quinta-feira, janeiro 15, 2015

Nem sempre Sócrates é culpado


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Confesso que de início pensei que fosse uma atoarda. Afinal não é. Como o prova a abertura de um inquérito aberto pela Inspecção Geral dos Serviços de Justiça e o comboio de opiniões que lhe sucederam. Incluindo as do actual advogado do 44. E não é culpa de Sócrates porque alguém aparentemente autoriza que Sócrates use o gabinete do director adjunto da prisão para fazer as chamadas telefónicas que lhe aprouver. E parece que há mais de duas semanas que o faz.

Tudo isto é inadmissível, tudo isto é uma vergonha, tudo isto é muito PS. Não só uma vergonha, como um total desrespeito pelos outros presos em especial e pelos cidadãos em geral. Estes, em última análise, estarão até a pagar com os seus impostos as chamadas do 44. E eu estou cansado de pagar coisas por causa do 44.

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domingo, outubro 19, 2014

Isto é como as inundações – não há solução


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Tinha jurado a mim próprio que ignoraria a meteórica ascensão e pasmosa consolidação da figura messiânica de António Costa. Mas há dias, num jantar de amigos, eis que me vejo rodeado por um grupo de «costistas», indefectíveis da extraordinária criatura, aos quais, perante a alegação que estavam fartos dos políticos que nunca tinham feito nada a não ser estudar para ser políticos, perguntei o que é que Costa teria realmente feito para merecer  a distinção corrente. A resposta veio célere de uma amiga – fez a reabilitação da baixa. E como o túnel de Santana Lopes era uma obra caríssima e sem qualquer préstimo, Costa teve de dar um jeito com aquela baralhada que arranjou na Rotunda, Para corrigir o túnel, está bem de ver.

Perante esta argumentação eu tinha duas alternativas. Ou bebia outra margarita ou sintonizava a conversa para o Porto x Sporting do dia seguinte. Escolhi a margarita.

Hoje, excretados os malefícios das margaritas e confortado com os 3-1 do Sporting, penso sobre o que levará gente escovada e formada a emular um homem que pelo meu acervo de conhecimentos se notabilizou pelo seguinte:

1 - Promoveu uma corrida entre um burro e um Ferrari na Calçada de Carriche. Parece que ganhou o burro e o povo gostou imenso e faltou pouco para se gritar abaixo os Ferraris e vivam os burros;

2 – Foi um socratista atento venerador e obrigado e activo participante (cúmplice, diria eu…) das diabruras e malfeitorias de um Partido que se entreteve a espatifar a fazenda e o prestígio nacionais. Para tal, foi ministro da justiça do XIV governo e ministro da administração interna do XVII governo. Não me ocorre nada de relevante que tenha feito nestas funções, salvo a permanente aquiescência e reverente atitude perante a magna figura dos seus chefes, dando sempre sinais de um desprezível proselitismo;

3 – Autarca da capital, onde se tem entretido a revitalizar a baixa (lá está…) promovendo restaurantes, esplanadas (com o «Zé faz falta» a perorar sobre a cor e tamanho das toalhas, lembram-se?) e zonas pedonais, dada a sua manifesta fobia pela coisa motorizada, como ensina a cartilha socialista. Ah! E fez uma ciclovia por cima da 2ª Circular onde eu aguardo pacientemente ver passar uma bicicleta, depois de me incluírem no rol de pagantes e de ter aguentado com estoicismo vários meses de engarrafamentos.

Fica por registar algumas acções pelos bombeiros, a Associação para o Polo Tecnológico de Lisboa (que eu não sei bem o que é, mas Costa deve saber), apadrinhar (entenda-se, dar) mais umas massas para a fundação Mário Soares, a novela Saramago e uma participação contínua na Quadratura do Círculo, onde produz arrepiantes banalidades e, surpreendentemente, é acolitado pelo Pacheco Pereira e delicadamente contraditado pelo Lobo Xavier.

Este homem vai ser, muito provavelmente, o primeiro-ministro da minha terra e eu não consigo perceber porquê. Produz diariamente um molho acabado de banalidades e aos costumes diz nada. Sound bytes como não há solução para as inundações, ou subordinados que acusam o SMA de não avisar a tempo sobre intempéries, acabam por cair bem neste regime de manadio em que nos mantemos, em que a etimologia da palavra socialismo continua a deslumbrar uma fatia enorme da população que, ao que parece, andou distraída de cada vez que os socialistas pegam no poder e espatifam o que vai havendo (ainda) por espatifar.

