segunda-feira, dezembro 13, 2010

Os restos



Foto daqui

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Confesso que as esparsas intervenções do candidato Alegre me vão passando ao lado. Porque não é possível ouvir tudo o que as televisões produzem, porque o discurso do poeta (!!!) se assemelha já a uma forma relha de estar na política, que pode funcionar entre um robalo e uma faneca pescados na Foz do Arelho e uma tertúlia romântica da velha Coimbra mas que nada tem a ver com a realidade presente dum país afogado em problemas agudos. Mesmo admitindo que os robalos assumiram recentemente um papel preponderante na actualidade nacional por força da acção prestável e patriótica do inefável Vara.

Mas nestes últimos dias há uma expressão que me tem ferido a sensibilidade. Desde que se fala no racional aproveitamento das sobras dos restaurantes, que a Asae obriga a destruir em quantidades consideráveis de comida em bom estado, Alegre fala dos restos de comida num tom de demagogo barato, de intelectual de pacotilha de passa-piolho coimbrão, convencido que este tipo de demagogia poderá prejudicar o seu adversário (!!!) Cavaco Silva.


Já passo por cima pelo longo período em que Alegre teve oportunidade de contribuir activamente para que as coisas hoje fossem diferentes em Portugal, já que não me consta que a sua contribuição tenha sido de nota, para além das tiradas habituais de uma esquerda que tão depressa é trauliteira como se obriga a ser de esferovite, da história do cantado milhão de votos e de um livro de valor duvidoso em que um rapaz pregava pregos numa tábua. Isto não devia ser suficiente salvo-conduto para o uso da demagogia que Alegre tem vindo a usar, nomeadamente neste caso dos restos de comida para os pobres. De resto, este homem de cada vez que abre a boca, angaria mais um punhado de votos para Cavaco. Só que Cavaco era bem capaz de dispensar estes votos por troca de uma certa reserva e dignidade no indigente discurso de Alegre.


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