sexta-feira, junho 23, 2017

Algaraviada



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A propósito deste meu post sobre florestação na Swazilândia, recebi um telefonema de um professor com larga experiência em silvicultura, no qual fui diplomaticamente considerado um razoável ignorante sobre floresta e sobre a realidade da situação da floresta dos privados. Sobre isso, e porque o telefonema foi correcto e construtivo, vou responder correcta e construtivamente, também:

1 – Não sou especialista em floresta;

2 – Tenho perfeita noção que as grandes empresas de produção de pasta de papel têm mecanismos de procedimento que praticamente inviabilizam os incêndios;

3 – Sobre a acção nefasta do eucalipto, tenho as minhas opiniões. Sei que esta árvore (uma mirtácea) tem grande poder invasor devido à sua sôfrega necessidade de água e à sua capacidade de regeneração mas que, em exploração, pode e deve ser sujeita a uma criteriosa gestão, proporcionando um equilíbrio estável ao solo em matéria de nutrientes e de água. Nada, afinal, que não se passe com a gestão dos oligoelementos (trace elements) que têm de ser regularmente compensados durante a exploração continuada dos solos, sobretudo se tratarmos de culturas muito exigentes em alguns micronutrientes específicos.

4 – Também tenho uma razoável noção do, provavelmente, sector mais nefasto da gestão dos eucaliptais privados. Pequenas áreas, baixa rentabilidade, e a peculiar tendência dos portugueses para se excluírem de condutas cívicas, sempre que os problemas os atingem não só a eles como ao próximo. Um pequeno quintal de 1 ha de floresta não limpa pode fazer perigar muitos milhares de hectares à volta, por muito limpos que estejam. Acresce que à falta de sentido cívico dos cidadãos reina a mais completa confusão na aplicação da profusa legislação em que os portugueses se realizam. Há leis para tudo. E para nada. Um português feliz é um português que legisla. Dêem-lhe uma pontinha de poder e ele legisla sobre o número de borboletas no quintal. E, finalmente, a confusão generalizada de magotes de gente a mandar, a deliberar, a fazer favores, a falar às TV’s, a perorar sobre isto, aquilo e aqueloutro. 

Qualquer português num país estrangeiro, confrontado com uma lei que diga que não pode ter eucaliptos a menos de “x” metros de uma estrada ou de uma residência, cumpre. Em Portugal, discute, protesta, zanga-se imenso, fala com o presidente da junta, refila com o presidente da Câmara e presta-se a jogos de poder tão estúpidos como pueris que só complicam a questão e que são o espelho fiel de nós próprios.

Professor, como vê, conheço a diferença entre as florestinhas e as grandes explorações silvícolas. Não nos ponhamos à espera que um português espere uma vida pelo desenvolvimento de um azinho, de um sobreiro ou de um mero bosque de prazer e bem-estar, antes limitemo-nos a cumprir a basta legislação existente. E, sobretudo, que os autarcas e outras forças de comando se tornem realmente efectivos em vez de forças de bloqueio ou ninhos de inconfessados interesses. Pela sua estupidez, pelo seu nepotismo ou por pura parolice.

De tudo isto, o governo (qualquer governo) não sai ileso. Muito menos quando se gastam 500.000 euros num sistema que não se sabe bem o que é e que avaria quando se precisa dele, ou não há o cuidado de regularmente, ver se um camião frigorífico funciona em condições, em vez de estar anos parado à espera que morra alguém. Ou que ninguém se entenda quando é preciso abrir ou fechar uma estrada. E, neste particular, a geringonça é um bom exemplo de inoperância, ignorância e desorganização. Representa bem a falência geral do Estado, pelo menos do Estado que se deseja A MAI aflige só de ouvi-la ou olhar para ela, Costa faz-nos ferver por dentro e até Marcelo nos faz pensar, ao vê-lo por aí aos beijinhos e abraços. E depois, há toda aquela multidão que aparece, ao minuto, a botar faladura e que ninguém entende. Ou que interessa, já, entender. Da Comunicação Social já nem falo. Pacheco Pereira ontem deu bons exemplos sobre o quilate da comunicação social.


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