflectir em quê, valha-me Deus?
.

Etiquetas: , ,

domingo, janeiro 16, 2011

Afixe-se?


[4028]

Isto dos blogues foi uma grande invenção. Cada um diz o que quer e sobra-lhe tempo. E acho muito bem porque para isso é que se inventou a roda, o fogo e a liberdade de expressão.

Só é pena que muitos a usem a pontapé, sem compostura e, mais grave, fazendo tábua rasa dos mais elementares princípios da elegância e da honestidade intelectual.

Aqui, por exemplo, (não consigo lincar o post, apenas o blogue, mas é post de hoje) onde, aparentemente, só a simples menção do vocábulo «cavaco» causa eripsela, foram publicadas dez «figuras do povo». Gente estimável como Idi Amin, Bokassa, Salazar, Hitler, Ceausescu, Staline, Saddam Hussein e outras figuras de alto gabarito que não valem a trabalheira de ir ao blogue outra vez confirmar, foram alinhadas como figuras do povo. Porquê? Porque Cavaco disse que era do povo, coisa que, salvo melhor opinião, me parece ser evidente. Pois foi suficiente para ser alinhado com déspotas, carniceiros, criminosos, genocidas e até canibais.

Esta atitude é de um evidente mau gosto e de um total desrespeito pela figura de um homem que, provavelmente, virá dentro de dias a ser Presidente da República Portuguesa. Que não se goste da criatura, tudo bem, que se misture gente decente com aquela mostrada nas fotos vai uma distância de dimensão sideral. Para além de que, povo por povo, talvez não fosse mal «alembrado» contar as vezes que insignes figuras do socialismo (Soares, Almeida Santos, Sócrates e o candidato Alegre) usaram a palavra povo. São bem capazes de ganhar por goleada…

.

Etiquetas: ,

sexta-feira, janeiro 14, 2011

Não há pachorra



Constituição da República Portuguesa

Artigo 286.º
Aprovação e promulgação


1. As alterações da Constituição são aprovadas por maioria de dois terços dos Deputados em efectividade de funções.

2. As alterações da Constituição que forem aprovadas serão reunidas numa única lei de revisão.

3. O Presidente da República não pode recusar a promulgação da lei de revisão.


Manuel Alegre não é só um medíocre poeta emproado. É muitas outras coisas. Dumas não tem culpa, doutras, poderá também não ter, mas tem idade e tarimba suficientes para poder ter percebido algumas realidades que claramente lhe passam ao lado. Ainda, dizer que uma parte substancial do seu carácter foi enformada pela atmosfera circunstancial que rodeava quem viveu e estudou em Coimbra nos anos sessenta, também não pode justificar tudo. Muito menos a atroz (e imperdoável) ignorância e impreparação para um cargo como o de presidente da república. Mesmo que a república seja portuguesa o que, a priori, concede uma generosa flexibilidade aos candidatos, pelo menos avaliando o que temos visto na campanha.

Manuel Alegre pode ser até impreparado e ignorante. Mas devia ter o cuidado de se informar melhor. Que é o que uma pessoa intelectualmente honesta faz quando não domina uma matéria. Só isso e o seu insuportável provincianismo justificam tiradas destas. Acresce que os portugueses não têm culpa nenhuma. Mesmo aqueles que gostam de Alegre. Ou até os que não gostam nem desgostam, antes pelo contrário, mas vêem no poeta (!!!) uma forma de combater Cavaco. Cavaco, o filho de um «gasolineiro» de Boliqueime, que come bolo-rei com a boca toda, diz que plantou batatas em miúdo, que não tem tempo para ler jornais, não tem dúvidas e raramente se engana. Dá para acreditar que as agências de marketing da campanha alegre até estes fantasmas ressequidos e mumificados pelo tempo foram buscar ao boião?

.

Etiquetas: , ,

terça-feira, janeiro 11, 2011

Speaking where is the wisdom, let it be...


Vai por mim, Francisco Anacleto, dou uma mãozinha ao Presidente e ainda aliviamos a situação do país. Vai por mim, Francisco...

[4022]

«...Se o Presidente quiser interromper a campanha para fazer diligências junto de Chefes de Estado e entidades europeias para explicar que a subida dos juros da dívida é artificial, que não corresponde à situação do país, que é uma injustiça, terá o meu apoio...».

Foi Manuel Alegre que disse isto. Juro. Seja ceguinho. Em Leiria. Junto de alguns apoiantes. Que os há, eu sei.

.