Costa vai, provavelmente, manter o mesmo discurso que usou para a fatalidade de não haver solução para as inundações, para o défice, desemprego, dívida pública e outras minudências. A herança de Passos Coelho vai ajudar imenso, também, na desculpa de muitas medidas a que ele se vai sentir obrigado a tomar. Entretanto vai-se rodeando de um friso de arrepiantes criaturas, escolherá «diferentes quadrantes» mas, naturalmente, ater-se-á aos suspeitos do costume, exactamente aqueles que contribuíram objectivamente para nos atascarmos. Só economistas já são desassete. E com jeitinho ainda nos aparece por aí um filósofo formado em Paris. Ao menos que não se tenha licenciado num Domingo!

Mas os portugueses gostam. Costa dá um pum (ele deve dar, como as pessoas…) e a malta aplaude. Espirra e o pessoal diz santinho. E, com jeitinho, vão até dar-lhe uma maioria absoluta. E a comunicação social alimenta e afaga esta masturbação colectiva, chegou mesmo a usar photoshop para pôr o homem mais alto e mais branco. O que é, no mínimo, para além de uma rematada imbecilidade, lamentavelmente racista. Mas foi o que aconteceu durante as primárias. Como é que se vai aturar esta gente de novo?

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domingo, março 24, 2013

A fraca gente...



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Não há como não ter que falar de Sócrates, de novo. A catadupa de opiniões sobre a sua putativa condição de comentarista da RTP acabou por misturar tudo, razões ponderáveis e inaceitáveis sobre o acontecimento, deixando para trás, em meu entender, o essencial. Que há um grupo de pessoas que efectivamente manejam o momento político e compõem os acontecimentos à medida dos seus interesses, no desrespeito total pela dignidade e sensibilidade das pessoas. No caso vertente das pessoas, e somos praticamente todos, que sofrem na pele os efeitos de um homem virulento, manipulador, mentiroso e sem escrúpulos, que conduziu o país à desgraça em que vivemos. E não me venham com o argumento estafado de que não há provas, que toda a gente é inocente até provada culpada e «berrebéubéu». Existe em relação a este homem muita matéria factual que nos permite perceber quão prejudicial ele foi ao país e aos seus cidadãos. De resto, por muito patéticas que tenham parecido as petições que, de imediato, surgiram por aí, uma delas reuniu mais de 100.000 assinaturas em poucas horas e de forma espontânea, o que, queiramos ou não, diz bem do sentimento generalizado que grassa em relação à inenarrável pessoa de Sócrates.

Também choca e define bem a anomia de todos nós, a rapidez com que, de supetão, o «socratismo» saiu ao terreno, com Vera Jardim, Silva Pereira e, sobretudo, Jorge Coelho a debitarem prosa coincidente e atempada. É chocante, imoral e desprestigiante. Quanto a Jorge Coelho, ao menos espera-se que enquanto quadro superior da Mota-Engil ao menos tenha aprendido a enunciar o verbo haver, que tenha suavizado os seus humores em relação àqueles que se metem com o PS e, já agora, que tenha melhorado a sua performance a cantar o «Only you». E, com sorte, cai por aí outra ponte qualquer para ele se demitir e ficar lindo na fotografia.

É demais. Não há como suportar esta gente. Para não mencionar esta lastimosa sensação de fazerem de nós parvos, sempre que lhes apetece.
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segunda-feira, janeiro 18, 2010

Paquetices


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“…Não comecei no jornalismo como paquete. Vítor Rainho foi paquete no ‘Expresso’ e é subdirector no ‘Sol’. Está pior no ‘Sol’ que no ‘Expresso’. É subdirector sem ter deixado de ser paquete. Um paquete pacóvio e mal-educado…”

Que Emídeo Rangel se expressava mal e era um malabarista medíocre no circo do proselitismo em redor do Grande Líder, já eu tinha percebido. Que era um casca-grossa e com uma noção totalmente distorcida do mérito é que foi novidade para mim. Mas também, who cares?
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