Algaraviada
A propósito deste meu post sobre florestação na Swazilândia,
recebi um telefonema de um professor com larga experiência em silvicultura, no
qual fui diplomaticamente considerado um razoável ignorante sobre floresta e
sobre a realidade da situação da floresta dos privados. Sobre isso, e porque o telefonema
foi correcto e construtivo, vou responder correcta e construtivamente, também:
1 – Não sou especialista em floresta;
2 – Tenho perfeita noção que as grandes empresas de produção
de pasta de papel têm mecanismos de procedimento que praticamente inviabilizam
os incêndios;
3 – Sobre a acção nefasta do eucalipto, tenho as minhas opiniões.
Sei que esta árvore (uma mirtácea) tem grande poder invasor devido à sua sôfrega
necessidade de água e à sua capacidade de regeneração mas que, em exploração,
pode e deve ser sujeita a uma criteriosa gestão, proporcionando um equilíbrio
estável ao solo em matéria de nutrientes e de água. Nada, afinal, que não se
passe com a gestão dos oligoelementos (trace elements) que têm de ser
regularmente compensados durante a exploração continuada dos solos, sobretudo
se tratarmos de culturas muito exigentes em alguns micronutrientes específicos.
4 – Também tenho uma razoável noção do, provavelmente,
sector mais nefasto da gestão dos eucaliptais privados. Pequenas áreas, baixa
rentabilidade, e a peculiar tendência dos portugueses para se excluírem de
condutas cívicas, sempre que os problemas os atingem não só a eles como ao
próximo. Um pequeno quintal de 1 ha de floresta não limpa pode fazer perigar
muitos milhares de hectares à volta, por muito limpos que estejam. Acresce que
à falta de sentido cívico dos cidadãos reina a mais completa confusão na
aplicação da profusa legislação em que os portugueses se realizam. Há leis para
tudo. E para nada. Um português feliz é um português que legisla. Dêem-lhe uma
pontinha de poder e ele legisla sobre o número de borboletas no quintal. E,
finalmente, a confusão generalizada de magotes de gente a mandar, a deliberar,
a fazer favores, a falar às TV’s, a perorar sobre isto, aquilo e aqueloutro.
Qualquer
português num país estrangeiro, confrontado com uma lei que diga que não pode
ter eucaliptos a menos de “x” metros de uma estrada ou de uma residência,
cumpre. Em Portugal, discute, protesta, zanga-se imenso, fala com o presidente
da junta, refila com o presidente da Câmara e presta-se a jogos de poder tão
estúpidos como pueris que só complicam a questão e que são o espelho fiel de
nós próprios.
Professor, como vê, conheço a diferença entre as
florestinhas e as grandes explorações silvícolas. Não nos ponhamos à espera que
um português espere uma vida pelo desenvolvimento de um azinho, de um sobreiro
ou de um mero bosque de prazer e bem-estar, antes limitemo-nos a cumprir a
basta legislação existente. E, sobretudo, que os autarcas e outras forças de
comando se tornem realmente efectivos em vez de forças de bloqueio ou ninhos
de inconfessados interesses. Pela sua estupidez, pelo seu nepotismo ou por pura
parolice.
De tudo isto, o governo (qualquer governo) não sai ileso.
Muito menos quando se gastam 500.000 euros num sistema que não se sabe bem o
que é e que avaria quando se precisa dele, ou não há o cuidado de regularmente,
ver se um camião frigorífico funciona em condições, em vez de estar anos parado
à espera que morra alguém. Ou que ninguém se entenda quando é preciso abrir ou
fechar uma estrada. E, neste particular, a geringonça é um bom exemplo de inoperância,
ignorância e desorganização. Representa bem a falência geral do Estado, pelo
menos do Estado que se deseja A MAI aflige só de ouvi-la ou olhar para ela,
Costa faz-nos ferver por dentro e até Marcelo nos faz pensar, ao vê-lo por aí
aos beijinhos e abraços. E depois, há toda aquela multidão que aparece, ao minuto,
a botar faladura e que ninguém entende. Ou que interessa, já, entender. Da Comunicação
Social já nem falo. Pacheco Pereira ontem deu bons exemplos sobre o quilate da
comunicação social.
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Etiquetas: confusão, incêndios, incompetência
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