Etiquetas: ,

sábado, janeiro 08, 2011

De repente, são «fait divers»


[4018]

Isto é extraordinário. De repente, as exigências que se fazia a Cavaco, as reportagens inflamadas onde aparecia, colérico, Manuel Alegre a dizer que «ele» (Cavaco, está bem de ver) tinha de explicar a compra e a venda das acções, tornaram-se num quadro cordato, calminho, contemporizador, com uma série de jornalistas e bloggers afirmando que tanto Cavaco como Alegre são políticos muito sérios, e os casos que vinham a dominar a política nacional não passam de fait divers. Isso acabou de ser corroborado até por aquela senhora morena, bonita e simpática, Felisbela Lopes, da Universidade do Minho (essa mesmo, aquela que caguega um bocadinho nos egues e faz comentário da imprensa na RTP) que quase en passant, disse aquilo mesmo. Fait divers que só servem grupos políticos e contribuem para a descredibilização dos políticos. E passou à fguente. Foi pena porque gosto de Felisbela e sempre apreciei o seu estilo e a substância do seu comentário.

Abençoadas Purdeys!

.

Etiquetas: ,

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Esta gente não presta mesmo


[4016]

O estrilho que vai por aí com as acções de Cavaco Silva tem a ver com tudo menos com a tentativa de ele não ser reeleito. No fundo, até os terroristas verbais de serviço no Bloco sabem que Cavaco vai ganhar e limitam-se a aproveitar o tempo de antena para fazer a única coisa que sabem fazer. Ser rudes e malcriados. O melhor mesmo é não lhes ligar nenhuma e deixar isso para os jornalistas jovens que precisam de mostrar serviço.

Já com o PS, a coisa fia mais fino. Esta colagem do episódio de um pseudo assassinato de carácter aos episódios recentes de Sócrates não é inocente. Serve para provar que qualquer pessoa séria pode ser atacada por «campanhas negras». Cavaco hoje, Sócrates, ontem. António Costa ontem, na «Quadratura do Círculo», até lhe fremia o hímen ao enveredar por essa estratégia. Dizia ele, sem se rir e com aquele ar autárquico que Deus lhe deu que o País não pode andar de campanha em campanha a discutir o carácter dos candidatos.

Cabe perguntar a António Costa quem é que anda a discutir o carácter de Cavaco. O que se anda a fazer é convergir o debate da campanha para o episódio das acções, para o que Alegre anda a fazer uma triste figura nos intervalos dos seus «textos literários» de publicidade e das sua cogitações anti-imperialistas, pensando no que se há-de fazer agora, ultrapassada que está a necessidade de dar uma arma a cada combatente da liberdade para matar portugueses, a caminho da revolução socialista (isto de se ter mais de cinquenta anos e boa memória é uma chatice para esta rapaziada socialista soixante-huitard).

É de acreditar que as pessoas não andam distraídas e não vão misturar esta estratégia de ataque a Cavaco Silva às tropelias (vamos chamar tropelias…) do inenarrável Sócrates. José Manuel Fernandes tem mesmo razão. Esta gente não presta.

.

Etiquetas: , ,

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Está-lhes nas tripas - Take 2


clicar na imagem

[4015]

Manuel Alegre, com aquele ar assertivo de quem foi do reviralho e representa agora a estirpe impoluta que preserva o país dos vigaristas, poderosos, gananciosos, mentirosos e blá blá blá, disse que não fez publicidade para o BPP. «Aquilo» era um texto literário, falava de espingardas especiais de corrida e da relação das pessoas com o dinheiro, mas era um texto literário. Vai daí os malandros do BPP aproveitaram o texto literário e pimba, prantaram o nome do banco por baixo do texto literário que é para isso que os textos literários servem, entre outras coisas, sobretudo se o autor do texto literário é um literário deputado à Assembleia da República. Como, pelo menos à altura, o pessoal do BPP era gente de bem e pagava as contas resolveu mandar um cheque a Manuel Alegre pelo texto literário, aparentemente usado à sorrelfa para publicitar o banco. Manuel Alegre, que não gosta destas coisas, muito menos de receber cheques por textos literários, pimba, devolveu o cheque à procedência. Não sei bem o que aconteceu entretanto ao texto literário porque Manuel Alegre não disse. Mas ele, Alegre, já desconfiado que daí a una anitos o Banco ia ter problemas, ou acometido de inconfessáveis pruridos, devolveu o cheque. Mas depois, parece que não foi bem assim. De repente, Manuel Alegre, a insistências de um jornalista mais afoito, lembrou-se que afinal não tinha sido um cheque coisa nenhuma, tinha sido um depósito feito à sua ordem. E quando ele descobriu que o seu saldo engordara por mor do texto literário, assinou um cheque dele, pessoal e deu à secretária para devolver ao banco. Quando o jornalista perguntou a Alegre se entretanto o cheque tinha sido descontado, Alegre diz que não se lembra. O jornalista insiste e pergunta se Alegre não notou, pelo saldo que o cheque tinha sido descontado. Alegre dá-lhe três coisas e berra que VAI VER, quer ter a certeza. Vai indagar, que ele quer um país limpo. Era o que faltava, era que o banco não tivesse recebido o cheque de volta porque os textos literários não têm nada que ser pagos. Por isso Alegre vai indagar e pôr tudo em prato limpos. Limpo é o seu ethos e era mesmo só o que faltava que o cheque não tivesse sido descontado. Ai deles, os do gang do BPP, que não tenham descontado o cheque. A não ser que Alegre, entretanto tenha outra branca. Ou melhor, outra preta e se lembre que afinal não foi um depósito, nem cheque, sei lá, quem sabe foi uma transferência conta a conta ou foi em numerário, uma maçada, vá lá agora um cidadão lembrar-se se a conta ficou reduzida em mil e tal euros, ou mais gorda ou quem sabe se não terá recebido em espécie… uns chatos estes jornalistas. E se a secretária ficou com o dinheiro?

