Não dá para entender
Nós lemos este interrogatório a Sócrates e esfregamos os
olhos. Nós ouvimos, com inusitada frequência, os insultos e impropérios que um
advogado meio boçal lança a magistrados, juízes, MP e a tudo o que tenha
a ver com a Justiça e estarrecemos com a impunidade com que estas afirmações se
produzem, sobretudo quando nos lembramos da trapalhada que se gerou quando Sousa
Tavares chamou palhaço a Cavaco Silva. Por fim, é de ficarmos atordoados com a procissão
de especialistas nas TV´s que manejam os meandros e itinerários mais ou menos
tortuosos da via processual dos tribunais para nos convencerem (e a eles próprios)
da inocência de Sócrates e da forte possibilidade de uma articulada campanha
para o castigar (não se sabe bem de quê, já que ele está inocente…) e, mais
grave, manipular a campanha eleitoral em favor da coligação.
Esta situação fede e qualquer tribunal de qualquer país digno
teria, de imediato, mandar calar Sócrates ao primeiro «pá» ou recambiado para
uma cela por desrespeito. Tal como teria já demandado ao tal advogado rançoso (palavra
de honra que não me ocorre o nome, acho que é Araújo) por claras ofensas ao juiz
de instrução e ao ministério Público sobre o caso Marquês.
No que se refere aos comentaristas, jornalistas e paineleiros,
talvez fosse de bom-tom lembrá-los do extenso rol de malfeitorias que indiciam
Sócrates como um vulgar trapaceiro, com a agravante de ter trapaceado com
dinheiros públicos. Basta ler o Cercado para nos atermos à longa lista de casos
em que Sócrates é indiciado. E se quisermos que a justiça faça um trabalho
limpo e adequado, pensemos no trabalho que aquela longa lista, mais os
respectivos envolvimentos e promiscuidade, exige.
Por último, quando um juiz acha que pode ou deve atenuar a
medida de coacção mais grave (prisão preventiva) para prisão domiciliária com
pulseira electrónica e Sócrates não aceita e brande o caso com mais uma
lunática forma de se vitimizar o que é que se espera que o juiz faça? Que o
mande fazer piquenique para a Estufa-Fria? Como leigo na matéria, a minha
primeira reacção é de que ele deveria ser de imediato punido por desobediência,
ao rejeitar a pulseira. Mas parece que não é bem assim, parece que um arguido tem
prerrogativas constitucionais que lhe permitem recusá-la. Ora, a ser assim,
para onde deveriam mandar o 44 senão de volta para Évora?
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Etiquetas: comunicação social, Sócrates
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