terça-feira, junho 13, 2017

Começar pelo rabo



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Há pensamentos, inflexões filosóficas, exercícios de hermenêutica que podem chegar até no seio da algazarra de uma multidão frenética devorando sardinhas, lambuzando-se com fêveras e deglutindo toneladas de arroz doce, numa mistura alarve de ácidos gordos, gorduras polinsaturadas, açucares e exsudações sudoríparas do rosto e das mãos, tudo numa repelente salgalhada de sentimentos e prazeres corporais.

Mas são pensamentos que, pelo facto de serem eventualmente serôdios (é… quem sabe nunca me lembrei disto antes) não são menos sapientes e verdadeiros. E ontem, numa epifania ajustada ao momento, cheirosa de sardinha, fêvera e arroz doce, de repente percebi que a sardinha é, de certeza, o ÚNICO ser que começamos a comer sempre pelo rabo. Pensem um pouco… e digam se há outro.


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