Bom, Alegre vai pôr tudo em pratos limpos. Porque limpo is his middle name.

.

Etiquetas: , ,

quinta-feira, dezembro 30, 2010

Deus nos guarde e nos ilumine pela «doutrina social da igreja»


[4005]

A esquerda institucional não é o verdadeiro problema de Portugal. Tanto o PCP como o Bloco são dois Partidos tendencialmente sujeitos à erosão natural que o progresso, a literacia e, porque não dizê-lo, um esperável desenvolvimento do espírito de cidadania em Portugal, lhes causam e acabarão por conduzi-los inevitavelmente ao desaparecimento. O verdadeiro problema reside mais no que eu chamaria a mentalidade de esquerda, uma mentalidade que gera nos seus mentores um sentimento de superioridade moral e de convencimento da sua inevitabilidade como condutores da massa inane que, por razões não completamente esclarecidas para a esquerda, não acedeu à virtude suprema do iluminismo de que ela se considera legítima e única herdeira. E se a massa é inane, a esquerda sente que tem de arrancá-la da obscuridade, das trevas, iluminando-a para que desfrute do progresso de toda a humanidade, lado a lado, como é bom de entender, com uma retórica oportunamente estudada e colocada em forma de cartilha. Convém, mesmo assim, que esta atitude doutrinária da esquerda seja lenta e gradual, não vá a grei iluminar-se de repente e a esquerda ficar sem emprego. Um pouco à semelhança do MES que acabou por encontrar porto seguro para atracar, no Partido Socialista, como se sabe mas os mais distraídos se esquecem. Mas isso é outra história e eu até acredito que no seio da esquerda exista gente bem-intencionada. Como acredito na desprezível pantomina a que celebradas figuras de esquerda se submetem para que do seu estatuto decorram vantagens, prebendas e, mutatis mutandis, um cortejo de invejáveis benesses que de outra forma dificilmente conseguiriam. Ou, em português corrente, se tivessem de trabalhar como as pessoas.

Esta reflexão é bem ilustrada pelo minuto final de Manuel Alegre no debate de ontem com Cavaco Silva, repare-se:

«...Eu dirijo-me ao povo da esquerda e a todos os outros democratas, àqueles que se reclamam da doutrina social da igreja e querem uma sociedade mais justa e solidária. É preciso resistir...»

Se Alegre fosse eleito, pergunto-me o que seria do povo de direita, incluindo o povo de direita que se reclama da doutrina social da igreja.

Ideia colhida daqui. Vídeo do debate aqui.

.

Etiquetas: ,

terça-feira, dezembro 28, 2010

Pela Blogosfera


[4003]

«...Tive uma colega – agora é juíza – que se gabava das esmolas que dava aos pobres que encontrava à porta do pingo doce de Massamá. Uma vez, lembro-me bem, pagou uma bola de berlim a um desgraçado qualquer. Passou a semana a vangloriar-se do seu gesto. Nunca mandei a tal colega à merda. Arrependo-me profundamente de não o ter feito. Vem a conversa a propósito do Fernando Nobre. O Fernando Nobre, sempre a puxar dos seus galões -, esteve em Beirute em 82, viu crianças a lutar com galinhas por um pedaço de pão - fez-me lembrar a minha colega. Alguém devia mandá-lo à merda...»


Diz a Ana de Amsterdam. E diz muito bem, já era tempo de alguém o fazer.

.

Etiquetas: ,

segunda-feira, dezembro 27, 2010

RRRRrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr....


[4002]

Desde que alguém lhe chamou Rottweiler, Ana Gomes, ciosa, não perde a mínima oportunidade de rosnar. E de morder, se puder. Rebola-se de gozo com o epíteto recolhido e perde-se, é o termo, rosnando na direcção dos seus ódios de estimação.

