Começar pelo rabo
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Há pensamentos, inflexões filosóficas, exercícios de
hermenêutica que podem chegar até no seio da algazarra de uma multidão
frenética devorando sardinhas, lambuzando-se com fêveras e deglutindo toneladas
de arroz doce, numa mistura alarve de ácidos gordos, gorduras polinsaturadas,
açucares e exsudações sudoríparas do rosto e das mãos, tudo numa repelente
salgalhada de sentimentos e prazeres corporais.
Mas são pensamentos que, pelo facto de serem eventualmente serôdios
(é… quem sabe nunca me lembrei disto antes) não são menos sapientes e verdadeiros.
E ontem, numa epifania ajustada ao momento, cheirosa de sardinha, fêvera e
arroz doce, de repente percebi que a sardinha é, de certeza, o ÚNICO ser
que começamos a comer sempre pelo rabo. Pensem um pouco… e digam se há outro.
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Etiquetas: lucubrações filosóficas, santos populares, sardinhas
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