sexta-feira, dezembro 05, 2014

Notícias para a dispepsia



O animal feroz reduzido à sua real dimensão

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Ando fora do torrão já há uns dias mas, inevitavelmente, vou acompanhando as notícias. E o que oiço não me deixa descansado. Começo a ter medo. Medo do que possa vir por aí. Vejo um cortejo de zelosos democratas visitando o inenarrável, levando-lhe o conforto socialista mas, até aqui, nada de muito grave. Já a desfaçatez com que estes ilustres e democratas visitantes põem em causa a imparcialidade e integralidade da justiça e projectam a certeza de que vai por aí uma cabala do tamanho do «terramoto que caiu em cima de Jorge Coelho» me eriça a derme e me faz apetecer perguntar-lhes onde estavam quando se queimavam cassetes com gravações, se despediam magistrados do Eurojust por reconhecidas (e nunca desmentidas) pressões sobre os advogados do Freeport e se assistia a uma generalizada «vaquinha» para que Sócrates escapasse ileso à catadupa de suspeitas (e factos, meu Deus, e factos) que todos os dias lhe cabiam em sorte.

Entendamo-nos. Uma coisa é uma visita de solidariedade a um amigo preso, outra é visitar esse amigo e bolçar um acervo de enormidades sobre o sistema, o regime, a democracia, o raio que os parta. Que vão visitar o Camões. Que lhe levem muitas prendas e, já agora, uma «Bic» azul. Mas que se calem com esta desprezível e ofensiva lengalenga sobre a justiça.

Os socialistas ainda sonham com uma rentrée de Sócrates à la Paulo Pedroso, incólume da acusação de pedofilia (eu li-a na totalidade) porque se provou que ele tinha feito uma cirurgia para extrair uma verruga ao pénis. Sonham com o domingueiro engenheiro a entrar no Rato entre aplausos, abraços e beijinhos. E nem um «quem se mete com o PS leva» faltaria ou mesmo um «partimos as fuças à direita».

Enquanto isso, estar fora do país e ir lendo o corrupio para Évora e os ademanes correlativos enjoa e faz- nos desejar que o avião de regresso a Lisboa se atrase.

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