Nada disto me parece grave. O que verdadeiramente me parece trágico é a forma como o egocentrismo e irreprimível vaidade de uma mulher que se sente celebrizada pelas suas putativas celeumas recolhe o eco da comunicação social e ressoa na pequenez deste portugalzinho mesquinho e pífio. «Virtudes» bem patentes na qualidade dos candidatos a um cargo que nos devia, minimamente, merecer respeito pela dignidade que lhe está implícita – o de Presidente da República. Que qualquer badameco se sinta qualificado para dizer umas tretas e umas larachas e alcançar uns minutos de glória na televisão, aceita-se. Porque é constitucional. Que um badameco não consiga perceber a sua «badaméquica» condição e se preste à figura idiota e patética de quem nada mais tem para dizer que remexer em assuntos que nem sequer assuntos são, mas que, num passe de mágica, a comunicação social transforma em assunto, isso sim, revira as tripas e promove uma irreprimível flatulência de desprezo e repulsa. Percebe-se melhor o que acabei de dizer se nos lembrarmos que as duas grandes acusações feitas a Cavaco Silva são a de ter comprado acções num banco e posteriormente as ter vendido e ter tido um ministro há vinte e cinco anos que parece ter feito umas tropelias mais tarde. Também há a questão das escutas que não eram escutas mas que, de repente, passaram a ser escutas por força de se ter martelado um episódio claramente de paternidade do PS e do Governo. Entenda-se: «Não assuntos» tornados em assuntos pela prestimosa comunicação social.

Ana Gomes segue a trilha. De um Defensor de Moura meio provinciano e zangado por ter gasto dinheiro numa tenda para uma fadista afecta a Cavaco Silva (por acaso este assunto não está bem claro, conto com a habitual e preclara acção dos nossos jornalistas para me esclarecerem devidamente esta inquietante história da tenda da fadista) passámos a uma diplomata, de supetão enroscada de gozo por lhe terem chamado Rottweiler. Precisou apenas de pôr a funcionar o jeito especial da «esquerda que rosna» para se lembrar de «achar» que era preciso ver bem o que se passava com a compra das acções de Cavaco Silva. Como se ela tivesse alguma coisa a ver com isso ou se sentisse outorgada, não se sabe bem por quem ou porquê, para «achar» que os portugueses têm alguma coisa a ver com isso.

Há que fazer justiça e dizer que este tipo de atitudes já não é uma questão da esquerda, ainda que lhe esteja nas vísceras. No caso vertente estamos tão-somente perante uma mulher que não resiste a olhar todos os dias para o espelho e perguntar: - Espelho meu, há alguém mais Rottweiler do que eu? O espelho, se for prudente e conciso, bem que poderia dizer: - Olha, só te respondo se prometeres ficar quieta e calada.

.

Etiquetas: ,

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Os restos



Foto daqui

[3988]

Confesso que as esparsas intervenções do candidato Alegre me vão passando ao lado. Porque não é possível ouvir tudo o que as televisões produzem, porque o discurso do poeta (!!!) se assemelha já a uma forma relha de estar na política, que pode funcionar entre um robalo e uma faneca pescados na Foz do Arelho e uma tertúlia romântica da velha Coimbra mas que nada tem a ver com a realidade presente dum país afogado em problemas agudos. Mesmo admitindo que os robalos assumiram recentemente um papel preponderante na actualidade nacional por força da acção prestável e patriótica do inefável Vara.

Mas nestes últimos dias há uma expressão que me tem ferido a sensibilidade. Desde que se fala no racional aproveitamento das sobras dos restaurantes, que a Asae obriga a destruir em quantidades consideráveis de comida em bom estado, Alegre fala dos restos de comida num tom de demagogo barato, de intelectual de pacotilha de passa-piolho coimbrão, convencido que este tipo de demagogia poderá prejudicar o seu adversário (!!!) Cavaco Silva.


Já passo por cima pelo longo período em que Alegre teve oportunidade de contribuir activamente para que as coisas hoje fossem diferentes em Portugal, já que não me consta que a sua contribuição tenha sido de nota, para além das tiradas habituais de uma esquerda que tão depressa é trauliteira como se obriga a ser de esferovite, da história do cantado milhão de votos e de um livro de valor duvidoso em que um rapaz pregava pregos numa tábua. Isto não devia ser suficiente salvo-conduto para o uso da demagogia que Alegre tem vindo a usar, nomeadamente neste caso dos restos de comida para os pobres. De resto, este homem de cada vez que abre a boca, angaria mais um punhado de votos para Cavaco. Só que Cavaco era bem capaz de dispensar estes votos por troca de uma certa reserva e dignidade no indigente discurso de Alegre.


.

Etiquetas: ,

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Confirmado


[3985]

Confirma-se a suspeita. O candidato Alegre sabe contar até 10.
.

Etiquetas: ,